quinta-feira, 21 de maio de 2015

E agora meu Zé?


Miro 21.05.2015

E agora meu Zé?
Será que serás
só uma guitarra no caminho
deste pai pedra em desalinho
que não quer os segredos da paz?

E ontem meu Zé?
Se eras o nó das minhas esperas
que não me deixava crescer
pois projetava em tuas quimeras
o pai que não pude ser?

E adiante meu Zé?
Serei apenas o avô de teus filhos
um ancestral fora dos trilhos
um contador de histórias
de mil penas em meia dúzia de vitórias?

É que no sempre meu Zé!
Serei teu eterno companheiro
como pai, amigo, filho ou irmão
pois desde os tempos primeiros
do teu infinito sou o zero anfitrião!


Acomia

Miro 21.05.2015

Tateia em minha língua a tua teia
rala como Lua nova em acomia
e se me apertas em surda agonia
minhas orelhas queimam tuas veias...

É um laço de gravata que me arreia 
feito pelos nós de tuas coxas frias
em surtos tensos de dor e alegria
que em gozo múltiplo incendeia...

Um fio de querosene escapa da candeia
e deixa marcas em minha tez vadia
quando teu quadril em mim... chuleia!

Um fogo fátuo azula o Id em rebeldia
húmido pelos parcos pelos da sereia
que em metade peixe... nunca se sacia!