segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Olhos de chita

Miro 26.08.2014

Gosto dos teu olhos de chita
pronta para atacar,
sinto-os a cem por hora
senhora da situação
pulando no meu pescoço
com uma mordida certeira
que sufoca sem me matar!

Velho clichê

Miro 26.08.2014

Tolo é o tempo
que passo sem Você
é como estrada vazia
tesão frouxo
que não sacia
um filme que só passa
o mesmo velho clichê...

Vesgo

Miro 26.09.2014

Fogo no olhos
que vesgo
duplica teu colo
quadruplica teus seios

Um solo de lingua
viajando em teus vales
umbigos e pelos
por extremos e meios

É quando a lágrima brota
na porta da gruta
a espera da tocha

Que num ritmo tenso
se entrega ao segredo
na chave de tuas coxas...



Cometa mentira

Miro 26.08.2014

olho um pedaço
arrancado de mim
e que hoje volta
num cometa mentira

ele rasga meu senho
e dá a noite
um ar de ranzinza


será só um resto
de uma delinquente
pira?

ou um louco
estertor vadio
da memória em cinzas?

Leites sem lei

Miro 26.09.2014

faço-me
meias
em teus sapatos

sinto
o balanço
do teu caminhar

percebo
teus passos
secretos

investigo
sem convites
teus rastros

encontro
pistas
dos teus pecados

transito
em teus terrenos
baldios

experimento
os grilhões
dos teus saltos

balanço
em tuas úmidas
passarelas

até encontrar
os teus leites
sem lei

Calmo...

Miro 26.08.2014

Calmo
devoro o tempo
que arregaça
o rosto
e faz morada
no pescoço
feito um osso
mal roído
que na ampulheta
da garganta
fica atravessado
não volta
não passa
e se agiganta...