Miro 3 de maio de 2013
Meio altar roubado de alegria:
um noivo bem vestido e feliz,
uma noiva branca e sem luz!
Dinheiro, luxo e vida fácil,
fome, tristeza e frustrações
expectativas e lembranças
liquidificam-se diante da cruz…
Nele a satisfação da conquista,
nela a antecipação da vida
longe do amor que sempre quis!
Com o canto gregoriano
forma-se uma lágrima azul
iluminada pela Lua no vitral
embaçado por mil rezas em bis.
Na capela imponente e sem ar
brota num murmúrio… o sim
um eterno sim além da vida!
Durante o arrepio da benção
ela com o canto dos olhos
busca nos recantos escuros
alguma sombra conhecida!
E se sentindo sem perdão
não olha para os convidados
ávidos por um ventre sem véu…
Como apagar a paixão infernal
que ainda explode no coração
com uma só lágrima ressecada
e água benta vinda dos céus?
O noivo de olho em Sant'Ana
agradece pompa do sacramento
a Cruzada para ter um filho!
No espelho dourado do Graal
ela vê que a sombra desejada
esconde-se agora dentro dela
nutrindo seu olhar sem brilho!