domingo, 22 de novembro de 2009

Por Nara

Miro 21.11.2009

Meus caminhos eram trançados
Por notas altas e baixos tons
Na escola católica do bairro paulista
E no preto e branco em frente a televisão...

Tempos difíceis, de ideais opostos
De escolhas límitrofes, de contradições cíveis
E constatações cruéis.
De muitos donos da verdade:
Um padre pedófilo em minha primeira comunhão
Um cartunista hemofílico em meus rabiscos pueris
Um argentino em Cuba, balançando a velha convicção.
Uma briga de rua para chegar na Lua
Uma guerra infame no Vietname
Entre Alemanhas: um muro!

Por aqui: ouro pelo bem do Brasil
Tempos de Revolução?
Comunistas por todos os cantos
Na metáfora poética do Vandré
Na neura dos policiais de direita
Nos sonhos dos jornalistas de esquerda
Nos medos dos olhos fundos de meu Pai
Que via perigo no exército vermelho
Que não queria que eu virasse gay
Pior se me tornasse padre
Ou prá sempre um menino inseguro...

Foi neste mosaico de dramas
De um abstrato psíquico
De lutas e torturas
Por um País democrático e livre
Ou simplesmente pelo amor livre
Que deixei de lado rolimãs e terços
De olho no Festival da Canção
Visto escondido dos Pais
Na sala escura de TV...
Que me apaxonei por Nara
Cabelos curtos e pontas
Voz frágil como meu coração
De joelhos fartos sob a minisaia
Boca grossa e olhar de menina
Despertando minha masculinidade
Em tesão irresistível
Amplificado pelas ondas do rádio
Voando através do vácuo
No tubo de raios catódicos
O desejo adolescente
Explodindo na tela de vidro
Turva e quase sem definição
Cheia de chuviscos e fantasmas
Meus primeiros fantasmas eróticos
Meu chuvisco de esperma
Uma gotícula branca
Prá ver a banda passar
Em frente a televisão...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Rebelião

Miro 17.01.1997

Encontrei-te assim
sexy e linda,
mas com raiva do mundo,
com medo dos homens,
algemada às próprias decepções,
criando um cárcere,
onde sumariamente condenavas
todos que perto de ti chegavam
com boas ou más intenções,
jogando-os impiedosamente
às celas mais geladas
do teu coração
onde o tempo com certeza
tudo matava!

Assim fizeste comigo,
atirando-me a uma solitária escura,
sem coberta, sem alimentos,
sem luz e quase sem ar...
Mas aos poucos
fui me refazendo
reconstruindo sentimentos
cultivando a calma
desenvolvendo os porquês
preparando lentamente
minha fuga
de Você!

Dia após dia,
estudei tuas brechas,
observei tuas sentinelas e rondas,
fui servil e subserviente,
até me tornei amigo
dos teus cães de guarda...

Tanto assim que neste instante,
que me ponho livre
inteiramente fora
de tua tirania e domínio,
posso te deixar esta carta,
que além de minha alforria,
são tuas algemas sentimentais,
porque hoje sei,
que estás completamente presa,
por este sentimento puro,
que em vão condenaste
a uma clausura sem sentido
e que te incomoda muito o coração
queimando-te toda por dentro
feito uma grande rebelião!

133 a 172 Mikropoesias no Twitter

172 Hora da manguaça: de filtrar num cuité de cachaça... a jaça de toda filosofia de bar, que tem seu preço, mas que no fundo é de graça!

171 Acordo cansado, a pele e o lençol... amassados! Os olhos frágeis ante a luz do abajur... os ouvidos surdos para o teu inesperado: -Bonjour?

170 Há vida latente nesta paixão recolhida, como uma semente ainda adormecida, sem mágoas, a espera de tua exata estação, de teus húmus e águas.

169 Paz é ser capaz de suspender julgamentos, crenças e preconceitos para sentir o outro em seus sentimentos, em sua dança, no seu único jeito!

168 De tão egoísta rodava ao redor de si como um pião, escrevendo no congelado chão de suas emoções um grande e inexpressivo EU!

167 Descobri que mecânico tem pé rachado e rabo, pois meu carro não ficou pronto e na parede estava escrito: "Mente vazia é oficina do diabo"!

166 Em noite de Bruxaria, há quem reze... mas o rabo da porca entorta e aí vassoura que se preze, não vai ficar atrás da porta!

165 Nanopoesia 8: Teus seios, receio, não são mais... meu recreio!

164 Nanopoesia 7: respeito teus pleitos...

163 Frustrado na noite, grito dentro do carro palavras de tensa ira: quero mudar a vida, apagar o peito com cigarro e fugir desta louca corrida!

162 Há em mim algo de bobo além de lobo. Em ti há mais espelho em tua Alice, do que alguma perdida inocência por debaixo do teu chapéu vermelho!

161 De volta para o amanhã, caminho em frente de costas, com pés de curupira e olhar sem medo do que de ontem ainda não pode acontecer...

160 Cultura de Almanaque: via de regra o risco do Plano OB é perder a linha e sumir absorvente dentro de Você...

159 Epidemia: em minha língua Tami-flui quase sem sentido... enquanto o meu sangue em febre... ferve pela "influenza" de seus endêmicos gemidos!

158 Minha pele te inventa na memória dos poros! Fiquei com teu cheiro impregnado nas ventas! Em cada lembrança te devoro, como se fosse pimenta!

157 Nossos olhos cruzaram-se em slackline: uma corda bamba entre nós foi criada, mas logo uma grota gelada fez da escalada um perigoso highline!

156 Quando escrevo gosto de caneta tinteiro e caderno: é a lembrança de um tempo terno onde o poema desvirginava tuas folhas e saía por inteiro.

155 Tudo era vermelho: a paixão, o Red Label, teu vestido, meus olhos em cruz e a luz no espelho!

154 Um vestido vermelho curto balonê, a cascata loira enquadrando teu sorriso em Mel, meus dedos leves em Você: uma ponte inesperada para o céu?

153 Por acaso ela leu meu caso fora de casa, agora não sei se descaso e caso com o caso ou se ocasiono o ocaso do caso e fico casado e sem asas.

152 Coloco minha aliança em um anzol... estático, querendo fisgar alguma piranha para o meu lençol... freático.

151 Adoro ouvir tua risada, um som de brisa em rajada que me traz paz ao ouvido, depois ela viaja no peito e me faz crer que a vida tem sentido!

150 37 anos de sala de aula, no começo muita bronquite por causa do giz, às vezes tragava-o buscando respostas para pergunta que não fiz...

149 Dançava como flamingo no lago ácido da África, coreografia repetida no embalo de sábado, hoje no baile de formatura, dança dura e nostálgica!

148 Ela sai com eles&elas e me diz: Isto hoje é normal! Tiro as luvas, beijo a lona, jogo a toalha, nocauteado no golpe de tanta escolha sexual!

147 Agonia total! Letal lobotomia, sem memória ela conta sua história, sem passado inventa namorados, sem repulsa me expulsa: que fora e agora?

146 Hoje te chamei de tonga! Você respondeu: -Tosco, que abuso! E na burrice mútua, te pus no fosso, tu me fez em culpa: um desencontro confuso!

145 Ao inferno e além! Através das três fronteiras do homem: a virgindade do bem, a falta de pó no pós Terra do Nunca e o politeísmo do sêmen!

144 À dívida devida, dê vida, divida. À dádiva da Diva, dê vinho, divino. Dúvida de vidro, doída, de Deus! Mordida doida, me deu de dedo. Adeus!

143 Jogo meu anzol virtual em teu aquário digital, comes a isca em um e-mail indecifrável, mensagem infalível de nosso jogo ulterior de amor!

142 A Você minha loucura télica: sou um esquizopata, neurossivo, parafrênico, compulníaco, obsenóico sem cura, em Lua de síndrome psicodélica!

141 No canto da boca a saliva seca emoldura o sorriso nervoso. O ar rarefeito pela situação vira palavras curtas e silábicas: -Sou i-no-cen-te!

140 Ana Julia daMaria (2)! Assim caminha tua humanidade: como uma porta sem trancas, um olho mágico no passado e um verão sem idade!

139 Ana Júlia! Um círculo onde falta um risco de giz para ser fechado; um adeus não dado, um sorriso aberto: saudades de um olhar verde azulado!

138 Nanopoesia 6: Cuidado com a ética sem a ética do cuidado.

137 Nanopoesia 5: -Te avisei! -Rápido?-Gozei!-Estúpido!

136 Nanopoesia 4: Só...fugi dos pós em nós!

135 Nanopoesia 3: Fé só é um pé...

134 Nanopoesia 2: Era ela Uma, em uma bela era!

133 Nanopoesia 1: -Ouvi um iiih! Quando de ti saí...