terça-feira, 29 de dezembro de 2009

COP 15

Miro 19.12.2009

Terra:
-Berra!
Por ar,
Por água,
Por vida,
Por Ela...

Terra:
-Em guerra!
Por fé,
Por ouro,
Por óleo,
Por belas...

Terra:
-Erra?
Pro nada,
Por conta,
Sem choro,
Nem velas...

Terra:
-Encerra!
Seu ciclo,
Sem elos,
Por hora
Degela...

Terra:
-Enterra?
Seus signos,
Seus sonhos,
Seus filhos,
E estrelas!!!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal Presente!

Miro 24.12.2009

Em ser consciente em cada ato de amor,
em ouvir atento o outro lado da dor,
em saber lidar o igual e o diferente:
em ser para sempre um Natal presente!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sombreiro

Cas&Miro (de abril) 18.11.2009

- Jogo minhas cascas devassas no ralo do teu coração...
- Engole meu pudor, que me exponho tua!
- Devolve-me em teu hálito meu desejo simples, como um copo cheio de vontades...
- E morre em minha língua, por que despida de tudo ainda sou só o que quero com Você. Só com Você!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sonhos

Muitos sonhos estão ao alcance dos dedos,
mas por falta de assertividade ou por medo,
escorrem por entre eles como se fossem água,
e aí ficam... só na vontade...em silenciosa mágoa...

Outros sonhos vão além de um simples olhar
Enchem de perfume a sala, ficam suspensos no ar!
Mordidos, vazam através dos dentes como um aviso
E se fazem reais na resposta simples de um soriso!

Miro 16.12.2009

domingo, 22 de novembro de 2009

Por Nara

Miro 21.11.2009

Meus caminhos eram trançados
Por notas altas e baixos tons
Na escola católica do bairro paulista
E no preto e branco em frente a televisão...

Tempos difíceis, de ideais opostos
De escolhas límitrofes, de contradições cíveis
E constatações cruéis.
De muitos donos da verdade:
Um padre pedófilo em minha primeira comunhão
Um cartunista hemofílico em meus rabiscos pueris
Um argentino em Cuba, balançando a velha convicção.
Uma briga de rua para chegar na Lua
Uma guerra infame no Vietname
Entre Alemanhas: um muro!

Por aqui: ouro pelo bem do Brasil
Tempos de Revolução?
Comunistas por todos os cantos
Na metáfora poética do Vandré
Na neura dos policiais de direita
Nos sonhos dos jornalistas de esquerda
Nos medos dos olhos fundos de meu Pai
Que via perigo no exército vermelho
Que não queria que eu virasse gay
Pior se me tornasse padre
Ou prá sempre um menino inseguro...

Foi neste mosaico de dramas
De um abstrato psíquico
De lutas e torturas
Por um País democrático e livre
Ou simplesmente pelo amor livre
Que deixei de lado rolimãs e terços
De olho no Festival da Canção
Visto escondido dos Pais
Na sala escura de TV...
Que me apaxonei por Nara
Cabelos curtos e pontas
Voz frágil como meu coração
De joelhos fartos sob a minisaia
Boca grossa e olhar de menina
Despertando minha masculinidade
Em tesão irresistível
Amplificado pelas ondas do rádio
Voando através do vácuo
No tubo de raios catódicos
O desejo adolescente
Explodindo na tela de vidro
Turva e quase sem definição
Cheia de chuviscos e fantasmas
Meus primeiros fantasmas eróticos
Meu chuvisco de esperma
Uma gotícula branca
Prá ver a banda passar
Em frente a televisão...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Rebelião

Miro 17.01.1997

Encontrei-te assim
sexy e linda,
mas com raiva do mundo,
com medo dos homens,
algemada às próprias decepções,
criando um cárcere,
onde sumariamente condenavas
todos que perto de ti chegavam
com boas ou más intenções,
jogando-os impiedosamente
às celas mais geladas
do teu coração
onde o tempo com certeza
tudo matava!

Assim fizeste comigo,
atirando-me a uma solitária escura,
sem coberta, sem alimentos,
sem luz e quase sem ar...
Mas aos poucos
fui me refazendo
reconstruindo sentimentos
cultivando a calma
desenvolvendo os porquês
preparando lentamente
minha fuga
de Você!

Dia após dia,
estudei tuas brechas,
observei tuas sentinelas e rondas,
fui servil e subserviente,
até me tornei amigo
dos teus cães de guarda...

Tanto assim que neste instante,
que me ponho livre
inteiramente fora
de tua tirania e domínio,
posso te deixar esta carta,
que além de minha alforria,
são tuas algemas sentimentais,
porque hoje sei,
que estás completamente presa,
por este sentimento puro,
que em vão condenaste
a uma clausura sem sentido
e que te incomoda muito o coração
queimando-te toda por dentro
feito uma grande rebelião!

133 a 172 Mikropoesias no Twitter

172 Hora da manguaça: de filtrar num cuité de cachaça... a jaça de toda filosofia de bar, que tem seu preço, mas que no fundo é de graça!

171 Acordo cansado, a pele e o lençol... amassados! Os olhos frágeis ante a luz do abajur... os ouvidos surdos para o teu inesperado: -Bonjour?

170 Há vida latente nesta paixão recolhida, como uma semente ainda adormecida, sem mágoas, a espera de tua exata estação, de teus húmus e águas.

169 Paz é ser capaz de suspender julgamentos, crenças e preconceitos para sentir o outro em seus sentimentos, em sua dança, no seu único jeito!

168 De tão egoísta rodava ao redor de si como um pião, escrevendo no congelado chão de suas emoções um grande e inexpressivo EU!

167 Descobri que mecânico tem pé rachado e rabo, pois meu carro não ficou pronto e na parede estava escrito: "Mente vazia é oficina do diabo"!

166 Em noite de Bruxaria, há quem reze... mas o rabo da porca entorta e aí vassoura que se preze, não vai ficar atrás da porta!

165 Nanopoesia 8: Teus seios, receio, não são mais... meu recreio!

164 Nanopoesia 7: respeito teus pleitos...

163 Frustrado na noite, grito dentro do carro palavras de tensa ira: quero mudar a vida, apagar o peito com cigarro e fugir desta louca corrida!

162 Há em mim algo de bobo além de lobo. Em ti há mais espelho em tua Alice, do que alguma perdida inocência por debaixo do teu chapéu vermelho!

161 De volta para o amanhã, caminho em frente de costas, com pés de curupira e olhar sem medo do que de ontem ainda não pode acontecer...

160 Cultura de Almanaque: via de regra o risco do Plano OB é perder a linha e sumir absorvente dentro de Você...

159 Epidemia: em minha língua Tami-flui quase sem sentido... enquanto o meu sangue em febre... ferve pela "influenza" de seus endêmicos gemidos!

158 Minha pele te inventa na memória dos poros! Fiquei com teu cheiro impregnado nas ventas! Em cada lembrança te devoro, como se fosse pimenta!

157 Nossos olhos cruzaram-se em slackline: uma corda bamba entre nós foi criada, mas logo uma grota gelada fez da escalada um perigoso highline!

156 Quando escrevo gosto de caneta tinteiro e caderno: é a lembrança de um tempo terno onde o poema desvirginava tuas folhas e saía por inteiro.

155 Tudo era vermelho: a paixão, o Red Label, teu vestido, meus olhos em cruz e a luz no espelho!

154 Um vestido vermelho curto balonê, a cascata loira enquadrando teu sorriso em Mel, meus dedos leves em Você: uma ponte inesperada para o céu?

153 Por acaso ela leu meu caso fora de casa, agora não sei se descaso e caso com o caso ou se ocasiono o ocaso do caso e fico casado e sem asas.

152 Coloco minha aliança em um anzol... estático, querendo fisgar alguma piranha para o meu lençol... freático.

151 Adoro ouvir tua risada, um som de brisa em rajada que me traz paz ao ouvido, depois ela viaja no peito e me faz crer que a vida tem sentido!

150 37 anos de sala de aula, no começo muita bronquite por causa do giz, às vezes tragava-o buscando respostas para pergunta que não fiz...

149 Dançava como flamingo no lago ácido da África, coreografia repetida no embalo de sábado, hoje no baile de formatura, dança dura e nostálgica!

148 Ela sai com eles&elas e me diz: Isto hoje é normal! Tiro as luvas, beijo a lona, jogo a toalha, nocauteado no golpe de tanta escolha sexual!

147 Agonia total! Letal lobotomia, sem memória ela conta sua história, sem passado inventa namorados, sem repulsa me expulsa: que fora e agora?

146 Hoje te chamei de tonga! Você respondeu: -Tosco, que abuso! E na burrice mútua, te pus no fosso, tu me fez em culpa: um desencontro confuso!

145 Ao inferno e além! Através das três fronteiras do homem: a virgindade do bem, a falta de pó no pós Terra do Nunca e o politeísmo do sêmen!

144 À dívida devida, dê vida, divida. À dádiva da Diva, dê vinho, divino. Dúvida de vidro, doída, de Deus! Mordida doida, me deu de dedo. Adeus!

143 Jogo meu anzol virtual em teu aquário digital, comes a isca em um e-mail indecifrável, mensagem infalível de nosso jogo ulterior de amor!

142 A Você minha loucura télica: sou um esquizopata, neurossivo, parafrênico, compulníaco, obsenóico sem cura, em Lua de síndrome psicodélica!

141 No canto da boca a saliva seca emoldura o sorriso nervoso. O ar rarefeito pela situação vira palavras curtas e silábicas: -Sou i-no-cen-te!

140 Ana Julia daMaria (2)! Assim caminha tua humanidade: como uma porta sem trancas, um olho mágico no passado e um verão sem idade!

139 Ana Júlia! Um círculo onde falta um risco de giz para ser fechado; um adeus não dado, um sorriso aberto: saudades de um olhar verde azulado!

138 Nanopoesia 6: Cuidado com a ética sem a ética do cuidado.

137 Nanopoesia 5: -Te avisei! -Rápido?-Gozei!-Estúpido!

136 Nanopoesia 4: Só...fugi dos pós em nós!

135 Nanopoesia 3: Fé só é um pé...

134 Nanopoesia 2: Era ela Uma, em uma bela era!

133 Nanopoesia 1: -Ouvi um iiih! Quando de ti saí...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Avesso

Miro 3.jan.2006

Minha natureza te detesta
Porque tu és o meu avesso
O contrário de uma festa
Tudo que ainda não conheço
...
Minha essência te rejeita
Diabo na casa do terço
Urubu na minha horta
Rima torta no meu verso
...
Minha história te contesta
Do final até o começo
Tua caminhada é feita
De aventuras e tropeços
...
Minha memória te apaga
Quando você desaparece
Mas como se fosse praga
Em meu peito ainda cresces
...
Mas teus olhos são constantes
Eles me perseguem pela vida
E eu me entrego num instante
A tua fome de fera ferida
...
E tua boca me devora
Como loba em pleno cio
Faz o tédio ir embora
Fogo aberto contra o frio
...
O teu ventre me arrebata
Como ondas em maré cheia
Invadindo minhas matas
Viro praia sem areia
...
Só tua carne me sustenta
Como ela sem tempero
E a diferença não se agüenta
Mistura calma e desespero
...
Minha natureza te detesta
Minha essência te rejeita
Minha história te contesta
Minha memória te apaga
...
Mas teus olhos são constantes
E tua boca me devora
O teu ventre me arrebata
Só tua carne me sustenta.

Ampulheta!


Miro 01.08.2003

Ao olhar a areia escorrendo tranqüila na ampulheta
Sinto o tempo no vão entre os meus dedos
Lembro-me dos ciclos que já vivi
Das vezes que para recomeçar
Precisei, como a ampulheta,
Virar-me de cabeça para baixo
Deixando escoar velhos preconceitos
E enchendo o vazio da ansiedade
Com o calor da vontade
E as cores vivas da esperança
Meu maior engano foi acreditar
Que cada ciclo seria definitivo
E a cada vira-volta que fazia
Mais aprendia,
Um novo
modo de olhar:
o mundo
Olhar o vento
Olhar as pessoas
E o próprio tempo.
Hoje sei que o tempo é amigo
Que apaga as mágoas
Que supera as perdas
Que apesar de inesperado
E inevitável, é o tempo
O grande recurso que tenho
Para ser feliz, para ser amigo
Para ser alguém, para olhar o futuro
E para recordar também os bons momentos
Que como a areia da ampulheta
Escorregaram ligeiros pelos meus olhos
Mas que por força da saudade
Se agitam sempre no fundo do coração
Trazendo a certeza que me leva em frente
Em busca de novas verdades, novos desafios, uma nova realização!

Divas & Divas

Miro 17.08.2004

Adoro achar nas mulheres mais lindas
Pequenos defeitos que as fazem quase reais...
Tornando leve, possível e descontraído,
O difícil encontro com a inusitada Vênus
Em dia de trabalho... ao acaso esculpida!
...
Uma pinta atrevida junto a lábios carnudos,
Orelhas de abano entre cabelos sedosos,
Dentes de Mônica num sorriso de estrelas,
Gordurinhas além da calcinha, uma estria nos flancos.
Pequenas marcas... que as tornam humanas!
...
Outros estímulos minúsculos também me encantam
Nos quais mergulho em devaneios curtos
São ondas cristalinas do divino momento
Quando descubro o belo de uma mulher comum
Que a transforma de repente... em minha inesperada Diva!
(*) Para minha inesquecível Diva, com saudades, muitas...

Jaça!

Miro 10.06.2005
Quando da convivência nos escapa
Aquela pessoa que nos é tão cara
É como descobrir dentro do peito
Um pequeno defeito em pedra rara
Assim sem graça pela distância
E diante da jaça que se fez saudade
A ansiedade fala do que não está pronto
E do consolo tolo da esperança
Quem sabe colar ausência em mil pedaços?
Talvez a mágica de algo inesperado
Que no destino crie alguma trança
No espaço aberto confortável da amizade
Ou no instante feliz do reencontro!

À Tua Pele Negra

Miro 02.jan.2006

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

O teu colo é uma senzala
Os teus lábios são grossos açoites
Que aumentam minha tara
E me queimam toda noite...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

O teu ventre é um chicote
Eu me amarro no teu tronco
Tuas pernas uma prensa
Que me deixa sempre pronto...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

Tua cama é um pelourinho
Onde algemas minhas mãos
Quero servir ao teu prazer
Num Tijuco de tesão...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

Africana Deusa do Brasil
Tuas coxas são minhas guias
Estou preso aos teus grilhões
E nem quero alforria...

Andaluzia!

Miro 02.07.2007

Na boca: um gosto de vinho!
Nos olhos: brilhos de nossa vidraça!
No céu: uma Lua quase cheia!
No ar: o pouco do inverno!
Nos teus olhos: muitas conquistas!
Nos teus lábios: palavras de amor!
Por teto: um canto espanhol!
Nos corações: o mesmo sapateado!
Na música: um "toque" e um "cájon"!
Em nós: um sensual bailado!
Como uma dança flamenca
Sombras de guitarra Andaluz...
Castanholas pulsando
Ao redor da fogueira
A flamejante vontade
Na flor vermelha ainda luz
Ciganos carinhos se batem
Na palma de nossas mãos
E se renovam a cada passo
De nossa Ibérica paixão!
(*) Para Katy

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Eu entre Elas.

Miro 14 de outubro de 2009


Em sonhos de menino
alimento inveja pública,
a sinfonia irresistível,
a sintonia da música
dos mútuos toques femininos.
.
Onde pura & puta
associam-se de modo fácil
a movimentos sutis,
de uma prazerosa luta
aparentemente legível
só para quem tem
iguais cromossomos x...
.
Há nestes carinhos bélicos
sem natural penetração
algum mistério fálico
uma incompleta composição,
que poético psicografo
como versos fragmentados
da décima musa Safo
ainda não censurados...
.
Ah! Os afetos das fêmeas!
Como homem, entendê-los?
Longe das almas gêmeas,
além do esfregar dos pelos...
.
Há neles muita magia
um hálito divino,
mais que o qualquer,
que instiga o menino
e alimenta toda mulher:
Uma certa ansiedade,
uma ira escondida,
uma vadia vontade,
uma incontida aflição,
que logo vira saudades...
como que assim cumprindo
um amaldiçoado destino
que só consegue seguir
com a marca da separação?
.
Aí da memória pélvica!
Marcada pelo fátuo fogo
quase interno e invisível
de uma paixão dividida
que era tudo de bom!
Que marca irremovível
esta cicatriz tântrica,
tatuada no auge de vida
por unhas afiadas no jogo
de esmaltes, bases... batons.
.
Como então explicar
a fatídica separação
de tão íntimas amigas?
Um ciúme indecifrável,
alguma cruel intriga?
O que mantem atiçado
tanto afeto no coração?
Será a conserva sensível
do cume inatingível
de horas e horas de tesão?
Ou o pico inesquecível
que junto foi conquistado
sem sequer sair do chão?
.
As vertigens assim conquistadas
em alpinismo de belas
parecem que foram deixadas
em fendas tão profundas
que homens com sua casca
jamais poderão vê-las,
pois sua rudeza lasca
o que cravos invisíveis
colocados com sutileza
nos vórtices dos arrepios
criaram com gentileza
afetos inesquecíveis...
(*) Inspirado em texto de http://euentreelas.blogspot.com/

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Teus Líquidos

Miro 01.10.2005
Senti nos lábios o mel de tua saliva
Doçura quente, refinada e louca;
Fluindo leve da garganta aos dentes
Cometa livre no céu de minha boca.
Ao perceber em mim teu sangue ardente
Como um vinho raro em minha taça
Arrebentei as trancas do meu peito
Deitei-me em ti, precipitando em graça.
Senti na língua o óleo de tua concha
Temperando as sopas de tuas valas
Que foi servida em pratos quentes
Espalhando teu gozo em toda sala.
Depois lambi o suor de tua pele
Com trezentos fios de linho egípcio
Cobri teu corpo com meus machos pelos,
E sucumbi feliz num sono precipício.
Ao acordar vadio no dia seguinte
Ouvi do toalete tua cascata fina
Mas não percebi que os teus filtros
Queriam mais que uma rotina.
Aí veio um tempo de secura farta
Um deserto tosco de areias límbicas;
Onde minha cobra e tua lagarta
Sorviam ausências quase crônicas.
Por coincidência ou destino
Não descobri ninguém com tua química
Vaguei perdido em outros palcos
Até cruzar contigo em trama mímica.
Sentindo um no outro, outros perfumes;
A vontade foi de se cuspir em longa mágoa
E vomitar no outro a bílis do ciúme
Criamos raios em meio copo d’água.
Nosso fio gelado de olhar em faca
Arrancou de nós antigas lágrimas
Ante algo que não aconteceu de fato
Nos abraçamos loucos em uma nova página.
E a mesma lágrima que regou as chagas
Lubrificou a volta, pensando feridas.
Abrindo o espaço em imensas vagas
Se fêz azul o mar de nossas vidas.
Assim teu corpo recebeu minhas gotas
Como um Graal de ouro, aberto e ávido
Estrela concebida em forma de seis pontas
Movendo-se livre até teu ventre grávido.
E em teu seio o branco se fez leite
Com meu filho dividi teu gosto íntimo
Sentindo na boca dele igual deleite
De ser eterno náufrago em teus líquidos.

Freeway!

Miro 02.08.2007

Rasgo meus projetos, desejos e enganos.
Travo meus sonhos, vontades e planos.

Nego acreditar que ainda não te posso ter.
Nego ver a realidade insípida sem te ver.

Faço um retiro forçado como falso monge
E invento uma forma de magoá-la de longe.

Engato uma ré na freeway escura e vazia
Trafegando por novas e proibidas fantasias.

Congestiono meu nariz com lágrimas poucas
Asfixiado pela falta de ar desta paixão louca.

Viajo no tempo de um relógio acidentado
Bebendo teus olhos em olhos bem maquiados.

Destilo tua imagem em um alambique qualquer
E escolho ao acaso o tesão de outra linda mulher.

Percorro meus pés por estradas livres e libertinas,
As mãos por corpos maduros ou moças quase meninas.

Iludo em rimas e me iludo com as vantagens do momento.
Limpo do pára-brisa a frustração deste louco sentimento.

E quando cansado, sem combustível no travado motor;
Durmo em qualquer acostamento, sonhando com teu amor!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Crenças Cruas

Miro 27 de junho de 2007

Louca isca em meu sujo anzol,
Nenhuma frase de lugar comum,
Nenhuma sombra ou lugar ao Sol,
Ainda que seja só, o Sol é só um.


Ante a força inevitável do eclipse
Os olhos temem se cruzar no bar,
Destinos desenham suas elipses
Atravessadas órbitas do olhar...


Nagô, nego ouro em africano som.
Tarô cego, um tiro de russa roleta
Navega em clave no meu tosco tom,
Caindo em nacos pela culatra preta.


Sais temperam o azul do sangue,
Cortes, facas, lisos decotes,
Líder deposto e sem gangue,
Cicatrizes de imprecisos chicotes!

Pálido redemoinho indecente,
Cachoeira de vícios e virtudes,
Lama de tédios ainda vigentes,
Crenças cruas... eternas atitudes!

Espelho

Miro 26.04.2009
Percebo tristezas que meu espelho cura
Um brilho de noite no próprio olhar
Meu cabelo em desalinho emoldura:
Angústias, saudades, dores, ansiedades!
O hálito seco prova o deserto entre nós.
Nem um oásis de esperança remota
O Sol nos olhos o sonho boicota
Nem um sinal além de areias e pós.
Nem um som a não ser o do coração
Que apressado inventa miragens tuas
Névoas evanescentes, embaçadas e nuas
Em desenhos rápidos na condensação.
Da ferrugem do espelho velho no banheiro
Saem Saaras, Atakamas, sertões nordestinos
Os mundos paralelos que nos nossos destinos
Convergem à metade, algo que me é inteiro.
Eu do lado de cá em paixão desmedida
Pondo brilhos de gel na minha solidão
Você do lado de lá em tua meia vida
Encaracolando lenta a tua depressão.
Da torneira um pingo d'água avisa o dia
Dos olhos uma lágrima cai sem medo
Os dois se encontram em meus dedos
E escorregam para o negro ralo da pia.
Despeço-me delas em um último cadê?
Escovo os dentes, cabelos penteados,
Enxugo a pasta nos lábios ressecados
E parto para mais um dia sem Você!

Missa de Sétimo Verso à uma Póstuma Paixão!

Miro, 23 de abril de 2009.

Hoje eu te mato dentro de mim,
como se um mato fosse,
uma erva daninha qualquer,
um vegetal inútil,
praga de bulbo profundo
uma semente ressecada,
que não deveria ter nascido,
um broto verde
que com minhas lágrimas
não deveria ter regado,
uma árvore que não dá frutos,
que não serve nem como lenha
muito menos como barco
para as profundas águas
onde afundas em minhas mágoas!

Hoje eu te tiro de dentro de mim,
porque és só um vírus em peste,
que não presta para mais nada
além de amargar a garganta,
de dilacerar-me internamente,
de corroer minhas vísceras,
acelerar minha bílis,
com a qual te alimento
e faço crescer
teu narcísico ego,
um monstro delicado,
que se espalha perfumado
pelas horas do meu dia,
em nuvens de horror
em uma sexta-feira treze.

Hoje eu te apago em mim,
já que és só fantasia,
neura na minha paranóia,
companheira pata em psicose
desenho abstrato
de minha esquizofrenia,
loucura branda
que me faz possesso,
desvio lúdico
que me tem limítrofe,
de onde não me sustento
em tuas camisas de força
apertadas e invisíveis
e que não me impedem
de te escrever em cortes.
Hoje eu te desconjuro em fé,
como uma crença maldita,
uma religião sem sentido,
uma idolatria ultrapassada
fujo de tuas bençãos inócuas,
de tua água benta de esgoto
de meu mau hálito divino,
um fosso cresce dentro do osso
que teus dentes corroem,
enquanto meu sangue vivo
coagula em algum despacho
numa encruzilhada deserta
onde continuo penitente
rezando, rezando, rezando...
pelo infinito funeral deste amor!
Hoje eu sou o cruel assassino
de tudo que criastes em mim:
tua falta de atenção e carinho
a mão única de nossa relação,
tuas frívolas escolhas virtuais,
as mensagens que não me dedicas,
os teclados que te hipnotizam,
tua turma trancada em fechos,
teus peludos bichos em tua renite,
a insanidade mágica
de teus valetes e reis,
teu altismo digital crônico,
a depressão que cultivas,
nela sufoco sonhos de requinte
em que nunca mereceu estar.
Hoje eu te dedico minha luta
meus socos e pontapés afiados,
a minha insônia por Você,
refazendo com ódio
todas as noites mal dormidas,
atiçando minha ira
no vazio de tua ausência,
chutando baldes de esterco,
quebrando paus e pedras
derrubando cercas e barracos,
pela falta de sincronismos
de nossas vontades transversas,
cuspo para cima o asco
de te ver feliz com outro
em noites e noites sem dormir.
Hoje sou suicida em meu amor,
corto meus pulsos latejantes
com a faca enferrujada e pronta
do teu não sei... mas que sabe!
nele componho um haraquiri lento,
que fere na ferida já aberta,
mato-me na diferença sutil
de tua guilhotina indiferença,
salto desta forca que força
em me fazer infeliz,
deixando a lâmina fria
de teu olhar carrasco
terminar com um só golpe
em plena ágora fervilhante
esta livre e póstuma paixão!

Homem Santo!

Miro 30.09.2009

A risada caiu solta
Incontida pelo inusitado
Cortou o ar como uma faca
Todos os olhares eram seus
O diácono parou a unção
Alguém balançou a cabeça
Ninguém lhe socorreu
No contraponto do pranto
E o divino representante
Repetiu sobre o caixão:
Recebe este homem santo...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

mi(K)rodiálogo pretensamente poético (parte 2)

- beijo na tua boca
- na tua
- tua sou
- nua?
- toda
(*)http://damaria.wordpress.com/2009/09/29/mikro-dialogo-pretensamente-poetico/
............................
Entrega
do todo
Esfrega
das partes
Arte!
Ou engodo?
...........................
tua vez...
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=8665919105682460756&postID=4473609917144691778

- vem
- estou
- na boca(inteiro)
- eu quero
- te dou
............................
minha vez...

Desperta
A vontade
Aberta
A porta
Que importa
A verdade?

.............................
tua vez...

89 a 132 miKropoesias do Twitter

132 Flor de Lis: mulata, pefeita, tamanho 36, em sono tranquilo em cima de mim, no espelho do teto meu corpo acolhe e emoldura seu inocente nu.

131 Duas gerações numa canoa sem remo, um vôo cego sem teto: uma cocota apaixonou-se por um jovem emo, que sensível lhe correspondeu com afeto!

130 Odeio hemorragia de verbos de teleatendentes no meu ouvido: -O senhor se acalme, nos desculpe, vamos estar tentando achar o pedido perdido.

129 Quem muito diz na verdade, na verdade, parece que ela não pode sustentar! É que a verdade não precisa de si como palavra para se demonstrar.

128 Diálogo virtual entre uma réplica de um i-Phone e um sangue azul I-Pod: -Você não é legal, faz quase de tudo e com este preço só me fod...e

127 Detesto quem usa Você como primeira pessoa. Fala como se fosse meu uma coisa que é dele. Não sei se na fala: Você sou eu ou se Você é ele?

126 Almanaque de Farmácia: - Eu nunca te esqueci! - Foi difícil esquecer Você! Ele pensou em amor, ela no HPV!

125 Ao novo: percebo, penso, sinto, aplico e acomodo. Quando ele vira um cômodo imperceptível, escolho se colho ou ciclo até a virtude possível.

124 Especial Cora Coralina: um nome em rima, a luta constante desde menina, asa semente casual! Doces vendia! Comprou sua casa. Colheu poesias!

123 Quando criança era viciada em coca-cola, colocava sempre seus limites à prova. Moça provou cuba libre, depois absinto, coca, cola e... cova!

122 Gaúcha bela, coxas grossas, loira, seios fartos. Dormiu 3 dias com ela e o poodle até conseguir o sim e aí: -Bomba! Bomba! -Onde? Foi o fim!

121 Porque me segues no twitter? Tua fila há muito já andou! Não precisas de mim. Nosso tempo passou é só deletar-me e sem dó confirmar que sim!

120 Ela não tinha muita confiança em Si, sabia que podia pecar a qualquer momento, mas lidava bem com julgamentos e resolveu ser infiel em Mi...

119 Para o encontro perversificou-se com uma calcinha que tendia a zero debaixo da minissaia fatal, emoldurou assim seu "secreto" desejo sexual!

118 Antes de encontrar o príncipe, há sempre um arquétipo feminino maduro, que instiga algo na princesa, que assim sai do seu infantil casulo...

117 No ninho do ciúmes da Wendy e Sininho, Peter Pan vai às sereias, Gancho fica na areia, Miguel e João esquecidos e os meninos perdidos?

116 Ela explode gostosa em gomos e dobras na lycra da calça blue jeans. Minha intenção caça o movimento e só para vidrada no ir e vir sem fins!

115 Meninas perversas sem nexo tecem na balada suas teias. Meninos catados não se encontram após o sexo. Um santo jejua lendo histórias alheias.

114 No auge da loucura ela pediu para ficar de quatro. Atencioso atendeu com golpes de pilão bandido. Quando acabaram seu esperma estava moido.

113 O beijo entre barbas o fez coçar o queixo masculino. O pai queria outro destino. Ao lado duas bolachas sincronizavam seus velcros femininos.

112 Meia-noite, ela queria ir embora. Só mais esta taça! Você quer que meu K vire abóbora? É de graça! Vá lá, disse ela... boa noite cinderela!

111 Um encontro intenso e casual. Comeram-se até a mais íntima curiosidade. Esqueceram culpas e amarras, em visita livre à casa da insanidade.

110 Tinha um ar de princesa além dos brilhos de puta. Ainda sonhava com poesias, casamento de branco, uma família com filhos... filhos da luta!

109 Sabia que não iria morrer do cigarro! A noite, vento cortante, o pigarro. O maço vazio, a garganta coçou. Saiu comprar. Nunca mais voltou...

108 Deixei de pensar em ti, foi algo rápido, fugaz, um átimo de fuga e paz, longe da fantasia que te inventa, que a ti me liga em cola grudenta.

107 Circulo vicioso de desejos densos. Um sádico momento de pés e dentes. Uma cruel dentada em mamilos tensos e um chute no saco correspondente.

106 Meu amor tem outro amor. Também tenho outro amor... e se esses amores se acharem? E se eles se amarem? Todos felizes sem hipocrisia ou dor?!

105 É quase uma dor... no jogo entre gêneros... táticas de guerra... quem ganha é a Terra... com muito hormônio efêmero... e um tanto de amor...

104 1971 emissário de Ipanema. Todo céu a disposição, ele parecia pequeno de dentro do meu sleeping bag. Via de estrelas cobrindo-me de solidão!

103 Microcosmo virtual: Há na crônica da Maria. Num miniconto perverso. Feito à mão e as pressas. Anticárcere mental! mikropoesias.blogspot.com

102 Uma lágrima solitária saltou dos olhos percorrendo rápida a pele marcada pelo tempo... parou no canto da boca, salgando o adeus não dito...

101 Os olhos vermelhos diziam que a banda tinha sido para lá de Marrakech, a fome invencível secava a boca em deserto Mojave, uma rave in crash!

100 Chegou em casa roxo de tanto beijar o asfalto. Hematomas e mordidas. Na pele crua abertas feridas. A mãe aceitou a desculpa tola de assalto.

99 Como entender o imbrincado mundo feminino, cheio de contornos nas escolhas, decisões difíceis e complicadas: "um quase-nunca para sempre"?!

98 Damaria e sua crônica de escolha anacrônica: gerar vida do morto amado, deixar seus gametas congelados ou descartar o luto ainda semeado...

97 Fure a imaginação com a broca do descaso até uma incongruência mental, depois queime o aspirador da crítica que deixa em pó a idéia legal...

96 Sabedoria da nora:"A cada hora Deus melhora, o diabo piora e Você só tem o agora para escolher se chora, ora, escora, vai embora ou ancora".

95 Mistura estranha: chá da Inglaterra com pão adormecido em banha. O que a mantinha pura? A disposição incomum de seus trapos em alta costura!

94 Fome de Tibério em Arembepe: infantil crueldade? Era só uma bárbara vontade? Bizarra ou não? Bárbara é a escolha pela química castração...

93 A entidade chegou silenciosa em tempo de decisão: interferir ou não no drama do trio... é ético o livre arbítrio para alguém assim tão frio?

92 Com as pontas dos dedos gelados sinto tuas cochas quentes, ondas ouriçam teus pelos transparentes, sem equilíbrio surfo teu tesão inocente!

91 No vidro translúcido carreiras são feitas com um cartão: o bar divide-se entre a bola da tela e a casual janela: vitrine da branca prisão...

90 Crio motivos de briga, teço argumentos ácidos, respondo com perguntas e críticas até que uma lágrima desce. Depois, tudo entre nós acontece!

89 Tarde de chuva, úmida nos ossos, brincar no edredom, assar o vínculo, concha de uva, pérolas nos fossos, um sono com... recomeçar o círculo.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

miKrodiálogo daMaria

- beijo na tua boca
- na tua
- tua sou
- nua?
- toda
(*)http://damaria.wordpress.com/2009/09/29/mikro-dialogo-pretensamente-poetico/
............................

Entrega
do todo
Esfrega
das partes
Arte!
Ou engodo?
...........................
(*) tua vez...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dissonância Cognitiva


Miro 02.12.2008

Dissonância cognitiva
Ativa discordância
Entre o discurso novo
E a habitual atitude...
Por onde vaza
A intenção anterior
Ainda escondida!
Um confortável NÃO
Inconsciente!
Às vezes um SIM,
inconseqüente. (*)
Coerência... dividida!
(*) Colaboração daMaria

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Microcosmo Virtual

Miro 22 de setembro de 2009

Idílica ideação
Sem inibição fóbica
Contradição fálica
Híbrida violação.

Estereótipo em arte
Dessarte agride
O acre do crítico
O lúdico do normal.

Síntese encardida
Antídoto de modelos
Assunção irreverente
Tríplice contra-mão.

Ambivalente conceito
Estética do subjacente
Pérola negra sinistra
Insólito ao social.

Hálito em pecado
Abúlico imbróglio
Vórtice do cotidiano
Cálida revelação.

Libertadora mágica
Anti cárcere mental
Etílico remédio
Manifesto marginal.

Metamorfose fútil
Ética esdrúxula
Álibi sem delito
Poética subversão.

Víceras ao Sol
Etérea concretude
Vínculo versátil
Microcosmo virtual:


Há na crônica da Maria
Num miniconto perverso
Feito à mão e as pressas
Micropoema em erupção...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

REBELDIA

Miro 26 de novembro de 2008
Já tive momentos de pura rebeldia
De ser contra tudo e todos
Um todo em indignação
Questionando qualquer um
Duvidando do já e do nunca
Provocando incertas dúvidas
Levantando polêmica questão
Rompendo leis, normas e cercas
Afrontando fronteiras e limites
Convocando argumentos
Complicando o complexo
Até me tornando áspero
Ante a aspereza alheia
Alheio ao próprio e ao próximo
Adonando-me da verdade
Qual hedônico egoísta
Querendo o jogo infinito
De brincar de sério supor
E ter que... ir contra a vida...
Para ter a vida a favor?!
Vivi espaços de pinga fogo
Instiguei controvérsias
Agredi verbalmente
Polarizei a discussão
Coloquei a frente a frente
O certou OU o errado
O sim OU o não
A direita OU a esquerda
O dentro OU o fora
O bom OU o mal
O claro OU o escuro
A branca OU a negra
O novo OU o velho
Suando, apostei seco
Na intransigência do OU
Joguei a escolha
Em uma puída ponte
Com duas únicas possibilidades
Onde a razão venceu todas:
Até mesmo a felicidade...
Hoje me faço tênue
Ante o eterno estigma
Sem estar sempre atento
A briga interna e imprópria
De outros... adquirida
Figura parental
Lenda urbana
Crença medieval
Mitológico medo
Valor incontestável
Hábito milenar
Crítica impulsiva
Reação imediata
Salvação intempestiva
Agora componho o silêncio
Autêntica sensibilidade possível
Lutando contra um ato de rebeldia
Com as mesmas armas que ele criou
Término de um ciclo em drama...
Onde tudo começou!?
... ... ... ... ... ... ...

Já tive momentos de pura rebeldia
Vivi espaços de pinga fogo
Hoje me faço tênue
De ser contra tudo e todos
Instiguei controvérsias
Ante o eterno estigma
Um todo em indignação
Agredi verbalmente
Sem estar sempre atento
Questionando qualquer um
Polarizei a discussão
A briga interna e imprópria
Duvidando do já e do nunca
Coloquei a frente a frente
De outros... adquirida
Provocando incertas dúvidas
O certou OU o errado
Figura parental
Levantando polêmica questão
O sim OU o não
Lenda urbana
Rompendo leis, normas e cercas
A direita OU a esquerda
Crença medieval
Afrontando fronteiras e limites
O dentro OU o fora
Mitológico medo
Convocando argumentos
O bom OU o mal
Valor incontestável
Complicando o complexo
O claro OU o escuro
Hábito milenar
Até me tornando áspero
A branca OU a negra
Crítica impulsiva
Ante a aspereza alheia
O novo OU o velho
Reação imediata
Alheio ao próprio e ao próximo
Suando, apostei seco
Salvação intempestiva
Adonando-me da verdade
Na intransigência do OU
Agora componho o silêncio
Qual hedônico egoísta
Joguei a escolha
Autêntica sensibilidade possível
Querendo o jogo infinito
Em uma puída ponte
Lutando contra um ato de rebeldia
De brincar de sério supor
Com duas únicas possibilidades
Com as mesmas armas que ele criou
E ter que... ir contra a vida...
Onde a razão venceu todas:
Término de um ciclo em drama...
Para ter a vida a favor?!
Até mesmo a felicidade...
Onde tudo começou!?

MENTIRA

Miro 2 de dezembro de 2008

Acreditar na incoerência alheia
Na dissonância que simplesmente vaza
Quando o outro se impõe patrão
Com alta voz de comando em mentira
É pagar o barato a peso do couro
Deixar-se incauto ao evidente logro
É colocar um colar de sujo carvão
Numa caixa feita para puros brilhantes
É enterrar a possibilidade da verdade
Em vala comum de indigentes
Ou torná-la um soldado desconhecido
Homenageada em um mausoléu sem ossos...

Ensina-me...


Miro 20 de novembro de 2008
Vinte vezes, ensina-me...

01 Como falar da perda de algo que não tive?
02 Como entender a dor real de se desfazer algo que é só fantasia?
03 Como aplacar a fome concreta oriunda de uma subjetiva vontade?
04 Como aceitar a partida de algo que nem sequer foi?
05 Como manter a dignidade ante o desrespeito à autenticidade do que sinto?
06 Como não achar um pecado o doce pecado não cometido?
07 Como sorrir insensível à paixão se dentro ela chora doendo?
08 Como lidar com um futuro que não tem passado e nem sequer é um presente?
09 Como engolir em seco a úmida vontade?
10 Como querer respirar fundo o teu cheiro que me sufoca?
11 Como querer o infinito ao teu lado se o paralelo entre nós também é infinito?
12 Como aplacar a saudade de uma relação que nem começou?
13 Pra que rimar paixão e desilusão, se o verso está quebrado antes mesmo de ser completado?
14 Como destilar o fel de um mel que qual veneno homeopático adoça a insônia amargurada?
15 Como cavalgar a égua de uma paixão indomada enquanto o garanhão do silêncio relincha ao lado?
16 Como atravessar tranqüilo o tempo se o desejo está atravessado?
17 Como me manter ereto se o peito comprime a coluna, que se dobra diante da força de tua imagem interna?
18 Como ser sincero se o jogo pra ser ganho exige perder a explícita autenticidade?
19 Pra que o cuidadoso recato se a paixão incontida extravasa pelos poros descuidada?
20 Como Você me ensinará tudo isto, se os teus olhos são analfabetos e complicam os significados simples de minhas palavras?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Fogo @ claustrofobia

Miro 07.05.2009

Tuas cotas de não
Afirmam bem cedo
Desse pó um "ou" vindo!
A ti busco em vãos
Meu verso sem medo
Como um bandido.
Sou teu arrepio
Um pacote baixado:
Espião clandestino.
Vôo em teu cio
Um mote gozado
Um pião: clã destino.
Estou só em teu vazio
Sem a tua ciência
Um pária proscrito.
De cipó meu pavio
A nau consciência
Em área de escritos.
A maré tristeza
O lítio em tua veia
Infausto... fulgia...
Amar é tristeza
Delírio que ateia
Fogo @ claustrofobia!
Eu falo em metáforas
Que dobra o sentido
Do teu silêncio em Dó!
Teu sim-não, está fora
E dentro do olvido:
Entre notas e nós...
Meu falo em diáspora
Que cobra o sentido
No silêncio de um só!
Teu sim, não está fora
É centro do ouvido
Em notas de nós...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

JOGO MARCADO

Miro 1992

Olho sem graça a cidade
desgraça que invade
por dentro e por fora
em grandes sinais.
Hoje o concreto da praça
não esconde as lombrigas,
que brigam famintas
querendo colar cheirar.
São ternos tantos que passam,
se esbarram, se amassam
e não se conhecem,
não se encontram jamais !
Onde os olhares tão ternos
que levavam os moços
à janela da amada
seus versos cantar?
Cortaram as mãos do poeta
que pixava num muro
seu pequeno protesto
em rimas banais !
Parece que tudo responde
no instinto mais rude;
armas do esgoto de um ego
que não sabe lutar.
Cadê a alegria da raça
que explodia nas ruas
em cores e cantos
de mil carnavais ?
Os sonhos são tirados do lixo
que esconde a cultura
da fome e do medo,
sem letra e sem lar.
Parte de um jogo marcado
no sangue encardido
que alimenta o dia
dos telejornais.
E tantos... sempre em silêncio
De braços cruzados
Assistem um "clip"
Sem ter que pensar...

SOL, ESTRELA, LUA E FLOR

Miro 1991

Alguém sentado ao meu lado
Conta uma história qualquer...
Diz que longe, no passado,
Foi feliz como mulher.
O primeiro namorado
Que lhe falava de amor
Em lindos versos cantados:
Sol, estrela, lua e flor !
Raspas de um tacho virado,
Que o tempo jamais limpou,
Cinzas no ventre guardado
De um fogo que não queimou.
Hoje o rosto marcado
Das voltas que a vida deu,
Sente o corpo pesado,
Um fardo que não é seu.

Alguém andando ao meu lado
Fala de coisas banais...
Fatos do seu passado,
Que não acontecem mais.
A primeira namorada
Por quem se fez compositor,
Na mais linda madrugada:
Sol, estrela, lua e flor !
Restos, loucos segredos,
Que a vida não lhe tirou.
Escondido entre os dedos,
Desejos que não sufocou.
Hoje os olhos cansados
Não sabe o que aconteceu,
O amor que tinha sonhado
Na poeira se perdeu...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ratos & Chinchilas

Miro 26.11.2008
Parece que ainda preferes
Manter a linha discreta:
Quão secreta é esta evidência?

Quase sei por que escondes
Tua tristeza em ofícios:
Benefício raro da marra!

Eu não sei do teu sentir
Nada além daquela lágrima:
Esgrima de minhas mensagens!

Instigo meus medos em rimas
Meto micha em teu cadeado:
Laqueado de tantas trancas!

Mas como azeite de oliva
Escorres do meu garfo em riste:
E triste só tenho teus rastros!

Navego assim em fantasias
Comendo-te em devaneios:
Odeio o jejum da madrugada!

Durmo agitado e longe
Monge em catre gelado:
Abraçado a etéreo súcubo!

Sonho molhado contigo
Acordo sufocado e quente:
Carente em minha própria noz!

De manhã junto trapos e frações
Na ausência de teu sinal em rede:
Uma parede é teu dia impessoal!

Acomodo o incômodo fogo
E jogo teu jogo que não diz:
Teu juiz nada comigo...

E no ralo do raiar do dia
Limpo o nojo de insanos pratos:
Ratos morrem por tuas chinchilas!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Scrap

Miro 26.11.2008

Quero que Você cole em mim
Sobrepondo tua imagem nova
Adesivada de tantas tristezas
Num kit que combine leve
Tua beleza quase ingênua
Com o meu álbum de memórias
Emoldurando com teus cachos
O scrap tonto dos meus passos.

Quero que Você cole em mim
Em livres camadas sucessivas
As fitas de tuas vontades
Que combinem teu retrato
Com as minhas bordas loucas
Num clipboard inusitado
Emoldurando com teus cachos
Um scrap louco nos meus laços.

Quero que Você cole em mim
Os teus carinhos dupla face
E os teus lábios super bonde
Em apliques leves, divertidos
No background de minha pele
A cola quente do teu gozo
Emoldurando com teus cachos
Um scrap pronto sem compassos.

Quero que Você cole em mim
Os rabiscos de teus devaneios
As fotos de tuas viagens
Constelação de ilhós em nós
Barbantes que nos entrelacem
Entre lençóis e outros recortes
Emoldurando com teus cachos
Teu scrap solto em meu espaço.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

88 44 miKroPoesias do Twitter

88 Cai cachoeira loira sobre tua blusa, caracóis de sóis soltos no colo, moldura de teu sagrado em riste: os cumes úmidos de teus seios livres.

87 De olho no teu colo, colho teus encantos, molho me de espantos e orvalho me em teu solo!

86 Quero uma gota em tua língua! Não de minha lágrima tela, nem de minha saliva canela, mas do meu leite em transe, para te saciar à mingua...

85 Fácil correr em duas rodas! Tuas duas rodas, teus desertos e pelos quentes! Easy rider em Você!

84 Mordo água viva. Cogumelo de areia na boca seca. Poeira do tempo nos poros e olhos. O vermelho sangra o nariz. Uma chaminé de solitário mar!

83 NAMU MYOHÔ RENGUE KIÔ: escrito para eu não esquecer, um dito para ser feliz? Ficou no bolso sem ler. Quem sabe o que o dito diz?

82 Uma mulher quase fatal: se apertada não acendia, úmida não cedia, era só etc. a tal, jogou tanto coma-me se for capaz que virou pó no final!

81 Na Espanha: homem morre de suicídio alheio. Nos USA: 5o. Jackson chega ao que nunca veio. No Brasil: Hino da Vanusa é o fim de nossos meios.

80 Meu amor quer se jogar da sacada! Pra ela não sou nada, sequer se lembra da rede, o nó de nós sem fim: -Se for pular... caia em cima de mim!

79 Só havia um modo de ter a verdade, apertá-la de jeito quando chegasse à cidade. Cioso se preparou. Exausto dormiu na porta: ela não voltou!

78 Tinha medo de ficar sozinha: o vento pelas frestas da janela compunha seus horrores, amplificando estalos, fantasias, fantasmas e temores.

77 Expresso minha ira em rimas, onde o talho mental tem acuidade, pois atinge o inteligente em sua burrice e compraz o ignorante por afinidade.

76 Ela queria achar alguém 100 entre tantos, um homem cheio de encantos e olhar sem entretantos, que pudesse ser jogado em cantos... entretanto

75 Claudicava naquela paixão deficiente sem nenhuma acessibilidade, apelou por cotas indigentes, pintou os cabelos e infeliz mudou de cidade...

74 O cheiro do Jean Paul combinava com o suor, dava um nó nos nerônios e enchia as ventas de hormônios, o que veio depois foi ainda bem melhor!

73 Criou ao redor de si uma aura de tristeza, lábios na lona no primeiro round, tecia em cinzas sua defesa: vivia feliz do próprio underground.

72 Ela não gostava de batom rosa, mas a pele de pelos finos incolores a fez esquecer as dores: de ventre livre aceitou a boca úmida e manhosa.

71 Molhada de suor virou-se para o outro lado da cama, nas pernas a sensação do gozo ainda quente. De onde aquela chama? Quem era aquela gente?

70 Ela mentia para si mesmo com tal convicção, que um dia quebrou o espelho, só para não encarar de frente o poder de sua falsa argumentação!

69 Com pés no fio de navalha em aço enferrujado, não respirava para não pesar o ar, ela dormia serenamente ao lado e ele sem saber como vazar!

68 O silêncio dela era de sair de perto, os olhos brilhantes um tesão de puta! Situação ambígua de escuta... um talvez desgraçado de certo!

67 Era uma mulher estranha, vestia-se de modo estranho, fumava coisas estranhas, vivia em um estranho bar e estranhamente, ela me era familiar!

66 Quando chegou ela estava pronta: banho tomado, cabelos cheirando shampoo, música suave, pura paixão! E ele todo suado, de chuteira e calção?

65 Vivia bem com seus cogumelos azuis, com eles caçava borboletas o dia inteiro, depois dava uma banda em cannabis, incinerando-se no mosteiro!

64 Há pássaros no jardim, há flores nos canteiros e estrelas na minha janela, um universo inteiro, que por não tê-la, morre dentro de mim.

63 Teu dia chega à retina em cristais fragmentados: são cacos de pureza em meio a irados palavrões um enxame monossilábico de ouriçados senões.

62 Entendo tua revolta, tua ira insana, tua vida fútil, tua santa confusão, só não quero tua volta, tua grana, teu senso útil e a tua solidão!

61 Há pássaros no jardim, há flores nos canteiros e estrelas na minha janela, um universo inteiro, que por não ter ela, morre dentro de mim.

60 Moça atrevida, em álcool cosida, tez dividida, pernas em avenida, gozo com brida, depois de amortecida, finge uma briga e foge enraivecida.

59 Enquanto viajas com excesso de ciúmes na mala, entendo bem o teu extravagante zelo, só que a bagagem sem alça é tua e eu não vou carregá-la!

58 Morto no chão do quarto aguardo tua volta, não há como tirar o frio dos pensamentos, não há escolta, sem alento eu morro sem qualquer brio!

57 No canto dos olhos, com olhos nos cantos, acho os cachos de teus belos cabelos: são aves em rebeldia ou claves de Sol em minha poesia.

56 Medíocre, normal, comum, mortal, estável, cinzento, nem feio, nem bonito, nem rico, nem pobre, centro de tudo, inicio do nada, mdc de um.

55 Cachoeira loira sob teus seios, caracóis de sóis em meus olhos, emoldurando teus cúmes, teus mamilos espertos, ritmo, cios, vórtices de nós!

54 Havia nada além do silente, uma escuridão sem estrelas, nem frio e nem quente, nada acontecia de diferente, nem feia e nem bela: só ausente!

53 Em minha mente perdida germina uma insana lida: tratar lascas de tuas sementes. Será que vazo de tua vida ou paro a nóia deste amor latente?

52 Parachoque de Caminhão: "Não hesite: em briga de cachorro grande... linguicinha não dá palpite."

51 Uma vontade imensa de estar contigo, penso no acaso de um encontro, na possibilidade de teu nó estar pronto: será que te espero ou te ligo?

50 Na ponta da língua tua fome, no ventre os teus movimentos, debaixo dos pelos teus zelos, nos dentes teu nome, no peito a paixão que invento!

49 Invado-te como vento: arrepio tuas frestas, levanto tuas saias e cortinas. Quieta não me contestas, nem quando comes minha paixão indigesta!

48 Como tectônica placa avanças sobre meu continente, sinto tua pulsação nos pés, no ar uma premonição latente e nas mãos um último ato de fé.

47 Nenhum lugar comum é mais comum que viver só com um...

46 Em lágrimas de gozo minha loucura rascunhas, enquanto flutuo em nuvens sinto estrelas que arranham minha pele através de tuas loucas unhas!

45 Havia em minha língua tua fome, tua tara em meus medos, em tua cama meu nome, na cara um sorriso, em tua casa meus dedos úmidos e indecisos!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Asteróide



Miro agosto de 2007
Atravesso mudo o teu mundo
Como um paria mal parido
Rasgando meus papéis e papiros
Quebrando xícaras e espelhos
Detonando bússolas e nortes
Através de rotas sem rumos
Quebrando cancelas e meio-fios
Enquanto tua imagem candente
Some rápida em minha retina
Não te trago mais, nem te traço,
Apenas corro de tudo em ti
Que ainda me parece bom!
Viro teu telescópio ao avesso
E te vejo pequena e distante,
Um ponto estranho na noite
Um final de frase feito em néon
Apagando-se em volto a moscas
Não te quero em meu Universo
Nem nos versos do meu mundo
Retalho as rimas que não te fiz
Vomito os beijos que não te dei
Desamarro-me dos teus vínculos
E perfuro o furúnculo da paixão
Onde me pus teu poeta prisioneiro...
Saio de ti feito asteróide de ré
Com a pele ferida e detonada
Varíola Lua voltando ao vazio
Escarrado de tua fria atmosfera
Queimado pelo atrito do teu ar
Menor por ter em ti me desgastado
Poeira cósmica sem qualquer tez
Sem pés e muito menos cabeça
Atirado entre mundos desertos
Uma bola de fogo que resfria
A espera de se tornar um mofo
No buraco negro de tua memória.

Melancolia



Miro 7.9.2007

Desce-me a angústia pela boca,
Em orvalho salgado de lágrimas
Nos olhos um deserto intenso
A aridez de uma solidão única
Enclausurado o ego se encolhe
E retém da alma as possibilidades
Que seqüestrada se prostra no chão
Imagens de asfalto, assoalhos e solos,
Sons abafados vindos do próprio peito,
A coluna se dobra sob o peso da dor
Que de tão indefinida se torna infinita
Autocomiseração além das autocríticas
Sem atitudes, sem comportamentos,
Sem valores ou qualquer crenças...
Só a melancolia em cachorra parceria
Guiando o ego cego por ruas de depressão
Onde os paralelepípedos crescem sós
Absorvendo o tempo entre seus vãos
Dedos pesados de pedras e cimento
Apertando invisível o nó da garganta
O ar rarefeito em asma brônquica
Nega cataplasmas aos fiordes internos
Onde as geleiras da tristeza se quebram
Deslizando lentas através dos nervos
Congelando no ninho a energia vital
Sem saída, sem refúgio ou remédio,
O corpo em tédio se põe cansado
E domina a mente num sono profundo
Soltando as rédeas que seguravam tristezas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Quero

Miro 27.11.2008
Eu quero apenas um encontro
Com teu não quero
Nunca!
Quero guardar o teu presente
Além dos textos
Em T nove.
Eu quero o Id do que sonho
Nos teus lábios
Vivos.
Quero as voltas dos teus ciclos
Nos meus versos
Trilhos.
Eu quero o muito de uma lágrima
Nos teus dias cinzas
Tristes
Quero o depois do leve toque
No teu corpo
Livre.
Eu quero os meus sete minutos
No teu gozo
Louco.
Quero um pouco dos teus cachos
Em meu rosto
Soltos.
Eu quero mais que um encontro
Com o teu quero
Sempre...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tristeza Felina

Miro 26.11.2008

Minha faminta melancolia
Simplesmente me devora
Como uma fera ferida
Em noite sem Lua
Em tempo de caça
Fora do cio
Faro ao ar
Dilatadas pupilas
Arrepiadas presas
Com sangue nas patas
Firmemente ataca
O que ficou para trás
A linha mais fraca.
Minha tigresa depressão
Tem mandíbulas fortes
Que a glote asfixia
E se o corpo debate-se
A mente não alivia
Um viver indefinido
Os músculos moles
Por internas convulsões
Que não amortecem as dores
Enquanto surgem as vísceras
Ante a mordida assassina
Nos poderosos dentes
Desta tristeza felina.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

44 miKroPoesias do Twitter

44 Enquanto acordas do teu sono sem sonhos ou pesadelos, atravesso espelhos sem imagens, num caminho abstrato entre velhos retratos e novelos!

43 Atracas teu navio em meu porto, após ressacas e ventos, sem âncoras ou cordas amarras em mim teus laços, um cais onde teus ais serão mortos!

42 Pego nacos do teu dia, mensagens em migalhas, significados indigestos, a casa em tralhas, ora triste, ora em alegria: sou eu em teus restos!

41 Na fuga de meus limites em aquarela, espalho na retina a luz do dia, que em névoa evanescente e fugidia, ainda compõem tua imagem bela!

40 Vi em teus olhos alguma alegria, pequenos e cintilantes brilhos: duas estrelas em noite de tempestade, guiando-me de volta aos teus trilhos.

39 Do nada surge a vontade de não fazer nada. Tudo se encaminha com a lentidão da espera. Ao redor e dentro a inércia reina em contos de fada.

38 Louca e insaciável: roucas lamúrias, arrepios inesperados, saliva quente, luxúria viável, cio molhado, fermento indecente em deriva espúria!

37 Havia-se como um Amanita Muscaria, saia de Disney, efêmero orvalho da manhã, letal para famintos, alucinógeno homeopático: quase uma maçã.

36 De tanto pautar minhas escolhas na liberdade, descobri que isto tolhe minha livre escolha de vicular-me a alguém de verdade.

35 No avesso leio a vida ao contrário, meu burro emocional empaca, não creio neste tom arbitrário, nem na palavra nós, de quem ama e me ataca.

34 Qual formiga virou em cigarra? Quem disse que meu sonho acabou? Onde começou a distorção das guitarras? Que hera de aquário eu era ou Soul.

33 Próximo de tua Lua gira minha loucura, hora em tônica minguante, hora crescente, polarizada e nua, irritante e crônica, uma poesia sem cura!

32 Era uma contorcionista tão perfeita que se acariava intimamente como amantes indescentes: uma @rrOBA corporal! Um caracol autoincandescente!

31 Hoje é dia de reencontro, um pronto lugar, um amor antigo, um amigo beijo... uma paixão latente... um diferente amar... um mar de renovação!

30 Quero tocar pautas afins com dedos ao Sol compor uma harmonia sem ser em sustenido ou dó maior, cantá-la em solfejo como um adágio em bemol!

29 Domingo perdido e lento, solitário e cinzento, parido de um sábado vadio sem nome ou pseudônimo, morreu anônimo em uma segunda onda de frio.

28 Fim de paixão: morte ao poeta! Velório sem cachaça, sem choro e nem vela, tem graça sem ela? Ela se esvai discreta em completa solidão...

27 Sem paraquedas pulo de teu avião em chamas, com unhas de preguiça escalo tuas montanhas, com tubos de adrenalina mergulho em tuas entranhas!

26 Aluga me liga me bloga me twita me manda me alguma pouca mensagem! Escreva me fale me faça me grita me toque me com uma louca massagem!

25 Quando penso que estou curado de minha louca paixão e menos te espero, sonho com Você ao meu lado querendo-me do mesmo modo que te quero!

24 Reclamas de minhas liberdades clandestinas, querendo que eu me sufoque em culpas, que só existem pela ação neurótica de tuas serotoninas...

23 Rastreio teus destroços em busca de algo que em mim viva, perdido na imensidão de um mar onde já não há mais braços para nadar a tua deriva.

22 Redemoinho de saci, enceradeira desgovernada, água no ralo, moinho, autorama e pião, como dentes de cão atrás do rabo gira a minha paixão @@

21 Transparente e gelada, a ira parte sem fechar a porta, cessa o vento na cortina, enquanto o Sol desmaia inconsciente em minha pesada retina.

20 O que é teu louco que não se contém? Lava de vulcão, ira santa, tansa lira, válvula de cão... e também... o não querer a minha louca paixão!

19 se teu silêncio é arte de não ser: não me fez se a arte de ser está no silêncio: eu grito até que meu silêncio seja audível em tua surdez

18 meu verso belo é elo comum no universo paralelo teu... teu paralelo universo no comum elo é belo verso meu...

17 Cego senti a noite chegar pelo orvalho de tuas entranhas. Nu segui teu rastro quase sem cheiro. Só achei o teu gozo em tatuagens estranhas.

16 Lenta é a espera: mensagem não dita, maré mansa, escasso vento, segundo que se faz escada... são colunas que sustentam tua noite em calada!

15 Meus destroços espalham-se após colidir com teu icebeg não sei: sei que um nó na garganta reunirá ao acaso as pinhas de uma paixão sem lei!

14 Não é secreto que te amo, chamo de discreto o quão de antes que só ficamos... o certo é que distantes vamos, quando pertos e a sós estamos.

13 Reviro meu terço ora em tiras. Giro a conversa até que um verso inspire. No reverso do teu agora oro para que o sufocante ar da hora expire.

12 Quando a tristeza chega dando um pé na alegria, solto a raiva em minhas cãs rebeldes! É o medo de um amor que dança nos passos da nostalgia.

11 Enquanto corro em desespero ante nenhum depois... Torro meus neurônios em aldeídos mal filtrados de nós dois!

10 Toda história tem um lugar comum: começo, meio e fim. A nossa é sem início, o meio é um fim em si mesmo e por não ter fim, é história de um.

9 Ante a dor amiga e a dor de uma amiga, abre-se a minha dor que a abriga.

8 Busco brilhos em teus olhos, há uma lágrima sem porquê. Nela vejo minha imagem: meus olhos brilham. Neles vês tua miragem: minha dor é Você!

7 Olho a segunda-feira na contra a mão da hora, como uma segunda mão de um domingo que teima em continuar no agora...

6 Estou do outro lado da cerca, nem longe e nem íntimo, nem monge e nem ínfimo. Acerca! Paralizado no tempo, pensando acerca de tuas cercas!

5 O Universo paralelo que viajas faz de mim um extra terrestre sem escolta, quero uma bicicleta para trepar na nave mãe consciência de volta!

4 Parachoque de caminhão: sexo domingo de manhã é como missa com quermesse! Entra e sai da Igreja... prazer e reza até que a obrigação cesse!

3 Sob o cumulonimbus do edredon puxas meu manche para subir! De ponta cabeça tua húmida bússola perde o Norte em um simbólico câncer zodiacal.

2 Vôas em loops continuos no céu da boca, minha saliva precipita no arrepio do teu casco novo: são rotas nuas tuas grutas em cachoeira!

1 Olho teu frio com lágrimas de vidro... a estação é digerida em meu cérebro reptiliano, a lama de tuas intenções não te livrará dos olvidos!