terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais do que gostoso...

Qual será a próxima vez que Você fará tão gostoso como se fosse pela última vez?

Qual foi a última vez que Você fez tão gostoso como se fosse a primeira vez?

Quando Você fará tudo como se fosse tão gostoso como se fosse a última ou a primeira vez?

Quando Você perceberá que nosso início ou fim são pontas de um mesmo ciclo gostoso?

Quando sonho ou estou com Você circulo ao redor do que na vida é mais do que gostoso!

Miro 30.11.2010

Teu Rio

Miro 30.11.2010

Quero muito saber
do outro lado da Lua
a outra face do dado
a margem oposta do rio
que as vezes atravessa
e inunda a tua rua
como sensual insulto
despertando teu cio
sem possíveis porquês
ou quando te lambe nua
em margem quase deserta
banhando o que é oculto
e que só teu eleito vê...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quero Todas as Tuas Dimensões

1 Quero teus cento e quarenta caracteres,
em mensagens densas como halteres!

2 Quero vinte e um gramas de tua vontade
aqueles que são essências, qualidade!

3 Quero vinte e quatro horas do teu dia,
para compor instantes de paixão vadia!

4 Quero cada centímetro da tua cintura,
em movimentos da mais pura travessura!

5 Quero te aquecer mais que palude febre
até que todo teu gelo interno se quebre!

6 Quero a velocidade do teu ritmo,
a aceleração de teus caminhos íntimos!

7 Quero aumentar tua pressão arterial,
com um sexo atrevido e animal!

8 Quero todas as tuas curvas e dimensões,
a posse do território dos teus tesões!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quando

Quando só é possível
falar em adeus
entre os degraus
e a fresta
da porta ...

Quando se arrebentam
as correntes
as imaginárias algemas
e só há ferrugem
na relação...

Quando o imposto
gosto de nojo
confere ao beijo
asco em temperos
pelos vãos ausentes...

Projeção

Gaibú/PE – Miro 19/07/2007

Hoje sonhei contigo, paixão intensa e incontida!
Você abraçou-me forte e demoradamente
teu perfume envolveu toda minha respiração
não havia motivos para não estarmos juntos
você querendo fazer parte de minha vida
eu desejando Você além de minha história...

Sonhei que estavas conversando contigo
explicando os motivos para não ficarmos juntos
falei do meu tempo e de minhas limitações
mesmo assim me olhavas com muita ternura
através do seu olhar percebi um imenso tesão.

Desejei ficar contigo, te falar, te abraçar!
Beijar cada centímetro de sua pele macia
e embora sentisse que Você também queria
o silêncio tomou conta dos meus lábios secos.

Você se foi... pedindo para ligar a minha vontade
e eu fiquei sentado no escuro cheio de desejos
pensando em te ligar, te beijar, ir além do querer!

Foi quando dei por conta que era só um sonho
Que quem estava do meu lado era só uma fantasia.

Uma adorável invenção dos meus íntimos segredos...

Uma autêntica projeção de minha paixão por Você!

Melancolia

Miro 7.9.2007

Desce-me a angústia pela boca
em orvalho salgado de lágrimas
nos olhos um deserto intenso
a aridez de uma solidão única
enclausurado o ego se encolhe
e retém da alma as possibilidades
que seqüestrada se prostra no chão
imagens de asfalto, assoalhos e solos
sons abafados vindos do próprio peito
a coluna se dobra sob o peso da dor
que de tão indefinida se torna infinita
a autocomiseração além das autocríticas
sem atitudes, sem comportamentos
sem valores ou qualquer crenças...

Só a melancolia em cachorra parceria
guiando o ego cego por ruas de depressão
onde os paralelepípedos crescem sós
absorvendo o tempo entre seus vãos
dedos pesados de pedras e cimento
apertando invisível o nó da garganta
o ar rarefeito em asma brônquica
nega cataplasmas aos fiordes internos
onde as geleiras da tristeza se quebram
deslizando lentas através dos nervos
congelando no ninho a energia vital
sem saída, sem refúgio ou remédio,
o corpo em tédio se põe cansado
e domina a mente num sono profundo
soltando as rédeas que seguravam tristezas...

Entre Nós

Gaibú/PE – Miro 19.07.2007

Tenho vontade de te ligar, mas não vou!
Tenho ímpetos de te escrever, mas desisto!
Tenho pulsões de te chamar, mas resisto!
Quero voar ao teu encontro, mas não vôo!

Luto contra este tolo e louco sentimento
Esmago vontades, ímpetos, presões nos dedos,
Arranco com eles as penas das possibilidades,
E fervo minha paixão em nua lápide gelada.

Não quero o teu não como constante resposta,
Não quero se quer o benefício de tua dúvida,
Não quero ser só um cúmplice de tua amargura.

Rejeito o espaço dos meus sonhos e fantasias,
Relego ao relento esta minha idiota obsessão,
E afogo o fogo fátuo que entre não aconteceu.

BIS

Gaibú/PE – Miro 12/junho/2007.

Pássaro solitário em um canto perdido
em compasso mouco de interna espera
asas cansadas de tantos vôos proibidos
penas soltas em muda entre duas eras.

Verdade usada que em pauta desbota
escoa das garras presas ao tenso fio,
em sua garganta já não cabem notas
e do seu bico não escapa nenhum pio.

Com olhos firmes, prontos e constantes
rege o silêncio dos seus impróprios ais
criando uma canção um tanto dissonante
só percebida por alguns surdos animais.

Assim ele jaz no fio por um bom tempo
no ritmo lento que requer o interno rito
eternizando o nada de um contra-tempo
em um há de vir sonoro, quase infinito.

Ante a impossibilidade de ter a harmonia
no encontro do nada, ele compõe o ausente
indo além do vácuo do próprio oco em afazia
para uma platéia vazia a lhe ouvir silente.

Diante de sua orquestra de dores guerreiras
o maestro agradece o que o improviso diz
valoriza as palmas silenciosas das palmeiras
e o coro mudo de um mundo que lhe pede BIS!

Auto Prisão

Miro 27 de junho de 2007

Ainda correm dos teus olhos
lágrimas de abandono injusto
pelo deposto dono de teus sonhos
e que um dia te fez algo feliz

Ainda sofres com teu destino
amaldiçoado

Tricotando em dor a perda imposta
já não tens mais o brilho de antes
também não procuras outras luzes
e a sombra da noite lhe contém

Tocando teu tempo em diapasão
monótono

Lentamente diminuindo seu tempo
esvanecente solidão em guardanapos
enquanto o pó ainda não é concreto
ficas entre o ontem e a saudade

Cultuando a morte em teu futuro
vidrada

Sem raízes, sem âncoras e rebites
Sem fome, sem desejos e vontades
Sem risos, sem dentes e coragens
Sem saúde, sem capas e remédios

Completamente livre, solta em tua
auto prisão.

ASTERÓIDE

Miro agosto de 2007


Atravesso mudo o teu mundo
como um paria mal parido
rasgando meus papéis e papiros
quebrando xícaras e espelhos
detonando bússolas e nortes
através de rotas sem rumos
rompendo cancelas e meio-fios
enquanto tua imagem cadente
some rápida em minha retina
não te trago mais - nem te traço
apenas corro de tudo em ti
para algum infinito espaço!

Viro o telescópio ao avesso
para te ver pequena e distante
um ponto estranho na noite
um final de frase feito em néon
apagando-se em volto a moscas
não te quero em meu Universo
nem nos versos do meu mundo
nos retalho de rimas que não te fiz
vomito os beijos que não te dei
desamarro-me do teu cativeiro
e perfuro o furúnculo da paixão
onde me pus teu poeta prisioneiro...

Saio de ti feito asteróide de ré
com a pele ferida e detonada
varíola Lua voltando ao vazio
escarrado de tua fria atmosfera
queimado pelo atrito do teu ar
menor por ter em ti me desgastado
poeira cósmica sem qualquer tez
sem pés e muito menos cabeça
atirado entre mundos desertos
uma bola de fogo que resfria
a espera de se tornar um mofo
no buraco negro de tua nostalgia.

Abajour

Gaibú/PE: Miro 12.07.2007

Toda vez que eu lhe encontrei
foi pra lhe falar do mar
dos tombos que eu já levei
do que foi pra não voltar...

Toda vez que eu lhe encantei
foi pra lhe fazer mulher
e dar cor ao que eu falei
de só fazer o que quiser...

Toda vez que eu lhe contei
histórias de rir do Grão Vizir
princesas junto ao belo Rei
foi pra lhe fazer dormir...

Toda vez que eu lhe cantei
foi pra lhe compor o amor
da paixão que já nem sei
pois tudo muda até tua dor...

Toda vez que eu me aprontei
poeta do absurdo em deserta Ur
foi pra me defender de falsas leis
dos álibis sob o teu velho abajur...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

631 até 708

708 Se a pira está pouca e o piropo mouco, pipoco mais um pouco e trato o rouco da minha boca com um trago muito louco...

707 Manca é a dor que tranca Tola é a dor que atola Cega é a dor que renegas Surda é a tua dor absurda Muda é a dor de ti que em mim não muda!

706 Luariza minha alma com brilhos em teus olhos de negros molhados, enquanto os meus, em janelas, mostram tudo que para ti tenho guardado.

705 Vem do Egito esta vontade que já dura 7 anos de poética fertilidade, quem sabe quando a seca e a fome criarão 7 anos de muitas saudades.

704 As vezes erro com este maldito mini teclado, que só nao é mais maldito, por que me canaliza em poesia um amor contido e que aqui eu GRITO!

703 Enquanto o palhaço da coincidência se maquia para o espetáculo do acaso que não rola, peço ao mágico que tire algo de Você de sua cartola!

702 Houve um descangamento nos ombros, quando entre desertos e escombros, ouvi de ti que me querias tanto quanto eu a ti em minhas poesias!

701 Hora de buscar o sagrado das manguaças e Baco em seu trono, já que minhas 3 amigas perdidas resolveram me deixar como um Avatar sem dono.

700 A Voce que me persegue como corrisco em busca de eucalipto plantado para secar terreno: meu tronco jamais se desertificará em teus venenos!

699 O corpo quente em febre de paixões tropicais, a saia colorida rodando, girando mais que os casais em dança caribenha ao som de puros metais.

698 O que fazer com este cheiro de salompas que mata meu perfume Jean Paul toda vez que tento recuperar-me de ti em terapias orientais.

697 Varri para debaixo do tapete minha mágoa em fúria indomável, com o tempo ela apodreceu em minha sala, deixando meu ar insuportável!

696 Não quero me despedir de ti meu grande amor! Quero ir a francesa, sair de tua mesa como um vaso roubado por uma outra inesperada flor!

695 Ao abraçá-lo tocou sorrateiramente a tatuagem da moto, que pulava em autorelevo no braço, sempre que ele a amassava como uma esteira de aço!

694 Só o azul do esmalte permitiu lembrar quem era a mulher de costas dormindo ao lado: delicados dedos mexendo no gelo do seu intimo malte.

692 Não a laço que afrouxe o garrote da morte, da ida sem despedida que era para ser volta, que ao invés de paz revolta com o revés da sorte.

691 Ainda ouço o dedilhar cansado de seus dedos no velho violão Gianini, arrancando da memória lúcidas canções que deram rítmo a sua história.

690 A confiança que surgiu entre nós não era política nem de infância ou de secreto enredo, era espontânea como folguedo de crianças sem medo.

689 Gostava dele como a um irmão mais velho, cheio de habilidades, dono da necessária noção, quase um espelho hoje estilhaçado no úmido do chão.

688 Foram-se todas as festas, vieram todas as honras, um rodeio de laços infinitos e finos onde não foi possivel domar o potro louco do destino.

687 Sob as costas o baque de inesperado guante, interrompendo fluxos, contendo a ilusão da vida como se ela fosse o retrato de um só instante.

686 Nao era nem de pesar, nem de nostalgia, era uma mistura de surpresa mal resolvida buscando um motivo para tudo que lhe acontecia...

685 As palavras escorriam em lágrimas de chuva fina através da canaleta maculada pela dor, ao lado da infinita estrada deserta de tanto amor.

684 No longe do caminho uma curva se torna porta por onde escorrega o tempo em vórtices de lembranças e num turbilhao de sentimentos.

683 Entre o asco de tua fome saciada e o medo de não cobrir teus desejos, fujo do sujo dos teus segredos em nome dos vazios de nossas risadas...

682 Montado em sela frouxa de potro mal domado e manco, sentindo o chicote do tempo trotando feito um encosto.

681 Ante o desmoronamento de itinerante equilíbrio, perto de mais de tuas prontas dificuldades, aspergi no ar um anti-transpirante da vontade...

680 Para tramar na minha sorte não é preciso luz, nem linha, basta dela sair e ficar presa entres os nós de nossos nus em rinha de ponto cruz!

679 Quando tua mente de mim estiver vazia e mesmo assim, meu diabo nela entrar, conta prá ele onde escondes teu fogo, o jogo do teu olhar...

678 Que susto! Pediram-me para enxugar 9 kg até dezembro. De lágrimas? De cachaça? Não me lembro? Com dor? A que custo? Será pago ou de graça...

677 A entrega veio rápida como torpedo de submarino atingindo cascos de navios. Um beijo digital que ferveu as águas e acendeu meu curto pavio!

676 Um óbice de saia atravessou à frente do carro de bicicleta, as minhas imprudências me pararam para eu olhar entre panos a esvoaçante atleta.

675 A maior loucura compartilhada é a paixão! Juntos perde-se a consciência, diluem-se memórias e histórias, ela não sacia, nem recobra a razão!

674 Olho para este chapéu de lado, entre o pensar e o apaixonado, ele me alegra, ele me intriga, como abraço cheiroso e apertado de uma...amiga?

673 Colocaram-me em uma máquina do tempo, onde rugas e marcas somem ao toque de um botão, me vi menino apaixonado, roubando uma rosa em botão...

672 Planejam-me tirar do sério, levar-me para o rio da perdição, batizar-me com goles de cachaça, para que minhas incertezas não sejam em vão!?

671 Quase saiu da água quando viu todas as curvas e esses da exímia nadadora vindo em sua direção com a fúria de uma cobra mal matada de paixão.

670 Lambeu as gotículas de suor que brotavam na penugem do pescoço dela, depois respirou o arrepio como um nariz grudado em vidro de janela...

669 Uma vidente banguela dizia por entre os vãos dos dentes que a escolha evidente era só dela e que o prudente era ficar com o marido ausente.

668 Encantou-me ligeiro, só que era mais ordinária que menina nova de shorts curtinho na beira da estrada pedindo carona para caminhoneiro.

667 Visitou a consciência e nada. Tería virado um psicopata cretino sem limite? Queria a balada mesmo ganhando dela apenas um falso convite!

666 Na ausência de todas, comprou um ursinho falante para seu pessoal abuso, com o tempo as frases gravadas viraram gemidos pelo indevido uso...

665 Ao roubar o doce azul do noivo, jamais imaginei que a composição era mal intencionada e fariam da noite um pedágio de cancelas levantadas./.

664 O mel claro e doce de assa-peixe sobre a pele única&exclusiva da morena do sertão, trouxe-me a boca um hálito de novidade em louca intenção!

663 Só em meu canto: canto que assanha, canto que é pranto! Manha de menino que acanha o amanhã, enquanto não voltas revolta-me as tuas voltas!

662 Ao descobrir que o meu tempo não existe sem teu espaço, que meus braços são vazios sem a tua vontade, entendi o significado de eternidade...

661 Em meu corpo, sintomas de transição, dores que se espalham nas juntas, mas cuja origem é clara: são as cascas de minha improvisada mutação!

660 Joguei conflito ao invés de confete, conferi na cara quando deveria ser sutil, depois sem botas e esporas, deitei os pés em covardia senil.

659 Segredou-me sobre seu shampoo de oliva com andiroba, mistura estranha ate' provar o emaranhado dos cabelos dela nos meus prediletos cheiros.

658 Naveguei em filosofia, remei por novos pensamentos, abordei navios de estranhos conhecimentos até aportar no cais de tua sedutora sabedoria!

657 Com um sorriso inoxidável, brilhante e fatal, disse ao namorado que só casaria depois de tirar o aparelho. Ouviu da avó este conselho oral!

656 O que é mais legal? Ganhar 2 massagens seguidas da gostosa da ginástica laboral ou ver o carioca babando de inveja de minha sorte matinal...

655 Tratas-me no twitter como se não me seguisses em verso-vice ou vice-versa, com segunda intenção, em segundo lugar... sem respostas inversas!

654 Quero estar no teu sorvete de goiabada e queijo, quero me esconder no teu chocolate líquido sem alpino e fixar-me sem batom nos teus beijos.

653 Se ao menos Você me adicionasse ao seu desjejum como gotas de algum natural substituto do seu açúcar, eu podería ficar mais dentro de ti...

652 Tudo sería melhor entre eu "e" você se não houvesse este "e"...

651 Explorava o corpo do namorado como um Jacques-Yves Cousteau, escarafunchava entranhas e mergulhava nos pelos ao redor da tatoo art nouveau.

650 Quando percebeu que tinha entrado em seu inferno astral já era tarde, sem alarde, perdeu amigos, brigou com a esteticista e acabou comigo...

649 TENHO ÓDIO DE ETIQUETA de intruções de como lavar que fica raspando a cintura como se fosse unha mal roída de adolescente em primeira TPM.

648 Enquanto isto no submundo escuro do minicontos perversos, o pastor depravado prega a esmo: - não bussatanás teu próximo coma ati mesmo...

647 TENHO RAIVA DE CORRENTES que apelam por lágrimas ou atenção, apresentando as anomalias humanas como se só elas despertassem a compaixão!

646 A se... eu estivesse entre um dos teus esterótipos, nadando como um avatar entre os ícones mais usados da tela de teu novo celular?

645 O cara era um chefe linha dura, um general Pires da ditadura, testava os culhões da tropa frente a frente em reuniões depois do expediente!

644 Joguei lenha na fogueira de tuas vaidades, coloquei pilha no carrosel de tua arrogância, gastei tempo para vê-la feliz, agora é hora de ir!

643 Sei de tua tática de luta-fuga. Sei do teu afastamento cagão. Sei que estás doida para me ver e tem medo de se ver no mesmo grau de paixão.

642 Só ingeria homeopáticos e comida natural: aos oitenta, ainda se esfalfa no ímpeto libero-lenhoso matinal como nos bons tempos de macho alfa.

641 Coração sem limites, cheio de ousadias, que sempre o novo quer provar o que sabes da solidão de tuas tantas fantasias? http://vai.la/1zHn

640 Hoje eu me sinto assim: uma peça rara, de uma grife cara, num cesto de vime, “Deprê” e em liquidação! http://vai.la/1zDz

639 Nada a temer, além do medo. Nada a jogar, além da sorte. Nada a contar, além das contas. Nada a sonhar, além da morte...

638 Os cabelos em cachos caiam sobre os ombros até o umbigo. Uma cascata de noite deixando no ar um cheiro de condicionador de yogurte de figo!

637 Surpreendeu o marido e a vizinha nus no banheiro social. Ao perguntar o que era, ela disse de pronto: só quero emprestado um punhado de Sal!

636 Num tubo do emissário de Ipanema decidi ser Engenheiro, depois fui preso, quando saí, me senti como cocô de viralata secando num canteiro...

635 Se não posso ser feliz ao seu lado, fique pelo menos com o canarinho amarelo, com a coleção de vinil e o buda dourado...

634 A tal calcinha beje poida no tempo era seu único bem, a tratava com merecido cuidado, a não ser quando ía ao drive-in com o namorado...

633 Não sei porque algumas de minhas manias me levam diretamente a Você.

632 Tenho um lado criança e um outro lado cachorro, que quando se encontram eu quase me acabo correndo atrás do próprio rabo.

631 Na encruzilhada deserta, enquanto a inerte bússola aponta para o vazio infinito no instante decisivo da escolha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

FIGURANTE

Miro 26/09/2005


Não cobrarei de ti
o que não me podes dar.
Cobrarei de mim
o que te ensinei a negar,
quando e como dizer não.
Plantei em ti
sementes de liberdade,
colhestes de mim
demente inadequação.

Por isto, não cobrarei de ti
a dor do meu coração.
Embora quisesse culpá-la,
nesta história tu és inocente,
mesmo com prova em contrário
mesmo na contramão.
E eu montado em sela frouxa,
num potro mal domado e manco,
sentindo o chicote do tempo,
trotando feito um encosto,
no deserto de cada instante.
Sem ser mocinho ou vilão,
simplesmente um figurante,
dispensado das últimas cenas,
segurando as rédeas ásperas
de um cavala mortal

SOLIDÃO...

BEIJO DA MODA

Miro 3.12.2005

Hoje eu fico contigo
Como fast food diet
Trocado por tíquetes
Na praça de alimentação
De um shopping qualquer

Dar-te-ei o beijo da moda
Com gosto do chicletes da hora
Não perceberei teu silicone
Quando em minhas mãos
Eu ir além do teu sutiã.

E por de baixo de tantas etiquetas
Sem passado e nem palpites
Exploraremos os nossos limites
Tu me mostrarás teus piersings
E eu as minhas trashs tatoos

E quando tudo for conhecido
De cada um de nós entre nós
Desataremos o frouxo nós
Na fumaça de um cigarro
Zelando por alguma paz

Assim tu puxarás teu carro
E eu vazarei sem rumo
Para que o nosso sempre
Seja a partir de agora
Um eterno nunca mais

AMIGOS, CARTOLAS E LIVROS!

Miro 17/12/2004

Algumas coisas na vida são coincidências,
As demais, a memória esquece.
Um encontro é mais que um sinal
Senão nem acontece.


Amigos não são secretos
Guardam segredos, fazem projetos
São mágicos como o encontro
Tem cartas na manga
Seguram para o outro a canga
Fazem uma sopa do que resta do osso
Mas também partilham o riso
Tiram de suas cartolas, surpresas
Como uma bússola para um mato grosso.

Amigos são como bons livros
Que não se para antes de totalmente lidos
São como música
Que exigem bons ouvidos
São como cobertas macias
Para se dormir protegido
São livres como a natureza
Pela divindade, ungidos.

Há almas que nos são especiais
Outras, de tão óbvias, no coração não crescem
Umas poucas pessoas nos são diferentes
O resto, nem aparece.

Coração Descuidado

Coração descuidado
louco de tanto querer
do nada tira a fissuras
de impossíveis vontades
não temes a saudade
ou o ciúme incontido e franco?

Coração desprotegido
em busca de sutis sensações
divide-se em mil pedaços
que flutuam livres ao vento
colorindo o céu cinzento
de um retrato em preto e branco!

Coração sem limites
que sempre o novo quer provar
o que sabes da solidão
de tuas tantas fantasias?
E até quando tua ousadia
saltará teus próprios barrancos?


Miro (18 de dezembro de 2003)

“Deprê” e em Liquidação

Miro 17.fev.2005

Hoje eu estou assim
Uma especiaria em oferta
A vitrine coberta
Avisos que não aceitam troca
Prateleiras de papelão

Por estar mais barato
Todos me pegam
Experimentam-me
Depois amarrotado
Jogam-me no chão


O brilho escondido
O valor aviltado
O preço riscado
A etiqueta rasgada
Passando de mão em mão

Não mereço nem sacola especial
50% off, abaixo do custo
Compram-me no susto
Em vezes, em cheques, 3, 6, 10
Ou sem juros, no cartão


Alegria de falsos ricos
Ter um autêntico “loui”
A preço de “falsifí”
Pagando o que não podem
Num carnê de ostentação

Hoje eu me sinto assim
Uma peça rara
De uma grife cara
Num cesto de vime
“Deprê” e em liquidação.

Escolha

Miro 7.9.2005

Não vou negar
nem dizer que sim
esta dúvida me pertence
com toda certeza
só quero estar seguro
que o risco é inevitável
que o improvável acontece
nos mais simples encontros
que se complicam depois
que os fantasmas esmorecem

Não quero negar
o que meus olhos não veêm
ou o que sente o coração
nos presságios incertos
na incontrolável intuição
que bate na nuca
abalando a fé do momento
um corticóide na vida
que espalha no sangue
um batalhão de inseguranças

Também não vou ficar
parado na velocidade
que aperta a respiração
na asmática atmosfera
de uma opção infantil
bebendo água de poço
na encruzilhada deserta
enquanto a inerte bússola
aponta para o vazio infinito
no instante decisivo da escolha

PEREGRINO 49

Miro 06.12.2005


01 Havia um tempo para ser gasto
02 Havia um espaço a ser ocupado
03 Não era questão de dinheiro
04 Algumas culpas, desafios e muitas dívidas
05 Nem era função de saúde
06 Mas a dor estava presente
07 E com ela a destilação de uma vida


08 Havia um caminho a ser seguido
09 Havia uma caminhada a ser esquecida
10 Cada pedra pontiaguda na sola do pé
11 Era uma dor que se tornava pó
12 Esvaziando a mochila da memória
13 Em novas pedras, tropeço a tropeço
14 Passo a passo em tantas histórias


15 Ainda havia ressentimentos antigos
16 E havia o apego às ilusões impossíveis
17 Uma porção mofada de dores e utopias
18 Atacando como pregos de procissão
19 Os calos em caos que dançavam nas meias
20 E se concretizavam em fome, sede, cansaço,
21 E numa velha doença: a mais sólida solidão


22 Havia um resto de uma saudade jurássica
23 Mas não havia mais nenhuma eterna paixão
24 Até que a dor cedeu, sumiu e em seu lugar
25 Veio uma completa exaustão do mundo
26 Um não pensar ante o tanto do exercício
27 Com a dopamina invadindo o cérebro
28 E deixando o corpo em êxtase profundo


29 Não havia mais recursos nos bolsos
30 Não havia mais como pedir ajuda
31 O nada se fazendo em silêncio
32 E no silêncio o tudo era muito longe
33 Um eclipse total num Sol de meio dia
34 Que extraiu as cores vivas da retina
35 E deixou um não pensar de velhos monges


36 Não havia mais realidade interna
37 Não havia mais que um deserto para o olhar
38 Estranhas formas; bizarros e breves vultos
39 Imagens soltas de conteúdo divino
40 Dando sentido ao desalinho do chão
41 Até que uma verdade cristalina
42 Fêz-se luz em minha primal confusão


43 Não havia mais cegueira nos olhos
44 Não havia mais cortinas de pó
45 Só um transcender sujo e contente
46 Íntegro: por me sentir homem e menino
47 Lúcido: para ver o mundo com esperanças
48 Com a sabedoria dos antigos peregrinos
49 E a paz interna de qualquer criança

A Um Quanta do Purgatório...

Miro 1.11.2005

Estou quase por um triz
No fiel de torta humanidade
Entre o exímio e o incapaz
Feito sábio virando aprendiz
Sem documentos de identidade
Sem certezas além das mudanças
Entre o ontem, o hoje e o amanhã
Em guerra para obter a paz
Correndo pelado e infeliz
No frio de uma nova manhã...

Já não vejo mais diferença
Entre o batom da meretriz
E o martelo de agua raz
De algum corrupto juiz
Há semelhanças sutis
No zap de qualquer TV
Onde um velho galã é capaz
De um beijo técnico na atriz
Como em Brokeback Mountain
O cowboy e seu capataz...

Os selos mil vezes fotografado
Entre o prícipe e a plebeia
Ou no casamento desarranjado
Do craque e noivo pato
E a potranca internacional
Tudo é igual ao beijo dado
Num barato filme pornô
Pois quem não paga para ver
A intimidade de um famoso
Seja cult, trash ou deprê...

Não vejo muita diferença
Entre dedos no terço da beata
E o médio em ferro da sapata
É só uma questão de crença
Será recato ou pecado?
Existe o falso que vira certo
O não que acaba em sim
No festival das vaidades
Fantasia é realidade
No silicone na drag queen...

E se a utopia dos sonhadores
É como um livro proscrito
Em secreto porão guardado
Onde está livre da praticidade
E pode até parecer realidade
Como saudáveis baiconzitos
Ou mentiras que viram leis
No discurso improvisado
De um analafabeto político
Que de tão mau, vira bom, vira rei...

Há um carnaval de notícias
Um frevo de discussões
Um maracatu de sevícias
Que são logo esquecidas
E tudo fica por isto mesmo
Na pizza que vem depois
Só não passar a esmo
Por esta teimosa hipocrisia
De dividir o mundo em dois...

Estou a um quanta do purgatório
Boarder line e também indigente
Entre o esquecido e o notório
Errando corretamente
Colhendo o certo no errado
Sabendo que é não consciente
Qualquer opinião em percalço
Seja negro, mulato ou ariano
Seja rico, probre ou mediano
Seja vero, provável ou falso...

Tudo isto navega em mim
Como líquidos ainda missíveis
Sem princípios, meios ou fins
Chacoalhados em tombos precisos
De meus frágeis pés embotados
Na grama orvalhada do ciso
Entre demônios, homens e querubins
Sob a sombra de astros polares
Na escuridão de velhos metrôs
Sem tempo, sem roupa, sem lares...

Reflexo Lunar



Miro 11.02.2004


Reflexo lunar
Tornando evidente
O sexo das sombras
No crespo primário
Das ondas do mar


Inversos sentidos
Eclipse estranho
Pés nas cabeças
Bocas distantes
Em cochos lambidos


Fios de lama
Na língua veloz
Lábios firmes
Um gozo egoísta
Fluindo na cama


Vórtices famintos
Dilatam a carne
Corte na entranha
A concha se abre
À espada de pedra


Raios cruéis
Rápidos indecentes
Queimam as coxas
Afogam os fogos
E estouram anéis


Chave de pés
Buraco negro
Pêndulo no ventre
Sodoma vazão
De loucas marés


Chove paixão
Molhada agonia
Tremores na terra
E um corpo amolece
Largado no chão

REDECISÃO

Miro 28.01.2003

Volto ao jardim enevoado
De minha infância distante
Para colher um espinho
Impertinente e constante.

Ele dilacera meu peito
Em inestancável ferida
Não protege mais minhas flores
E só existe por que lhe dou vida.

Não sei como encontrá-lo
Só sei que incomoda
Com indefinível sensação
De um sabor surrado, fora de moda.

Quero dele me livrar
Mas é difícil desapegar
Do que um dia me protegeu
De arma que me foi tão útil.

Com asas alguém me conduz
No labirinto de tantas lembranças
Delas um sofrimento arranca:
Desconcertante humilhação!

-Não quero me sentir pequeno
Sozinho e sem proteção!
-Não quero mais a vergonha
De não ser a perfeição!

-Redecido meu ego livre
Sem scripts inevitáveis!
Fortalecido em minhas escolhas
Triunfador de meus próprios males.

Processo sozinho meu lamento
A última lágrima pela mágoa antiga.
Depois me recomponho atento
No colo de pessoas amigas.

Borboletas

Miro 27.12.2005


Sonho que borboletas passam
Voam sobre a minha cama

Pego uma com as mãos
E ao abrir vagarosamente

Vejo que são duas
Uma vermelha e branca brilhante
Em minha mão esquerda
E outra verde e dourada
Deixando marcas na outra mão
Solto-as ao vento
E elas vão
Deixando em minha pele
Uma gostosa sensação
De que delas tive o melhor
Enquanto foram minhas
Prisioneiras casuais
De minhas precisas mãos

Meus olhos já não as vêem
Mas elas estão comigo
As cores que deixaram e mim
Subiram pelas minhas veias
E há muito moram no meu coração
Vivem como em casulos
De vez em quando se soltam
E de novo borboletas
Pintam a tela inteira da imaginação
Não há nada mais leve

Mais suave que estes momentos
De intensa lembrança e emoção
Onde asas tão frágeis
Fazem de minha fantasia de menino
A flor eleita para retirar em êxtase
O meu pólen mais divino.

SACO XADREZ

Miro 7.9.2005

Quando sem proteção
Vagava ao vento
Em busca do pó
Que fizesse na pele
A necessária casca
Para enfrentar os medos

O dedo em riste
Apontava a volta
Ou a porta da rua
No saco xadrez
Um tênis e uma Lee
Além do velho cobertor

O frio do estômago
O feio da noite
O fio da navalha
Um filho sem pai
Um fato consumado
O fim da infância

A única lágrima
Secou as demais
Endurecendo o peito
E o nó da garganta
Não se desfez no tempo
Por falta de documento

Hoje de ombros cansados
Não quero mais os pesos
Guardados na memória
A raiva conservada e quente
A ausência infinita
Da semente que me fez.


* Para meu Pai

Sacis & Sereias

Sacis e Sereias

Por um indecifrável mel que me saliva
Nas quartas noites das semanas:
De que cana será feito o destilado aqui?

No invisível véu, caro caldo de Salinas
De que moita tirar o pior saci?
Como lhe roubar malandro seu louco chapéu?

Os inverossímeis céus dos meus desejos
Que se abrem aos cantos das sereias
Em strip-teases rápidos e furtivos beijos
Onde como a culpa como se livra um réu.

Imperdoável “ao léu” de um querer
Que de qualquer prato faz comida
Temperado pelo cheiro barato de mulher
No escuro quarto de um bordel.



Sereias e Sacis

No escuro quarto de um bordel
Temperado pelo cheiro barato de mulher
Que de qualquer prato faz comida
Imperdoável “ao léu” de um querer.

Onde como a culpa como se livra um réu
Em strip-teases rápidos e furtivos beijos
Que se abrem aos cantos das sereias
Os inverossímeis céus dos meus desejos.

Como lhe roubar malandro seu louco chapéu?
De que moita tirar o pior saci?
No invisível véu: caro caldo de Salinas!

De que cana será feito o destilado aqui?
Nas quartas noites das semanas:
Por um indecifrável mel que me saliva.


Miro 09/03/2004

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Estou Passado

Miro 11.11.2010


Estou passado
com o presente
do teu ausente
no meu viver.

Estou agitado
para ir embora
para dar o fora
de ti correr.

Estou com medo
de querer voltar
de querer ficar
de me arrepender.

Sinto que é cedo
para mais mentiras
para tanta ira
no amanhecer.

Estou chateado
com a seqüência
de tua ausência
no meu prazer.

Estou cansado
de te esperar
de te chamar
de te querer.

Sinto que é tarde
para recomeçar
para perdoar
meu louco ser.

Sou um covarde
não sei voltar
não quero olhar
o teu sofrer.

535 a 630

630 Às vezes arrependo-me da escolha, às vezes. Às vezes fico irritado com o que fiz, às vezes. Às vezes não quero escolher ou fazer nenhuma vez

629 Comprou um alforje de couro duplo para sua Harley Super Glyde Dyna, agora era só convidar a roqueira para um passeio de moto até Antonina...

628 Enquanto ela dormia marcou o rosto com a silhueta Lacoste da camisa do ex-namorado, que feliz, chorava o remember como um crocodilo saciado!

627 Comprou uma plataforma vibratória tonificante, voltou cedo e pelo espelho, flagrou a mulher e a amiga no aparelho em atitudes interessantes!

626 Almoçou sozinho no Divine: entrada, vinho, prato especial e sobremesa. Depois, satisfeito, saiu em busca de uma massagem tailandesa...

625 Quero ser mais que o úmido de sua sensualidade latente, como um temporal de verão em Florianópolis: inesperado, inundante e contundente!

624 Varreu a casa de todos os lados em cruz, conforme ditou o guia ao seu pai de santo. Esborrifou água benta e rezou por ele em quatro cantos!

623 Aquela voz de travesseiro de pluma de sovaco de ganso dinamarquês virgem, causava nos tímpanos dela sensuais vontades e intensas vertigens!

622 A um quanta do purgatório, boarder line e indigente, entre esquecido e notório, errando corretamente... http://migre.me/2hsJA

621 Costume pra lá de parceiro: lavar roupas íntimas um do outro com as próprias mãos sob o chuveiro, enquanto as pistas escorriam pelo bueiro!

620 Desespero financeiro no Pronto Socorro de Prudente. Uma placa da Cipa na parede jazia pendente: "1500 dias sem nenhum grave acidente"

619 Minha lavadora velha na hora da centrifugação parecia médium incorporando, quando girava para esquerda melhor era ficar em casa descansando.

618 Se uma mulher arisca arrisca e morde a isca e o pescador nem pesca a dor que lhe belisca, tráz pro bote o mote para imolar-se em tal faísca.

617 Quando me sinto forte enfreto a morte e os conselhos como se soubesse da dor do parto, mas quando estou farto não me colho nem nos espelhos.

616 Não quero que me vejas assim feito um franzino menino, deprimido, sem forças, como se não soubesse dar conta dos desatinos do meu destino...

615 Ela jogava bola com guris. Roupa completa de goleiro. Acostumou-se tanto à posição sem grama, que como um Jipe, só na lama se sentia feliz!

614 Quando olhei a Praia de Calhetas e sua rara beleza, imaginei que uma mulher gigante ali tinha impresso para sempre sua mais íntima natureza!

613 Ía para o nordeste quando fui preso no Rio. Tempos de hippie, de amor sem comida. Viajar, só de carona! Agora vou, debaixo de qualquer lona!

612 Qualquer dúvida ligue! Qualquer dança me convide! Qualquer certeza me fale! Qualquer dia apareça! Qualquer dor me avise! Só não me esqueça.

611 Leva-me ladeira abaixo de Olinda, através da multidão de sombrinhas, ensinando-me a beijar no fervo do frevo e ao som de velhos maracatus!

610 Do Japão veio um belo Bonsai, galhos amarrados em finos fios de prata de qualidade superior: nele projetei minha paixão estancada pela dor!

609 Quando escolhi o caminho de pedras, não foi para enganar os outros que eu andava sobre as águas, foi porque queria destilar antigas mágoas!

608 A espera de uma excêntrica quimera ou quirera erótica? Entre o leão faminto e uma cabra exótica há um dragão de impossibilidades neuróticas!

607 As lavas do vulcão da ira escorriam pela face descongelando o ódio interno. Aí tem! Foi a última frase discernida antes de criar um inferno!

606 Não li nada sobre Você, pensamentos e intuição omissos: olhos tristes, teu sorriso contido, nem percebi tua agenda lotada de compromissos...

605 Há coincidências que são acasos mesmo! Outras parecem obras do medo ou de misterioso dedo sendo colocado nas entranhas do que parece a esmo!

604 Varri ela inteira com meu olhar de patife cachorro. Ela era linda dos pés ao pescoço. Com uma almofada de cetim devorei-a em carne e osso...

603 Mudei de idéia de vez, quando vi o fiapo de calcinha sumindo no cofrinho da calça Saint Tropez. Ela era muito melhor indo do que vindo...

602 Vende-se cueca verde-amarela pouco usada! Motivo 2 vice-campeonatos de voley feminino, 2 copas do mundo sem nada e uma lava-louças quebrada.

601 Punha ou não um ofurô na sala de jantar? Os amigos acharam uma ousada besteira, mas as amigas disseram que era uma nada sutil ratoeira...

600 Quando o macaco velho escolheu a maior banana, iniciou-se uma guerra dos farrapos que só terminou quando pôs na cabeça uma florida bandana.

599 Será que o segredo da vida masculina é acreditar que elas sempre nos escolhem? Olhamos com evidência, mas quem nossas abordagens acolhem?

598 Reflexo lunar tornando evidente o sexo das sombras, no crespo primário das ondas do mar. http://migre.me/2fBHu

597 Num canto do bar, falou-me ao ouvido que queria dançar:-Daquele jeito atrevido, de gitano ao redor de fogueira, com violino a luz do luar...

596 Enquanto houver um bar aberto na velha cidade, há de haver motivos para comemorar a ausência daquela antiquada saudade.

595 Desloquei meu eixo de atenção só para as tuas necessidades. Percebi egoismo e distância, então sai de tua vida com uma secreta repugnância.

594 Quando todas as chinchilas fugiram da grande mochila através do buraco da saudade, veio uma loba faminta e acabou com minhas ingenuidades.

593 Pensei em queimar as poesias antigas, só por causa daquela paixão mal resolvida. Resolvi publicá-las, para ver se causava saudade ou briga.

592 Ela colocou em minha boca um dos seus seios em riste, brincou comigo até ficar com o olhar parado nas estrelas, entre o feliz e o triste...

591 Escrever no escuro a luz de vela, só para não perder a inspiração que por ela aguentaria qualquer assombrado casarão sem vidro nas janelas.

590 A vida era um sopro de ar quente na cara suada debaixo do mata febre, depois de escondermos uma na cartola da outra nossas inquietas lebres.

589 A brincadeira acabou com a pipa enroscada no fio de luz, os dois sentados no meio fio praguejavam contra a sorte de suas taquaras em cruz.

588 O cobrador do velho ônibus do interior pediu que todos dessem um passinho para trás. Era só o que queria para encostar nela um pouco mais.

587 Temperou o carneiro como aprendeu com sua avó em Jerusalém, serviu o vinho e esperou a primeira garfada para fisgá-lo muito bem!

586 O Dvd, a lasanha no forno, o vinho sobre a mesa indicavam noite de cinema em casa. Insensível ela programou o microondas e sumiu a francesa.

585 2400 km de estrada ate o Mato Grosso, 3 amigos de moto, chuva fina que não parava, até que a última caiu na segunda lombada de Guarapuava.

584 Era hora de empolgar o público com um grito de guerra. Afônico e já sem forças. Levantou o dedo em V antes de mergulhar no chão de terra.

583 Mel tinha doce no corpo digno do nome. Sempre na passarela, despertava inveja e paixão. Como abelha rainha depois do coito matava o zangão.

582 Havia liberdades que não estavam ao seu alcance, mesmo assim jogou com a sorte e conseguiu sair de sua prisão doméstica em um único lance...

581 Quando começou o caminho de Compostela, previu andar 25 km por dia. Isto até encontrar aquela holandezinha loira na primeira Albergaria...

580 Criou coragem e seguiu para o mosteiro em busca de paz para os seus desenganos. Conviveu em silêncio até descobri os cânticos gregorianos!

579 As amigas já estavam no bar sertanejo. Calçou as botas, perfumou sua tez, pôs a saia perversa e piersing no umbigo! De lá ligou para o ex...

578 Antes de viajar preparou a mala com calcinhas embaladas em pétalas de rosas vermelhas, queria estar pronta para o próximo futuro namorado.

577 Enquanto teu cheiro não sair dos meus dedos vou ficar lambendo-os e sentindo teu cheiro feminino em lembranças doces de teus surdos gemidos!

576 Meu primo namora uma gatinha que é um estouro. Em segredo a chama de cadela, queria que fosse santa e ela que só é bela, o chama de touro...

575 Espaço justo do reconhecimento, não tem como e nem porquê: exato momento que num ato de amor e fé, eu descubro e realço Você, como Você é!

574 No fundo da taça um resto de vinho tremeu com o passar do trem. No berço o sono do filho. Era o momento exato para o casal sair dos trilhos.

573 O vento zumbia na janela aberta. O frio por entre as frestas era sentido embaixo das cobertas. Os dois se apetaram em conchinha esperta...

572 Caro Sr. Macaco, tenho um pedido para Você: favor criar uma anãzinha safada para o patife, cafajeste, canalha, robô sado-masoquista do MCP!

571 O que acontece quando o vinho abaixa a pressão de musas, que confusas sobem nas mesas, tiram as blusas e mostram o melhor de suas naturezas?

570 Quando vi aquela barriguinha em óleo de amêndoas besuntada, imaginei ela escapando dos dedos, subindo pelas paredes em tara desgovernada.

569 Parecia que todos tinham escovado os dentes com rimel, os sorrisos coloridos pelo vinho da moda conduziam brindes ao bom astral da roda...

568 Estou passado com o presente do teu futuro ausente no meu viver. Estou cansado e agitado com teu silêncio postal: NUNCA MAIS...QUERO TE LER!

567 Quando recebeu a saliva escarrada na cara por uma lhama no deserto do Atacama, teve um insigth gosmento: - Hora de parar com seu isolamento!

566 Quando recebeu a saliva escarrada na cara por uma lhama no deserto do Atacama, teve um insigth gosmento: - Hora de parar com seu isolamento!

565 Preocupa-me toda vez que ela passa mais de 24 horas longe do twitter, sem dizer nada. Será que é TPM, não pagou a conta ou arrumou namorada?

564 Todas as manhãs tinha idéias de mudar o mundo projetadas no seu teto, depois virarava-se de lado e cochilava até esquecê-las por completo...

563 No anel de barro ao redor do vidro, uma pequena inscrição feita com um estilete de bambu: só coma esta pimenta se tiver esfincter de urubu!

562 Misteriosa máquina de comer twitters atacou a rede de forma inusitada, com tanta bobagem no estômago vomitou tudo até ficar estragada...

561 O casamento era de grande pompa e tudo ao contrário: noiva grávida, padre safado, noivo otário. Juntos, juraram ficar para sempre separados!

560 Liberada como virgem leiloada no interior do Mato Grosso, saiu de casa em busca de alguns trocados para temperar sua sopa com qualquer osso.

559 Vou virar Prior em Trancoso, povoar a história com meu DNA através de filhos de netas de escravas, lendo a Arte da Guerra numa taça de cava.

558 Os 4 sinais de afinidade: a dança, a pele, o beijo e o cheiro. Se um deles for desrespeitado, acaba-se com o dedo na garganta num banheiro.

557 Abriu o Minicontos Perversos como livro de auto-ajuda, o texto falava de sexo oral.-Que bom! Já poderia quebrar seu voto de silêncio sexual.

556 Do banheiro ela convidou mais dois amigos para a vernissage:-Não tem muita comida, a bebida é razoável, venham que não vão perder a viagem!

555 No All Star sem cadarço lia-se a sua situação de descomissionamento mental. Virou num gole a Chiboquinha e iniciou seu retiro espiritual...

554 O gosto acri-doce dela grudou na lingua como manteiga recém batida a mão. Depois delicadamente disse que a minha boca era a sua perdição...

553 Quero as mesmas tuas manias, comer os dedos, deixar louça suja na pia, cantar no banheiro, com vento morrer de medo e babar no travesseiro!

552 No meio da crise conjugal, jurou vingança! Só havia um modo de compensar a absurda falta de lealdade, mentir sobre a sua própria castidade!

551 Vou gritar por socorro enquanto corro ciclos de pouca insanidade, pois depois que não for normal, mal terei tempo para tua louca polaridade.

550 Vaca vadia! Assanhada! Depois estalou um tapa incontido na bochecha da safada, que se despia descuidada em frente a janela do seu ex-marido.

549 Lembrou-me Barbarella, no filme de Vadim, com sua pílula de efeitos mundanos. Seduz-me como ao anjo Pygar, mas quer o que em mim é Dildano!

548 O que queres, meu amigo? Não sou teu amigo, sou Van Gogh! Quero todos os lápis amarelos, para desenhar no teu muro campos de cevada e trigo!

547 Hoje vou num bar sertanejo, aqui mesmo na capital. Vou ver quem a muito não vejo, desde quando fugi do delegado, lá da minha terra natal!

546 Pensar que meu ciclo já acabou e que tenho que ficar esperando a próxima sessão que só começa daqui a 40 dias, dá angústia, dá agonia...

545 Quero ir embora prá Visconde! Lá tem uma cafeteria igual a Paris! Onde uma donzela balzaquiana fala da vida alheia sem medo de ser infeliz!

544 Walter perguntou: As novidades? Ela está grávida! De quanto? Uns 15 minutos, se mais cedo Voce tivesse chegado, acho que tinha sido evitado!

543 Solicita perguntou-me: Há algo pior que o exame médico demissional programado? Constrangido respondi que sim e ambos deixavam-me arrombado!

542 Velha amiga não perca tempo: minha capacidade de altista heremita solitária nas quartas-feiras sem bingo deixa-me insociável até domingo!

541 O ego em desalinho exigia retratação! Não era pelo ciúme ante a insinuação da amiga, tinha atingido o cume e a hora era de briga e confusão!

540 Quando caminhei pela primavera dos teus carinhos, colhi flores e sementes, que na minha mente se fizeram poesia em rastros de nostalgia...

539 Quando o vira-lata cobriu a moça bela que se oferecia de quatro, a matilha de cadelas espumou de raiva ante o grau de diversidade do ato. MO

538 Vou buscar sorvete de queijo com goiabada, um gastronômico encontro shakespeareno que para ser saboreado precisa da boca de minha namorada!

537 Sua missão era clara: punir quem jogava paciência e estava no twitter ligado. Algumas mensagens depois, pediu para ele mesmo ser exogenardo!

536 Ao apertar a campainha com seu chapéu texano, jamais imaginou que ela estaria vestida de vaquinha, mesmo assim abraçou-a com laços e planos!

535 Na sala de reuniões o clima caia como martelo em bigorna: Onde estão nossos valores morais? Por de baixo da mesa pés roçavam-se sensuais...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vela Anônima

Miro 14 agosto 2005

Ao vê-la anônima caminhar assim tão bela
uma silhueta africana em atitude extrovertida
emoldurada por uma delicada saia amarela
diante de tantos aceleradores em estilingue
parei meu carro muito além da faixa permitida
no espaço lento de teu andrógino swing.

Parei meus pensamentos num sinal que veio
com os movimentos tantos de tua aberta saia
no sopro quente de um Sol de caribenha praia
transpondo firme os lixos físicos do meu olhar
arrastando minha retina entornada no passeio
como um gigante trator de pás... Caterpilar.

Tu gingavas por entre os vãos da turba sonolenta
driblando a neblina do sempre e o ritual dos retos
prendendo meu olhar em desejos delinquentes
vindo da força sutil de tua dourada vestimenta
por entre os cortes formais de ternos penitentes
além dos grafites sujos nas paredes de concreto.

Molhei as asas na cadência de teus gestos hidros
estacionei em local proibido e em dupla faixa
na contramão gelada, paguei as multas da libido
sentindo algo inóspito... um tesão fora da caixa
e ao vê-la anônima fixar-me através do vidro
amarelou-se em mim qualquer teor pré-concebido.

Uma semideusa hermafrodita em casual esquina,
ardendo em rajadas de ventos, em vertical postura
uma vela anônima na laje fria de matinal loucura
luzindo fachos de hipnotismo por todos os lados
atraindo-me como indefinível sombra feminina
no amarelo esvanecente do semáforo fechado...

Hipertensão

Miro 11 de fevereiro de 2004

Fazer de conta que está quase tudo bem
quando por dentro a pressão me consome
e some com qualquer velho desejo insano
em hipertensão que ao peito me detona
tornando a vida um caldeirão sem água
onde um fogo diluído nas artérias ferve
silencioso e sem razão como impunidade
dando a impressão de uma calma ferida
falsa trama ante a alma que flamba rubra
onde cozinho tempo sem água ou temperos
desespero inevitável de insosso amanhãs
criando vazios em canteiro de resmungos
plantando tédio, mármores e murmúrios
sentindo o amargo de tantos vis remédios
posseiro de terreno cardíaco esturricado
onde o medo e a dor em par transitam
pisando no denso pó árido e sem húmus
com calos de muita novas impossibilidades
só não quero o sal de tuas claras lágrimas
nem páginas de consolo ou de auto ajuda
muito menos conselhos de terceiras penas
quero ficar com o lento do próprio desatino
até que do meu solo interno estéril e nú
brote alguma energia em total desespero
como aurora boreal que furta alguma cor
ou que do inusitado de uma paixão serena
transforme as forças internas que reprimo
em motivos para transgredir o status quo...

Cães & Pulgas

Miro 5.10.2006

Os cães do inimigo ainda estão em nossos quintais,
farejam a cerca que nos prende aos anos sessenta,
querem o osso do amor e a paz que ao dono se opunha,
demarcam territórios com o podre de seus humores!

Ainda não descobriram nossas portas, nem os sinais,
sabem que algo nosso está sob a grama cinzenta,
raivosos raspam o chão com o aço torpe das unhas,
agitados, atentam para os menores sons e odores!

Revistam tudo com negros focinhos e verdes domos,
eles não têm nome, identidades, muito menos casas,
querem nos dentes a carne que o tempo não julga...

Latem para o vazio incômodo de tudo que já fomos
afligem-se mutuamente com ganidos ante nossas asas
mas sem saber, nos carregam nas próprias pulgas...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nojo

Miro 5.11.2010
não sei qual a pior verdade
saber que Você não me quer
que um nada em ti me expulsa
que importas com minha idade
que nunca serás minha mulher
que minha pele te causa repulsa
que és indiferente ao que sinto
que sou igual a qualquer um
que não serei um ser especial
que sou só um animal extinto
que o que terei de ti é nenhum
que nada será além do normal
que meu verso é um entojo
que minha boca a tua afasta
que tua nave em mim não voa
que por mim tu sentes nojo
que minha presença te desgasta
e meu cheiro sempre te enjoa...