sábado, 1 de dezembro de 2018

Mato de Nascente - Rio Belém


Miro 1.12.2018


Com os pés descalços 
alço um vôo sem asas 
busco no mato nascente
teu riacho sem encalços.

Enrolo-me na relva rasa 
preso à cipós pingentes
que do chão se espalham
e atrapalham meus pés.

Fecho os olhos sem crer
para decolar interna fé
ouvindo cantos e folhas.

Indígenas vozes me calam
e me falam de escolhas
que não preciso fazer. 

Limalhas Frias

Limalhas Frias

Miro 30.11.2018

Este fino aperto em meu peito,
contém e altera minha respiração 
me deixa com os ombros à frente,
como pena de quem é inocente!

Fico assim restrito e sem ilusão,
como um anjo pego em indecência
revoltado e em silencioso sem jeito
por tua mordaça conveniência!

Lesas-me num amigo gozo escasso
quando rasga um véu que não cai
e me calça os pés com ausente chão. 

Não sei o que pensar nem o que faço
Sinto-me um ímã usado que só atrai…
limalhas frias do teu ferro coração. 

Pequenos Vínculos Partidos

Pequenos Vínculos Partidos 

Miro 1/12/2018

Tão pequenos como fio de teia
ou um trapo de seda esgaçado
réstia de poeira no chão quarto
ou agulha fina destruindo a veia.

Um cabelo só no lençol amassado
cordão umbilical de abortado parto
um risco de grafite solto no papel
último gole na garrafa solidão.

Lágrima secando no lenço seco 
um rastro de avião sumindo no céu
chave partida de tranca sem portão.

Passo sem rumo diante de um beco
retrato amarelecido na gaveta vida
uma poesia para sempre... esquecida!

Silêncios

Silêncios

Miro 1.12.2018

Existe um silêncio
que não é de tristeza
nem de mental reflexão. 

Se pudesses ouví-lo
ficarias surda.
Se pudesses tocá-lo
serias ferida.

Existe o silêncio
que pela falta de lanheza
açaima a indignação.

Não há como quebrá-lo
sem dor que aturda
Não há como contê-lo
sem romper a vida.

Existe ainda o silêncio
afilhado da fraqueza
e da interna confusão.

Não há como tirá-lo
das idéias absurdas
Pois é lã sem novelo
em tramas bem urdidas. 

É o pior dos silêncios
pois filho da incerteza
vinga tua falta de atenção!