quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Blefe Esquisito

Miro 5.11.2013

Faço do teus lábios
meu champanhe
jogando fora
qualquer dado
de lucidez!

No pano verde
dos teus desatinos
pago o alto cacife
que me faz
jogar Você!

Rolo em tua roleta
pulando vermelhos
bebendo com gosto
o que entornas
nas coxas!

Aposto sem fichas
num baralho riscado
um all in de doido
num blefe esquisito
que não esconde
o tesão!



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Raias da dor

Miro 5.11.2013

Faço-me dono
da tristeza
e ela me seduz
alazão sem doma
rumo só
ao morro da cruz…
                    Engulo o galope
                    da angústia
                    um tanto indigesto
                    pois não há perdão
                    que tire
                    o teu cabresto…
                                        Não há arreio
                                        que freie
                                        na trilha da solidão
                                        até o couro
                                        do teu chicote
                                        corta meu chão…
                                                            Corro sem cela
                                                            sem couro
                                                            no teu ácido suor
                                                            e sem ferraduras
                                                            nas patas
                                                            sinto as raias da dor…


Cor Ambivalente

Miro 5.11.2013

Passo… 
com o peso
do inconsciente
destinado ao pó… 

Ao redor…
só vaidades
algumas coerentes
outras… um nó…

E o pior…
só conversas
umas indescentes
outras… tem dó…

Cevo…
o rio do tempo
quase indiferente
incurso na história…

Levo…
na mochila
cor ambivalente
as lonas da glória…

Caço…
um gosto de rua
no aval indulgente
uma falsa vitória…


Passo… 
destinado ao pó… 
Ao redor…
um nó… 
E o pior…
tem dó…
Cevo… 
incurso na história…  
Levo… 
as lonas da glória… 
Caço… 
 uma falsa vitória… 


com o peso 
do inconsciente
só vaidades
algumas coerentes
só conversas
umas indescentes
o rio do tempo
quase indiferente
na mochila
cor ambivalente
um gosto de rua
no aval indulgente





Rimas Virtuais

Miro 8.11.2013

Sou de um tempo muito antigo
onde a poesia vinha para aula
despia-se na carteira ao lado
brincando em ser prima paixão…

As vezes sem elásticos ou fitas
nos cabelos soltos e molhados
deixava no ar um rastro vivo
que atiçava os faros hormonais…

Outras era um par de cinta-liga
vitrine da maior graça feminina
precificando a rima em algodão!

Hoje dos cadernos esondida
com cores de pixels perecíveis
só se expressa em rimas virtuais.


sábado, 26 de outubro de 2013

Gozo no Forno

Miro 15.10.2013

Enleado no berço da vontade
qualquer coisa vira intensão
um virtuoso círculo vicioso
no gostoso nu de tua vaidade!

A perversidade corre diferente
quando a força de um chicote
estala no ar segurando o riso
e cria no ventre o indescente!

A língua se enrola engomada
despertando cócegas e apetites
em um gatilho que não tem cão!

É o início de um gozo no forno
que no acre-doce dos tempêros
cozinha meu galo em teu tesão…

Quinto Naipe

Miro 15.10.2015

No quinto naipe da má intenção
um jogo sujo de cinco Ases…
sem curinga que bata os Reis
o logro supera a própria virtude!

É a rasteira liberdade compondo
as trincas de um seio sem rumo
que nem amamenta nem goza
estéril como a quadra não vista!

Se o jogo é de cacifes sem limites
a mesa só tem proprietário incerto
como se Deus não risse das cartas…

Mas o diabo tem suas artimanhas
e investe fogo no vão dos blefes
onde se ganha com a menor valia!

LIxa Suja

Miro 15.10.2013

O talho entre as pernas era o argumento
a calça branca apertada até a dupla digital
espalhava um cheiro de sexo com cobiça
linda como altar novo ainda sem um santo!

Mexia suas partes com o gosto dos limites
envolvendo homens e mulheres sem donos
em um ritual de incompleta degustação
sem qualquer taça para conter seu vinho!

Ficou assim como cascavel mal matada
corcoveando nos vão obscuros do chão
por onde os desejos escorregavam em fila…

Depois descabelada maquiou-se no banheiro
recompondo a moldura ao redor dos beiços
desgastadas pela lixa suja dos beijos vazios!

Fora do Esquadro

Miro 15.10.2013

Sinto a lei como uma "forma"
que deforma meu amor eterno
e presidiário de minha liberdade
pergunto se ela é céu ou é inferno!

Vejo o bem no vão dos medos
no vazio das impossibilidades
cheio de dedos para desenhar
a inerte espera da boa vontade!

E se há nesta briga vencedor
não serei eu a dizer quem é
do dilema eterno me despeço
rezando um terço sem ter fé!

Carregarei comigo sombra e luz
com um certo dom para enquadrar
o errado escondido no incerto
e o que é injusto para se julgar!

Pedindo paz aos santos equívocos
detono a fé de rígidos quadros
colecionando favores da verdade
pelo ímpar cizo fora do esquadro!

Pontos Azuis

Mro 16.10.2016


Bem perto do que é óbvio
longe de qualquer decisão 
quero viver só o presente 
como se fosse um sempre
o ausente da intenção!

Sujo pelas apertadas trilhas
que deixaram suas marcas
em espinhos dentro de mim,
mas que me deram força
para livre escolher novo sim!

Pronto para tocar sem medo
a agulha afiada da roca
que fia o tenso do agora 
tramando com pontos azuis
a tristeza que já foi Senhora!

Raio sem Luz

Miro 16.10.2013

Ancorei na baía dos mortos
onde os arrecifes são tortos
e tatuam nas minhas costas
tua cova em forma de cruz!

Afundei na maré da decepção
sem o salva-vidas da tua razão
e ao sentir-me tolo e sem rimas
vomitei sonhos que não compus!

Fiquei bravo feito inóspita ilha
socando a água pulsante ao redor 
ante o naufrágio dos controles nus.

E à tua navegante barca ao largo
mostrei o melhor das minhas dores
para espantá-la como raio sem luz!

Tapete Velho

Miro 16.10.2013

A trama do vínculo
esticada no liso chão
virou um tapete velho
sem esconder as sujeiras
da impetuosa paixão.

Um tapete desgastado
esquecido pelo tempo
pelado de tanto pisado
enfeitado de oco das traças
bem ao lado do colchão.

Um tapete agora sem dono
que maculado de manchas
está pronto para levado
para um mercado de pulgas
longe de qualquer atenção…

Par Original

Miro 16.10.2013

Sinto a vida
perto do termo
enfermo e de pé
esquecido no barco
perdido e vazio
do ungido Noé.

Sinto-me infiel
cruel até
com qualquer idéia
de Deus
marginal
a todas as fontes
impuras
da fé.

Não quero mais
brincar de anjo
decaído
filho pródigo
ou espírito
encarnado
para expiar
o desconhecido.

Sem consolação
rogo pragas
ao humor divino
por me sentir
assim
tão mal
perto do fim.

Só me resta
no gesso final
pagar infeliz
com moedas
de César
por algo
que não fiz

Mesmo assim
agradeço fervoroso
a rebeldia
nua
que entre o bem
e o mal…
permitiu
o incestuoso ato
do par original!

Imprecisão

Miro 16.10.2013

Grotesca e tosca
como uma régua
que perdeu sua escala
em torta deformação…

Barbante sem prumo
que não tem mais medidas
só as necessidades
em nível da imprecisão…

Padrões que de tão rígidos
só mediram a distância
entre o zero e o nenhum…

Uma balança desregrada
com seu infiel em riste
a pesar os pesares… comuns!

Idéia sem leme

… mesmo que o verso seja curto e a ideia sem leme navegue por bares e rios sem saber das marés haverá sempre uma bússola a criar algum sentido que não seja o óbvio derramando das impossibilidades criadas pelo acre das críticas internas que sobrepujam a mais sincera emoção…

por L'Hopital

Miro 16.10.2013

Tempo de ser algum
qualquer número
longe destes zeros
sem restos nenhum!

Navegar em algarismos
sem complicadas contas
sem raizes quadradas
do um!

Viajar nos infinitos
e só cobrar das frações
a imprópia indeterminação!

E mesmo por L'Hopital
jamais levantar o limite:
do nossos zeros em divisão!

Dono de um Nada

Miro 16.10.2013

Só um resto
um cisco,
mesmo assim
a vontade estava ali:
pequena
e tênue
como um fio.

Tecia tramas
entre outras
vontades,
carregava nos olhos
o intenso
das feridas
sem curativos!

Pensava nas dores
como se fosse
Doutor,
mas era só dono
de um nada
prá la de
comum!

Cruz da Indecisão

Miro 16.10.2013

Era só uma vontade
que depois, muito depois
se transformou em desejo
simples como o néctar da flor!

Era só uma liberdade
que sem querer, se foi
no ralo comum de um beijo
tragado na fumaça do amor…

E aí veio o tesão sem conta
pronto para se fazer feliz
mesmo depois da paixão…

Mas sem ter a sina nos dedos
se fez menino indefeso
na cruz da indecisão!

Universo

Miro 15/10/2013

Era para ser só um verso
uma rima de mulher
medíocre
e sem sentido…

Mas o improvável
se fez poesia
e desafiou o tempo
com facas e canivetes…

Sangrou
a própria solidão
quase sem coragem…

Pois era para ser só
mas o nada se fez Universo
de uma rima qualquer…

Força do Qualquer

Miro 16.10.2013

Belo e rígido
como uma taça
sem vinhos ou seios
a sustentar!

Sentiu-se como gole
livre e sem causa
fazendo a vida
soluçar!

E assim sem críticas
em uma balança
do infiel…

Desatou laços e nós
com a louca força
do qualquer!

Em Greve com a Tristeza

Miro 23.10.2013

Mesmo que torto e infeliz
dobrar a tristeza no peito
caminhar sentindo pétalas
como se os pés tivessem chão…

Ter no olhar a porta aberta
e o sorriso largo dos horizontes
voltar a ser menino sem medo
ou qualquer recalque reprimido…

Estar em greve com a tristeza
como se ela não existisse
nos pedaços criados divididos…

E simplesmente parecer feliz
frente a ilusão de ser alguém
com o peito quieto e sem paixão!

Mulher Esperança

Miro 26.10.2013

Nos olhos
ainda tenho esperança
um tanto cansada
usada
mas mesmo assim
esperança…

Faz muito tempo
que ela nasceu
acho que foi
com a primeira
rima
ainda criança…

Ela cresceu
irmã da consciência
namorou
utópicos sonhos
e se casou com
a realidade…

Sofreu
com Sartre
e depois da separação
quase se tornou
agnóstica
sem a eternidade…

Recriou-se
mulher
quando lésbica
casou-se no civil
com uma virgem
paixão…

Já madura
e solitária
experimentou
de tudo
Santo Daime
erva da juventude…

Envelheceu
comigo
e hoje
sem pernas
corre só
na imaginação…

Logo será
minha lage
num abraço
eterno
em renovada
completude…

Bílis do Apego

Miro 26.10.2013

Preso na minha própria casa
caseiro de meu inferno astral
limpando fezes de meus cães
algemando rancor aos dentes…

Estou só sem terços nas mãos
num emaranhado de contas
nas costas a dor da frustração
frita o ciático no óleo tortura…

Traído pelos pés em desalinho
percorro os muros e cômodos
num incômodo rondar vazio…

Só paro no bacio do banheiro
onde descarrego minha alma
digerida pela bílis do apego…

Jogo da Luz

Miro 26.10.2013

Há bondade nos maus enganos
e muita maldade nos acertos…
Há verdade nas dúvidas insanas
e muita mentira no que parece bom…

Há direitos no esquerdo plano
e tanta vaidade na ilusória certeza,
que torna feio… o ideal simétrico
e o perfeito toca… em desajeitado tom…

Não é possível separar os pólos
nascidos juntos como céu e inferno
se o pecado e a virtude formam uma cruz…

Quantas vezes só a sombra se quiz
mesmo sabendo que ela não existe
sem a existência óbvia… do jogo da luz!







Deserto da Vontade


Miro 26.10.2012

Sabe aquele momento em que a vida só cobra tristeza e dor
aquele ponto da história que o protagonista pensa em desistir
que o sonho vira pesadelo, a esperança acaba em depressão
e melancolia impõe-se companheira da alma solitária e aflita?

Sabe aquela cena que a tela escurece e só uma lágrima brilha
quando no teatro uma música atonal pousa aflita no silêncio
e o maestro vai para casa esconder-se da falta de aplausos
buscando algum placebo para culpar os efeitos colaterais?

Quando a escolha fica contra o destino implacável dos deuses
mesmo depois que os doze trabalhos foram prá lá de cumprido
e o suor seco nas têmporas conserva só insossas mesmices?

Quando a encruzilhada vira uma imensa rotatória sem final
como se um rabugento cachorro procurasse seu rabo perdido
numa helicoidal progressiva riscada no deserto da vontade? 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Insônia

Miro 6.10.2013

Era só um relógio no quarto escuro
com os ponteiros girando… girando…
como a noite… sem sair do lugar
entre tic-tacs só o som das ausências…

Um silêncio de se ouvir o sangue,
vez por outra quebrado pela tosse
ou pelo som do pijama no lençol
em movimentos aleatórios de tédio…

O tempo vooando feito beija-flor
ora parado no ar, ora trisco de luz
compondo lento a impaciência…

Preocupação, insônia, depressão
em uma obsessiva roda do tempo
a espera do primeiro raio de Sol!

domingo, 6 de outubro de 2013

Libido Babilônica

Feito olhos de jacaré no escuro
O verde cintilava quase nuclear
Seus dentes brancos mal apareciam
Guardando na calcinha intenção atômica...

O riso de síncronos desejos impuros
Deu conta dos espaços vazios do lugar
Sem formas, sem cores, às sombras gemiam
Engolindo crua...  a libido babilônica

Vez em quando um peixe no zoom
Deixava um som de pressa estranha
Sabe se lá de caça ou de caçador...

No escuro, a vontade se fez comum
E um gozo infindo fisgou as entranhas
Cerrando os dentes em prazer e dor...

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Diaba da Cruz

Miro 11.09.2013

Veio de barco
no segredo da corte
em vermelho capuz
cuspindo paixão…

Tomou-me de assalto
quebrando a sorte
e como facho de luz
cobriu-me no chão…

E perdendo a estribeira
no tenso dos arcos
gozei em teus nus…

Mas num único salto
Você fugiu sorrateira
como diaba da cruz…





sábado, 27 de julho de 2013

Victória

Miro 27 de julho de 2013

Qual o valor da vitória?
Qual o sabor do sucesso?
De um segundo de fama?
Em ser dono do holofote?

Qual o rigor da história?
Com que ouro eu me meço?
De que louros é a cama?
Qual o verdadeiro mote?

Quão tênue é a glória?
Como nela eu creço?
Porque ela me chama?

Será que ela é um trote?
Será que eu a mereço?
Não será ela irrisória?

domingo, 14 de julho de 2013

Senso de Liberdade


Miro 14.07.2013

Ah! Este senso de liberdade
que teve que se acostumar
com possessivos amores
beatas que me torturaram
com ciúmes ditadores!

Ah! Este crer na humanidade
que precisou se misturar
a desejos quase animais
esfregando pelos e peles
aos planos espirituais!

E esta alegria de lágrimas?
Esta ira santa e amorosa
este medo de ser medroso
frente as decisões do dia
quase feliz ante duvidoso?

E a saudade sem causa
de polaridades sem fim
por amores que nunca tive
olhares que não me perdi
e paixões que jamais vivi?

Por fim o falso julgamento
que criou pontes sem rios
porteiras para conter o certo
grades para afastar o amor
e o longe no que era perto... 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Alpha Centaur Dreams

Miro 14 de maio de 2013

Como homem
fui feito para a luta!
Um centauro que no cio
conquista a mais gostosa puta…

Estou cansado
de sonhar sem causa!
Distante de qualquer paixão,
que quebre esta imensa pausa…

Quero paquerar a difícil moça!
Seduzir a mais arrogante,
dobrá-la por inteiro…

Depois montar um grande harém!
E ser o mais forte macho alfa
de todos os terreiros…

Camelo na Neve

Miro 14 de maio de 2013

Estou andando de camelo
no meio da neve
errando de polo
com roupa de verão.

Estou puxando trenós
no deserto do Saara
inadequado e vadio
como solitário cão.

Estou voando sem asas
nas águas escuras
de abissais sem fim.

Mergulhando no vazio
que consome tudo…
dentro de mim.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Cristal crítico…

Miro 13.05.2013

Quero ser… sempre do bem!
sem ser ingênuo ou arrogante!
Amar a perversa com gosto,
cultivar os riscos das paixões!

Quero sempre… ser jovem!
curioso como um principiante!
Criando belas rugas no rosto
e outras vadias imperfeições!

Sempre ser… um aprendiz!
Tentar o pensar que se oponha
ao inelástico de mentes velhas!

Ser belo… em meus pelos senis!
E quando nú não ter vergonha…
do cristal crítico que me espelha!


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Meio Altar

Miro 3 de maio de 2013

Meio altar roubado de alegria:
um noivo bem vestido e feliz,
uma noiva branca e sem luz!

Dinheiro, luxo e vida fácil,
fome, tristeza e frustrações
expectativas e lembranças
liquidificam-se diante da cruz… 

Nele a satisfação da conquista,
nela a antecipação da vida
longe do amor que sempre quis!

Com o canto gregoriano
forma-se uma lágrima azul
iluminada pela Lua no vitral
embaçado por mil rezas em bis.

Na capela imponente e sem ar
brota num murmúrio… o sim
um eterno sim além da vida!

Durante o arrepio da benção
ela com o canto dos olhos
busca nos recantos escuros
alguma sombra conhecida!

E se sentindo sem perdão
não olha para os convidados
ávidos por um ventre sem véu… 

Como apagar a paixão infernal
que ainda explode no coração
com uma só lágrima ressecada
e água benta vinda dos céus?

O noivo de olho em Sant'Ana
agradece pompa do sacramento
a Cruzada para ter um filho!

No espelho dourado do Graal
ela vê que a sombra desejada
esconde-se agora dentro dela
nutrindo seu olhar sem brilho!

terça-feira, 30 de abril de 2013

Guerra dos Anjos

Miro 30.04.2013

Uma besta em círculos viciosos
Gira decifrando o rabo do cometa
Um furacão gigante de argumentos
Caça em Saturno alguma escolha!

A Lua explode em si de tão cheia
Secando as marés mentais do Sol
Velhos vulcões em sono bêbado
Vomitam seus mitos e virtudes…

Marte entra na guerra suja dos anjos
E sem qualquer exército de mendigos
Inunda de paz o quartel dos asteróides...

Cronos escala os ponteiros enferrujados
Domando o pêndulo das incertezas vis
Num vai e vem de órbitas contra o fim!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

a vera Cruz

Miro 26.04.2013


Raro faro
de Éros
que compõe
cacos
ausentes
no ventre
em Zoom.

Sem o sal
da Terra!
O nunca
em pó,
é magia
para voar
em Um.

Uma chama
chama
nos pelos
da solidão… 
sussurra
cios
em Degredo!

Sob o riso
fácil
dos súcubos,
um lençol
de vazios
cobre
o Segredo.

Lá os sinos
dobram-se
entre nuas
dobras,
num ágil
monólogo
de Dedos!

Cá a espada
invisível 
da corte
quebra-se
em jato livre
de branca
Luz!

Ilógicos
paralelos atos, 
síncronos
e sem donos 
criando 
juntos…  
a vera Cruz!





domingo, 21 de abril de 2013

Dosagem da Pena


Miro 21.04.2013

Quando o castigo vem
bem maior que a falta
a dosagem desta pena
fica injusta também!

Se não for questionado
o tamanho desta carga
pode virar referência
ou reciclar o pecado...

Cria-se assim um apoio
que justifica outro erro
na ação complementar...

Acaba produzindo atrito
que emperra a escolha
de limite saudável criar!

sábado, 20 de abril de 2013

Silencioso nada


Miro 20.04.2013

Miserável e silencioso nada
Que toma conta do sangue
Zumbindo no ouvido seco
A espera de um som afetivo

Ninho deserto de carinhos
Onde me aqueço nas penas
Que arranco em passatempo
Em tosca auto-comiseração

O som do engolir em seco
Enche minha boca de fel
Amarga a garganta moída
Esturricada por não gritar

Da liberdade vem o castigo
Que paralisa minha escolha
Criando a surdez do agora
No lugar da canção amanhã

Recolho do caos sustenido
Um turbilhão de mil vozes
Que nutrem o vazio mental
Como se fossem teus sons

E nesta ausência planejada
O horror de ficar sozinho
Cria no que resta de vida
Um adágio adeus às ilusões

terça-feira, 16 de abril de 2013

CICLO MOTO


Miro 16.04.2013


hora do asfalto,
de colocar o velho elmo nas têmporas,
varrer o mundo em duas rodas,
sentir a chuva no íntimo…
que ainda está preservado…


hora do vento nas fuças, 
do ar queimando o peito angustiado, 
feito faca de açougueiro 
buscando o melhor pedaço 
do espaço não liberado… 


hora do equilíbrio ao rés do chão,
lambendo a ferrugem dos guard-rails,
como uma vida sem passado
na imagem difusa
dos retrovisores nublados…

hora de empinar na reta,
que por quilômetros não me leva a nada,
mas que me afasta dos medos mofados,
e me dá coragem para viver…
sem qualquer significado!

E se…

Miro 14.04.2013

E se…
o inferno for feito
da dor do arrependimento
do que se quis
e não se fez?

E se…
o paraíso for feito
de uma infinita piedade
que inclui a todos,
inclusive…  Vocês?

E se…
eles não existirem
e o agora for Rei
bem em cima das incertezas
e por de baixo dos porquês?

E se…
eles forem ligados
acontecerem juntos
como o certo e o errado
em misturados clichês?  

A vezes acho…

Miro 14.04.2013

As vezes acho que a chance de ser feliz:
não está nos detalhes,
nem mesmo na sorte,
ou se é uma questão da vida ou para depois da morte…

As vezes acho que um modo de ser feliz
é não julgar por mim,
nem me deixar levar
pelo que os outros irão de mim falar… ou pensar!

As vezes acho que tudo é pouco para a felicidade,
que a Deus isto cabe,
pois só Quem tudo criou
pode montar um caminho… que quase ninguém sabe?

Outras vezes acho que felicidade é quase um nada,
um esbarrar na Verdade,
um brilho no olhar esperado,
uma única lágrima sincera… derramando de saudade!

Quase sempre na minha procura, eu dela... não acho nada
talvez por ela seja cego
será que ela está ao lado
em tudo que por presunção… eu simplesmente nego?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

É


Miro Las Vegas 5.4.2013

Penso na vida
como um acolá...
algo que se pariu
e não voltará!

Penso no tempo
como um longo lá...
algo que se quis
e jamais se terá!

Penso em mim
sem o verbo ser
algum teu haverá?

Penso em Você
como um é
no entre foi e será...


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Realidade Cabide

Miro 20.02.2013


Em minha imaginação
Você está sempre nua
as vezes entre lençóis
outras saindo do banho

sem constrangimentos
na claridade do dia
visto imagens mentais
nos pelos dos teus quadris

já na penumbra da noite
meus olhos perseguem
o teu nu em tesão suicida

e num constante degredo
fujo da realidade cabide
que me despe de Você!

Rabo de Cometa

Miro 20.02.2013


Na beira do precipício
percorro as tuas costas
em língua motocicleta
preparada no hospício…                  

E sem mentais apostas
na borda de teus orifícios
decanto mágicos vícios
com toques de borboleta…                 

No fundo ainda gostas
desta safadeza de início
que suavemente te arreta…                

Depois o fogo nos tosta
e como rabo de cometa
gela-nos com resquícios…





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pela moleira do atento

Miro 31.01.2013


Pela moleira do atento
entra o devaneio rio
criando ondas abissais
e moinhos de alegorias!

Uma confusão de idéias
um turbilhão de desejos
vórtices que fervilham
no rés da imaginação…

Abrindo estrias sem fim
no cotidiano linchado
pelo insano normal!

Aí o plano é rasgado
e uma raiva sem tréguas
cria no velho… a ilusão!




Ignição

Miro 31.01.2013


Ela é bonita
mais jovem
e inteligente
do que eu!

Ela é feita
de novidades
tatuagens
e tesão!

Ela é gostosa
sacanagem
de aluguel…

Pura octanagem
na velha
injeção!

Lei Seca

Miro 24.11.2013

Época de corredores estreitos:
um emaranhado de mil perdas
que transformam o progresso
em vitórias de Heróis da Merda?

A lama tecendo os congressos:
os pés calçados em "éticos" ardis
maculam as páginas do Direito
com decretos de soluções pueris.

Uma tristeza cavalga sem freios
de olho atento as tais urdiduras
que criam grana com os arreios!

Já fomos ex-escravos sem Rei
criamos liberdades nas ditaduras
hoje secamos... de molho nas Leis!




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Fantasia de Crepom

Miro 7.1.2013

Uma emblemática cor
vermelha carne no néon
com negro cio ao redor
de lábios sem batons!

Num movimento fora de si
mudou meus ritmos e tons
numa sequência Debussy
em improvisado marrom!

Uma passista da vida
domando minha avenida
com fantasias de crepom!

Mas se tudo dura o agora
logo tratou de ir embora
como todo momento bom!



Mural Japonês


Miro 29.12.2012

Era simples viver
um pedaço de pão
o arroz com feijão
um vermelho baton...

meu sorriso era largo
os olhos espertos
meus braços abertos
ao amigo da vez!

Depois veio a grana
a tal sofisticação
em rococó de tons...

tudo tão complicado
como ler o que é certo
num mural japonês!