sábado, 17 de dezembro de 2011

Todo teu talvez

Miro 17.12.2011

Talvez minha raiva cresça
e o final da dor aconteça
em ritmo desacorrentado
deslizando em lago gelado

Talvez tua fome se mova
e cave em mim tua cova
um buraco entre os dentes
em tempero de penitente

Talvez teu olhar me colha
nas dobras de tuas folhas
como fogos sem artifícios

Todo teu talvez me visita
em cruz de cicatriz infinita
num círculo que vira vício...

Punhos nos bolsos...

Miro 17.12.2011

Tenho um porco espinho dentro de mim
um pedaço de veneno que se espalha
e feito um câncer de mortal velocidade
arrebenta minhas últimas vontades vivas...

É minha raiva que se movimenta em dor
toma conta e me dá toda impaciência
aperta o coração em farpado arame
onde a ferrugem garantirá todo azedo...

Não sei gritar o que está assim contido
não sei tratar do que é tão eruptivo
nem como purgar o acre desta emoção...

Só, contenho meus punhos nos bolsos
apertando os dedos contra as mãos
sem descarregar meu ódio em Você...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Juizo

Miro 14.12.2011

o sonho brigou
com o tempo
deixou espaço
para a tristeza
saiu feito louco
sem ter destino
e no primeiro cais
aportou sem medo
depois de fartar-se
ficou só a deriva
entre águas vivas
e lembranças mortas
a espera de sinais
que lhe dessem juizo
ou que atravessassem
em ferida de morte
sua paixão incontida...