quinta-feira, 31 de março de 2011

Volta meu Amor...

Miro 24.12.2006

Volta meu amor
espelho de minha alma 
volta para mim
acaba com esta tristeza, 
tanta dor 
a solidão 
que hoje parece 
não ter fim!

Perdi meu tempo sem te ver
perdi bons ventos sem querer
perdi a história de nosso bonde
perdi Você!

Perdi meu jeito de viver
perdi teus passos e carinho
deixei meus sonhos no caminho
quando perdi Você!

Perdi meus olhos de tanto ver
perdi sorrisos em outros risos
perdi a essência do meu ser
perdi Você!

Perdi meu rumo pela vida
perdi na escolha do que ter
deixei meu barco a deriva
quando perdi Você!

Por isto volta meu amor
espelho de minha alma
 volta para mim
acaba com esta tristeza, 
tanta dor 
a solidão 
que hoje parece 
não ter fim!

Exausto

Miro 24 de dezembro de 2005

Quando Você vier
eu estarei exausto
de tanto te amar...

De poesias colher
espalhadas no chão
tonto de esperar...

Quando Você chegar
eu estarei cansado
de tanto mar...

Estarei no meu bar
um barco a deriva
sem navegar...

Querendo nível
água de poço
pra me saciar

Quando é possível
teu sorriso largo
me agradar?

A hora é agora
quero o meu rumo
aqui é teu lar...

És minha senhora
estou sem forças
para te buscar...

Ebó

Miro 31.03.2011


Tambores da África transpiram Orixás e Exús
giram ao redor saias vermelhas de pomba-gira
sobre minha cabeça teu corpo em pecados nus
terços, tridentes, velas, perfumes, intenso noir
no prato de barro minha carne em pedaços crus
tua foto cara mistura-se na taça de champagne
demando teus desejos no frio de meu catre azul
caio em transe consciente do teu asco por mim
convulsivo pranto dilata olhos em ódio da cruz
não sei te perdoar, quero hoje e sempre te amar
o fogo da pólvora protege leste-oeste-norte sul
sacrifico por ti minha vida em flagelos artificiais
meu mau é Você, sem Você sou sombra sem luz
paralisado entre ponteiros e riscos de pembas
fujo do mundo de paranóias e complexos tabus
mato o moribundo amor que não quer morrer
livro-me de tuas teias e versos que não compus
volto torto ao Ebó que me consome em solidão
cumprindo todo castigo que esta paixão faz jus...

PuLsE

Miro 17.12.2005

Faça a conta
de quantas taças
entre tantas danças
nós demos conta
entre tantos nós
nossos outros nós
e quanta distância
quântica ânsia
no mesmo
instante
entre nós
o junto
e o distante...

Não pense
não tente
apenas PuLsE
apenas faça
non sense
contente
impulse
em tua graça!

Uma morena voz
killing me softly
Leilah Moreno
em cima de nós
sorrindo pra ti
without care
puro veneno
louca balada
with his song
a graça de tua risada
um quer ou não quer
champagnes aladas
em taças quase fatais
outros artistas
dedilhados sinais
quiz o destino
ser livre na pista
um velho menino
uma menina mulher
um raro encontro
de paralelos ais:
eu sempre pronto
no teu jamais...

Apenas PuLsE
apenas faça
não pense
não tente
impulse
em tua graça
non sense
contente!

Depois no carro
o vento na cara
a tara do tempo
a certa e o errado
um frio na retina
no teto conversível
um céu estrelado
a viagem possível
houses and trances
num hot dog sem vina
com todos os molhos
cadenciando o peito
marcando meus olhos
em lúcido transe
que repete sem jeito...

Contente
em tua graça
non sense
impulse
não tente
apenas faça
não pense
apenas PuLsE!

Faça a conta
de quantas taças
entre tantas danças
nós demos conta
entre tantos nós
nossos outros nós
e quanta distância
quântica ânsia
no mesmo
instante
entre nós
o junto
e o distante...

Lesado

Miro 16.01.2006

Hoje acordei lesado
a cara marcada
o nariz esfolado
por ter ido mais fundo
que o duro fundo
de uma piscina

Hoje acordei machucado
o peito dilacerado
um nó na garganta
por ter mergulhado
no fundo dos olhos
de uma menina

Ontem fui dormir contente
com o corpo lavado
pelos pulos das danças
a música no sangue
como vento forte na janela
que desmanchou os cabelos
quebrou os vasos da casa
balançou o pó da cortina

Ontem fui dormir feliz
com o coração batendo
o pulso estourando
sonhando acordado
ouvindo sinos no peito
prorrogando o vivido
tatuando poesia
na tela da retina

Hoje acordei lesado
virado do avesso, atrapalhado
sem saber de nada
mudando de rumo
como cego estrangeiro
em uma nova esquina

Acordei lesado
na cara e na coragem
carente e com desejo
de mergulhar naquele olhar
de sentir aquela boca
de tocar pele com pele
de descobrir se é bom
tudo que nela me fascina

Não sei o que será amanhã
só sei que hoje estou lesado
que ontem transgredi limites
que intimei meu próprio destino
botei pilha nos desejos
desta paixão repentina

Não sei como será depois
sei que hoje estou lesado
com medo dos belos olhos
claros como as manhãs
brilhantes como o verão
próximo como lágrimas
que não me deixam ir mais fundo
do que o fundo de minha sina

1003 a 1166 MiKropoesias no Twitter

1166 ...vida olha pra mim, sente o sangue que ainda há, a lágrima que não secará, o pulso entre teu não e o meu sim, vida vem cá, olha meu fim...

1165 Considero tua palavra, clarifico tua inação, contrasto teus desejos, contenho minha paixão, ilustro nossa história e te confirmo no coração!

1164 Morreria todo dia nas exceções de tua rotina, seria um buraco no cotidiano que te alucina e criaria uma porta rua para fugirmos de tua sina!

1163 A eternidade tocou os lábios da mulher amada com o sereno, aqueceu seu batom com o calor do sempre e saciou sua sede com lágrimas de veneno.

1162 O Brasil passa por um complexo de vice, de quase ocupar um lugar na ONU, de se ver no paredão eliminado: só será quando o Rei gago ficar nu!

1161 Danada atravessou a roça em busca de machado que lhe cortasse o cio, arranhou-se na cerca farpada, pulou na cachoeira e desapareceu no rio!

1160 Ilustro rimas de amor em contemplação, confirmo teu compromisso com silêncio e solidão, interpreto tua vontade como gelo em cristalização...1160 Interrogo tua intenção, quero especificar teus sentimentos, confrontar teus desejos e até explanar em versos um resto de minha paixão.

1159 Uma tarde lenta como carne de segunda em gaúcho braseiro, aos poucos o frio some e o quente do sal amolece as fibras do peito por inteiro...1159 Lírica gagueira que me faz tolo ante teu belo feminino, a vergonha explode em paralisias de velho e os desejos transbordam em rubor menino!

1158 Escrevi "Eu te amo" com dedos limpos num prato sujo esquecido entre outros na tua pia, teus detergentes trataram de apagar minha ousadia...

1157 O círculo aperta ao redor do meu coração palhaço! Ele corre na desordem do quem se importa? Inspira-se em Shakespeare e te vê Julieta morta.

1156 Ela disfarçou com cara de depois do almoço que qualquer intenção corta: olhos para cima, a direita, a língua no molar deixando a boca torta!

1155 Nos seus olhos era possível ler as suas íntimas vontades, que me traziam um gosto de fruta com casca molhada pelo suor sensual da madrugada!

1154 Narcísica mulher que de tão bela só namora o feio que jamais competirá com sua auto-percepção...

1153 Por uma janela aberta Você entrou rápida em meu coração, não roubou nada além da minha paz, mas deixou tudo revirado e jogado no chão.

1152 Um balde de problemas complexos transborda os maus instintos de solitário sátiro, preso em uma máquina virtual de fazer monocromático sexo.

1151 Coisa de amor alheio: alheio ao meu amor ela ama um outro homem, que não a ama e quem ele ama gosta de mim, fechando um amor alheio sem fim!

1150 Através do beijo sabia se o cara era ou não inteligente, rico ou pobre, recatado ou indecente, dizia que cada um tinha um gosto diferente.

1149 Bem longe, distante da paz, ela pensa em mim, lembra o primeiro beijo, a dança na Agência Tass, o jantar e a loucura de que não foi capaz...

1148 No escuro da sala vazia um buraco cria no estômago uma sensação de rebeldia errada que me traga como um bueiro de cidade suja e inundada.

1147 O Sol deitou-se mansamente nas nuvens cinzentas, criando uma auréola de vermelhas fomes sobre a sombra negra, onde minha paixão se alimenta!

1146 Apaguei teu número de celular! Assim não mais te incomodarei com mensagens estúpidas de um amor pedinte, nem curtirei culpa no dia seguinte.

1145 Toco caro, caio na toca, deu mole e fugiu antes do gole de champanhe, alugou-me só com um beijo raro, mesmo assim desejo que ela me ganhe.

1144 Costurei a liberdade dos meus desejos todas as vezes que Você sussurrou ao meu ouvido que quando estava sozinha gostava de sair da linha...

1143 A vila dos órgãos amanheceu deserta após a inundação de cores provocadas pelo ácido ingerido em jejum, era o nu psicodélico de todos por um!

1142 Tua foto sorri no canto da timeline, quanto tempo faz? Não lembro mais. Sinto saudades de nossas conversas, tanto as sérias como as banais!

1141 Amaria todas as Marias? Mesmo as que se chamassem José, Maria José? Atravessaria todos os Egitos e agitos, de bicicleta, de burro ou a pé!

1140 As histórias aqui são curtas e ao inverso: o fim chega primeiro, como gozo antes da bolina ou piada reeditada no fim de revista masculina.

1139 A pia entupida de pratos, meias no chão, livros espalhados e a agenda aberta, o som estranho no rádio da vizinha: uma bagunça super esperta!

1138 Uma mulher me disse que todos os conselhos são idiotas, não sei se isto era um conselho ou uma afirmação, nem se ela era sábia... ou não...

1137 A janela amanheceu cinzenta, um resto de noite misturou-se ao ar da manhã. Uma luz em preto e branco cobrindo-me com uma preguiça marrenta.

1136 Quando ela respondeu dá para o gastro, pensei que tinha escrito errado, ela estava certa, mas para minha gastrite foi um conselho danado...

1135 Inconseqüente ternura que de mim brota diante de tua ingênua loucura!

1134 Sob meus olhos escondo poesias: algumas públicas, outras desertas, as vezes elas caem em forma de lágrimas, outras no piscar de uma paixão.

1133 Não tenho nenhuma dúvida além de Você, que medos são meus? Sinto raiva da saudade chega e me traz a tristeza profunda... dos olhos teus!

1132 Um pesquisador italiano descobriu que arte e sexo provém do mesmo istinto animale, ambos requerem imaginação para chegar ao gran finale...

1131 Uma anciã ansiosa de tanto querer o amanhã junto ao falecido amado, tinha febres e calafrios, lembrando sozinha o seu longínquo passado...

1130 O novo se fez velho nos olhos cansados, a vontade sumiu nos vãos dos dedos, transformou ousadia em medo e o amanhã se travestiu de passado.

1129 Enquanto ela comia com gosto um bolo de chocolate com nata, olhei para o pedaço de palha que queimava no cinzeiro um resto de hakuna matata!

1128 Que ofício vício este de escrever? Ver o fim do verso já no início, tragar palavras como fumaça para o coração, depois tossir de inspiração!

1127 Em asas de arribação, vai meu verso em Norte direção, atravessará mar e sertão, com sorte chegará ao destino: a gaiola do teu coração!

1126 Quero encontrar o cetim que há no teu vestido, o veludo de tua pele que deixa meu coração em desalinho e me queima como chama no algodão!

1125 Em minhas mãos uma nova vida: pequena e delicada, um beija-flor que tece veloz mil movimentos carinhosos para crescer entre nós!

1124 Quando tenho saudade de ti, lembro-me onde estou em teu coração, então escrevo uma bobagem apaixonada que te traga em forma de compensação.

1123 Ao olhar para teu céu azul... verás um segredo quente carregado nas asas de um vento gelado inesperadamente vindo de algum lugar ao Sul...

1122 Só conheci teu corpo literalmente: aprendi a amar as palavras que tenho para descrevê-lo e a reconhecer as letras me fazem nele enlouquecer.

1121 Teu fim de semana foi silencioso como um arquivo morto de documentos triturados e incinerados por uma criminosa e incendiária solidão...

1120 Domina sob o salto o coração em insustentável chão de onde ele só é capaz de acariciar com luz a pele perversa lhe seduz.

1119 Passionais paixões e insensíveis corações são pares perfeitos? São pólos opostos que estão em diferentes latitudes de qualidades e defeitos!

1118 Meus olhos estrábicos colocam tua foto em terceira dimensão, detalho as tuas qualidades, teu único defeito é alimentar a minha solidão...

1117 Visto de alguma lembrança o nu cego da retina, enquanto lágrimas antigas escorrem através dos olhos e sem querer tua imagem me domina...

1116 Teu veneno muda de gosto e cor, renova-se e me surpreende a cada novo dia, renovando a paixão que em minha garganta grita de dor em agonia!

1115 Aí ela me deixa sem jeito quando como uma gueixa trata meus versos com massagens de carinho, renovando de energias as rimas do meu caminho.

1114 Tanta Lua e em Curitiba um céu totalmente nublado, é como se eu estivesse cego debaixo do algodão de um imenso acolchoado...

1113 Quiçá insistas em plural nulidades e determinista zere a nossa unidade?

1112 Talvez exista ainda alguma vontade, equilibrista num fio de eletricidade...

1111 Será de ametista o anel de nossa realidade, ouro de alquimista que não existe de verdade?

1110 Paixão imprevista nas dobras da felicidade, tonta e dualista, eterna em brevidade!

1109 Tua tez calculista atiça minha perversidade, risco nuas pistas no liso de tua vaidade... http://vai

1108 Meu cio anarquista em carente criatividade é também contorcionista de tuas impossibilidades!

1107 Persevero um sonho que me quebra as pernas todas as manhãs, já sem forças para me arrastar, olho o horizonte em busca de alguma escolha sã.

1106 Como humanidade sou entulho descartável de econômica guerra que gera a febre que esquenta por dentro e por fora o corpo nu do planeta Terra.

1105 Sentada no meio fio da meada, descobriu a ponta onde tudo começou a se perder: uma maçaroca pseudo-filosófica tirada de um comercial de TV!

1104 Para viver o nonsense da humanidade é preciso não ser humano, esquecer o natural espontâneo e adaptar-se ao regime de exceção do momentâneo.

1103 Gasto dedos entre tuas cochas e cunhas sem quebrar o teu gelo, num apelo me pedes para fazer como tua amiga, mas não tenho jeito, nem unhas.

1102 Guardo em potes de conserva todas as minhas dores de amor, elas ficam no fundo do armário sem rótulos, preservando o sigilo de seu conteúdo.


1101 Ainda não aprendi a ler as tuas fumaças, elas me embriagam com cheiro de mato, as trago e prendo até sufocar, são caras, mas não dão barato.

1100 O afeto táctil em movimento rítmico deixou os lábios úmidos e as dobras distraídas, criando ondas sísmicas no ventre pronto do meu amor.

1099 Estou com fome de ar na cara, de listas amarelas em velocidade, sem destino no negro asfalto até acabar a gasolina ou bater alguma saudade!

1098 Nosso acordo não prevê críticas quando apaixonado me perco de ti em outro altar, nele só consta a liberdade de voltar e sempre te amar!

1097 Não é fácil viver comigo. Sou boêmio, gosto da velocidade das paixões e minha mente paranóica cria espaços fúteis para fantasiosas criações.

1096 O cheiro de mato recém cortado entrou em nossas narinas próximo à velha estância, reduzi a moto para sentirmos aquele perfume de infância...

1095 Caí na úmida calçada machucando minha testa nas quinas frescas do petit pavé. Chorei de raiva sem espaço para pedir ajuda e gritar por Você.

1094 Engomo o norte do relógio com tédio criativo, dou linha para que o anzol saia vivo do comum lugar, mas só fisgo o vesgo visgo do teu olhar.

1093 De tão alta em seu extravagante salto olhava seus homens de cima para o chão. Uma forma de não se submeter? De dizer quem manda na relação?

1092 O lugar estava cheio de péssimas intenções, calças justas e mini-saias mostravam o que deveria ser descoberto só debaixo de brancos lençóis!

1091 Barreira na estrada, a moto encharcada, o tanque maculado pelos granizos e Você nas minhas costas, quietinha, morrendo de medo e de frio...

1090 Quem eu sou? Sou alguém sem Você? Sou ninguém com Você? Sou um irracional nos teus porquês? Se eu sou só é que só sou... Você!

1089 Quando ouvi que teu amor não era mais que uma notícia de um falso cometa, meus pés descalços sem calos pisaram em gramas cheia de rosetas...

1088 Uma tríplice aliança, uma criança sendo criada, um ventre em expansão, um ensaio de vida, esperanças são renovadas nos gestos da preparação.

1087 Ela gosta de minha mulher, gosta do mesmo gosto do batom que eu beijo, eu a invejo por não saber o que ela sabe...e mesmo assim eu a desejo!

1086 Um outro alguém ser-me-á ninguém, no máximo um porém na frase perfeita que me leva ao teu sim, uma mesóclise parida antes do esperado fim!

1085 Tenho cílios marrons, compridos e negros como minhas noites solitárias, nelas eles me pesam com os pesares molhados de saudades várias.

1084 Senhora das Águas! Dos rios, mares e marés! Das lágrimas das chuvas e enchentes do verão! Há sede que pode matar! Aplaca tua ira com perdão!

1083 Encontrei junto a um troco amassado no bolso de um casaco cinzento um esboço de uma poesia amarelada, cheirando pó, naftalina, esquecimento.

1082 Sinto o leve balbuciar de gestos de minha filha querida dentro do ventre amado em toques sutis: são os primeiros carinhos de uma nova vida!

1081 Um pedaço meu para longe vai! Um Viking de olhos azuis seqüestrou minha caçula alegria, no coração pai saudades de um ano espremido num dia!

1080 Olho o envelhecer de minhas musas e o espelho me bate na cara. Vejo-as descendo a ladeira com polegadas a mais em minhas já escassas taras!

1079 Não há mais nada a acrescentar no círculo vicioso que antecede o último capítulo, da prometida última temporada em minha quebrada televisão.

1078 Teu oposto me encontra num posto entre talentos e outras conveniências, um rosto que na máquina de café me faz lembrar de tuas preferências!

1077 Tudo diferente, um silêncio de domingo de manhã toma conta da casa, a asa da imaginação sintoniza um nada azul através da fresta da cortina.

1076 Sabe, as vezes ouço tua voz! Um sussurro no ouvido transbordando vontades nuas, tua saliva escorrendo como lágrimas nas minhas orelhas tuas.

1075 Saia da saia de tua solidão, deixe de lado o relho de tua depressão, fuja da prisão do teu sono e se jogue em mim como uma cadela sem dono.

1074 Hora de comer algo no motel da tristeza. Lá é mais barato e as vezes arrumo alguma companhia que queira me fazer de sobremesa...

1073 Não quero mais ser o pó de tua estrada, corro atrás de ti sem nunca te alcançar, meus olhos sujos não enxergam mais o veloz do teus rastros!

1072 Lambi teu nu como se fosse cão danado, tirei da Lua tua loba no cio e ainda marquei com meus caninos o território de teus seios empinados!

1071 Perdi tanto vida pensando em Você, te querendo em obsessão idiota, só obtive o obscuro insalubre do óbvio que jamais Você irá me querer.

1070 Não quero a terra, nem o céu, quero idiota colher do chão que sustenta teus pés descalços as estrelas que caem de teus quadris ao caminhar.

1069 Jurei não julgar teu silêncio, mas abraço com a mente a toga preta em apelação ao supremo ato irracional de compreender tua depressão.

1068 Nenhuma mensagem, nenhuma lembrança, tua vida avança entre tontos tons de pasteurizados gris e eu aqui sozinho... completamente infeliz!

1067 Sinto saudade, muita saudade, parece que ela não cabe no peito, dói tanto e está tão reprimida que já não há mais como contê-la direito.

1066 Lembro de nossos almoços, de quando dizias para mim: também te amo; tudo isto é tão distante como um teclado insensível ao touch screen.

1065 Não quero teu sagitário humor, nem ser tua metade leão, só não fujo de teu ascendente capricórnio por ser ele a fonte de minha paixão.

1064 Qualquer desculpa para me esquecer é tão válida quanto a vontade de apagar de teus lábios as marcas indeléveis que neles minha boca fez.

1063 Não prometerei ao teu corpo meus carinhos, deixarei que eles aconteçam como o orvalho que brota espontâneo em tua concha todas as manhãs.

1062 Não gosto de receber notícias de tua tristeza, sabes que te desejo feliz, sei que ela é inevitável, como é para mim pensar sempre em Você!

1061 Uma lava de mistérios cobriu teu corpo nú úmido de tanto luar desenhando sombras e luzes que te camuflaram entre os lençóis de minha cama...

1060 Entrei na lama dos teus dedos com a voracidade dos anjos decaídos, cobri de medos meus desejos enquanto beijava teus lábios molhados de dor.

1059 Busquei tua pinta acima dos olhos em todas as mulheres que vi, nenhuma trouxe Você, para achar alguma sombra de teu amor simplesmente dormi!

1058 Hoje me deu uma tristeza Regina, lembrei sem querer de Elis, sua voz na memória auditiva como um sino de mil tons: do alegre ao infeliz!

1057 Um sentimento mais que escondido, tão recalcado, remoído, que ficou estagnado formando uma estalactite que cutucava por dentro o coração.

1056 Era espontânea e clara como uma criança, estufava as entranhas de esperança e vida, contagiando o mundo ao redor com sua risada desmedida...

1055 As luvas escondiam os primeiros sinais de senilidade, enquanto os óculos disfarçavam as tristezas adquiridas depois de uma certa idade...

1054 Era um misto feminino de Baco e Pã: uma flauta na boca, uvas na lã do ventre satânico, jorrava vinho dos seios... embriagando-me de pânico!

1053 Capturo Você cortando os cabelos num pedaço de alguma lenda da paixão, mórbido momento diante de um espelho de escolhas vazias do coração.

1052 No caminho entre saudades e vontades corri maratonas sem fim, cansado e sem forças deixei em cada passo um pedaço de Você que havia em mim.

1051 Na estrada aromática de improvisado Narguile trago a fumaça rosé até que o gênio dos olhos que me traga no ar pedaços etéreos de Você...

1050 Quando ela apareceu repentinamente logo depois que o refrão de um amor perfeito passou, fechei os olhos e fiquei esperando por algum... vem!

1049 Tua voz no skype ainda me inspira, só assim eu sinto o ar perfumado da noite, que longe de mim ao redor de ti... louca paixão transpira!

1048 Sem sono abriu a cortina do quarto e viu uma Lua atravessar canoa o escuro da noite, ficou ali por instantes pensando num amor tão distante!

1047 Caras metade, faces ocultas, rostos partidos, fotos rasgadas, paredes caídas, caiadas de lágrimas, a porta de entrada agora é de saída...

1046 Mãos geladas e lábios brancos, o olhar morto em peixe, um dizer sussurrado: não me deixe! Nas mãos um par de tamancos entre anéis prateados!

1045 Foi uma paixão tão escondida que só deixou marcas d'água no meu coração, para vê-las, só contra a luz de tua infinita razão...

1044 Minha alegria parou no tempo e num impulso de rara lucidez, troquei-a por um espelho de circo: assim pude me ver palhaço de tua insensatez!

1043 Estranhos pensamentos que carrego, como cestos pesados de pedras, que os ombros machucam e aos pés não dão sentido...

1042 Se houvesse como definir aquela beleza, o melhor modo seria: ela é pura rebeldia! Ela era chata de tão bela, era triste de tanta alegria!

1041 Beijei teu rosto em amizade, sem querer ser predestinado, mas em lapso da serenidade rocei a tua orelha com meus lábios ainda molhados...

1040 Há beleza pura, de natureza privilegiada ou é sempre construída? Uma é bela por ser amada, a outra o é por ter nos olhos paixões escondidas!

1039 Ficava ali sentada no fio da navalha do velho Grão-vizir, sem coragem de se mexer, sem respirar além dos suspiros, uma porcelana a sorrir...

1038 Sonhei ter liberdade, busquei outra paixão, saí de casa sem fechar teu portão e enquanto fugia de ti uma cidade inteira ocupou teu coração!

1037 Mexia-se dentro da calça em lycra como cobra mal criada no cio, não havia mais espaços nas mídias, suas medidas ocupavam todos os vazios...

1036 Não há mais o entre nós em nó da mentira, só a pira de espelhos glaciais, que atira em nós o gelo das sátira, como tiras de velhos jornais.

1035 Inventa uma vacina para tua solidão! Tens remédio para o teu tédio? Minha ira é fogo em tua pira e tua privada vida será por mim esculpida!

1034 Um assassinato virtual, cortando artérias e veias: sem Gmail, AdSense e Orkut! Só o twitter trará as pistas desta conspiração em teia...

1033 A galera grita gol! Felizes cobram do time seu preço, enquanto eu desço os degraus que a solidão reserva num túnel de cheio de tropeços...

1032 Dei de cara com a crueldade do teu sim! Você me abriu tuas portas quando eu estava pronto para recomeçar a vida e aceitar o nosso fim...

1031 Quando chegou ao clímax, com seus dentes cerrados sussurrou-me no ouvido sua ambígua ânsia: fique aqui bem quietinho e mantenha a distância!

1030 Uma vontade escapista: ir contigo a cinema, sem pipocas ou futuro, uma trama sem furos, artistas que nos façam esquecer prantos e dilemas...

1029 Sou do mato, lá mato minha sede de água sem sais, só o cheiro de terra nua na chuva sacia o ar vazio que me sufoca nas ruas das capitais...

1028 Pare de me chamar em teu silêncio infeliz! Parece que em tua retina está gravada uma antiga promessa que jamais eu algum dia te fiz...

1027 Não preciso em ti limpar o sujo de minha fome, não sujei teu corpo com meu cio de homem, te quis como uma ponte em fio: sempre por um triz!

1026 Um fio de saudades destilou-se em gotas durante um blue. No quarto sem luz, o cristal líquido de tuas lembranças riscou uma invisível cruz!

1025 Você tem mais vontade do que bens, mais poses que a vaidade, mas quando passa por mim, teu rebolado enche a cidade de lascivos vai-e-véns...

1024 Lembro-me do dia que te vi beijando outro: o sangue subindo nas têmporas, o ciúme na conta dos dedos e o medo arrebetando profundas âncoras!

1023 Um grito carnal rasga o silêncio por cima de prédios em gris: há uma chuva de meteoros brancos escorrendo no vidro do box em riscas de giz!

1022 Um Brunello de Montalcino em taça larga e cristalina... deixa lágrimas que no nariz trazem teu cheiro Id de madona em mafiosa indisciplina!

1021 Colocá-la contra a parede não foi fácil, braços estendidos presos, meus lábios em peregrinação táctil...suas mordidas não me deixaram ileso!

1020 O danado chegou cheio de faros, rasgou calcinhas e sutiãs com fitas negras e swarovski, só assim ela sentiu um inferno de vontades satãs...

1019 Estrelas caem do céu em noite sem Lua, um gosto de mel arrasta gargantas em paixão, a espinha coleciona ruas com o prazer em coagulação...

1018 Gravita ao meu redor uma menina, a sinto nas mãos como uma flor ainda em botão, estou grávido de amor: brilha uma luz Antonia no coração!

1017 Quero ficar como na primeira paixão: com o desejo de um beijo ainda não dado, com os olhos em ti fixado e uma arritmia sem cura no coração.

1016 Amor perfeito me pega no fígado, amortece as pálpebras em lágrimas, me faz chorar sem porquê e é só saudades de tudo que não tive com Você!?

1015 Explicação de teu silêncio? Sustento para minhas perdas? Um texto para minha depressão? Queria que fosse saudade, a tristeza boa do coração.

1014 Tomo um trago de uma cachaça envelhecida em Bálsamo por 8 anos, só assim entendo a existência do velho que em mim acontece sábio e insano...

1013 Fico sensível ao vermelho da Mata, não aquele da Amazônia em chamas, mas a canção que fala de solidão e paixão e chama Você na imaginação.

1012 A melhor batida não é feita de frutas com cachaça, mas a do coração da amada, ofegante e cansada, deitada no peito, logo depois do tesão...

1011 Vagalume vagabundo ligo o pisca-pisca na hora errada! Dou de cara com um espelho de circo: aqueles onde fico obeso, deformado, pagando mico!

1010 Quem ousa comer mulher de traficante? Só louco, só outro meliante? Talvez o maior perigo seja se deixar comer pela mulher do melhor amigo...

1009 Gosto de ler os dramas alheios, neles encontrar meus gritos mais perigosos e feios, sentir que nos outros os percebo mansos e bonitos...

1008 Cade o dono do circo que já foi embora e que deixou desarrumado o chão do picadeiro de uma palhaça paixão? http://migre.me/3Wup0

1007 Fico imaginando o tamanho da inveja, que mesmo puxando a descarga e jogando água em baldadas, não passa no gogó da privada...

1006 Filosofia de Boteco: 6a.feira livre, 2a.feira também, só para fazer delícias fúteis, com mais final de semana e menos dos tais dias úteis...

1005 Incrível! Deleto uma mensagem que não enviei e ela volta, parece aquela paixão grudenta que quanto mais se bate mais perto fica e não solta.


1004 Invasões automáticas no timeline do coração: um monte de mensagens idiotas e sem graças e eu ainda nem bebi a metade da garrafa de cachaça?!

1003 Uma tecla errada num jogo de amor pode espalhar emoções diferentes de tudo o que era esperado além da paixão: ciúmes, raiva e ate depressão.

sábado, 26 de março de 2011

Narcísica Mulher

Miro 26.03.2011

Narcísica mulher
que sê através
da beleza
de outra
mulher:
que maquia
que costura
que enfeita
que penteia
que trata a outra
como se fosse
alimento
para sua
compensação...

Narcísica mulher
que em qualquer
espelho
se projeta
em imagens:
nas vitrines
nas colheres
nos óculos
em parabrisas
que passam
refletindo
sua natural
auto-atração...

Narcísica mulher
que à margem
do lago
penteia-se
lentamente
distraída
em sua 
auto-paixão...

Narcísica mulher
que se deixa
camuflar
de tristezas
para não
machucar
a natureza
do amor
que mora
alegre
no seu coração...

Narcísica mulher
que de tão bela
só namora o feio
que jamais
competirá
com sua
auto-percepção...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vesg ô|ô

Miro 29/09/2006

Vesgo, olho o mundo com dois olhos...
Um olho de fotógrafo e outro de poeta!
Como fotógrafo capturo o imediato vivido
Como poeta busco o eterno do momento
Em cada foto um instantâneo se eterniza
Qualquer breve poema o eterno se retrata
O infinito se torna uma imagem tolerável
E o iminente orbita na palavra imutável
Não há como discernir o outro deste um
Dois ou um: invertem já o que é depois
Confundo as duas imagens além da retina
O aqui e agora se quebra no além constante
E o distante se volta para um perene aquém
Onde do nada é parido o todo em resto amorfo
Que natimorto é sepultado pela objetiva lente
Se as rimas batizam a extrema unção da fantasia
As fotos gravam lápides no perpétuo trato do real
Criam jazigos de rápidas poses no então latente
Até que a lente verse o fim que em mim renova
Carpideiras vozes evocam o extinto instante
A luz que atravessa o fino diafragma do peito
Queima o filme das rimas mal versadas
Na face do fotógrafo cai ininterrupta lágrima
Em sépia, o poeta enxuga algum choro rápido
Um canhoto viso revela-se em meu direito caolho
Zerando cruéis extremos bem no meio suportável
No ocasional enterro de uma foto poematizada
Há junco de cliques dissonantes em poesia emulsionados
Como miragens marinadas na mira de um verso mirolho
Que no estrábico zinabre de um poema fotografado
Vira zambaio, zerê, zanago... um verso único
num universo zarolho!
ô|ô 

Dicionário:
Zambaio = zambaio = zanago = zarolho = vesgo = mirolho = estrábico
Junco = chibata
Dobra = inverte
Sépia = cor de foto envelhecida
Miragens marinadas = ilusões sedutoras temperadas
Canhoto viso = errado aspecto

terça-feira, 22 de março de 2011

SALTO ALTO

Miro 22.03.2011


Vinte centímetros
de salto alto
sobre o peito
dominado
de um homem nu
em sua cama 
deitado...
ele percorre em êxtase
as pernas longilíneas 
sob a lingerie
um caminho dourado
até triângulo
de pelos
bem tratados!!!
mais além:
longínquos montes,
seios aveludados 
e a boca rara 
num rosto belo
por loiros cabelos
emoldurado!!! 
ela quase toca 
o céu estrelado
das quatro paredes
do seu tesão
mas sua pose é dona
e domina sob a sola
o seu coração!!!
e o relega 
ao insustentável chão
de onde só é capaz 
de acariciar com luz 
a pele arrepiada 
que perversamente 
lhe seduz...

sábado, 19 de março de 2011

Sangue Lusitano

Miro, 13 de janeiro de 2006.

Ainda sinto percorrer em minhas veias
um resto nobre de algum sangue lusitano
como se fosse possível em um instante
correr feliz até o próximo cais do porto
e comandar caravelas qual um rico infante!

Deixar para traz o Tejo, o beijo da donzela
o conforto do castelo, o calor de suas lareiras
a despedida em festa de aldeãos ribeirinhos
o aroma de bacalhau cozido no azeite puro
e o sexo comedido entre os lençóis de linho!

A família e a coroa a lucrar com o intento
a posse de novos títulos e fidalgos fundos
a descendência a se garantir por séculos
e mesmo em companhia de degredados
alimentar a esperança de um novo mundo!

Com os olhos marejados de contente
partir por mares nunca dantes navegados
sentir o cheiro de Netuno entre as narinas
no acri-doce de peixes secos no convés
e nos suores salgados por naval rotina!

Na boca um gosto travado pelo tabaco
e traços licorosos de vinhos da Madeira
a água em sono nos tonéis e o quinino
dando ao hálito o sabor podre dos diabos
longe das especiarias e temperos finos!

A pele ressecada no Sol e água salgada
vira termômetro para auscultar o clima
o peito aguarda nas tardes escaldantes
o refresco da garoa sobre os poros nus
e nas tormentas... um arrepio constante!

Ouvir anestesiado às ondas sob o casco
atentar as velas e qualquer outro estalido
do silêncio mortal do vento em calmaria
até o recrudescer da brisa em furacão 
manter a direção e a alma em romaria!

Fixar os olhos na proa e no horizonte
medir as estrelas com sextante precisão
buscar no céu uma gaivota transparente
folhas verdes no mar, flutuantes troncos
que apontem ilhas ou o novo continente.

Manter no passadiço o timão e a voz firme
controlando com gana a moral dos homens
lutar contra o escorbuto, motins e pilhas,
ultrapassar o equador, trópicos e as Índias
as dores externas e as internas Tordesilhas!

Vencer o medo de noites-trevas sem estrelas
livrar-se do tédio e o bombordo em solidão
embriagar-se de rum como qualquer marujo
murmurar canções antigas até cair dormente
no catre que acolhe ossos sem nenhum colchão.

Ser além do concreto próprio dos sentidos
saber o que é irreal, crendice ou fantasia
intuir os riscos dos oceanos em conquista
ver os pontos cegos ao perscrutar da gávea
e antecipar certeiro o grito : - Terra a vista!

Ancorar a nau em litoral desconhecido
trocar presentes, buscar água e alimento
ensinar a língua natal de enredado uso
levar aos pagãos: a Companhia de Jesus,
a poesia e o senso de propriedade luso!

Deitar-se ardente em palha limpa e seca
sem qualquer pecado ou susto de marés
provar o de novas índias e negras belas
misturar sem culpa os castanhos pelos
aos ausentes ou pixains de cada uma delas!

Além de cafuzos, mamelucos e mulatos
formar uma nova raça com um leite denso
deixar algum vestígio português na Ásia
dois pés na África e no sangue do amanhã 
a alegria genética de um Brasil imenso!

Talvez...

Miro 19.03.2011




Talvez exista
Ainda alguma vontade
Equilibrista
Num fio de eletricidade...


Será de ametista
O anel de nossa realidade
Ouro de alquimista
Que não existe de verdade?


Paixão imprevista
Nas dobras da felicidade
Tonta e dualista
Eterna em brevidade!


Tua tez calculista
Atiça minha perversidade
Risco nuas pistas
No liso de tua vaidade...


Quiçá insistas
Em plural nulidades
E determinista
Zere a nossa unidade?


Meu cio anarquista
Em carente criatividade
É também contorcionista
De tuas impossibilidades!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Treze Estrelas

Miro 31.01.2006

Ainda guardo em meu peito
uma antiga emoção dividida
que sabe ser quase impossível:
entrar em Você nesta vida.

Meus olhos ainda buscam
tua imagem sempre viva
como se estivesses por perto
e ainda fosse a minha Diva.

Partistes por outros filmes
encenando novos roteiros
abrindo os teus horizontes
em busca de algo inteiro.

Enquanto eu fiquei aqui
parindo janelas e ventos
embaçado em minhas rimas
crucificado no esquecimento.

Não sei quando abrirás a porta
que me levará ao teu coração
nem sei onde achar a chave
que destrancará a tua paixão.

Mas se um dia a tetra arrebenta
e escancara teus finos desejos
serei eu mais que toda vontade
cobrindo teu corpo de beijos.

Arrastarei totens antigos
queimarei teus falsos pavios
quebrarei o lacre de afetos
a porcelana que cobre teu cio.

Arrancarei as tuas cortinas
acenderei teus fogos e velas
farei de tua cama um espaço
de novas tatuagens singelas.

E assim com o peito ao relento
o infinito há de ser muito pouco
tua pele acolherá minhas rimas:
treze estrelas em um poeta louco...