quinta-feira, 31 de maio de 2012

Maçaroca

19.05.2011

Onde foi que eu perdi
o nylon de tua meada?
Como esta maçaroca
foi acontecer de partida?

De onde veio esta trama
que embaralha os olhos
e hipnotiza a vontade
em congelada inanição?

Sobre a linha do tempo
o equilíbrio inexato pensa
tuas dores mal escondidas…

Sem sombrinha e sapatilhas
sem breu nas suadas mãos
pulo no ar sem ter chão!

1721 a 1866 do twitter

1866 qualquer remédio, faca ou laser que lhe atravessasse o peito em ferida de morte e lhe fizesse esquecer a dor... de sua paixão incontida...
  
1865 depois de fartar-se ficou só a deriva entre águas vivas e lembranças mortas a espera de sinais que lhe dessem juizo...
  
1864 o sonho brigou com o tempo deixou espaço para a tristeza saiu feito louco sem ter destino e no primeiro cais aportou sem medo
  
1863 Suas lágrimas entrecortadas de risos fartos criaram em mim ambíguos segredos, que me fizeram refém de suas alegrias, tristezas e medos...
  
1862 Enquanto os farois dos carros tornavam transparente teu vestido vermelho, meus olhos se embriagavam com tuas sombras refletidas no espelho.
  
1861 Vê-la por breves instantes, como imagens rápidas em estação onde não para o meu metrô, foi gostoso e fugaz como um presente de futuro retrô!
  
1860 deitei meu amor em tua cama de gato em noite de Lua, depois, enquanto compunha, sonhei que dormias nua... em um sofá da cor de tuas unhas...
  
1859 Era para ser de luz e para sempre, pulsação do Criador, mas foi se dissolvendo feito estrelas em decadência até se tornar um ponto sem cor.
  
1858 no coração um pequeno estilete gelado em dor fina como borbulhas do champanhe no sutiã em taça da mulher amada em movimentos descuidados...
  
1857 Havia menos vestido do que sentido, mais loucura do que paixão, mesmo assim o vermelho tomou conta dos olhos em ataque de tesuda solidão...
  
1856 Transparente como um crânio de cristal, sem mistérios ou combinações, deixou aparecer entre as pernas as penas negras de seu ventre sensual!
  
1855 Havia nela um gosto de perdição, uma perversidade no olhar, jamais saberei se era dela ou se era ela só a tela de alguma louca projeção!
  
1854 Deixe teu urbano ventre em minhas fontes cristalinas, em teu peito, o ar puro de minhas montanhas, depois solte em mim tuas taras estranhas!
  
1853 Era eu teu par e de um modo ímpar tu me criavas em radical infinito. E mesmo diante do nada, dizias que nosso zero era sempre o mais bonito!
  
1852 Com um sopro nas mãos vem a saudade em riscos de lápis de cor, um quadro de signos, onde a fartura e a força tem o tamanho do nosso amor!
  
1851 mesmo que não seja a hora aninha teu corpo no meu e deixa o silêncio nos levar até onde não existe distância e o amor seja sempre o agora
  
1850 teu silêncio trina fios agudos em meus ouvidos cria uma sensação onde o nada vai tomando conta e o ar fica rarefeito em qualquer sentido
  
1849 Enquanto tu pensas em mil coisas, eu deixo minha mente vazia, para que nela entres e recolha a calma que precisas para compor tua vigília.
  
1848 Queria apimentar a conversa entre as amigas, mas o tema ficou tão picante, que ela sem querer quebrou o silêncio dos segredos asfixiantes...
  
1847 A noite apertou-me a garganta em nó de saudade, quis teu nome gritar, te cobrir de emails e mensagens, mas fui dormir, para contigo sonhar!
  
1846 Voltou do norte sem propósitos: não mais aquela aliança com o errado, nem mais um minuto com o mesmo alguém, só as curvas do inesperado!
  
1845 Agora que te vestes de negro em luto por tudo que não fomos, corro atrás do nosso enterro, preso entre a vida e a morte do que ainda somos!
  
1844 Havia o que pagar e pegar: no azul do bar ela se despia e entre aplausos e reboliços, piscava para mim seu olho em eterno falso compromisso!
  
1843 alguma coisa me diz que teu tempo não é de graça e por mais que sem jaça, o caminho será de giz...
  
1843 Espero e quero tua entrega, teu torto absorto, molhado em refrega, de olhos em molhos crus, nus revirados de anzóis e lençóis em Las Vegas!
  
1842 Amor raro e incomum, começou na aula de yoga, os dois fugindo das drogas e prontos no cantinho do pum...
  
1841 Câmara fria vento ferido nórdico catre de seixos vadios. Olhar perdido gosto gelado ácido Rio paixão a três rinha de crias ritmo ousado.
  
1840 Posso ser teu vampiro diurno as avessas, dando-lhe o sangue que não obtivestes sem mim ou ser uma esponja seca para tuas lágrimas sem fim...
  
1839 Ela me disse que tinha um gênio forte, depois descobri seus medos, tinha um lado brilhante de alto QI e um outro, sombra, cheio de segredos!
  
1838 Hidroavião posei em teu cupcake, uma abelha em busca de doces para fazer algum mel, mas de tão úmido, enredei as hélices no teu carretel...
  
1837 um inútil ex-marido que esquece de pagar as velhas contas é tão bom quanto um novo amor que não sabe o que fazer para te deixar pronta...
  
1836 Com um escafandro obsoleto mergulhei em tua banheira, fiz espuma em tua champanhe, escarafunchei limites até achar tuas ínfimas besteiras...
  
1835 Tenho amores que me são bons, outros me atormentam, de uns tenho saudades, de outros longe eu agüento, são prismas dos meus sentimentos ...
  
1834 O melhor remédio que conheço é: não ter medo, não ser cínico e não julgar, sem preconceitos, sem expectativas e cobranças simplesmente amar!
  
1832 Sem fios de cabelos para tecer a minha trama ao redor do teu destino, costurei com linhas de pescas e anzóis uma colcha com meus desatinos.
  
1831 Tua adega do diabo me foi aberta por desatenção, nela eu entrei como sentenciado de porão de navio, louco e sem mastro para rasgar teu cio!
  
1830 Respingos vermelhos ao lado da taça de vinho compunham um último gole por Você: um Shiraz 2007, que exalou em meu ar complexos buquês...
  
1829 Criastes uma parede de tijolos a vista, uma barreira entre eu e Você, rebelde pelo tom calculista, pichei teu muro com rimas em degradê...
  
1828 O carro mil novo com cheiro de plástico, pura brasilidade! O banco em couro e no painel um "toca-fitas" para lembrar a trincheira idade...
  
1827 A via cheia de regras, controles nas entradas e saídas, blitz no portal do afeto: só uma tequila para derrubar os limites do teu discreto...
  
1826 Lá fora um tempo nada a ver, dentro uma dívida tudo a haver, no peito uma saudade sem limites e nos olhos a trave cruz do ouse ou hesite...
  
1825 Sem a energia solar de tua presença, corro por um mar de estrelas colhendo qualquer brilho que vejo, em uma dança de insaciáveis desejos!
  
1824 Cravo os dentes em teu otimismo público gratuito, destilo nele meus recalques, são sessões vazias onde terapeuta e paciente são desfalques.
  
1823 Morte aos filhos do ditador! Nasce o bebê francês na crise que incomoda! Roma mistura política e religião com sexo. Não ter nexo virou moda?
  
1812 O leve do teu jardim em gotas delicadas de orvalho na ponta dos dedos, livre loucura presa nas pétalas de um labirinto de febres e medos...
  
1811 Lembra-se quando te dei aquele pote de Victoria's Secret Vanilla? Quiz cobrir teu corpo com o mesmo cheiro que em minha imaginação desfilas!
  
1810 No escuro do quarto tua imagem nua vem, dança no meio das cobertas frias, esquenta meu ventre e toma conta de minhas noturnas fantasias...
  
1809 Tenho saudades de ti e raiva de mim, com uma pitada de ciúmes pelo teu afastamento voluntário em busca de equilíbrio em outras rimas afins.
  
1808 A brasa da lenha entre sombras nuas, duas taças de vinho em labaredas, o fogo homossensual é alimentado em outdoors, sites e outras veredas.
  
1807 Enquanto a dissolução do sexo entra pela porta dos fundos, um anjo sexy no portão de entrada ensina o que é não ter sexo neste novo mundo...
  
1806 Oilman, azeiteman and banhaman: um trio passeia de sunga e bicicleta pela cidade e seus postais, com suas gorduras poliinsaturadas surreais.
  
1805 Quando cheguei ao sétimo drink Viking, feito com álcool de raízes fortes, dancei com a garçonete loira num paraíso de lâminas sem cortes...
  
1804 Lágrimas emoldurando teu sorriso terno, ao redor dos lábios uma espécie de orvalho preso em minúsculos pelos, deu ao beijo um gosto eterno!
  
1803 O olhar perdido nas grandes vidraças da Vieira Souto em Ipanema refletiam na pupila vermelha um destino improvável de roteiro de cinema...
  
1802 Abracei o Cristo com os olhos em lágrimas através da escotilha do avião, pareceu-me tão acolhedor, fêz meus medos transformarem-se em amor!
  
1801 A restinga comprida vista do avião dava a impressão de que o Rio de Janeiro não tinha fim, uma simbólica imagem da saudade dentro de mim...
  
1800 Entre uma rima e outra, o poeta ficou sem saber o que faria, publicar seu verso em homenagem ao seu dia ou anônimo postar sua micropoesia...
  
1799 Como Cirque du Soleil não uso animais para decompor meu espetáculo, busco qualquer super habilidade humana para fugir dos teus tentáculos...
  
1798 Ao ver o tigre tremer entre o chicote e o arco de fogo, percebi que comigo fazias o mesmo jogo, em mensagens dúbias de um monólogo demagogo!
  
1797 Na cartola do mágico cheia de fungos, piolhos e ácaros, dormia minha paixão, babando no velho cetim um gosto ao mesmo tempo azedo e sácaro.
  
1796 Teus gatos amestrados estragaram tuas fantasias antes do espetáculo começar, quase ri de tuas lágrimas de desespero pedindo-me para ajudar!
  
1795 Eu caindo das pernas de pau e Você rindo no camarote, como se quebrar minha cara fosse o prêmio por ousar te amar como um circense mascote!
  
1794 As responsabilidades eram pratos girando no ar sob a batuta de um palhaço no purgatório incapaz de segurar a calça larga sem suspensórios...
  
1793 Ao respeitável público ausente uma salva de vaias de respeito ao silêncio mórbido que da arquibancada cria fantasmas no picadeiro do peito!
  
1792 Tirada a focinheira do urso a colocaram como mordaça em meu coração furioso, que de tão louco mordia o mastro do circo em ciúme desgostoso!
  
1791 A pata do elefante sobre o meu peito voluntário parecia querer chegar na serragem às costas, era a mesma sensação que paixão sem resposta...
  
1790 O remendo na lona misturava listras brancas e azuis, teus olhos distantes e desbotados no canto do espelho, inspirou-me a maquiagem em cruz!
  
1789 Enquanto eu vendia pipoca para teu público infiel, Você se atirava no trapézio sem rede para mãos que te balançaram entre o inferno e o céu!
  
1788 A corda bamba enferrujada e mal esticada era o espaço iluminado entre Você e eu. A sombrinha de pano sujo: o apoio que o destino nos deu!
  
1787 Palhaça roubastes em pleno picadeiro lotado o meu coração, a platéia rindo do meu destino pedia aos gritos para lançá-lo ao faminto leão...
  
1786 Fui tratado como leão velho de circo do interior só osso e carne de segunda, até conhecer a partner do mágico com sua meia rasgada na bunda!
  
1785 Sem fazer nada a pressão arterial cai como menina moça diante de fantasmas da puberdade: é o medo de perder esta total irresponsabilidade?!
  
1784 Cerveja é do tempo do Rei Escorpião, um egípcio pré-dinástico! Em sua tumba vestígios dela foram encontrados ao lado do dono embebalsamado!
  
1783 Vivia bem mesmo natimorto, pois era mais existencialista que um prego enferrujado pregado na parede de um puteiro à beira do cais do porto!
  
1782 Expectativa de morte não lhe soa bem? Ela é natural, por que antecipá-la ou por ela ficar ansioso, se o agora é o tudo da vida que se tem?
  
1781 Acordou assustado por um barulho na madrugada, um casal perfeito no guarda-roupas: sua Realdoll e o consolo esquecido pela última namorada!
  
1780 A carteira tinha algo de errado: sem assinatura, a foto 3x4 e o polegar, pelo jeito só depois de deixar o sindicato é que foi alfabetizado?
  
1779 Num beco sem saída, encurralada por medos fantasmas e ciúmes cachorros, enviou sinais de fumaças em mensagens indiretas pedindo socorro...
  
1778 Só faltava esta: ciúme artificial! Um ícone da namorada na tela do celular, cada vez que passa uma gostosa ele apita e impede Você de olhar!
  
1777 Lugar comum: um caminhar ao redor do próprio rabo, círculo vicioso em claustrofobia fechada, um tudo que afoga o que ainda não deu em nada!
  
1776 Um shortinho em 60 centímetros de coxas a mostra no restaurante, a namorada na mesa tranquila e ela sendo comida por todos os olhos da fila.
  
1775 Gosto de teus olhos, são pólos de emoção, por vezes tristes, outras só excitação, num jogo de adivinha como estou e nunca saiba como eu sou!
  
1774 O livro foi aberto ao acaso, a frase coincidente com a situação acalmou-a, não era de auto ajuda, ao reverso... era um miniconto perverso.
  
1773 sinto teus inconscientes chamados como ecos em minha consciência, sei que está difícil superar teus picos e vales sem a minha resiliência...
  
1772 como pluma levada pelo vento, a paz zarpou de meu porto coração, deixou atracado nas pedras do cais um olhar distante, saudoso e incapaz...
  
1771 A lenha requisitada pelos teus carinhos me fez sair da noite fria em direção ao teu distante, mas quente tesão!
  
1770 Ela dorme em minhas pernas como se dela eu fosse um ninho, serena sorri em sonhos e eu a vejo feliz no aconchego dos meus breves carinhos...
  
1769 uma sombra no canto dos meus olhos lembra a escuridão que guardo no coração sob a forma de um espectro que me assombra sob a forma de paixão
  
1768 Uma igreja no twitter: só pequenos desencapetamentos, em vez de dízimos... milésimos, ao invés de uma catedral bela... uma timeline capela!
  
1767 O Orgulho casou com a Preguiça para criar um novo pecado capital. Esta não lhe deu atenção. Irado buscou a Luxúria: assim nasceu a Traição!
  
1766 Assustou-me sussurrando em voz fina! Uma mulher menina? Nitrogênio da boca? Depois beijou-me como louca até me deixar exausto, sem oxigênio!
  
1765 Era para recordar os velhos tempos, algumas doses depois, com a saudade já esquecida, brigaram como cão e gato pela convivência perdida...
  
1764 Na adega desligada jaziam garrafas de raros Cabernets, taças quebradas na última discussão emolduravam pedaços de fotos rasgadas no chão...
  
1763 Que patrocínio te dar? Só tenho no olhar um ar de poeta underground e nas costas uma mochila de incertezas de quem está aprendendo a amar!
  
1762 Como relâmpagos na escura balada, seu digital atualiza no Facebook seu novo perfil, chegou perto, pediu-me a Smirnoff Ice e depois sumiu...
  
1761 Cheia de escoriações, tatuagens e cicatrizes: uma delas era de uma cesariana antiga, dando-lhe um ar maternal que sublinhava seus deslizes.
  
1760 Grávido de ciúme espetei com raiva a barriga de minha obsessão, depois abortei meu amor inseguro no esgoto por de traz do teu pichado muro.
  
1759 Já quiz a gota de Chanell 5 que cobria Norma Jeane, depois ser um Pitt stop da Angelina, agora quero o manequim vivo de qualquer vitrine...
  
1758 Gostava de ser exata, perfeita, um círculo sem fim, cheia de princípios, sem erros ou escuras esquinas, a não ser... o de se achar divina...
  
1757 Foi censurado por que cheirava calcinhas no jardim, por que não as flores? Eram artificiais, exógenos espécimes, longe demais de suas dores.
  
1756 Rosnar contra teus amados, gritar em silêncio, rezar pelo sétimo do teu dia e mesmo assim lamber a sola da nostalgia em segredo de estado...
  
1755 Quando corais do teu mel cristalizaram-se em minha boca, bebi tuas marés loucas em goles quânticos até me tornar um náufrago transatlântico!
  
1754 Não resista ao amor, toque-o em paz como um rock&roll e se bater o ciúme cubra-se com ele, não haverá frio por debaixo deste sexy babydoll!
  
1753 Todo dia é dia de aprender e desaprender, ser de novo um novo ser, aprender a conviver e se desprender, nada se ensina, só se aprende a ser!
  
1752 Reencontrar Você foi ficar em equilíbrio de um pé sobre uma garrafa de vinho francês, enquanto na taça lágrimas secam em Bordeaux degradê...
  
1751 Quando um amor não serve mais aos propósitos imediatos e é descartado como um lixo que não é lixo, algo de podre na dispensa ficou estocado.
  
1750 Caçar o sutil do agora com armas de pegar borboletas no underground em LSD é navegar sem agulha nos sulcos de um vinil que não toca em Você!
  
1749 No silêncio de minha solidão em hipoteca, gritarei uma verdade miúda, somando dores carecas com o que subtrai de tuas mentiras cabeludas...
  
1748 Deve existir algum hormônio que o cérebro produz quando crio algo, é um prazer diferente, que mesmo em abstinência, incontinente cavalgo...
  
1747 Descobri que as rimas são uma espécie de ópio em minha afetiva consciência, quando a terminação não combina entro em crise de abstinência...
  
1746 Queria ir neste show, ouvir de perto os dedos ágeis da Gibson em nossa canção, mas cleptomaníaco, deixo de lá estar para roubar tua atenção.
  
1745 Compulsão vinda de escuras e internas esquinas, tua imagem dança nos meus dedos, que recolhem, em segredo, gotas de deliberadas endorfinas.
  
1744 Não acredito mais em tuas verdades, elas são facas que cortam o que jamais desejei perceber em tiras e por isto escolho as tuas mentiras...
  
1743 Quero te acordar deste letárgico tempo de esquecimentos e cobrar as promessas que Você me fez, mesmo antes de qualquer um de nós renascer!
  
1742 A neguinha tinha alguns parafusos a menos nos quadris, chegava de mansinho na minha frente e de costas rebolava, queimando o meu infeliz...
  
1741 Bom sujeito não sou; sou ruim da cabeça e sou doente dos pés, mas vou contigo pro samba, quero teu corpo gingando e teu olhar de viés...
  
1740 o gole de cachaça desceu ardendo na garganta cansada de aula, depois aconchegou-se no estômago como um ninho em fogo atiçando novas idéias
  
1739 O cerne era uma cabeça de cavalo esculpida pelas águas de um rio da Serra do Mar, deixou-o como vigia de seu depilado jardim particular...
  
1738 Guardava-se em geladeira esperando ele chegar, numa noite quente a vontade era tanta que derreteu ao imaginá-lo na mantegueira a sua frente!
  
1737 ele apresentou suas metáforas banhadas em ouro, ela mostrou seus seios grandes como um novo deleite e assim partilharam seus falsos tesouros
  
1736 Foi embora para Rosário, deixou emprego, escola e alguns amores que cultivava em espaços diferentes, cada qual com seu ritmo e coreografia.
  
1735 uma suçuarana velha empalhada com algodão barato e já desbotada pelo tempo provocava arrepios no corredor da pensão na margem direita do rio
  
1734 O lugar se chamava 43, o mesmo nome do licor, suave tentação espanhola na tez, anos de miscigenação numa mini-saia paraguaia cheia de amor!
  
1733 Salame caipira vendido em metro. Devia ser guardado em lugar seco para aprumar o gosto. Deixou-o como escultura pop na vitrine do sexshop...
  
1732 o torresmo artificial comprado na beira da estrada caiu no estômago do pescador mineiro como uma lembrança mal digerida da primeira namorada
  
1731 dedos trêmulos tocam tua nua realidade, a pupila vermelha já não vê se teus seios estão arrepiados, no colo hibernam algumas velhas vontades
  
1730 A veia aberta de tanto procurar destinos deixou cair uma lágrima vermelha antes da agulha entrar, depois em contração de dor fugiu do altar!
  
1729 Apaixonei-me pela pessoa certa num tempo errado, depois pela errada no momento certo, só tive alegria quando errante fui incesto de Maria...
  
1728 Escolher entre só ter Você em fantasia ou dormir ao lado de quem me detesta, prefiro fugir na noite através de qualquer fresta...da alegria!
  
1727 Encorpada, voluptuosa, feito Bordeaux hibernado num decanter de cristal, pousou quase nua sobre a mesa de vidro num vestido rubro, sensual!
  
1726 Da poltrona vermelha nasciam mensagens lâminas de guilhotinas, que deixavam órfãs cabeças que se diziam inteligentes, contando a sua rotina!
  
1725 O colchão vira saco de pancadas, desconto a raiva pelo feriado que termina do jeito que começou: uma solidão neblina cobrindo a madrugada...
  
1724 Havia escrita no Egito antes dos faraós, tempos do Rei Escorpião. Que mal gosto: não era para poesias, só indicava de onde vinha o imposto!
  
1723 O velho calção puído pela parafina da prancha ficou jogado em cima da havaiana, enquanto o cigarro de origem duvidosa queimava a porcelana!
  
1722 Tenho uma amiga que tem um gato preto e outro branco, são como aqueles medidores de chuva bipolar, quando agrada só um, não dá para chegar.
  
1721 
Ela chegou da Bahia dizendo que agora ela era só para uns...depois da primeira geada em Curitiba, aninhou-se com o mais mortal dos comuns...

Menina Má

Miro 19.05.2012


Eu sou só a menina má
que cria os piores sustos.
Sou eu quem saio de casa
dando-me a qualquer um.


Sou eu quem regateia já
liberdade a qualquer custo.
Sou eu quem abro as asas
prá gozar o todo de algum.


Eu sou a fração alternativa
acusada de querer algo mais
madrugadas e noites a fio.


Sou eu perversidade à deriva
no tesão de roletas carnais:
tua cadela... fugindo no cio!

Ouro Inesperado

Miro 19.05.2012

Estamos nus diante
de um ouro inesperado
e nossas antigas roupas
não nos cobrem mais…

As máscaras já não tapam
nossas caras de surpresas
e nem mesmo o baton
disfarçará nossos medos…

Estamos nus e distantes
do novo independente
que se fez em liberdade…

Colocando-nos ante a luz
de um espelho que nos cega
no velho da consciência...

Ao inverso?


Miro 18.05.2012

Que estranho costume
me fez mergulhar autista
no louco do teu perfume?
Em que filme passageiro
deixei de ser protagonista
e pus-me fora do teu roteiro?

Com qual instrumento
sai de tuas escalas
e desafinei em teus sentimentos?
Em qual coincidência
virou senzala
a tua constante ausência?

Em que espelho quebrado…
tua imagem deixou
de cristalizar-se ao meu lado?
Que noite sem Lua
em meus olhos vomitou
tantas saudades tuas?

Qual direção sem Norte
me fez perder os sentidos
em teu silêncio de morte?
Em qual tua pouca valia
fiquei esquecido
como fonte de tua alegria?

Que maníaco vento
me fez náufrago subjetivo
no mar do teu temperamento?
Que impreciso verso
fará teus olhos depressivos
ver tudo isto ao inverso?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Tunel Boreal 1

Miro 18.05.2012

Um tiro no gosto da boca
o tempo em descompasso
o pulso no ventre do acaso
o sangue em depressão

uma sequência de cenas
veloz na retina que seca
sirenes silenciam o caos
ante o túnel de cor boreal...

O medo deixa de paralizar
o corpo inerte não ressente
não está e ainda não se foi
e o eterno se faz transição

livre de qualquer juizo
sem vontades explícitas
ou pedidos de desculpas
num vazio sem final...

Uma voz quebra o fim
e acaba com a falta de dor
os músculos estremecessem
em incapaz solução

num impulso de gemidos
a morte foi postergada
sem qualquer economia
em cerimônia de tom causal...

Túnel Boreal 2

Miro 18.05.2012

Tiro no gosto da boca
o sangue se torna livre
um vazio apaga o azul...

Cenas sem sequências
escorrem na retina seca
o pulso fica sem sinal…

Sirenes calam o caos
diante de um tunel
em aura boreal…

O medo erra
e não mais paralisa!

O corpo para
e não sente!

A mente não está
eu já não sou!

Em delta mental
o tempo sem limites
some no espaço…

A transição se faz
interna e eterna
na direção da luz...

Mas no vácuo pacífico
uma voz quebra
a assinatura da cruz…


O medo volta
e de novo paralisa!

O corpo sente,
pulsa e ressente!

A mente pressente
que o portal se fechou!


O laranja do dia
dá cor leve a retina
aquém das pálpebras…

Os músculos pesam
estremecem no chão
em poças de suor…

Um gemido surdo
indica ao círculo
que renasceu a dor…


O medo se solta
e de novo paralisa!

O corpo sente
quer ficar ausente!

Mas a mente atenta
esquece o que passou!



A morte foi vencida
pelo menos por hora
outra vez postergada…

O destino continua
como beco sem saída
sem solução final…

E em nó de lembranças
a passagem esvanece 
em sépia artificial...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Ás Pervertido

Miro 15.04.2012

Espécie de Ás pervertido
Escória da humanidade
Estímulo mal concebido
Espaço vadio da vontade

Estorvo de vãos carinhos
Exímio em paralelos crus
Engates suando sozinhos
Esdrúxulo em vômitos nus

Espectro que curva cores
Erótico que mata no estio
Espelho abissal de licores

Enterro de falsos favores
Esteróides loucos no cio
Esgoto branco das dores

Momentos de Transição

Miro 15.04.2012

Algo novo no meio usado
Um olhar em perspectiva
No espaço congestionado
A língua contra a gengiva

Uma morte cheia de dedos
Letras do campo ilusão
Os dentes tensos de medo
Momentos de transição

Desejo preso em tipóia
Os óculos repletos de lãs
As voltas da musa jibóia
 
Lágrimas de gosto azedo
O óbito doce das manhãs
O ontem chegou mais cedo

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sem deixar dúvidas

Miro 07.05.2012

Cumprimentou-me como se fosse íntima
beijou-me como se dominasse meu hálito
empurrou-me louca por vertigens ínfimas
apertou-me como seu espartilho mágico...

Atravessou-me com um olhar sexy-místico
deitou-me em transe em sua tenda gótica
cravou-me dentes com seu tesão mórbido
girou-me do avesso em convulsão pélvica...

Arrancou-me gotículas de suores gélidos
virou-me em brasa com seu colo cálido
esticou-me em cio de afetividade lésbica...

Despachou-me cheia de senhas e dívidas 
Partiu-me em pedaços com seus hábitos
Desapareceu-me nua sem deixar dúvidas...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Absurda Intenção

Miro 4.5.2012

Encho com vazios os balões do teu cio
Coloco tédio na fechadura dos remédios
Lambo-te com línguas escandinavas mortas
Masco o usado clichê dos teus orifícios

Vadio em tuas conchas quentes neste frio
Bebo no ar seco tua saliva em lobo assédio
Agarro-te através de trajetórias tortas
Leio frações na carreira de teus vícios

Corto-me em tiras diante de tuas mentiras
Escovo com a língua teus dentes e batons
Sinto o teu Litio em detergente solidão

Fujo da zorra de tuas secretas ziquiziras
Planto-te em porras de cotidiano plancton
Crio nuvens sem qualquer absurda intenção