terça-feira, 8 de maio de 2018

Ímā Afinidade?

Miro 5.5.2018

A vida tem destas manhas
que se apresenta 
como coincidência
as vezes surpreende
outras acanha!
Como se fosse 
só uma incidência
de minha loucura 
em local inesperado
e hora estranha... 
Como um olhar perdido 
que preenche solto
e proibido
o que mais eu queria!
Como inesperado
descuido de mulher 
que atiça minha libido
e reforça minha agonia!
Como música romântica
que ouço ao ligar o carro 
e que me lembra 
afogado amor!
Ou um abraço gostoso
que desperta paixão 
por quem antes 
eu nada sentia!
Assim foi quando 
reencontrei Você!
Percebi que estava 
com tesão e saudades...
e eu nem sabia 
o porquê!
Será que deixei escapar 
sonhos e desejos?
Ou outras vontades?
Por vergonha ou vaidade?
Talvez só
uma diferenças de idades...
Porque tantos incômodos 
tantos... será que?
A razão social 
logo vem e advoga
com a a voz gélida
da verdade:
-Isto é só uma dor, 
passageira e sem droga,   
do tal ímã... afinidade!

domingo, 6 de maio de 2018

Conquista


Miro 26.02.2018

O que é uma corajosa conquista?
Não é aquela que surge ao acaso
que vem nua como golpe do destino,
mas aquela a muito tempo desejada…

Que foi escrita na calçada de menino
com o giz efêmero de cor idealista
que quer algo mais que mando raso
ou um milhão de belas namoradas… 

Não estou falando de ter carro do ano
Nem mesmo de meu time ser campeão
Ou de um raro prêmio nobel de literatura!

Falo do suor para se ir além dos enganos
no voltar atrás e superar um irredutível não
e de re-visitar a maior dor... para achar a cura!

Impactos e Incômodos

Miro 23.04.2018

Escolho o que e a quem quero impressionar
e gosto de escolher quem vai me impactar!?

As vezes me surpreendo com quem me admira,
mesmo que não tenha consciência nenhuma do que fiz…
para este alguém me valorizar!
Outras valorizo por quase nada um ninguém
como se fosse um importante alguém
que esconde de mim um tesouro
que por sorte ou azar eu pudesse nele encontrar!

Mas o que me incomoda é quando me sinto enjeitado 
quando quero que isto não aconteça
e que meu desejo de ser reconhecido
vira algo comum, sem destaque… vulgar. 
Isto se acentua quando tudo que faço
parece que não faz diferença nenhuma
para este sujeito aparentemente importante
que como um objeto, quero tanto… sensibilizar!

E quando desenho a emoção como espelho
e me afeto só com quem se parece comigo
e me torno lápide com quem me é diferente?

Também me chateia muito quando invisto tempo
em alguém parece ter se esquecido de mim 
e que sem explicação some da vida… subitamente 
Ou mesmo quando por um segundo me olha… displicente.
E se isto acontece com alguém que amo,
meu incômodo vira uma agonia… permanente!

Entristeço também com quem me odeia ou me inveja
e valoriza mais o que tenho do que eu sou realmente.
E me abala muito ver alguém decidindo se apequenar
quando poderia brilhar e tornar nossa interação…continente.

Mas a pior das situações é quando inconsciente 
desvalorizo-me diante de um desafio 
que para ser resolvido 
bastaria um mínimo de auto-valorização!
Que vira um remorso em má digestão
se depois de um tempo percebo 
que tinha tudo para chegar a um simples solução!

E o pior é que as vezes mesmo consciente
e me sentindo capaz 
continuo sem mexer em nada
acomodado e cultivando o que deveria ser

uma transitória e incômoda… situação! 

Estranha Ponte


Miro 27.04.2018

Como encarar esta nossa estranha ponte
Que parece ligar tudo com coisa alguma
Que não é mais segura e nem bela
Nem percebo sob ela coisa nenhuma 
Muito menos as águas que sob ela
da foz a fonte
carregavam teu úmido tesão
em desabalada sangria...
Não escuto mais teu grito alegria
nem teu murmúrio íntimo
num suspiro último 
entre as pedras e vãos
de nossa cama fria
Sinto só na espinha um vento frio 
que me assusta e arrepia
Vindo do abismo utopia
Formado pelo íngreme paredão
que agora margeia 
nosso rio…
Como não ficar parado 
perdido sem rumo
Se até meus rastros recentes
foram pelo tempo apagados?
Como vou me desenrascar?
Desta opressora situação
Que deixa qualquer sono agitado
Se acordo sem memória
Sem história  e sem rumo…
Sinto fome, sinto medo, 
Sinto sede em calafrios!
Nos dias de Sol em degredo
A raiva me queima
E desperta minha infinita teima
Se noite a Lua ilumina
Uma prata oxidada nela se atrela
E carrega de nostalgia
O escuro de minha alma masculina
Onde nenhuma nenhuma estrela 
aparece para ser guia
Nem mesmo ave em arribação 
para seguir com a intuição...
Se eu tivesse uma pá 
para vivo me enterrar
feito pária impuro
Mas nem isto posso 
sem forças para cavar
O terreno é duro 
como um coração sem par
E nesta esfera de impossibilidade
Fico como centro de vulnerabilidade
Pensando em como disto sair 
De onde tirar o destino
Do coração, da intuição ou do tino...
Num desjejum cheio de impasses
Largo o que por mim mesmo foi criado 
Acorrentando-me a esta dor cíclica
Que vai e vem sem sair do lugar, 
Não quero esta ponte ultrapassar
e neste ir não ir me consumo
na irritação hemorragia 
que me convulsiona sem sinais
e nela eu me desarrumo
sem solução que desponte
e que me traga algum diagnósticos 
para além de qualquer prognóstico
que chegue no teu horizonte!

Meu Olhar


Olho com 
olhos de dentro
tentando enxergar
Como é o meu olhar?
Através deles me perco 
outras  vezes me centro…
São  janelas  da minha alma 
que  ainda quero descortinar...
O que meus olhos querem dizem?
Com eles vejo a vida ao meu redor.
Estudo, leio livros, vejo filmes também.
Sou capaz de dirigir e andar pelas ruas
Apreciar o mar, as estrelas, o Sol e a Lua
Também me atraí  outras formas de olhar!
Com ele expresso todos os sentimentos
Normalmente em parceria espontânea 
Aperto-os quando, solto, dou risada 
Abro-os bem quando interessado
Eles  se  enchem de lágrimas 
Quando fico muito comovido
Pisco para cumplicidades
E ficam quase parados
Quando surpresos
com inesperado
autêntico  
do teu
 olhar!

Miro 25/4/2018

Braille Proibido

Braille Proibido

Miro 12 de abril de 2018

Cego e só leio a Lua
Através da janela
Com os dedos
e por ela me esfrego
Entre antigos medos
Minha carne crua…

Sinto nela
O que em ti não compus
E num Braille proibido
Aparentemente perdido
Crio teias de “nós”
Em pequenas gotas de luz!

Um segredo viril
Que descarrego a sós
Desenhando teus nus
Na minha libido
Um desejo nada sutil
Que espraia escondido… 

Sinos


Um sinal
de um sino
sem um badalo 
que se cria onde me calo
num eco estranho e intrínseco
um íntimo coro... que tanto abomino 
mas não abandono e, mesmo sofrendo 
não me arrependo... desta paixão sem dono.



Um Tristão  sem Isolda
em   imposto  degredo
por  onde me estresso
não  tenho mais dedos
para  quebrar  o gesso
dos tantos  quadrados
com que tu me moldas 
entre  o  certo e errado
de tuas raivas e medos
quando viro do avesso
e  a indiferença abraço.



E com ela 
eu me atravesso
sem porta ou janela
num compasso
único
que cria
e de ti recria
repetitivos ecos
de um sino lacônico
que me rende e me prende
aos sem saídas dos teus becos…
em
cínicos
sins!



E com isto 
eu me repito
sem decidir se desisto
deste escrito
único
que cria
e te recria
em repetitivos sinos
de ecos íntimos lacônicos
que me acendem e me vendem
aos caminhos dos teus desatinos
em
anacrônicos
fins!



Miro 4.5.2018

Cômodo Incômodo

Bato na porta 
do meu coração 
trancado
ninguém me responde. 
Grito 
- Ó de casa!
E ao meu intenso 
chamado
só o silêncio medra 
Olho através da janela…
Não há mais ninguém 
nesta moradia singela
que hoje é de pedra!

A solidão me aperta 
diante do cômodo
incômodo e vazio
dentro peito
e o que antes
extravasava alegria
e expelia paixão
vira angústia 
e tristeza
algo que corta asas
antes do ovo nascer
e mata o amor
antes mesmo dele ser.

Um assassino medo
quebra minha lucidez
que escapa 
pelos dedos
e mesmo com a mão
cerrada
apertada
num último gesto
de uma derradeira 
emoção
quer te tocar
como se fosse possível
com o teu mundo brigar

Miro 4.5.2018

Folha em Branco

Às vezes penso em vão 
Que não vai compensar
Esta nossa história 
Assim continuar!

Ela é uma folha em branco
Sem tranco de inspiração
Que macule seu vazio
E alguma arte nela possa criar!

É como um som denso 
Suspenso no ar
Onde nenhum instrumento
Seja capaz de tocar!

Assim é nosso roteiro 
Sem palco e sem público 
Um texto nu de meus ais
Um jamais... por inteiro!

Uma abstrata pintura
Loucura de pincel medroso
Que se enche de tinta 
E não ousa pintar...

Uma pedra bruta
Feita de luta em silêncio
Que quebra qualquer cinzel
Que tente fazê-la falar!

Uma dança desconexa
Complexa e sem par
Sem passos ou ritmo
Para se dançar...

Um grasnar de cisne
Sem canto que tisne
Teu imaculado ouvido
De paixão desprovido.

Por isto creio,
Receio até revelar:
Meu filme queimado,
No close do teu olhar...

E num abrigo sem teto 
Arquiteto tristezas sem fim!
Como estilista sem moda
Rabisco teu manequim!

Só...engulo folhas rasgadas
Rabiscadas de poesias,
Sem qualquer sal ou vinho
Que me tempere em teus dias!


Miro 5.5.2018