1866 qualquer remédio, faca ou laser que lhe atravessasse o peito
em ferida de morte e lhe fizesse esquecer a dor... de sua paixão incontida...
1865 depois de fartar-se ficou só a deriva entre águas vivas e
lembranças mortas a espera de sinais que lhe dessem juizo...
1864 o sonho brigou com o tempo deixou espaço para a tristeza
saiu feito louco sem ter destino e no primeiro cais aportou sem medo
1863 Suas lágrimas entrecortadas de risos fartos criaram em mim
ambíguos segredos, que me fizeram refém de suas alegrias, tristezas e medos...
1862 Enquanto os farois dos carros tornavam transparente teu
vestido vermelho, meus olhos se embriagavam com tuas sombras refletidas no
espelho.
1861 Vê-la por breves instantes, como imagens rápidas em estação
onde não para o meu metrô, foi gostoso e fugaz como um presente de futuro
retrô!
1860 deitei meu amor em tua cama de gato em noite de Lua, depois,
enquanto compunha, sonhei que dormias nua... em um sofá da cor de tuas unhas...
1859 Era para ser de luz e para sempre, pulsação do Criador, mas
foi se dissolvendo feito estrelas em decadência até se tornar um ponto sem cor.
1858 no coração um pequeno estilete gelado em dor fina como
borbulhas do champanhe no sutiã em taça da mulher amada em movimentos
descuidados...
1857 Havia menos vestido do que sentido, mais loucura do que
paixão, mesmo assim o vermelho tomou conta dos olhos em ataque de tesuda
solidão...
1856 Transparente como um crânio de cristal, sem mistérios ou
combinações, deixou aparecer entre as pernas as penas negras de seu ventre
sensual!
1855 Havia nela um gosto de perdição, uma perversidade no olhar,
jamais saberei se era dela ou se era ela só a tela de alguma louca projeção!
1854 Deixe teu urbano ventre em minhas fontes cristalinas, em teu
peito, o ar puro de minhas montanhas, depois solte em mim tuas taras estranhas!
1853 Era eu teu par e de um modo ímpar tu me criavas em radical
infinito. E mesmo diante do nada, dizias que nosso zero era sempre o mais
bonito!
1852 Com um sopro nas mãos vem a saudade em riscos de lápis de
cor, um quadro de signos, onde a fartura e a força tem o tamanho do nosso amor!
1851 mesmo que não seja a hora aninha teu corpo no meu e deixa o
silêncio nos levar até onde não existe distância e o amor seja sempre o agora
1850 teu silêncio trina fios agudos em meus ouvidos cria uma
sensação onde o nada vai tomando conta e o ar fica rarefeito em qualquer
sentido
1849 Enquanto tu pensas em mil coisas, eu deixo minha mente
vazia, para que nela entres e recolha a calma que precisas para compor tua
vigília.
1848 Queria apimentar a conversa entre as amigas, mas o tema
ficou tão picante, que ela sem querer quebrou o silêncio dos segredos
asfixiantes...
1847 A noite apertou-me a garganta em nó de saudade, quis teu
nome gritar, te cobrir de emails e mensagens, mas fui dormir, para contigo
sonhar!
1846 Voltou do norte sem propósitos: não mais aquela aliança com
o errado, nem mais um minuto com o mesmo alguém, só as curvas do inesperado!
1845 Agora que te vestes de negro em luto por tudo que não fomos,
corro atrás do nosso enterro, preso entre a vida e a morte do que ainda somos!
1844 Havia o que pagar e pegar: no azul do bar ela se despia e
entre aplausos e reboliços, piscava para mim seu olho em eterno falso
compromisso!
1843 alguma coisa me diz que teu tempo não é de graça e por mais
que sem jaça, o caminho será de giz...
1843 Espero e quero tua entrega, teu torto absorto, molhado em
refrega, de olhos em molhos crus, nus revirados de anzóis e lençóis em Las
Vegas!
1842 Amor raro e incomum, começou na aula de yoga, os dois
fugindo das drogas e prontos no cantinho do pum...
1841 Câmara fria vento ferido nórdico catre de seixos vadios.
Olhar perdido gosto gelado ácido Rio paixão a três rinha de crias ritmo ousado.
1840 Posso ser teu vampiro diurno as avessas, dando-lhe o sangue
que não obtivestes sem mim ou ser uma esponja seca para tuas lágrimas sem
fim...
1839 Ela me disse que tinha um gênio forte, depois descobri seus
medos, tinha um lado brilhante de alto QI e um outro, sombra, cheio de
segredos!
1838 Hidroavião posei em teu cupcake, uma abelha em busca de
doces para fazer algum mel, mas de tão úmido, enredei as hélices no teu
carretel...
1837 um inútil ex-marido que esquece de pagar as velhas contas é
tão bom quanto um novo amor que não sabe o que fazer para te deixar pronta...
1836 Com um escafandro obsoleto mergulhei em tua banheira, fiz espuma
em tua champanhe, escarafunchei limites até achar tuas ínfimas besteiras...
1835 Tenho amores que me são bons, outros me atormentam, de uns
tenho saudades, de outros longe eu agüento, são prismas dos meus sentimentos
...
1834 O melhor remédio que conheço é: não ter medo, não ser cínico
e não julgar, sem preconceitos, sem expectativas e cobranças simplesmente amar!
1832 Sem fios de cabelos para tecer a minha trama ao redor do teu
destino, costurei com linhas de pescas e anzóis uma colcha com meus desatinos.
1831 Tua adega do diabo me foi aberta por desatenção, nela eu
entrei como sentenciado de porão de navio, louco e sem mastro para rasgar teu
cio!
1830 Respingos vermelhos ao lado da taça de vinho compunham um
último gole por Você: um Shiraz 2007, que exalou em meu ar complexos buquês...
1829 Criastes uma parede de tijolos a vista, uma barreira entre
eu e Você, rebelde pelo tom calculista, pichei teu muro com rimas em degradê...
1828 O carro mil novo com cheiro de plástico, pura brasilidade! O
banco em couro e no painel um "toca-fitas" para lembrar a trincheira
idade...
1827 A via cheia de regras, controles nas entradas e saídas,
blitz no portal do afeto: só uma tequila para derrubar os limites do teu
discreto...
1826 Lá fora um tempo nada a ver, dentro uma dívida tudo a haver,
no peito uma saudade sem limites e nos olhos a trave cruz do ouse ou hesite...
1825 Sem a energia solar de tua presença, corro por um mar de
estrelas colhendo qualquer brilho que vejo, em uma dança de insaciáveis
desejos!
1824 Cravo os dentes em teu otimismo público gratuito, destilo
nele meus recalques, são sessões vazias onde terapeuta e paciente são
desfalques.
1823 Morte aos filhos do ditador! Nasce o bebê francês na crise
que incomoda! Roma mistura política e religião com sexo. Não ter nexo virou
moda?
1812 O leve do teu jardim em gotas delicadas de orvalho na ponta
dos dedos, livre loucura presa nas pétalas de um labirinto de febres e medos...
1811 Lembra-se quando te dei aquele pote de Victoria's Secret
Vanilla? Quiz cobrir teu corpo com o mesmo cheiro que em minha imaginação
desfilas!
1810 No escuro do quarto tua imagem nua vem, dança no meio das
cobertas frias, esquenta meu ventre e toma conta de minhas noturnas
fantasias...
1809 Tenho saudades de ti e raiva de mim, com uma pitada de
ciúmes pelo teu afastamento voluntário em busca de equilíbrio em outras rimas
afins.
1808 A brasa da lenha entre sombras nuas, duas taças de vinho em
labaredas, o fogo homossensual é alimentado em outdoors, sites e outras
veredas.
1807 Enquanto a dissolução do sexo entra pela porta dos fundos,
um anjo sexy no portão de entrada ensina o que é não ter sexo neste novo
mundo...
1806 Oilman, azeiteman and banhaman: um trio passeia de sunga e
bicicleta pela cidade e seus postais, com suas gorduras poliinsaturadas
surreais.
1805 Quando cheguei ao sétimo drink Viking, feito com álcool de
raízes fortes, dancei com a garçonete loira num paraíso de lâminas sem
cortes...
1804 Lágrimas emoldurando teu sorriso terno, ao redor dos lábios
uma espécie de orvalho preso em minúsculos pelos, deu ao beijo um gosto eterno!
1803 O olhar perdido nas grandes vidraças da Vieira Souto em
Ipanema refletiam na pupila vermelha um destino improvável de roteiro de
cinema...
1802 Abracei o Cristo com os olhos em lágrimas através da
escotilha do avião, pareceu-me tão acolhedor, fêz meus medos transformarem-se
em amor!
1801 A restinga comprida vista do avião dava a impressão de que o
Rio de Janeiro não tinha fim, uma simbólica imagem da saudade dentro de mim...
1800 Entre uma rima e outra, o poeta ficou sem saber o que faria,
publicar seu verso em homenagem ao seu dia ou anônimo postar sua micropoesia...
1799 Como Cirque du Soleil não uso animais para decompor meu
espetáculo, busco qualquer super habilidade humana para fugir dos teus
tentáculos...
1798 Ao ver o tigre tremer entre o chicote e o arco de fogo,
percebi que comigo fazias o mesmo jogo, em mensagens dúbias de um monólogo
demagogo!
1797 Na cartola do mágico cheia de fungos, piolhos e ácaros,
dormia minha paixão, babando no velho cetim um gosto ao mesmo tempo azedo e
sácaro.
1796 Teus gatos amestrados estragaram tuas fantasias antes do
espetáculo começar, quase ri de tuas lágrimas de desespero pedindo-me para
ajudar!
1795 Eu caindo das pernas de pau e Você rindo no camarote, como
se quebrar minha cara fosse o prêmio por ousar te amar como um circense
mascote!
1794 As responsabilidades eram pratos girando no ar sob a batuta
de um palhaço no purgatório incapaz de segurar a calça larga sem
suspensórios...
1793 Ao respeitável público ausente uma salva de vaias de
respeito ao silêncio mórbido que da arquibancada cria fantasmas no picadeiro do
peito!
1792 Tirada a focinheira do urso a colocaram como mordaça em meu
coração furioso, que de tão louco mordia o mastro do circo em ciúme desgostoso!
1791 A pata do elefante sobre o meu peito voluntário parecia
querer chegar na serragem às costas, era a mesma sensação que paixão sem
resposta...
1790 O remendo na lona misturava listras brancas e azuis, teus
olhos distantes e desbotados no canto do espelho, inspirou-me a maquiagem em
cruz!
1789 Enquanto eu vendia pipoca para teu público infiel, Você se
atirava no trapézio sem rede para mãos que te balançaram entre o inferno e o
céu!
1788 A corda bamba enferrujada e mal esticada era o espaço
iluminado entre Você e eu. A sombrinha de pano sujo: o apoio que o destino nos
deu!
1787 Palhaça roubastes em pleno picadeiro lotado o meu coração, a
platéia rindo do meu destino pedia aos gritos para lançá-lo ao faminto leão...
1786 Fui tratado como leão velho de circo do interior só osso e
carne de segunda, até conhecer a partner do mágico com sua meia rasgada na
bunda!
1785 Sem fazer nada a pressão arterial cai como menina moça
diante de fantasmas da puberdade: é o medo de perder esta total
irresponsabilidade?!
1784 Cerveja é do tempo do Rei Escorpião, um egípcio
pré-dinástico! Em sua tumba vestígios dela foram encontrados ao lado do dono
embebalsamado!
1783 Vivia bem mesmo natimorto, pois era mais existencialista que
um prego enferrujado pregado na parede de um puteiro à beira do cais do porto!
1782 Expectativa de morte não lhe soa bem? Ela é natural, por que
antecipá-la ou por ela ficar ansioso, se o agora é o tudo da vida que se tem?
1781 Acordou assustado por um barulho na madrugada, um casal
perfeito no guarda-roupas: sua Realdoll e o consolo esquecido pela última
namorada!
1780 A carteira tinha algo de errado: sem assinatura, a foto 3x4
e o polegar, pelo jeito só depois de deixar o sindicato é que foi alfabetizado?
1779 Num beco sem saída, encurralada por medos fantasmas e ciúmes
cachorros, enviou sinais de fumaças em mensagens indiretas pedindo socorro...
1778 Só faltava esta: ciúme artificial! Um ícone da namorada na
tela do celular, cada vez que passa uma gostosa ele apita e impede Você de
olhar!
1777 Lugar comum: um caminhar ao redor do próprio rabo, círculo
vicioso em claustrofobia fechada, um tudo que afoga o que ainda não deu em
nada!
1776 Um shortinho em 60 centímetros de coxas a mostra no
restaurante, a namorada na mesa tranquila e ela sendo comida por todos os olhos
da fila.
1775 Gosto de teus olhos, são pólos de emoção, por vezes tristes,
outras só excitação, num jogo de adivinha como estou e nunca saiba como eu sou!
1774 O livro foi aberto ao acaso, a frase coincidente com a
situação acalmou-a, não era de auto ajuda, ao reverso... era um miniconto
perverso.
1773 sinto teus inconscientes chamados como ecos em minha
consciência, sei que está difícil superar teus picos e vales sem a minha
resiliência...
1772 como pluma levada pelo vento, a paz zarpou de meu porto
coração, deixou atracado nas pedras do cais um olhar distante, saudoso e
incapaz...
1771 A lenha requisitada pelos teus carinhos me fez sair da noite
fria em direção ao teu distante, mas quente tesão!
1770 Ela dorme em minhas pernas como se dela eu fosse um ninho,
serena sorri em sonhos e eu a vejo feliz no aconchego dos meus breves
carinhos...
1769 uma sombra no canto dos meus olhos lembra a escuridão que
guardo no coração sob a forma de um espectro que me assombra sob a forma de
paixão
1768 Uma igreja no twitter: só pequenos desencapetamentos, em vez
de dízimos... milésimos, ao invés de uma catedral bela... uma timeline capela!
1767 O Orgulho casou com a Preguiça para criar um novo pecado
capital. Esta não lhe deu atenção. Irado buscou a Luxúria: assim nasceu a
Traição!
1766 Assustou-me sussurrando em voz fina! Uma mulher menina?
Nitrogênio da boca? Depois beijou-me como louca até me deixar exausto, sem
oxigênio!
1765 Era para recordar os velhos tempos, algumas doses depois,
com a saudade já esquecida, brigaram como cão e gato pela convivência
perdida...
1764 Na adega desligada jaziam garrafas de raros Cabernets, taças
quebradas na última discussão emolduravam pedaços de fotos rasgadas no chão...
1763 Que patrocínio te dar? Só tenho no olhar um ar de poeta
underground e nas costas uma mochila de incertezas de quem está aprendendo a
amar!
1762 Como relâmpagos na escura balada, seu digital atualiza no
Facebook seu novo perfil, chegou perto, pediu-me a Smirnoff Ice e depois
sumiu...
1761 Cheia de escoriações, tatuagens e cicatrizes: uma delas era
de uma cesariana antiga, dando-lhe um ar maternal que sublinhava seus deslizes.
1760 Grávido de ciúme espetei com raiva a barriga de minha
obsessão, depois abortei meu amor inseguro no esgoto por de traz do teu pichado
muro.
1759 Já quiz a gota de Chanell 5 que cobria Norma Jeane, depois
ser um Pitt stop da Angelina, agora quero o manequim vivo de qualquer
vitrine...
1758 Gostava de ser exata, perfeita, um círculo sem fim, cheia de
princípios, sem erros ou escuras esquinas, a não ser... o de se achar divina...
1757 Foi censurado por que cheirava calcinhas no jardim, por que
não as flores? Eram artificiais, exógenos espécimes, longe demais de suas
dores.
1756 Rosnar contra teus amados, gritar em silêncio, rezar pelo
sétimo do teu dia e mesmo assim lamber a sola da nostalgia em segredo de
estado...
1755 Quando corais do teu mel cristalizaram-se em minha boca,
bebi tuas marés loucas em goles quânticos até me tornar um náufrago
transatlântico!
1754 Não resista ao amor, toque-o em paz como um rock&roll e
se bater o ciúme cubra-se com ele, não haverá frio por debaixo deste sexy
babydoll!
1753 Todo dia é dia de aprender e desaprender, ser de novo um
novo ser, aprender a conviver e se desprender, nada se ensina, só se aprende a
ser!
1752 Reencontrar Você foi ficar em equilíbrio de um pé sobre uma
garrafa de vinho francês, enquanto na taça lágrimas secam em Bordeaux
degradê...
1751 Quando um amor não serve mais aos propósitos imediatos e é
descartado como um lixo que não é lixo, algo de podre na dispensa ficou
estocado.
1750 Caçar o sutil do agora com armas de pegar borboletas no
underground em LSD é navegar sem agulha nos sulcos de um vinil que não toca em
Você!
1749 No silêncio de minha solidão em hipoteca, gritarei uma
verdade miúda, somando dores carecas com o que subtrai de tuas mentiras
cabeludas...
1748 Deve existir algum hormônio que o cérebro produz quando crio
algo, é um prazer diferente, que mesmo em abstinência, incontinente cavalgo...
1747 Descobri que as rimas são uma espécie de ópio em minha
afetiva consciência, quando a terminação não combina entro em crise de
abstinência...
1746 Queria ir neste show, ouvir de perto os dedos ágeis da
Gibson em nossa canção, mas cleptomaníaco, deixo de lá estar para roubar tua
atenção.
1745 Compulsão vinda de escuras e internas esquinas, tua imagem
dança nos meus dedos, que recolhem, em segredo, gotas de deliberadas
endorfinas.
1744 Não acredito mais em tuas verdades, elas são facas que
cortam o que jamais desejei perceber em tiras e por isto escolho as tuas
mentiras...
1743 Quero te acordar deste letárgico tempo de esquecimentos e
cobrar as promessas que Você me fez, mesmo antes de qualquer um de nós
renascer!
1742 A neguinha tinha alguns parafusos a menos nos quadris,
chegava de mansinho na minha frente e de costas rebolava, queimando o meu
infeliz...
1741 Bom sujeito não sou; sou ruim da cabeça e sou doente dos
pés, mas vou contigo pro samba, quero teu corpo gingando e teu olhar de viés...
1740 o gole de cachaça desceu ardendo na garganta cansada de
aula, depois aconchegou-se no estômago como um ninho em fogo atiçando novas
idéias
1739 O cerne era uma cabeça de cavalo esculpida pelas águas de um
rio da Serra do Mar, deixou-o como vigia de seu depilado jardim particular...
1738 Guardava-se em geladeira esperando ele chegar, numa noite
quente a vontade era tanta que derreteu ao imaginá-lo na mantegueira a sua
frente!
1737 ele apresentou suas metáforas banhadas em ouro, ela mostrou
seus seios grandes como um novo deleite e assim partilharam seus falsos
tesouros
1736 Foi embora para Rosário, deixou emprego, escola e alguns
amores que cultivava em espaços diferentes, cada qual com seu ritmo e
coreografia.
1735 uma suçuarana velha empalhada com algodão barato e já
desbotada pelo tempo provocava arrepios no corredor da pensão na margem direita
do rio
1734 O lugar se chamava 43, o mesmo nome do licor, suave tentação
espanhola na tez, anos de miscigenação numa mini-saia paraguaia cheia de amor!
1733 Salame caipira vendido em metro. Devia ser guardado em lugar
seco para aprumar o gosto. Deixou-o como escultura pop na vitrine do sexshop...
1732 o torresmo artificial comprado na beira da estrada caiu no
estômago do pescador mineiro como uma lembrança mal digerida da primeira
namorada
1731 dedos trêmulos tocam tua nua realidade, a pupila vermelha já
não vê se teus seios estão arrepiados, no colo hibernam algumas velhas vontades
1730 A veia aberta de tanto procurar destinos deixou cair uma
lágrima vermelha antes da agulha entrar, depois em contração de dor fugiu do
altar!
1729 Apaixonei-me pela pessoa certa num tempo errado, depois pela
errada no momento certo, só tive alegria quando errante fui incesto de Maria...
1728 Escolher entre só ter Você em fantasia ou dormir ao lado de
quem me detesta, prefiro fugir na noite através de qualquer fresta...da
alegria!
1727 Encorpada, voluptuosa, feito Bordeaux hibernado num decanter
de cristal, pousou quase nua sobre a mesa de vidro num vestido rubro, sensual!
1726 Da poltrona vermelha nasciam mensagens lâminas de
guilhotinas, que deixavam órfãs cabeças que se diziam inteligentes, contando a
sua rotina!
1725 O colchão vira saco de pancadas, desconto a raiva pelo
feriado que termina do jeito que começou: uma solidão neblina cobrindo a
madrugada...
1724 Havia escrita no Egito antes dos faraós, tempos do Rei
Escorpião. Que mal gosto: não era para poesias, só indicava de onde vinha o
imposto!
1723 O velho calção puído pela parafina da prancha ficou jogado
em cima da havaiana, enquanto o cigarro de origem duvidosa queimava a
porcelana!
1722 Tenho uma amiga que tem um gato preto e outro branco, são
como aqueles medidores de chuva bipolar, quando agrada só um, não dá para
chegar.
1721
Ela chegou da Bahia dizendo que agora ela era só para
uns...depois da primeira geada em Curitiba, aninhou-se com o mais mortal dos
comuns...