segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um simples drama...

Miro 31.01.2006

Mórbido acordo com o sofrimento,
que me deixa solitário em plena rua,
ouvindo vozes estranhas ao relento,
sentindo o fio da madrugada nua...

Haverá lugar para algum alento?
Acontecerá na noite alguma Lua?
Alem da duvida e do esquecimento
quem arranhara a minha carne crua?

Colecionando ausências de nós dois
com um sono solto, agitado e curto,
cravo a unha em qualquer lisa cama...

Quem dirá da dor que virá depois?
Soo a cicatriz do amor a qual me furto
final comum de nosso simples drama!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Faxina

Miro 22.02.2011

Tenho raiva de não encontrar as minhas coisas
quando minha bagunça é organizada por Você
Você se sente no direito de mexer no que
é meu
e coloca tudo do jeito que eu não sei onde está
quer me deixar maluco, impaciente e distante
em nome de uma porção de motivos sociais
pois saiba que não é desta classe de cuidados
que eu quero, que eu procuro ou desejo ter
talvez seja melhor cada um em seu próprio lar
cada qual estruturando o seu impróprio caos
do jeito que quiser, sem tramas ou traumas
nos encontraríamos nas festas, bares e motéis
não nos xingaríamos por nossas diferenças
aproveitaríamos somente nossas afinidades
e ao invés de arrumarmos o pardieiro inferno
faríamos uma faxina na confusão suja interna
na muvuca entr
ópica
de nossos corações...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

831 a 1002 MiKropoesias do Twitter

1002 Fagulhas em fúria escapam da pira sagrada de minha paixão e a deriva sobem até o céu da boca, onde somem ao contacto de tua louca saliva!

1001 Eu não quero te esquecer, esquecer o cheiro de tua presença, o teu sorriso ausente de dentes, teu humor tão instável quanto um gelo quente.

1000 Vamos por caminhos tão paralelos e distantes que só o infinito terminal dos ponteiros albergará a tênue possibilidade de alguns instantes...

999 Descobri meu futuro com Você no imbricado espaço de um agora, cuidei desta semente com húmus de expectativas, mas por ciúmes a joguei fora.

998 Todo agora morre logo depois que nasce, cresce e definha num ponto em cruz, num só compasso escorre pelos dedos em idiota velocidade da luz.

997 Meu rosto ainda carrega teus dedos em toque nos meus cabelos, na minha barba, na minha boca e dentes, riscando marcas sutis e transparentes!

996 Amo Você! Com todas as palavras do meu vocabulário: Amo Você! Com todos os significados do meu dicionário em viagem poética sem itinerário.

995 Atravessei um oceano de perdas, pisei em lamaçal de frustrações, senti a tristeza de pobres e reis. Quanto mais te segui, mais forte fiquei!

994 Meu anjo do mar, belo mar de ilhas, filha pródiga de minha paixão, diga-me como navegar único no fogo exclusivo de teu quente coração?

993 A cidade vira um festival de teatros, performances espontâneas até em tubos de esgoto, do nada um palhaço encena um abstrato drama canhoto!

992 Preciso errar em teu corpo macio, escrever de improviso com minha língua pequenos versos obscenos e sentir tua pele em desatino de arrepios.

991 Visito a tara de tua terra em guerras de carícias aduncas, escorrego no cio de tua estrada molhada, perigosa, mais sensual do que nunca...

990 Nos finais de semana seguia o namorado nas corridas de arrancada. Ouvia o bravo dos motores com o pensamento longe em alguma interna poesia.

989 Prefiro as más companhias, aquelas que me tiram do sério, com quem perco o rumo do dia e a noite quebram o silêncio de meu falso monastério.

988 Quero ser a tua quarta-feira de cinzas mais gostosa, pois não acredito em quaresma depois de tanta folia de tuas fantasias em meu coração...

987 Talvez eu seja só uma vazia solução para os teus problemas, talvez só seja mais um emblema de tua complexidade interna em completa confusão!

986 Confesso meus pecados como quem desenha tiras para jornais de baixa circulação, muito poucos vão ler, mas todos na velha cidade irão saber.

985 Esta historia de cerveja depois de um bolo, combina tanto como um cigarro na cama depois de uma noite dormindo em conchinha com o consolo?

984 Quero a liberdade para não ser: não ser alguém que te fere, mesmo sem querer, não ser só do jeito que Você quer me ver...

983 Linda! Ela correu nua para o mar de vontades que aconteceu em sua mente sob a forma de insaciável masculinidade...

982 Tua afetividade me afeta, deixa em mim marcas de dentes e batons, mas teu ciúme exagerado me espeta, como uma guitarra afinada em outro tom.

981 Venho de uma noite sem lei, onde as emoções foram trançadas em farrapos, uma ressaca guerra e a língua com gosto de nojento esparadrapo.

980 Um dia tão bom como gosto de raspas de canela em cima de um doce, o cheiro único que é dela, a mais bela das belas que o timeline me trouxe.

979 Quero contigo viver algo diferente e inédito, como um daqueles filmes que acontecem coisas depois dos créditos.

978 Ao redor de tuas cicatrizes plantarei meus beijos molhados. Como um jardineiro sem mãos colherei com a boca as sementes dos teus pecados.

977 Desprezo o frio dos teus tantos controles em rituais de obsessão, como o teu vômito no meio da noite para chamar a minha bêbada atenção...

976 Vida bandida, sem limites, sem regras, sem obrigações ou direitos, uma navalha cortando sem fio a carne sensível a culpas dentro do peito...

975 Quero deitar-me no silêncio de tua paixão, depois de ouvi-la em chamas sussurrar meu nome em gritos secretos de explicito tesão!

974 Fiz as pazes com a ternura, deixei de lado as minhas iras e como um anjo sem asas, fiquei quietinho brincando com a tua santa loucura...

973 Quero aprender a lidar com o improvável, o impreciso, o subjetivo, o ambíguo de tuas palavras que me confundem em platônicos batons!

972 Maria deu-me luz de estrelas no meio de um obscuro dia. Amor livre: quase o velho Barão, talvez o Oil Man possa tocar e cantar esta canção.

971 Fiz um M a fogo no meu braço esquerdo, uma homenagem a minha primeira namorada: Maria! Infeliz logo ela se foi e hoje o M é só uma cicatriz.

970 Vamos fugir? Comer as faixas amarelas das estradas, deitar sem cair em cada curva, sentir na pele o calor do Sol, os pingos da chuva gelada!

969 O vento no rosto, a moto em velocidade, uma pressão no peito cala em liberdade! Um salto! Depois as rodas em total harmonia com o asfalto.

968 Eu conheço o preço de tuas mentiras, são tiras de jornais de um humor para lá de mordaz, são criticas que deixam meu verso manco e incapaz.

967 Laser e loser tocaram-se em uma poesia: um com raios potentes, o outro tímido a sofrer, apaixonados, um saiu queimado e o outro sem vencer!

966 No meio do dia em ato falho, costuro mangás em sagas de palavras! Isto é melhor que preencher planilhas em uma solitária ilha de trabalho.

965 Há uma cicatriz no teu peito, estranha escarificação de lâminas cortantes, talvez feita com o laser de um olhar mais que interessante...

964 Quando a Lua cheia atravessou a vidraça de teu quarto levando nos raios voyeur intenção, teu colo em brilhos de prata suspirou de tesão.

963 Encostas teus seios em mim, a moto e alta velocidade, já não perco mais minhas lentes com o vento, só o rumo para chegar ao teu sim...

962 Apaixonei-me por todas elas: putas, santas, loucas, sadias, feias, belas, gordas, magras, novas ou não. Não há como cozê-las sem paixão...

961 Ciclo: um velho amigo jaz em coma induzido num leito da previdência, enquanto meu filho se prepara em um berço amniótico de coincidências...

960 Há as que nos matam com sorrisos, cruas de sentimentos, outras com suas peles nuas e sensuais guizos, as piores nos matam pelo esquecimento!

959 Eu largo da ordem para ir em busca de um caos estreito, como máscaras e vomito as intenções mais caras de meus conceitos.

958 Não troque o arco-íris por sonhos impossíveis, os potes estão na tua geladeira, não existem duendes, só o cheiro de uma suja frigideira...

957 O salto prendia-se entre as pedras do petit pavé branco e gris, a chuva fria em lágrimas, escorria gelada em seu colo arrepiado e feliz...

956 La fora uma metáfora espera por uma poetiza, como um véu de pitonisa ela é descoberta além dos medos, pois a razão não abre estes segredos.

955 Cachos de chuva no caos, gotas que se transformam em gelo, o granizo cortando tetos e vidraças, apesar das rezas, novas enchentes de apelos!

954 A viúva negra e seus maridos desencarnados: cada um deles apostando em um novo médium aranha macho, só para ser por ela novamente devorado!

953 Ejaculei in vitro palavras de línguas mal resolvidas. Depois sem conter os espasmos dos denodos, cai inerte sob a coleira dos teus engodos.

952 Tênue linha que me vicia em ti, por ela passa trens de complexos inocentes, o ranger dos trilhos detonam minhas defesas, que caem dormentes!

951 Não desvendei teus segredos, te vi esvair-se em nadas por todos os teus medos, tuas paranóias me contagiaram e fraco fugi de teus enredos.

950 Há uma atração à parte no Sul, que só acontece no equinócio, quando o ócio de Pan encarrega-se de distribuir o vinho novo de nossas manhãs.

949 Ouço o vermelho da Mata: o tempo queimando em replays, o beijo que ainda não te dei, paixão ingrata que me faz incapaz, sem um dia de paz!

948 O Sul tem as delicias sofisticadas do frio: o cio em manta de ovelha, travesseiro de plumas, vinho na lareira e o casual cobertor de orelha!

947 O terço quebrado de cristais faziam calos e cortes nos dedos em rito de fé! Justo parar de rezar só por causa do olhar de um abençoado Mané?

946 Lásevaiovelhomicrodegastostecladoseatelaembrilhodegradê, comabarradeespaçosquebrada, comooespaçocadavezmaisinexistenteentreeueVocê.

945 Que tal fugir para o planalto central? Algo eqüidistante ao invés de e-mails, telefones, ou ainda, manda teu DNA para eu que faça um clone!

944 Imagino um rio virtual, voluptuosos bits em planaltos e firewalls, cachoeiras de downloads que me levam sem protocolos até teu colo sensual.

943 Aquele velho que eu temia já está em mim, não mais como segredo, mas no medo do fim, na face cansada por um olhar sábio em completo degredo.

942 Há solidão nos gestos que alimentam pombos em qualquer lugar, mas há também ela em mim, quando julgo sem aconchego que elas são ratos no ar.

941 No nariz um sangue coagulado de tantos ais! Fujo enquanto meu ar não está tão comprometido como minha cara quebrada por teus golpes sensuais

940 Também quero: te encontrar, te tocar com dedos, perto da paixão, longe das teclas e medos, saber se é real, sentir na pele tua tez sensual.

939 Andrógino, conto: meu medo de ser infiel ao que a minha natureza alfa escolheu como orientação sexual e fora da qual nunca estou pronto...

938 Vermelho vestido que atravessa meu dia como hemorragia do sensual, espalhando-se em meus olhos como espelhos em contacto nu e profissional.

937 Depois de tanto vinho, venha... há um outro lado da taça... a senha de graça para se sentir novinho...

936 O que ainda não foi dito, que não possa ser escrito, que não possa ser vivido, ouvido e como qualquer dito, completamente esquecido...


935 Pétala Lua, que cai e flutua nua entre sargaços na maré dos tempos até o meu cais, onde ancora, atraca, escora e ataca meus desejos e ais...

934 Ouço o pulsar de tua vida com dedos ainda distantes, é como se minha corrente sanguínea tivesse os instantes que Você precisa para me amar!

933 Olhei nos teus olhos amargos e vi neles escondidos algum mel, tentei nele chegar através de tua boca, mas louca, deste-me apenas teu fel...

932 Um vinagre feito com um bom vinho esquecido na porta da geladeira temperou minha salada de velhos ideais, dando-lhes um gosto de novidade.

931 Só a completa solidão me faz entender o que é não estar inteiramente só...

930 Amanheceu virada do avesso, com um não travesso quebrou a cara do seu amor, que indignado não deu significado ao roteiro de tão mau humor.

929 A visita inesperada das lágrimas era um bálsamo aos olhos secos de tonta desilusão: mais um sinal de fraqueza ou só uma expressão de perdão?

928 Havia um sexto sentido em ir aos quintos dos infernos, o quarto aberto, sem terceira intenção e num segundo, entregou-se a sua prima paixão!

927 Fui ver a vida de perto e encontrei-a de mãos dadas com a morte, pareciam felizes e tão de bem, que não eu pude mais perceber quem era quem!

926 Tchaikovsky: um balé de dualidade mórbida agasalho de um iceberg febril, abraço do bonito e depressivo com o opressivo feio e sedutor...

925 A esfinge interna a afrontar com enigmas de tez insolúvel trazendo cômodos em desatinos...

924 ...dinâmica de um adormecido ego vulcão, que nos traumas não foi capaz de integrar o caótico no saudável, nos conflitos que geram a paz...

923 Angelical calor no frio dos infernos nos calos insustentáveis dos pés, pés que em pontas são pás no chão em um só tempo já estão nos céus...

922 ...na negritude de um cisne proibido ou em um cisne branco congelado algema e liberdade, prazer e dor nas mesmas penas aprisionados...

921 A catarse dos lençóis da libido na masturbação edipiniana que prende o pênis libertador atraindo derrotas transitórias.

920 ...na útil catálise por alguma fama, na exaustão entre o não e o sim, o suor em coma de dez mil horas e hematomas até o exímio fim...

919 O roubo de pequenas coisas, seus cleptomaníacos talismãs, matéria prima cara e insana, mistura realística de paranóias...

918 ...com esquizofrênicos mestres de prima-dona em incubação, figuras parentais encarnadas afinando o certo da imperfeição...

917 As tentações homofóbicas, a heterossexualidade incolor, os cacos de narcísico espelho cortando os véus da frigidez...

916 ...um arrombar da artéria vida, passaporte do sangue puro, incontrolável de tão visceral, sujo de tanto intento seguro...

915 A coceira indomável nas unhas, o sucumbir a íncubos e súcubos, os medos sem vãos nos dedos até ir além do enredo esperado.

914 Em posturas jamais executadas, uma puta fiel de cruel dignidade, irreverente ao banal do clássico, untando o efêmero a eternidade...

913 É o mago lógico de um mito lago, onde um cisne preto-e-branco em violenta explosão da ternura flui no ar como um anjo suicida...

912 Siamês de um lúcifer abençoado, sob os aplausos de contras e prós, para iluminar o divino da sombra, o laço humano que aperta em nós...

911 O opressivo feio e sedutor de um cisne mais que perfeito, rarefeito e raro de tão denso no intenso comum dos estreitos.

910 Afina a sensibilidade de teus sensuais instrumentos nos meus, não porque sejam raros ou caros, mas porque eles só' existem quando são seus,

909 Uma pirâmide de vontades estupra o teu dia frio e normal, agitando a foz de teu Nilo, que em delta de tesão arrasta louca todo o meu sal.

908 Ouvir tua voz no telefone é um privilégio, é saída de colégio na sexta-feira, é poeira nos olhos cansados de tantos dias limpos e iguais,

907 Teu rosto é um imposto que prego e pago, trago no fundo do olhar o teu não que nego e cego, com gosto, carrego o que Você não pode me dar.

906 Equilibro-me na tênue linha que liga meu ontem ao teu amanhã, por cima de um precipício onde no fundo corre o rio de tuas mentiras vãs...

905 Coloquei meu sexto sentido no teu cesto de roupas sujas, queria lavar minha alma junto a sujeira dos teus usados vestidos...

904 Um Cisne Negro de densidade infinita me fez viajar por paranóicos conflitos até tocar minha humana perfeição, louca e aflita...

903 Banho tomado, cama feita... vou achar o desejo que escondes entre as dobras dos teus lençóis, mordendo as iscas dos teus sensuais anzóis.

902 Cansado de noites vazias, de sonhos inconseqüentes, escrevi teu nome nas areias quentes de meu deserto inconsciente...

901 Venda-me em tua cama de tramas e teias, pois cego sentirei teus gostos e cheiros e como um somelier harmonizarei os vinhos da nossa ceia!

900 Mate-me com teu tesão assassino, que já és culpada antes mesmo de Você cometer qualquer criminoso ato de sexual desatino...

899 Livra-me de tuas investidas de posse e ciúme, abrindo a porta da liberdade que me mantém prisioneiro dos teus loucos costumes...

898 Beije-me com a suavidade das tardes de outono, deixando tua saliva cair como pequenas folhas no chão dos meus lábios sem dono...

897 Varra-me para debaixo do teu voador tapete, como camadas de ar que não pesam, mas que te sustentam nas horas que comigo Você mais compete...

896 Valha-me Deus de tuas palavras cheia de louca intenção, elas turvam meu tino e deixam meu destino sem qualquer direção...

895 Mostra-me teus encantos e mistérios, os teus segredos mais íntimos e de tuas escolhas eu quero ser a ausência de critérios...

894 Deixa-me navegar em teus lagos, nos teus largos quadris, quero surfar feliz em tuas ondas de tesão e afagos...

893 Desarrumar a família, fugir para a ilha, visitar o acaso, ter de novo um caso sem Você... Pra que?

892 No decanter um resto de vinho compõe uma abstrata tela. Nela eu vejo tuas fantasias, mentiras e perversidades mais belas...

891 Uma vintage intenção de tuas cochas quase balzaquianas, me fez voltar a ti untando pinceladas de rala lucidez a tua polaridade nua e insana.

890 Não conheço o significado de teus gestos, são sinais que meu coração analfabeto não sabe ler, mas como não presto darei jeito de aprender.

889 Uma massagem a 4 mãos nos domínios de Gaya, é uma difícil tentação, pior quando elas fogem da raia e me deixam com uma toalha de consolação.

888 Tira a foto, tira! Tiro, mas tira a tira, quero tua nua verdade! Agora tira minha foto do blog. Está publicada, de lá eu não tiro...mentira!

887 Não quero ser só seu amante, secreto como um twitter direto, quente como uma timeline cheia de gente, quero seguir-te de hoje em diante.

886 Você fica confusa com minha presença, meu cheiro te deixa tonta, não quero que faças nada, nada além do que Você dá conta...

885 Do nada ela me ama, em tudo me faz feliz, contudo ainda não nada no meio da minha cama e nem se veste de nada sob o quente do meu sobretudo!

884 Ela parou em silencio no auge do tesão como se estivesse em prece, depois sussurrou-me no ouvido... não se apresse que a loucura desce...

883 Pequenas lambidas ao redor armaram as asas rosadas da pequena borboleta, que pegando fogo, riscou o céu de minha boca em um delicioso jogo.

882 Nos olhos amendoados de uma nipo-italiana descobri segredos, colhi seu néctar e no lençol japonês risquei um ideograma com o mel dos dedos.

881 La no sertão mora minha mais louca paixão, platônica pela distancia, idílica musa, pura inspiração, que me faz viajar sem sair do lugar.

880 Fico entre o fazer nada ou coisa nenhuma, parado e indeciso, nem penso muito na escolha, nem tiro um cara ou coroa, fico inerte e a toa...

879 Como proteger a filha de 20 anos tropeçando nas patas do malvado que além de um torpedo na mão, tinha olhar de pedófilo e era uma tentação?

878 Linda, deixou-se levar em seus 20 anos pelo ronco da Suzuki amarela, enquanto a mãe bêbada esbravejava que o homem da moto era dela.

877 Uma saudade única, uma vontade exclusiva, um desejo que da distancia chega, batendo as asa como um doce segredo no ouvido.

876 A paixão é uma confusão danada de gostosa, perde-se a noção do tempo, do ridículo, fixa o pensamento em fantasias, desejos, rimas e prosas.

875 O gosto estacionado no fel, na língua a sensação de não ter mais a chance de outros gostos, é o desgosto de não ter mais o doce do teu mel.

874 Festa alternativa: com pessoas de múltiplos gêneros, bebidas e comidas vivas, performances estranhas, luzes sobrando na rinha de aranhas...

873 Em nome de Maria tentei livrar-me de tua tentação e por descuido falei teu nome enquanto dormia, afogado em oníricas fantasias.

872 Não quero o que me diz que é obvio, nem o que me tomas por prolixo, quero de novo, o que não é fixo, o gosto de teu beijo arisco.

871 Uma visita ao passado não resolvido é como experimentar um copo de leite talhado, achando que ele foi recém ordenhado...

870 Afônico e sem versos, revirei-me no teu avesso, afim de cobrar meus indevidos direitos no troco dos teus cínicos tropeços,

869 Ante a dor nossa de cada dia, haverá sempre um crucificados messias ou uma oração que nos salve da responsabilidade pela autoflagelação...

868 Entre no silencio do olvido, como memória resolvida, atemporal e perdida, envolta em insights que não recompõem nem a tua nem a minha vida!

867 Entre a batuta do maestro e a baqueta do baterista, a cantora lírica delira e canta Casta Diva como se fosse casta e ainda viva.

866 A morte faz parte do ciclo, não é fim, nem começo, pode ser perda de um apreço, mas é o destino do vivo e por isto, não carece de preço...

865 Sou um homem do bem, fiel e pai de famílias, mas do mal eu sou também, um autentico safado, nas orgias sagradas de minhas desertas ilhas...

864 Ela ficou na memória de minha boca como um gloss a prova de águas e magoas, já se passaram tantos anos e eu ainda sinto o seu gosto molhado.

863 Quando o dia estiver impossível e ante a tua tristeza não puder fazer nada, vamos juntos tomar um sorvete de queijo com creme de goiabada.

862 Não ha mais nada! Nem a vontade de ter contigo só amizade, o imposto pago foi alto, como o pedágio para passar em tua esburacada estrada.

861 Apaixonar-me por ti foi como pegar todo dia um ônibus errado ate enlouquecer, louco, imaginava que qualquer lotação me levaria ate Você.

860 Uma loira paulista e uma negra mineira desenharam em mim um tabuleiro de xadrez: inusitado check mate de duas rainhas no meu solitário Rei.

859 O tédio de fingir-se ocupada não é pior do que o amargo remédio de ficar na cama ouvindo os barulhos da construção de um vizinho prédio.

858 A negra e a loira despiram-se diante do fogo que brotava em carinhosa sedução, não disputaram em ciúme, comeram juntas a erótica refeição...

857 Sua pele negra fazia-se em seda, quando beijava sua nuca apertando-a contra a parede fria do quarto, dando inicio a um jogo de gozos fartos.

856 A mão no nariz e boca recortavam com gentileza firme os gemidos e a respiração, regendo com maestria um gozo de múltiplo tesão...

855 Se foi minha paixão inquilina, com tudo que era seu, deixou no guarda-roupa uma velha guilhotina sem fio de tanto cortar os desejos meus...

854 Não terei só os pés em tuas terras, serei inteiro, um náufrago em busca de teus refúgios, águas e agoras, longe da mágoa que o tempo devora!

853 O que fazer com uma tristeza amiga? Estou te ouvindo quase em silêncio, quer falar a respeito? O que te aflige? O que minha amizade abriga?

852 Tua pele branca moldura tua boca, como teus cabelos o teu rosto, não quero que o Sol te toque antes da meia-noite e nem dilui meu gosto.

851 Fala-me de lírios, rios em delírios, vórtices de paixão, alegrias e risos, guisados de tesão, vapores sensuais e mistura de inferno e verão!

850 A criatividade está em achar nos milímetros de uma coluna apertada, um espaço novo, para 140 caracteres de uma loucura que chega inusitada.

849 Ingênua malvada, gênia perversa, que me leva a conversa por loucas estradas, onde sou um tímido safado, cansado e pronto para ser fisgado...

848 Com as mão cheia de intenção, teclo teu nome com letras que não existem, para que no silêncio descubras a transparência de minha paixão.

847 Há ciúmes toda vez que Você se abre à broca do teu dentista, minha fantasia é que gostas mais do que devias destes momentos sados-masoquistas

846 Quero um por do Sol sobre as águas imensas dos teus rios, colher o brilho de ouro e prata que ele nos proporcionar sob a forma de arrepios!

845 Em ilhas de areia branca, finas como raios de luar, quero teu corpo moreno à mercê de minha língua espalhando em ti gotas de tesão e sereno.

844 Solta a jaula que prende teus bichos e ao invés de encher a lata, separa o lixo infeliz das pérolas e jóias que me encantarão mais que garis

843 Leva-me com tuas mãos de encontro ao velho Chico, quero entender o cio de tuas águas além dos motores de gaiolas à deriva no teu imenso rio.

842 Que bom que não estou mais trabalhando no teu velho projeto de ser infeliz e tornar inteligente teu negócio, cheio de indicadores hostis...

841 Em essência teu gosto já está na minha boca, quando louca, descreve-me a tua sensação, que à distância sinto, em marés de refinado tesão...

840 Tua pele morena é como a casca de um crème brulée, tem algo além de um inusitado déjà vu, como um bem que nunca imaginei sentir.

839 Tua terra faz vinho, de castas refinadas, imagino neles a mesma graça de especiarias delicadas, que encontrarei sob o bojo de tuas taças...

838 As vezes o Sol aparece depois da chuva, as vezes antes, aí um arco-íris se forma como um portal de cores em um festival de sabores de uva.

837 Quando o sono vem, imagino Você como uma sereia em distante canto, fechada em teu Universo, minha imaginação esgotada e já sem versos...

836 Se fosse possível sussurrar-te no twitter, ditaria nele minha paixão com letras miúdas, quase mudas, que só teu olhos... nelas me ouviria!

835 Criei o mau hábito de me cristalizar em Você: ora como um sensual objeto, ora cheio de paixão. Pena que isto só é... uma distante fixação!

834 Ela me trouxe a sabedoria dos búzios, não tinha lógica, só sensação, uma paixão passageira da impunidade, cheia de adivinhação...

833 Na rua vazia de carros, o orvalho tece gotas de depressão, não há rastros, só uma falta imensa de vontade cortando ao meio o fio coração.

832 Como um saci giratório fora de órbita, pitando narguilé batizado, sai de minha moita em busca de algum absinto que me trouxesse algo normal.

831 Cruzou as pernas na micro saia como se estivesse equilibrando-se em um trapézio oblíquo, com tal destreza que me deixou com o olhar fixo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Máscaras

18.02.2011 Aniversário da Mônica com sua Turma em algum bar do Largo da Ordem

MIKROPOESIAS

No Bar No Lar
Máscara, Ego escondido Máscara, Ego escondido
Olimpo como maconha Entre Deuses e Vícios
De um banheiro limpo No Olimpo ou na maconha
De todas as intenções. Nas macumbas disfarçadas
Atirados Eus em porções
Em um banheiro limpo
De todas as boas inten
ções...


MARCELO MAYER
Máscaras....
Bonitas são as que vem
Sem fantasias!


CASSSIANA
A seda na erva
A borracha no corpo
A máscara na alma
Necessária proteção
De um mundo limpo!

MINICONTOS
Sente aquilo que te leva
Ao espelho vermelho
Máquina de motes
Que arranca
O primeiro rosto...


MARCIO
Máscaras não refletem
Apenas disfarçam...


MARCELO MAYER
Beber é investimento
Amor é gasto...


MIKROPOESIAS
Eu largo da ordem para ir em busca de um caos estreito, como máscaras e vomito as intenções mais caras de meus alienados conceitos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Mito do Lago dos Cisnes

Miro 11.02.2011

Nas pautas de um Tchaikovisky
um balé de dualidade mórbida
agasalho de um iceberg febril
abraço do bonito e depressivo
com o opressivo feio e sedutor
de um cisne mais que perfeito
rarefeito e raro de tão denso
no intenso comum dos estreitos...

A esfinge interna a afrontar
com enigmas de tez insolúvel
trazendo cômodos em desatinos
na complexidade tão dinâmica
de um adormecido ego vulcão
que nos traumas não foi capaz
de integrar o caótico no saudável
nos conflitos que geram a paz...

Angelical calor no frio dos infernos
nos calos insustentáveis dos pés
pés que em pontas são pás no chão
em um só tempo já estão nos céus
na negritude de um cisne proibido
ou em um cisne branco congelado
algema e liberdade, prazer e dor
nas mesmas penas aprisionados...

A catarse dos lençóis da libido
na masturbação edipiniana
que prende o pênis libertador
atraindo derrotas transitórias
na útil catálise por alguma fama
na exaustão entre o não e o sim
o suor em coma de dez mil horas
e hematomas até o exímio fim...

O roubo de pequenas coisas
seus cleptomaníacos talismãs
matéria prima cara e insana
mistura realística de paranóias
com esquizofrênicos mestres
de prima-dona em incubação
figuras parentais encarnadas
afinando o certo da imperfeição...

As tentações homofóbicas
a heterossexualidade incolor
os cacos de narcísico espelho
cortando os véus da frigidez
um arrombar da artéria vida
passaporte do sangue puro
incontrolável de tão visceral
sujo de tanto intento seguro...

A coceira indomável nas unhas
o sucumbir a íncubos e súcubos
os medos sem vãos nos dedos
até ir além do enredo esperado
em posturas jamais executadas
uma puta fiel de cruel dignidade
irreverente ao banal do clássico
untando o efêmero a eternidade...

É o mago lógico de um mito lago
onde um cisne preto-e-branco
em violenta explosão da ternura
flui no ar como um anjo suicida
siamês de um lúcifer abençoado
sob os aplausos de contras e prós
para iluminar o divino da sombra
o laço humano que aperta em nós...