sábado, 17 de dezembro de 2011

Todo teu talvez

Miro 17.12.2011

Talvez minha raiva cresça
e o final da dor aconteça
em ritmo desacorrentado
deslizando em lago gelado

Talvez tua fome se mova
e cave em mim tua cova
um buraco entre os dentes
em tempero de penitente

Talvez teu olhar me colha
nas dobras de tuas folhas
como fogos sem artifícios

Todo teu talvez me visita
em cruz de cicatriz infinita
num círculo que vira vício...

Punhos nos bolsos...

Miro 17.12.2011

Tenho um porco espinho dentro de mim
um pedaço de veneno que se espalha
e feito um câncer de mortal velocidade
arrebenta minhas últimas vontades vivas...

É minha raiva que se movimenta em dor
toma conta e me dá toda impaciência
aperta o coração em farpado arame
onde a ferrugem garantirá todo azedo...

Não sei gritar o que está assim contido
não sei tratar do que é tão eruptivo
nem como purgar o acre desta emoção...

Só, contenho meus punhos nos bolsos
apertando os dedos contra as mãos
sem descarregar meu ódio em Você...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Juizo

Miro 14.12.2011

o sonho brigou
com o tempo
deixou espaço
para a tristeza
saiu feito louco
sem ter destino
e no primeiro cais
aportou sem medo
depois de fartar-se
ficou só a deriva
entre águas vivas
e lembranças mortas
a espera de sinais
que lhe dessem juizo
ou que atravessassem
em ferida de morte
sua paixão incontida...

domingo, 20 de novembro de 2011

Caricatura

Miro 19 11 2011

Tua tez vai fugindo em pausas de mudanças,
como pequenas doses de venenos em licores,
que jazem no fundo seco da taça transparente,
enquanto a lágrima copia o nó da esperança!

No evaporado pó dos teus bipolares humores
cavo um buraco no furo de teu ventre ausente.
Tua imagem é uma caricatura de nossa aliança
e na memória cria canteiros férteis e sem flores!


Como atingir a musa que não tem mais tranças,
e que se esconde nua entre cortinas incolores, 
criando no ar fantasia de teor intransigente?

Só com imprecisos laços gastos da lembrança,
onde teu perfil chama a sombra dos suores:
feito um espectro de projeção intermitente!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cantinho do Pum

Miro 26.10.2011

Amor raro e incomum
começou na aula de yoga
os dois fugindo das drogas
prontos no cantinho do pum...

depois veio a macrobiótica
os orgânicos super naturais
cogumelos crus nos rituais
e o chá com ervas exóticas...

o tempo lhes trouxe a ruína
em colaterais efeitos lentos
pela carência de proteínas...

morreram juntos sem querer
seus corpos nus ao relento
e um baseado por acender...

domingo, 6 de novembro de 2011

Nórdico Catre

Miro 5.11.2011

da câmara fria
um vento ferido
um nórdico catre
de seixos vadios
olhares perdidos
o gosto gelado
de um ácido Rio
nua paixão a três
uma rinha de crias
em ritmo ousado...

Las Vegas

Miro 5.11.2011

Espero
e quero
tua entrega
teu torto
absorto
molhado
em refrega
de olhos
em molhos
quase crus
em nus
revirados
de anzóis
e lençóis
em Las Vegas!

sábado, 5 de novembro de 2011

Caça

Miro 5.11.2011

alguma coisa me diz
teu tempo não é de graça
e por mais que sem jaça
o caminho será de giz

trinco em velha vidraça
janela de céu em gris
velha cama sem raiz
gole seco de cachaça

farejo-te sem nariz
beijo nuas Luas escassas
em nojo do teu aniz

pois no veio de tua pirraça
há um preço de cicatriz
onde meu cio se esgaça...

sábado, 22 de outubro de 2011

Termo de Compromisso

Miro 22.10.2011

Chegou palavreando alto
não tenho nada com isso
mas logo caiu do salto
e aceitou o compromisso

depois pernas no asfalto
pegou carona no sumiço
deixou-me em sobressalto
o peito em nu reboliço

o olhar além do basalto
o pensamento em cortiço
atento a qualquer ressalto

foi quando em tom submisso
aparecestes como de assalto
devolvendo-me ávido viço...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

1411 a 1720 Poesias no Twitter

1720
Quando descobri que havia alguma verdade nas mentiras, tapei o Sol da razão com a peneira do coração e pude ver algo de bem em quem delira.

1719
entre os aros de tua bicicleta pedalo sem freios solto a corrente de tuas marchas e só largo teu selim se Você quebrar os raios antes de mim
1718
Desenhaste em minha testa o piercing do teu umbigo, enquanto tuas pernas, como prensas nos meus ouvidos, tapavam gritos, gozos e gemidos...

1717
Apelos sem pelos, gomas de quiabo vazando das grutas, onde diabos espermas em gozos saltimbancos, criam espeleotemas de comas em branco!

1716
Um cheque com teu nome em branco, uma gota de leite na ponta do meu lápis quebrado, na porta giratória tranco, um resto de teu gozo roubado!

1715
Sou o público nó de teus lúdicos medos, eunuco em festa de arestas quentes, o pó do tapete de sete segredos, um vão no cão de teus dentes!

1714
Se havia alguma paixão doente a ser sanada, mudou tanto de cor e de casas, que desnorteou as saudades em uma arribação de lágrimas sem asas.

1713
Quero teu alto QI e teus anos ralando os trinta, quero dançar na lâmina fria do teu estilete, enquanto nossos papéis afogam-se sem tintas...

1712
Movendo-se como uma serpente em meus neurônios, Você fez um ninho de tentações exatas, salpicando de hormônios minha satisfação imediata...

1711
Teu email foi como um fio em duas latas de extrato de tomate através da velha cerca que em tênues vibrações trouxe-me o amor em cheque mate!

1710
Sentir o cheiro de tua pele sem a roupa de teus densos perfumes, foi como entrar descalço em virgem mata atlântica nas asas de um vaga-lume!

1709
Na boca um gosto impregnado por tua louca vontade, teu cheiro marca o território do prazer em meus lábios... ainda úmidos de tua intimidade!

1708
Havia um símbolo erótico em toda tua timidez, como daquela vez em que de saia curta e pés no sofá deixastes-me escapar algum íntimo viés...

1707
O limite foi pedido com disfarçada lágrima, tão triste como quando rompeu com velhas regras suas: rosnando páginas em uma última poesia nua!

1706
... era para ser só um beijo de despedida no rosto, mas rápida umedeceu os lábios e virou-se para repartir a mesma curiosidade de gosto...

1705
Como talvez em tudo que Você diz: se saio de perto fico infeliz, não sei errar além do teu errado, também não me acerto ficando ao teu lado.

1704
Na lógica tradicional do teu cotidiano mulher não existe lugar para minha poesia triste e nem para a mágica de uma paixão marginal qualquer!

1703
Sou covarde em admitir que te amo em silêncio, tenho medo do seu amor, ter teu sim pode ser o fim do que guardo como um tesouro só para mim.

1702
A música veio como um bisturi na memória, que sangrando histórias de tempos idos, montou um mosaico de fotos velhas de amigos desaparecidos.

1701
Qual é o vinho que te faz dançar de calcinha e sutiã pela casa a fora, enquanto o vizinho voyeur aquieta-se para não atrapalhar teu agora?

1700
Que hajam sonhos em teu dormir, que o sono te faça crescer como os bebês, enquanto minha insônia deixa-se parir em algum verso sobre Você...

1699
Penso no louco poeta que há dentro de mim, corro ao redor dos meus poemas em círculos viciosos de um amor que sem começo, nunca terá um fim.

1698
Eu morro um pouco em homenagens póstumas, parece que abrem antigas feridas, sangro em negação e antecipo em mim a única coisa certa da vida!

1697
Com o tesão em melanina desenhou na retina a estrela do seu ciúme, depois com muito carinho transcendeu sua dor com gritos a meio lume...

1696
Um trilho preso na garganta e sem fôlego para chorar teus trens, transpiro loucos motivos preso no vagão de um último suspiro que me convém.

1695
Amanhã era o teu dia, Você almoçava comigo, abria o presente com o seu largo sorriso, mas hoje somos passados... evanescentes e imprecisos.

1694
dizem que o melhor lugar para se paquerar é entre as cordinhas do fumódromo, lá existe um drama comum para iniciar com empatia a azaração...

1693
se possível fosse congelar o amanhã, esquentar o ontem, deixar o hoje em morno eterno, os faria para preservar o destempero deste nosso amor

1692
veio simples como palmito no palito no bar de tua mãe enquanto a cerveja era sorvida em paz mesmo ante a complexidade de nossos íntimos ais

1691
no jogo do teu sorriso entrei em decadente míngua voei cego no céu de tua boca que louca escondeu-me sob o piercing prata no meio da língua

1690
Quem já viu uma orquídea de fogo, uma bromélia chapada, uma papoula em overdose ou uma rosa emanguaçada na mesma cela recompondo suas poses?

1689
um toque frio no teu corpo um beijo em teu rosto minha língua em tuas coxas minha vontade em teus desejos meu calor no cio do teu silêncio

1688
Sou cego em não enxergar os filtros que me sujam de Você, fico no absurdo ritmo do silêncio, banhando-me nas doses secas dos teus clichês...

1687
Percebo no ar um movimento transparente, que em forma de brisa me traz Você em lembranças imprecisas, envoltas pelo azul de um dia quente...

1686
Nos dedos uma pequena vida se agita e projeta um largo sorriso de felicidades: é Antonia que desperta em mim a mais plena das amorosidades!

1685
e assim ela se fêz verso, musa ao inverso, descontrolada e triste, com o dedo em riste, culpou-me por todas as dores do seu belo universo...

1684
Quando em solidão tateava o vazio diante de inexato perigo, ouviu no ar o eco seco de alguns estampidos em forma fogo de versos em abrigo...

1683
Não te quero perto indigente, nem distante como uma falsa diva, te quero viva, como a dívida de minhas feridas em teus juros reincidentes...

1682
Não era para ser exato como matemática, devia pelo menos ser um encaixe bom à beça, mas foi pedra trocada em quebra-cabeça de dez mil peças!

1681
Venha comigo, dá-me tua mão suada, deixa teu medo nos meus dedos e quando a calma voltar, deixa na palma de tua mão a certeza de um amigo...

1680
É simples a complexidade de como nos amamos: são saudades do que não fomos, expectativas que nem nasceram em juras falsas que não quebramos.

1679
Minha paixão é um efeito sem causa, não me destes motivos para me atrair e como imã de um pólo sem pausa desoriento-me ao ir em tua direção.

1678
Sinto teu cheiro com narinas de cão selvagem, minha intenção em matilha cerca de proibidos desejos a blindagem de tua complexa libido...

1674
Linhas lentas de notas musicais soam decadentes no coração, que sem o ritmo da paixão alimenta-se das pausas de teus silêncios artificiais.

1673
sentindo-me o cavalo do Sancho Pança carreguei Você como um fardo de sentimentos em derrotas seguidas contra teus velhos moinhos de ventos.

1672
quando teu dia nascer há de ter o calor dos trópicos o brilho dos orvalhos no Sol e um cheiro indecifrável de lágrimas em versos utópicos...

1671
Não há mais desespero, o sangue na areia é paixão consumada, a rosa desprezada pelo toureiro após os aplausos é como tua última estocada...

1670
O senho em contração de cima para baixo derrama ácidos em um olhar que queima minha timidez natural: quero-te mal de tanto querer te ganhar.

1669
Toureio tuas vontades e tapas que me agarra e quer a espada que sem nenhum segredo escondo sob o forro bordado de minha flamejante capa...

1668
Dedilho teu corpo ao Sol na velocidade exigida pela guitarra ao músico espanhol, atiçando a ira de teus sons ciganos em adormecidos enganos.

1667
A carta do baralho espanhol o fêz vencedor da bisca, poderia escolher a sua ou a mulher do outro, escolheu o outro para colocar a isca...

1667
do palco de chão arrepiado pelo sapateado firme em passos flamencos brota um cheiro de cera costurada pelo tempo de vida dos melhores vinhos

1666
Da areia quente um vento de séculos acende o fogo dos desejos, levanta saias da Andaluzia, queima mantos e engravida minha virgem em poesia.

1665
Lento o dia nasce, a noite escorre em nós cegos, há silêncio nas rua e a ausência de egos deixa a cidade como uma soma de sombras de legos.

1664
Sinto teu cheiro no ar, uma brisa entrou pela fresta da janela e fez a cortina voar, a noite ficou misteriosa... como o teu cheiro noir...

1663
Simples como uma criança abraçou-me quieta, deixou-se dormir em meus pelos, enquanto em vigília, eu lhe afastava o fel de antigos pesadelos.

1662
Vida velha que viola a veia, sem vaias ou vozes ao vento, só vitórias viciadas em vilas de vasos vazando versos vazios, virados e violentos.

1661
Casta como uva em parreira do éden, atirou-me uma maçã com seu olhar e antes mesmo de qualquer original pecado, deitou-se Eva ao meu lado.

1660
Você não me menciona, mas sei que Você me lê, que me sente e mente para si mesma que meus versos jamais modificarão teus imaturos clichês...

1659
Já tive medo de tua boca beijando a minha em completa perdição, hoje tenho saudade do tempo em que a loucura era nossa porta da satisfação.

1658
Como abstrair a paixão que reduz a realidade a um único nome capaz de me fazer feliz, se ela agrupa em um só ser tudo que eu sempre quis?

1657
A chuva prepara o feriado, o tempo arrasta-se ao som de gotas caindo do telhado até o chão, enquanto Curitiba resmunga em total hibernação.

1656
Sinto toneladas de dor pintando meus olhos com sombras opacas, as pálpebras pesadas ao som de uma Amy Winehouse antes da última ressaca...

1655
Leria teus olhos claros no retrato com alguma noturna polução, não fossem estes óculos que escondem a intenção de teu jogo de gata e rato...

1654
O vermelho batom, o perfume ao vento, o vestido curto emoldurando a meia cheia de tramas, eram portas sem trancas, para os meus pensamentos.

1653
Como dormir com um barulho destes no peito? O coração sem jeito batendo alto! Uma nova arritmia ou desejo de Você me tomando de assalto?

1652
Um instante de minha vida em tuas mãos, um berço que me acolhe fugaz, um sono aos cuidados de teu duplo, que caminha longe... sem direção!

1651
Não desisti de teu amor, ele descansa em meus sonhos, onde me visitas sem medo, são momentos de intensa alegria, onde te amo em segredo!

1650
Não tenho mais certeza de nada, nem quero saber de coisa alguma, nem quero que Você me assuma ou que me esconda nos vãos de tua calçada...

1649
Os vidros estavam limpos para o jardim, através deles criei um modo de te imaginar nua dançando na rua com a música que brota dentro de mim!

1648
Era uma casa onde não havia muitas escolhas, uma só janela aberta para um poente, de onde nascia um vento que varria lembranças e folhas...

1647
Quero subtrair de teus olhos o que me atrai em ti, trair com tua traição, rasgar de teus cadernos o eterno onde riscas o risco desta paixão.

1646
Com tinta fresca em parede velha desenhei tuas estrias, que formaram linhas de referências para compor teu belo no torto de minhas poesias!

1645
O domingo espreguiça-se no último assalto, enquanto no corner oposto, minha saudade recupera-se dos golpes no rosto beijando o teu asfalto.

1644
ao encontrar-te machucada por impróprias escolhas quis te salvar das dores, mas envenenei com tuas bolhas a paz que crescia em minha alma...

1643
quando abri minha mente em tua direção não vi que fechavas teu coração e loucas vagavas por obscenas clavas inertes de qualquer intenção.

1642
o tanino na boca ainda dava ao beijo um tempero do almoço por um bom vinho regado deixando para a tarde a escolha de outros capitais pecados

1641
Veio em pedaços, um quebra-cabeças em vezes, levei anos para entendê-la e ao montá-la com arte descobri que ela seria sempre...só uma parte.

1640
Chama-me em chamas, o ventre livre aos meus pés, a toca úmida de querer, com os olhos vesgos diante dos rasgos e tragos de uma saudade viés.

1639
Há um momento psicológico, um ponto de inflexão, uma virada no destino, uma esquina na intenção, onde um sim ocupará o lugar do teu não.

1638
Queimo as mãos em corpos ardentes e peles em fogo, num jogo de fantasias que me deixa sem fôlego para Você, que quieta dorme no meu querer.

1637
Com um Cristo invertido no peito solto as mãos e deixo meu coração no ar, o sangue na cabeça lateja num vôo livre até a cara sujar o chão...

1636
No meu senho uma preocupação se assenhora e não passa, nem destila com as horas, só traça uma cicatriz que escora uma velha paixão infeliz!

1635
Capto tuas ilusões de ópticas em tortas perspectivas, serão jogos intencionais que turvam minha visão, assim como fazes com meu coração?

1634
Uma sede de séculos, desertos em milhas, incontável deriva, solidão de ilha, mas uma só gota de sua boca faz a minha instantaneamente viva!

1633
Vim te buscar no inferno que te foi imposto, lástimas e lágrimas contornam teu rosto, teus lábios estão cheios de chocolate belga sem gosto.

1632
Enquanto devoras nacos de um presente que não é teu, soluças entre um passado torto que não regurgitas e um futuro indigesto e natimorto...

1631
Minha curiosidade sobre a tua lógica me faz refém de tuas manias. Compulsivamente, tento decifrar-te morrendo em teus enigmas todos os dias!

1630
Entre uma palavra minha e outra tua nascem carinhos em imperceptíveis gestos que umedecem nossos cílios costurando um apaixonado silêncio!

1629
Com areia do tempo, cimento da dó e lágrimas inúteis concretizei meu coração. Enforcando em lençóis suados os fantasmas desta louca paixão.

1628
A Lua em deserta solidão aposta corridas com as nuvens no ar, desenha sombras sensuais em minha janela e pela fresta lambe os seios dela...

1627
corruptos pensamentos transversos e marginais com sinais de transgressões sexuais me fazem um estuprador qualificado de teu letárgico normal

1626
Há fogo nos teus olhos, cabelos, pentelhos! Do teu ventre saem faíscas, que queimam a garganta ferida pelo tesão solitário de teus espelhos.

1625
Durmo colado em tuas palavras obscenas, a mando de tuas armações. Algemado a tua sensualidade, rezo terços sem contas em ondas de tentações.

1624
Adestro-me para não sentir mais nada por Você. Estimulo a mente em pequenos desejos empíricos, mas ainda vives em meus inconsciente onírico.

1623
Conto com cada detalhe sensual de tua cumplicidade e diante de tua nudez estática, o caço movimentos sutis que me levem a tua insanidade...

1622
Meus vícios fazem em tua beleza um saltar sem pára-quedas em um escuro precipício...

1621
A mesa está posta com todas as tuas virtudes a mostra, experimento cada uma delas com meus talheres de luxo, devorando-te com minha gula!

1620
Faz tempo que não te sinto, como um guardado segredo guardado entre antigos desejos perdidos: um verso incomum no bolso do casaco esquecido.

1619
Entre o amor que sentes por quem te ama e o ódio pelos que te odeiam, busco ver nas entrelinhas como lidas com os opostos que te permeiam...

1618
Gravo um verso no Corcovado de tua dignidade, rimo o teu trabalho com a minha liberdade, feito caipira pirando nos ícones de tua cidade...

1617
Admiro com o olhar tua bicicleta, cheia de freios e lugares seguros para levar os filhos, nela curtes o dia em pedaladas de suaves brilhos!

1616
Canto o alegre que mora no olhar de tua sinceridade, nele esqueço que sou pária: um cãozinho amaçando o focinho na vitrine da Veterinária.

1615
Mistura tua história na minha sem ter medo da polícia, como se fosse um louco escrivão, viajo hoje teu fim de semana com filhos da solidão.

1614
Por amar a vida escolhi esta profissão: ser poeta, que morre depois de cada verso e renasce por qualquer mínima paixão...

1613
Entre os gritos harmônicos de Janis Joplin e a guitarra de Hendrix lavei meus dezessete anos com a lama louca de um Woodstock sem fim...

1612
Adapte-me ao torto do teu incapaz. Furte-me da fruta de qualquer paz. Capte-me no lilás da mensagem. Corte-me no fugaz de um curta metragem.

1611
Fixo em teus resmungos o fel da minha ira, colo em tuas manias minha distância em tiras, te quero perto sem qualquer choro ou rebeldias...

1610
comprei um chocolate para compensar tua ausência... daqueles especiais para as maiores frustrações... devorei-o sem qualquer consciência...

1609
Abro meu melhor vinho, escrevo um soneto de amor, uma lágrima desce travando meu gosto e queima minha língua com a saudade do teu rosto...

1608
... a filha distante e solitária como urso polar acordado antes da hora, chora ais de insônia com saudades das quentes festas tropicais...

1607
Agrade-me não só com os teus sofrimentos, faça-me algum carinho e vá além do reconhecimento, crie nos olhos alguma lágrima de gratidão...

1606
Quadriculada em cinza e rosa com um despretensioso e lascivo laço vermelho entre o alto comando dos teus joelhos e o piercing do teu umbigo!

1605
Não havia como não olhar para tuas pernas, um ímã para minha libido em castidade, um atrator fatal que me fez pular as grades da liberdade!

1604
Fiz greve de fome, emagreci com tua despedida, rasguei versos, deletei links e endereços, queimei fotos e escondi com óculos a minha vida...

1603
Quando te escrevi meu primeiro poema eu estava apaixonado e em paz, talvez por pensar que tu eras romântica e de toda loucura capaz...

1602
Roteiro de fim inesperado é o nosso amor daqueles que nem revista de TV consegue subornar escrito em Braille na porta de banheiro de um bar!

1601
Só percebi que do filme teu protagonista eu era, quando quase nua Você disse que me comprou a calcinha enquanto estava eu na fila da espera.

1600
Através dos teus pés caminho por areias quentes que desconheço, em uma praia deserta de amor e cheia de gente que amplia os meus tropeços!

1599
Tomo goles gelados de tua hipocrisia, ainda não aprendi a lidar com tua forma de me enganar e assim embriago-me com tuas fúteis manias...

1598
Coloco lenha na saudade, enquanto o frio da noite corta possibilidades de encontrar Você, dobro-me em angústias e esquinas em total cadê?

1597
Olho ao contrário tua fotografia, assim vejo teu sorriso ao reverso e num incontrolável impulso, sinto teu olhar como um desejo invertido.

1596
Meu corpo fala tua língua, tece suor em tua trama, se cobre de tua lama que cura, sua em tua cama, te chama nua e te quer santa e impura...

1595
Não há Londres nas minhas chamas, nem crises no meu Obama, muito menos escândalos no meu Piquet, só uma vontade imensa de estar com Você.

1594
Descubro os sabores que teu vinho pode ter. Guardo na língua os taninos de tuas entranhas. Lambo teu cálice em gestos precisos de somellier.

1593
Fixo minha mente em tuas curvas, alimento-me de tesão em breves movimentos de auto-flagelação até cuspir meu leite em completa frustração...

1592
Onde estará teu suor? Na ponta de alguma língua mulher? Nos dedos de um macho qualquer? Ou guardado no vidro de uma Vodka no congelador?

1591
Com tuas imagens envelhecidas na memória, sinto o tempo que perdi contigo, como uma traça em congestão pelas tintas de tantas letras mortas.

1590
É hora de abrir tuas janelas, teu ar está viciado pelo cheiro de teus gatos mal domesticados, teu lençol carece novos amaciantes e amantes.

1589
Caminho sentindo tuas crises, percebo teus territórios, orgasmos, medos e vazios, de longe ouço tuas frases depressivas e risadas sem sais.

1588
Não acredito em tuas palavras, confio mais em tua solidão, ela não joga com meus sentidos como tuas frases feitas seduzindo minha intenção.

1587
ainda sinto tua saliva em minha pele arrepiando minha barba mal feita carregando de desejos meu olhos antes de deitar-se em um longe sempre

1586
Quero tuas brechas, tuas frestas, teus vazios, quero minhas trinchas em tuas coxas, arrombando as trancas de tuas travas em triviais macios!

1585
No teu DNA, meu cheiro mistura-se com tuas fraquezas e em mensagens maníaco-depressivas levanta suspeitas sobre tua capacidade de amar...

1584
Foi bom te ver com a pele branca como teto de hospital, meu coração não pulou de alegria, nem de paixão, só curtiu o luto em desgaste final.

1583
Não me reconheces como teu amor, nem sabes que sou tua alma gêmea em dinâmica relação liberal, que me faz paciente e eterno em tua negação.

1582
Tomo teus comprimidos de Lítio e mergulho na noite acionando freios anti-depressivos, que me deixam estático em uma cadeira vazia de bar.

1581
Se passo pelos teus olhos como uma lágrima sem anestesia espalhando angústias, posso também te carregar em baldes de efêmeras poesias...

1580
Caio de boca na garganta da noite em tons de pimenta, provo do cimento de tantos olhos inexatos e cuspo sangue em hemofílicos bueiros azuis.

1579
Durmo num estrado de absoluta inconsistência, tendo tua presença como um lençol onírico que me queima de frio em estática inconsciência...

1578
Sinto-me como um grão de areia inútil roubado de uma praia agitada e que agora dorme numa ampulheta que a mais de um século não é revirada!

1577
Ao desertar dos teus desertos sei para ti deixei de existir e passei a morar equidistantemente entre o alegre e o triste, o frio e o quente.

1576
A margem da vida em um não lugar, distante do lugar comum e próximo a nenhum lugar pus-me a alugar o que de ti ainda em mim é inquilino par!

1575
Acolho tua falta e colho tua imagem, miragem e ausência nas asas da beleza, teu perfume em viagem, um lume vasa do meu deserto sem defesas.

1574
E se eu partir repartindo-me em partes, a melhor parte ficando contigo, a pior parte partindo-se em mim e loucuras a parte, parir algum fim?

1573
Burlei todos códigos e segredos e te tirei do castigo. Livre e bela mulher descartaste-me como bandeira branca após a morte do pior inimigo!

1572
estou como uma festa junina sem quentão, uma fogueira em cinzas, um balão que não saiu do chão, agarrado no rabo de um busca-pé ranzinza...

1571
por muito tempo busquei o sério da vida e com a alma perdida vaguei por compromissos e responsabilidades que consumiam todas as vontades

1570
arranquei os freios de minhas gengivas depois que meu narcísico espelho se quebrou e pude me ver como asno empacado em saudade improdutiva

1569
Sei que sou um entre bilhões de outros humanos que Você pode escolher, sei também que sem Você não vou morrer, mas bem que podia acontecer!

1568
vadia como um monstro noturno cavalgando morcego alucinado entrou em meu quarto crescente exigindo troco de algo que não estava negociado...

1567
emolduro o teto com poesias ressaltando tuas imagens evanescentes e acinzentadas, que lentamente vão se desconstruindo em minha realidade...

1566
tenho um viés perfeccionista na personalidade que busca o círculo no que faço que considera o erro igual a morte e tem o detalhe como espaço

1565
sempre odiei xaropes, provas ou qualquer tipo de dor, contra os testes que a vida tenta me impor sedo-me com minha rebeldia, colas e poesias

1564
como pedaços de tuas carnes cruas em meus sonhos e fantasias, inventando temperos e remédios que tornem menos vazia a tediosa indigestão...

1563
preciso de uma ponte entre o agora e o depois*não quero ser só nem exclusivamente seu*deixar de ser um número irracional*menor que nós dois!

1562
entre sancas caídas e velhos quadros, lambo o pó branco de um gesso que não cura meu coração quebrado, esperando alguma lágrima acontecer...

1561
passo massa corrida nas rusgas do meu rosto e como velho palhaço diante de tua infantil tietagem caço risos ingênuos para as minhas bobagens

1560
na língua morta um gosto de usado, declinações em versos trocados, orações eruditas feitas em latim, enquanto o vernáculo castifica meu fim

1559
escondido entre as letras mortas de teu teclado e palavras párias que evitas pronunciar está meu nome que te incomoda feito cicatriz cesária

1558
Leio em tuas mãos meu destino e como um primogênito abortado cobro tuas promessas de antes de nascer infernizando-te em cada cópula casual.

1557
Livro-me dos teus livros: armo-me de amores virtuais, onde meu discernimento estará livre de teus traços e traças letais

1556
Como uma lixa grossa tocou com suas ásperas mãos a pele dela em pêssego recém banhada produzindo um arrepio de dor anestesiada pelo tesão...

1555
Posso te dizer boa-noite, desejar um bom sonho e que durmas tranqüila! Quem sabe em teu sonho eu possa estar próximo do início da tua fila?

1554
Não havia mais a beleza só uma lenta tristeza dominando seus anos e emoldurando com rusgas e rugas o espaço vazio entre seus olhos indianos.

1553
Vendo-me como material reciclável no quebrado espelho que te fez narciso, sei que levarei anos até voltar ser algum pó em sua consideração.

1552
Li um verso maldito, de deixar qualquer um com a auto-estima no chão, pensei em colocá-lo entre meus favoritos, mas deixei-o sem conexão...

1551
Quem tem coragem de levar um segundo, um terceiro não? Eles confirmam o primeiro não já sabido e também testam se o desejo ainda é proibido!

1550
Despreocupada com a ervilha por debaixo do colchão agarrou seus livros novos e com atenção indistinta devorou-os juntos feito traça faminta.

1549
Crimes de prateleiras: diante da geladeira uma gostosa belisca a pele e ele, um necrófilo, controla-se para não assaltar o freezer do IML...

1548
As regras burras estão aí para serem quebradas, mas se alguém astutamente com elas ganham... as protegerão com inteligência redobrada!

1547
Ao distinto cavalheiro uma cachaça de Minas, daquelas feita com dois tipos de cana: uma pura de Salinas e a outra de Operação Cana Dura...

1546
Um deputado federal ganha vinte e seis mil contos de réis, menos que a mãe dele ganha de gorjeta toda noite com impostos de ricos bordéis...

1545
Apesar de sofrer, quem tem os olhos cheios de lágrimas vê o mundo com lentes líquidas que tornam a vida muito mais fácil de se entender...

1544
A diferença entre preparar a vida e salvar da morte não é mais sorte, nem risadas ou ais, são só duzentos e trinta e dois reais...

1543
Viajam voltas em teu ventre à vontade, como um vento vadio no véu de vazias validades e que veio veloz varrendo com toda tua voluptuosidade!

1542
Alimento-me de Você em forjada noite de utopia entre falsas Marias comidas sem sal, já não me sacia comer todas as santas da Alameda Cabral!

1541
Perdi por medo, por não ter força nenhuma, por não querer aliança nos dedos, por ser mar sem espuma no enredo solitário que tu me acostumas.

1540
Como cavalo xucro em busca de égua vadia, fujo de tudo que vem de Você, aposto toda minha indomável paixão na crina de um paraguaio placê!

1539
Viajarei em teus olhos como felino africano em noturna caça, farejarei teus cheiros de européia descendência até achar úmido de tua raça...

1538
Com uma mini saia justa que era uma arma apontada nas têmporas em ebulição, não foi possível outra resposta além de uma completa rendição...

1537
Ainda quero processar em Você meu querer: seja na tua prisão domiciliar, em tua cadeia de sofrimentos ou num habeas corpus casual qualquer!

1536
Amei Você como quem ama pela primeira vez: inocente sem a estratégia de qualquer sedução, escrevi poesias e fui sincero... total insensatez!

1535
Parece que é mais difícil cuidar de tartarugas do que bichanos, apesar de independentes gatos sempre voltam, já os quelônios levam cem anos.

1534
Fujo desta aula maluca onde quem mais sabe está dormindo de vez, vou sair para dançar até que minha ignorância siga algum ritmo de lucidez!

1533
prensado como salsicha de cachorro quente de esquina entre dois sentimentos contrários fui mordido por doce menina nas frases do seu diário

1532
Não pense quem trata dela! Nem queira o que ela não quer que sinta. Deixe que tua frustração seja a tinta de qualquer outra abstrata tela...

1531
Na lâmina dos teus olhos cortei minhas tolas vaidades, no fio de tuas escolhas sangrei por um amor sem nenhuma alternativa além da saudade!

1530
Tantas vezes disse eu te amo que nisto cheguei a acreditar, depois Você negou teu amor por mim e meu amor se tornou um sentimento sem fim...

1529
um chupa-cabra de meter medo em bode de crucifixo preto, saia do seu covil com bafo de morcego hemofílico cheirando sufixos e sulfetos...

1528
creio mais na farra que gira a pomba na porta espontânea de tesão que na pomba gira extemporânea que corta a garra do gavião

1527
Um desejo de sopa quente, com taça de vinho safrado, depois uma conversa sem destino até o quente do teu edredom no meu colchão sem estrado.

1526
Havia perigo nos silêncios dela: eram pausas de respiração entre breves gemidos que exprimiam desejos gostosos e prediziam gritos em gozos.

1525
Densos de sentimentos nos fez a natureza. A vida descascou nossas peles deixando nu o que parecia ser insensível, misturando dor e leveza...

1524
Eu te amo desde sempre cristalizando em meu ser um nunca te esquecer, por mais longe ou perto, errado ou certo, és meu amargo e doce querer!

1523
Dia de dizer eu te amo, não como digo todos os dias! De um modo que não é pelo amanhã ou pelo ontem, mas pelo agora que é nossa maior valia!

1522
No ar minhas fantasias onde depuro ais em tensas lavras, que só serão sais quando teu suor em minha língua provar o louco de suas palavras!

1521
As vezes as palavras são suas, outras suo com tuas loucas palavras, são elas sais que temperam minha língua com gotas do teu suor perfumado.

1520
Com uma linha invisível bordei no pijama que não tenho tuas iniciais, cada vez que nu durmo sozinho lembro-me de nossas noites marginais...

1519
Um movimento de quadros sem molduras? E o desejo dos que gostam de arrancar com os dentes o último reduto da calcinha na maior loucura?

1518
Minha amiga poeta linda, desssas loiras que de tão gostosass tinha noss seuss SSS suavess sibiloss de frio escondido na ponta dos mamiloss!

1517
Gosto do moletom Hard Rock da época em que Você era virgem, está até um pouco puído, mas me traz a ternura de um tempo gostosamente vivido!

1516
Você não me lê! Sabes que quando escrevo estou deixando mensagens sementes, que lentamente vão cultivar um desejo louco no seu inconsciente.

1515
Prepara teu colo, raspa teus pelos, perfuma teu ventre, hidrata tua boca e as dobras de tua pele e me espera embalada para uma viagem louca.

1514
Se fossemos juntos ao banheiro do escritório e o gozo de tua risada acordasse o humor da repartição mexendo no pó de tanta falta de intenção

1513
Agora te vejo escondida em uma célula do Excel(cius), fazendo operações proibidas numa porta secreta de uma programa que te levará aos céus.

1512
Vem comigo, deixa teu porto de lado, não serei teu, nem serás minha, seremos homem e mulher em tudo que por medo Você ainda não quer...

1511
Não foi fácil te ver em mil ternuras ao redor do pescoço do teu novo namorado, engoli a paixão e a vontade buscando no bar alguma dignidade.

1510
E se ela aceitar o convite para jantar, e se o vinho nos deixar apaixonados e a noite terminar em frente a uma lareira de fogos apaziguados?

1509
Fico imaginando Você sentada na escrivaninha gelada do escritório curtindo seu mau humor, só a ira do chefe poderá lhe trazer algum calor?

1508
Lia-me entre uma ou outra atividade chata do dia, com uma ponta de desejo e calor, querendo brincar comigo debaixo de qualquer cobertor...

1507
Tua presença é como uma bomba perdida no meu quintal, não sei quando vou explodir em teus olhos ou como desarmar o teu sorriso letal.

1506
Planejo um túnel de fuga de tua prisão, teu amor possessivo e regras são grossas paredes que cavo só com as unhas de minha livre imaginação.

1505
Não quero tua ira apaixonada, nem tua alegria disfarçada, quero toda beleza que escondes do meu amor em tua risada cheia de tristezas.

1504
Tinha no corpo a cor dos manguezais, cicatrizes de antigos amores e tatuagens apaixonadas escamoteavam em sua pele seus prazeres letais...

1503
Fácil como ser canonizada em São Paulo e tida como puta no Rio, uma marquesa de inexata pureza no cio, nua entre tantos demônios e Santos.

1502
No vazio da tela delineio frases aos meus amores marginais, é um forma breve de conter nos dedos sentimentos que já não existem mais...

1501
Seria capaz de te amar como única e exclusiva em minha mente, me devorarias com todas tuas sensuais manias, prendendo-me entre teus dentes!

1500
A saia descuidada acima dos joelhos brancos, trazia de minhas secretas sombras uma vontade cruel de que ela caísse dos próprios tamancos...

1499
Uma vontade única em nossas bocas: o impossível de devorar lentamente um ao outro, enquanto subimos nas paredes nos arranhando até o teto...

1498
Ao ouvir vindo da rua a melodia deixou de olhar a tela nua, vestiu-se de vermelho e foi dançar com desconhecidos até o raiar de um novo dia.

1497
Algumas coisa ficam adormecidas e só acordam em noites de insônia como surpresas do acaso: uma poesia de boteco ou uma mensagem de saudades.

1496
O som da noite trouxe no agudo triângulo a lembrança de danças suadas em forrós de chão batido e um zabumba inesperado do coração no ouvido.

1495
Minha musa não dorme. O calor da noite a deixa pronta em desejos secretos, ela olha estrelas além do computador e sonha amores indiscretos.

1494
A história era complexa como outras tantas não podiam ficar juntos por questões santas político-sociais e por terem gêneros e gênios iguais.

1493
Ela era pura exigência em sua liberdade vã, queria o improvável da noite em pleno dia e que as estrelas mais belas fantasiassem suas manhãs.

1492
Através do twitter cantava como um Pierrot apaixonado suas serenatas sensuais até que um dia sua Colombina o desconectou suas redes sociais.

1491
Bi-polar com dois machos inversos, um preto, outro branco, com o primeiro era feliz, o outro lhe trazia pranto. Completo era o seu universo!

1490
Vou rezar para Você dormir em paz, cantar baixinho por sonhos bons e velar teu sono de olhos cansados de tantas insônias normais...

1489
Meus olhos estão cansados de tuas viagens, algumas reais, outras fantasiosas, elas grudam em mim ansiosas como se minha fosse a tua bagagem.

1488
O beijo veio fácil como vento em cortina de aberta janela, em goles fortes misturando o gelado da hortelã e o travo sutil da canela...

1487
Olhei para ela como cachorro de puta do lado de fora, enquanto sua dona trabalha para comprar sua cara ração: impaciente e sem compreensão!

1486
Em minha terra natal descubro traumas e recalques esquecidos, um deles o de estar num quarto trancado ouvindo o sangue correndo no ouvido...

1485
Com dedos inquietos buscou nas palavras algum carinho desconhecido, acabou deitada em frases feitas, antes que sua oração fizesse sentido...

1484
Lenda urbana ou não, gostava da quarta-feira livre, dia de folga de muitas mulheres com seus maridos no futebol e poucas alternativas na TV.

1483
Cuida de minhas Antonias não como cães de farda, nem como quem de noite guarda os cachorros, mas como quem sabe os limites de anjo da guarda

1482
Quando a unidade chegou nos meus olhos e pude te ver como mulher de minha vida, tinhas no ventre minha semente tornando a ternura dividida.

1481
Fala-se do amor, sexo e paixão como receita de arroz, bife e feijão. Vida em comida trivial, em preto-e-branco, só com água, pimenta e sal.

1480
A pior arma de todas é o amor, ela pode ferir para sempre sem matar, seu veneno é produzido dentro da vítima em doses quase letais de dor...

1479
Sensação estranha de ver meus amores em desalinho perto de mim, se fosse dentro dava um jeito: uma poesia compensando esta agonia sem fim.

1478
Sonho teus sonhos nos meus, como um caracol diante de horrores encolhendo-se em uma casa ainda em hipoteca por paixões violentas anteriores!

1477
Senti o frio chegar por entre as frestas das calças sem respeitar cuecas e meias. Difícil foi ir ao banheiro gelado com a bexiga cheia...

1476
Melhor ter 11 pontos na carteira, que sair por aí dirigindo feito tartaruga em operação de mesmo nome em seção aduaneira...

1475
Com a testa cheia de mágicos adornos, o máximo que conseguiu foi tomar um porre de deixar sua cueca sem dono, secando solitária num forno...

1474
Livrei-me de 7 pontos na carteira ao descobrir que entrar na tua contra-mão era mais lícito que beber cerveja embrulhada num pacote de pão!

1473
Quarta tranqüila com meus amores, admirando parques e flores, a cata de algum sinal de arte que me leve para longe de minha âncora em Marte!

1472
Quando fui varrido para debaixo do teu tapete, achei que ía morrer de tédio, mas a festa estava muito melhor que na tua caixa de remédios...

1471
Quero cair em tentação, comer o pão que teu diabo amassou, caminhar mil passos em teus tropeços e no avesso ser crucificado por esta paixão!

1470
Ela foi vacinar-se contra a gripe e apaixonou-se pelo enfermeiro do Postinho, corajosa convidou-o para outro tipo de dose num barzinho...

1469
Liberada como uma santa após uma primeira comunhão em missa negra, depositou sua calcinha de oncinha e rendas na caixa vazia de oferendas...

1468
Uma trufa belga entre teus dedos lambuzados de licor Fra Angélico, tem como molduras tuas unhas surrealistas em azul degrade psicodélico...

1467
Mesmo assim Você fica no meio e abre minha adega e coração com ferramentas tiradas da caixa de um velho e fundido caminhão sem freios...

1466
Hora de ligar a lareira, nó de pinho, fogo e faíscas! Um cabernet do Napa Valley até que o desejo aconteça como peixe mordendo nossas iscas.

1465
Criei uma saia negra para tuas meias rosas, com ela Você goza em minha imaginação de cabeça para baixo, molhando a tatuagem do teu umbigo...


1464
Ela ligou o ar quente e o taxímetro da suíte. Depois sem pressa tirou para o menino as cem peças que agasalhavam seu corpo nordestino...

1463
Esgoto-me no ralo de bocas vadias, manchado por batons vermelhos e perfumes fortes, que disfarçam meu mofo jamais exposto a luz do dia...

1462
Meus amores estão juntos, tão próximos como estrelas de uma mesma constelação, por eles meu coração viaja milhões de anos-luz de imaginação!

1461
Ela me deixou nu em plena Rua das Flores, onde todos falam do belo e do feio, como se direito tivessem em desnudar o pelado que já é alheio!

1460
Dona das minhas vontades, apropriou-se indevidamente de outros sentimentos que não eram seus, deixando em meu coração uma imensa saudade.

1459
Ir de encontro aos azares dos teus olhos com lágrimas ainda quentes, é pedir para que o coração seja forte e que não se faça de indigente!

1458
Firma tem que ser dito com "erre" de Piracicaba, daquele jeito de caipira bobo e que mulher carioca não entende, por que não passa na Grobo!

1457
Hora de preparar a carne do corpo para ser devorada em noite de ganha-ganha,com cachaça brasileira em homenagem ao amigo Quixote na Espanha.

1456
Esqueci minha alma debaixo do seu cobertor, com o dia frio, saí de lá sem vontade, querendo um pouco mais do teu gostoso e oportuno calor.

1455
Chegou cheia de surpresa como o capitão Teage, pai do pirata Sparrow, mostrando seus 15 riffs essenciais numa Gibson ES-335 ainda no gancho.

1454
Cobri de anilina teus escritos. Com lágrimas fiz deles quadros abstratos, onde retrato em desbotadas cores, o que já chamei de nossas dores.

1453
Malandro é o pirata que ligeiro... tira o gancho antes de entrar no banheiro.

1452
Virei minha página em tua história, nenhum parágrafo ou rima, só um solitário ponto final, que encerra o capítulo com uma linguagem formal.

1451
De longe veio a vontade de te ver como vôo de dias, com direito a jet lag e tontura: saudades em descompensação horária por nossas loucuras!

1450
Enquanto elas se preparam para outras mulheres com cabelos, unhas e depilação, esperaremos num bar discutindo o que nelas nos dá mais tesão!

1449
Viajei em tuas pernas como criança em parque de diversão, me perdi no túnel de espelhos, rodopiei em teus seios num carrossel de dor e tesão

1448
Não era da terra o meu cantar, eram melodias frias vindas nas asas de um vento Norte com cheiro de gelo cobrindo o sono de uma ursa polar...

1447
Vou seguindo um caminho de letras por onde só haviam números, nele encontro curvas intrigantes, mais misteriosas que a lógica de antes...

1446
Hoje cantei para minha filha, que do ventre da mãe cutucava minha orelha com chutes levinhos respondendo-me com uma forma de pré-carinho...

1445
Tanta fila até minha vez parecia legal a fiscal quase menina: minha bagagem foi virada em tripas como operação no primeiro ano de medicina.

1444
Usado como macho útil, foi feliz por uns tempos até de sentir fútil como consolo sem pilha, abandonado por qualquer outra forma em quilha.

1443
Veio com uma meia calça rosa cheia de péssimas intenções, o preto discreto da saia curta era um contraste entre minhas dores e suas ilusões.

1442
Quem me espreita silente através da pequena fechadura do twitter, sabe que além da porta há um espelho inspirado no vermelho do seu glitter.

1441
Viu o marido dormindo com a cueca do avesso. Ao invés de sufocá-lo com o travesseiro chegou pertinho e reconheceu nele o seu próprio cheiro!

1440
Ela soube do namorado pelos jornais da cidade, não o perdoaria por aquela falcatrua: preso numa casa de swing com um travesti menor de idade

1439
Emocionada com a música eleita para ser um sempre nós dois, chorou ao ouví-la no celular sem atender: não queria saber o que viria depois!

1438
Indolente sexta, cheia de muitas desídias, uma lenta tarde sem asas, que passa como quem engoma camisa do patrão no tempo do ferro em brasa.

1437
Encosta em mim tuas partes ardentes como se eu fosse parede de azulejos. Arrepia meus tijolos que suam como banheiro depois de banho quente.

1436
Os gaúchos chamam brigadeiro de negrinho, um negrinho afrodisíaco é aquele que já vem envolto com intenções que vão além de um doce carinho!

1435
Estou fantasiado de palhaço. Nem preciso colocar bola vermelha no nariz, faço parte de tua comédia como poste gelado em palco de meretriz!

1434
Grudado na goela um cola de arrependimentos e dores, os ciúmes comendo barbas pelas raízes, no coração uma população de paixões infelizes...

1433
Se houvesse como arrancar do céu o cinza maníaco, de tirar dos olhos a vontade de chorar e da garganta o gosto de brigadeiro afrodisíaco...

1432
Costurou na barra de noiva da irmã seu nome pensando em todos ex-namorados, foi como cheque em linha vinte devolvido antes do dia seguinte.

1431
Nada mais compensador do que abrir uma garrafa de água com gás antecipando o som da cerveja ao lado de uma morena quente após o expediente!

1430
Queria ser como a mãe: discreta controlando as pedras do cais, mas os tempos eram outros com homens diferentes dos que disseram ser seu pai!

1429
uma negra nua em foto escura entre objetos preto-e-branco um tranco exala de minha tez abolicionista arrependida de ter queimado a senzala

1428
O fogo dela escapava pelas laterais dos seus fartos quadris, num vai e vem tão gostoso de deixar qualquer depressivo... um macho alfa feliz!

1427
Achei-a no facebook! Seu sorriso maroto, olhar que me provoca mesmo quando está de costa, aceitou-me como amigo... sabendo da minha libido.

1426
O que o branco do papel antes da poesia tem de igual ao branco no lençol após uma noite sem a tua companhia?

1425
Todo sábado benzia-se dela no banheiro, sabia que ela tinha se depilado por inteiro. Sem querer dar o braço a torcer, ficava com ele a doer!

1424
Hora de recomeçar o expediente, não fazer absolutamente nada, sexta é o melhor dia de tomar cana e descansar do meu eterno final de semana!

1423
Quando teus olhos vesgos fizeram do meu... dois, estava lambendo o vale entre tuas montanhas russas esperando teu grito para gritar depois!

1422
A liberdade de ser do poeta-escritor às vezes é muito perversa, machuca os pragmáticos como livro de auto-ajuda esquecido no fundo do bolso.

1421
Uma calcinha de renda preta e misteriosa com lacinhos rosas em cada lado da menina é muito mais fácil arrancar só com uma dentada canina...

1420
Ao ver-te como La Pieta dormindo com teu sonho nos braços, percebi teus olhos fechados em R.E.M. com um ritmo que parecia ser meu também...

1419
Como arrebentar com os dentes uma calcinha sem costura? Na certa não será com falsas juras... muito menos abocanhando pela cintura...

1418
Acordei prá lá do meio-dia com dor nas costas! Levantei o colchão e lá estava a maldita ervilha que me deixou troncho como a princesa Maria.

1417
Se sou livre para falar o que quero? Muito menos do que eu sinto, meu querer é infinito e meu sentir é efêmero como gole gelado de absinto.

1416
Ela acordou atrasada ouvindo ao longe o som do relógio de estação, ainda sintonizada com a noite que foi um trem desgovernado de tesão...

1415
Entre meus dedos o liso do teu gozo, nos meus lábios tua senzala deixa um gosto de alforria desajeitada de sono após tanto tesão libertador.

1414
Olho teu olhar morno de peixe abatido a mais de dois dias, não há neles nenhuma alegria, só sombras borradas esculpidas por lágrimas vadias.

1413
Fugimos das sereias por caminhos opostos, em cruzeiros loucos ... buscando bancos de areias e icebergs fatais…

1412
Meu bordel não tem Jane Avril nem Lautrec, tem uma parede arranhada com unhas femininas que escreveram as minhas poesias mais concretas...

1257 a 1410 no Mikropoesias no Twitter

1410 Como um alter-ego da Princesa Adora, faço com minha espada afiada um corte fino na saudade, te desejando no infinito pesadelo da vontade...

1409 lá se foi minha vontade de Você misturada com um monte de coisas usadas num caminhão de lixo que não é lixo sem destino como verso prolixo

1408 Fui posto num destes desfragmentador de vagabundos com toda minha poesia, saí de lá uma mistura muito mais vadia do que quando lá entrei.

1407 O Silvio, não o Santos, o do Milan, uma festa bunga bunga quiz aprender: Kadafi lhe mostrou que a melhor das bombas é misturar sexo e poder.

1406 Impossível Você ficar em silêncio no meu colo, tua presença faz meu coração bater alto em tuas orelhas... cantando um carinhoso solo...

1405 Minha filha já é mais que um quilo, tem um perfil delicado na ecografia escura, seu coração eu escuto: bate como o meu 173 vezes por minuto!

1404 Recebi uma intimação para abandonar um personagem querido, não sei como me desapegar da imaginação, das máscaras e disfarces construídos...

1403 Quando a filosofia chegou na minha vida, já não tinha tempo para ser amigo dos pensamentos, estava numa maçaroca de desejos e sentimentos.

1402 Seremos sempre o que quisermos ser: amor, guerra ou paz. O centro do teu universo é Você, pois a vida dos outros não lhe pertencerá jamais!

1401 Minha vida muda de pólos, trópicos, hemisférios, de Francisco até Antonia! Um salto quântico magnético integrando o Alaska com a Patagônia.

1400 teu olhar é uma reta infinita para meus olhos cansados de areias impossíveis de serem tiradas com teu matchbox enferrujado em tantas peleias

1399 Tua consideração é um barco furado no meio do mar, uma moto com os dois pneus furados na Patagônia, um carro fundindo entre Paris e Dakar...

1398 Divido Você com todos e tudo, teus amores, tristezas e cheiros, só não te divido dentro de mim, onde te coloco como meu único inteiro.

1397 Não perdi nada dentro de mim quando encontrei teus olhos ainda molhados, não tinham lágrimas em minha intenção só marcas para o meu coração.

1396 Como ser teu amor perfeito? Não tenho tempo, nem idade, muito menos jeito. Choro não poder estar contigo, nem mesmo num sempre teu... amigo.

1395 Fiquei feliz em te ler, saber que estás por aí atravessando mais uma ponte caída, que teu silêncio era de luta escondida em busca da vida.

1394 Quando eu choro por teu amor, minhas lágrimas transformam o amargo da garganta em um raro licor que me ajuda a digerir a falta do teu sabor.

1393 No meio do deserto sonho com Você de vestido branco, descuidada, pernas entre abertas sem pudor: acordo querendo um pouco mais do teu amor!

1392 Minha liberdade em teu corpo é escravidão, tuas algemas não são tão fáceis de serem abertas como tuas pernas, onde publico minha rendição.

1391 Tua boca em convite me faz bem, teus íntimos dotes em meu outdoor me deixa pensando muito além, teu olhar sedutor meus desejos contém.

1390 Estranho estrago que teus olhos estrábicos fazem nos meus, deixando-os tontos e sem estratégias para buscar qualquer outra direção...

1389 Não há gelo que queime como teu calor em tele, não há fogo que derreta o frio do teu gozo, que faz o normal do nada um todo em minha pele.

1388 Nascerá como fonte de riacho puro, água forte de transparência concreta que levará luzes ao escuro e amolecerá qualquer coração mais duro...

1387 A paixão queimava como nó de pinho em lareira nova, nada se ouvia além do ar a crepitar em trova, marcando em sinfonia meu coração em prova.

1386 Na cor de tua blusa no chão desenhei minha vergonha, agora ponha tua roupa antes que eu cheio de tesão em alguma incoviIência te exponha...

1385 Minhas Marias são tantas, são mais que minhas manias, são instransigentes e quentes como santas liberadas de qualquer falsa paixão...

1384 Em lenda urbana cultivei tua humana imagem em filme de duvidosa competência, gravei nossa cena de amor nos trapos e tapes da inconsciIência.

1383 Não há caminhos: só pedras! Nada além de portos sem cais! Nenhum portão nas cercas, nenhuma fronteira aberta aos nossos carinhos ilegais.

1382 Vai ser como a primeira vez, intenso e breve, livre como pena leve flutuando num vento que de tão forte nos deixará asfixiados... sem ar...

1381 A lava escorre quente como esperma entre pernas depois da paixão, deixando uma sensação do liso na lembrança do que aconteceu como erupção.

1380 O tino em crítica sagaz não entende o fato do meu espirito em arribação, crava os dentes da verdade em qualquer semente de inusitada emoção.

1379 Um laço de vontade acorda-me da armadilha dos icebergs, arrasta-me por areias quentes e ventos gelados, sem Norte ou qualquer falso cadeado.

1378 Monge de solitários gestos, um heremita em caverna sem desejos, fico inerte e sem sombra, quieto como pássaro que perdeu as asas e o ninho.

1377 Quando acordar em tua segunda-feira, ainda estarei curtindo domingos de distantes e infindos sonhos, revirando rezas em terços de amor.

1376 Sem porte de armas entrei em guerra contra tuas armadilhas, segui trilhas de desespero enquanto vivias teus sonhos em branco caminho de paz.

1375 Já não tinha mais habilidade de ler seu pensamento, seus sentimentos não eram fáceis e suas vontades indecifráveis viraram frágeis cristais!

1374 Não haverá mais que um momento, um breve só... leve tempo entre o ontem e o sempre, como relógio de ponteiros quebrados e amarrado em nós...

1373 E se a Lua resolver ficar em nosso céu como um sinal de saudade e se ela riscar a noite de tua cidade como luzes em resquício da vontade?

1372 Mostra-me teu caminho flor do deserto, arrimo de dor que desperto e em doce inconsciente sacia qualquer insustentável beija-flor...

1371 Por ser alegre e verdadeira fez um mundo de amigos, acolheu dores e flores em seu abrigo e enfrentava com um sorriso qualquer novo perigo...

1370 Meu deserto despeja o teu quente em vontades meias, suas luzes não iluminam os passos, que de tão grandes, estressam meus músculos e veias.

1369 Nosso amor não é tronco, nem tem raiz, é livre como as folhas! Muda com a estação: quente, frio, úmido, seco e renasce em cotidiana escolha!

1368 Na da como uma feijoada senzala com amigos no Valentina para matar toda e qualquer vontade de algum tipo de atividade vespertina...

1367 Quando qualquer picuinha se transformam em veneno para temperar a relação, a fome se acaba mesmo antes de ser servida a esperada refeição.

1366 Vou brigar com Você, com ou sem razão, vou até Você não mais me querer, vou te perder junto com minha razão, sem vontade de me arrepender...

1365 Estou com muita raiva, aquele tipo de ira que nem bebida destila, que transforma o dia em bílis, como animal preso em conhecida armadilha...

1364 Não há travesseiro que agüente quando tenho pesadelo contigo, é pena para todo lado, algumas reais outras oníricas, um soco acima do umbigo.

1363 Dormi encurralado nos braços de tua poltrona como um animal feroz sem saída, espumei de raiva ao me dar conta que Você se sente minha dona.

1362 Minha cabeça explode desde manhã, como se dentro dela amanhecesse um universo de heróis talibãs...

1361 guarde-me em tua caixa de amigos entre laços de fitas antigos muito bem escondido tire-me de lá só quando quiser o abrigo de um amor perdido

1360 Você me fez de tolo! Fugiu de mim como diabo da cruz, jogou água benta em meus pecados e na hora H vestiu-se de santa e acendeu a luz...

1359 Uma linha tênue separa minha consciente solidão de qualquer social pretensão: cada poesia publicada escancara minha privada depressão.

1358 Ontem ela não quis, teve medo do escuro, de pular para o outro lado do muro onde eu transgressor pichava versos com as tintas do meu amor.

1357 Quanta maldade há quando meu amor está cheio de verdades? Quanta fidelidade há em minhas mentiras por amor? Como conciliar amor e liberdade?

1356 Quero descer tuas costas com minha língua feito um carrinho de montanha russa, brincar em tuas rodas gigantes até que teu balanço me sacie.

1355 Estou apegado as minhas liberdades sem sal, elas me deixam os dias longos como domingos de chuva e as noites curtas como sábado de carnaval.

1354 Ela está leve e solta em uma bolha em levíssimo ninho, sente minha presença como um trovão ainda a distância e já sabe como é meu carinho...

1353 Com 85 mil réis gasto minha abalada vaidade num copo riscado de botequim, destilo-me gota à gota numa garrafa de vodka barata quase sem fim.

1352 Uma musa é sempre fonte de emoção, ora sutil, ora pura perversão, causa ciúmes em quem não é...e em quem também é...uma invejosa admiração!

1351 As vezes me calo quando falo, outras há calos no meu falo; se falo e encaro o que me é caro, claros halos giram ao meu redor com teus aros.

1350 Uma pequena tatuagem no meio da barriga da perna ia e vinha como uma onda da moda fixando meu pensamento como ferrugem em parafuso de roda.

1349 Há fome por debaixo de tuas unhas felinas curtas e roídas de tanto se conter e não se maltratar. Há nelas sinais de sexualidade reprimida.

1348 Quero te querer para sempre, um sempre dentro do possível que é o nosso agora, antes que nossa hora seja para sempre impossível...

1347 Quero liberdade para meus dedos em teu corpo nu em pinceladas de Van Gogh, pintando com minha loucura fantasias secretas que estão em nós...

1346 Angélico não que recebo de ti como uma semanal falta de comunhão, um pão adormecido que alimenta minha alma contínua e lascíva polução...

1345 Quero mais que o pedaço de nós em tua lembrança táctil, quero teu cérebro réptil em ato de procriação, agressivo gozo em sexual rebelião...

1344 A felicidade é só ser... sem questão ou mesmo com ela, é ser leve para deixar que alguém te leve até o amor chegar, repartir e recomeçar!

1343 Nas entrelinhas do teu pescoço escrevi com minha língua um texto de amor. Deixei minha paixão num roxo e minha ternura em um longo arrepio.

1342 Não quero tuas artes nem tuas manhas, muito menos tuas tardes, quero teu cheiro de fêmea no cio criando noites sensuais sem muitos alardes.

1341 Não acredito no puro acaso, se após uma frase que escrevo surge outra em contradição, penso na inteligência escondida desta tal coincidência

1340 Humildade: é ser autêntico mesmo sabendo que podem existir outras verdades!

1339 Com um pedaço de poesia na mão naufraguei meu coração no teu mar. Não tive outra opção, a não ser me agarrar em qualquer rima de salvação...

1338 A tequila fez a cabeça das meninas! Pareciam sintonizadas com as estrelas, com olhares distantes e bocas espumando salivas de matilhas...

1337 Num mar caribenho naveguei em saias curtas de coxas negras dançando rumbas e mambos enquanto um rum dourado descia pirata em minha garganta.

1336 Com os lábios molhados por um orvalho que vinha de baixo ela selou os meus em um ato de coragem explícita diante de tantos olhares desertos.

1335 Sou vergonha em expressar-me diretamente, só me exponho em públicas metáforas, assim ninguém encontrará a porta de minha falsa ingenuidade.

1334 Meu medo me faz retraído em uma concha tão pequena onde não tenho como me esconder e qualquer frase ou comentário me fazem nela permanecer.

1333 Uma Lua Cheia vermelha em pleno dia, noite rara é o lugar que ela merece, mas por mim, mesmo diante de todo Sol... ela me aparece!

1332 Sei que o medo que há dentro de ti a impede de lançar-se na exploração de suas possibilidades como musa, amante e mulher que sabe dizer não.

1331 Quero renegociar comigo tua bela imagem dentro de mim: tua presença real rara e choca é bem menor do que a criada por minha paranóica paixão

1330 Tempo bipolar como quem? Um dia quente, outro frio, ouço hot n cold com Katy Perry e desço a montanha russa do humor em direção ao teu cio!

1329 Derrubei um punhado de poemas em teu decote ousado, eles desceram sob tua roupa como avessos fáceis até serem em teu ventre estraçalhados.

1328 Vadia como porta de bar, aberta 24 horas para qualquer um entrar, assim eu a encontrei, depois a descobri princesa em minha cama e mesa...

1327 o olhar tornando pequeno -passa régua na conta! o peso de toda preguiça cabeça prá lá de tonta e os passos feito treliças

1326 Será que eu ainda teimo em fingir não conhecer o que já sei? Será que eu desconheço e mereço o que me parece óbvio em teu olhar sem lei?

1325 Agradeço meus amores distantes que chegam em lembranças leves e me deixam com o coração nas mãos derretendo saudades como flocos de neve...

1324 Entre meus trêmulos dedos está aceso um estopim que não consigo apagar, como um fogo fátuo, um fantasma quente brinca na palma da minha mão!

1323 Procuro-te no vazio das redes sociais, nas fotos do Google, Orkut e Facebook. Ligo a TV: todos os canais são radares em busca de Você...

1322 Corto minha garganta com uma tequila afiada e densa, que em corte aveludado, esquenta meu estômago após engolir o iceberg de tua presença...

1321 Como uma paddock girl você atravessa em imagens velozes o retrovisor de minha moto que derrapa nas curvas do teu mini vestido liso de azul!

1320 Vendi minha alma para Deus e por erro do carteiro ela foi entregue ao diabo, pago dívidas sem pecado, mexo um caldeirão com colher sem cabo.

1319 Desço a ladeira do teclado como cascata loira de champanhe vendida como genuína nos prontos socorros de uma timeline preguiçosa e sem vida.

1318 Entre dar bom dia ao Vietnã ou silenciar no luto talibã, fico com o que a semana me trouxe: muitas saudades agasalhadas por uma fria manhã!

1317 Vira o avesso do certo como quem come pelas entranhas o melhor caviar, cruza as pernas na minha frente só para perceber onde vai meu olhar?

1316 Não são santos teus olhos me olhando de lado nos braços do teu novo amor, são olhos de quem espreitam teu território em meu canto de dor.

1315 Não sei como integrar ao amor a solução final dada ao Chê e ao Bin, ambos cutucaram a águia listrada e foram bicados nos olhos até o fim...

1314 Vou para uma noite cubana com pregos nos quadris, quero um rebolado martelo para arrancar a apatia que me enquadra numa parede infeliz...

1313 Numa rede sem balanço descanso o coração de Você, arrasto o tempo sem sede, quero um lento porquê sem vontade, longe da paixão e da saudade.

1312 Cuide-se meu amor, cuide de tua descuidada saia, não saia sem tua irmã, se não voltar sinta a nova manhã cuide bem de tudo que Você não tem.

1311 Pirão de rainha, açafrão no mel, fogo no gelo, fel de tainha, jogo em maçã, lista de odeio, morta em cabelo, torta sem freio, pista de rã!

1310 No metrô: teus olhos pararam na estação do meu olhar instável enquanto outros passageiros filtravam com seus corpos nosso flerte improvável.

1309 Vadia como uma puta lançastes tuas unhas em minhas costas pintadas, deixando marcas que arrancaram sangue, matando qualquer velha paz...

1308 Jogo frio este olhar menino, andrógina mulher que definir não quer, sou elo perdido entre teus gêneros, efêmero em sede diante de tanto cio.

1307 Li em teus olhos um amor escondido em versos, me fiz poeta para desvendá-los, mas Quixote me perdi lutando contra os teus dragões perversos.

1306 No ventre macio ela dança minha música preparando-se para a vida, não quer nada além do quentinho da mãe, flutuando em poses distraídas...

1305 Li em teus olhos de mãe a vontade de estar perto de sua filha, de acalantá-la com uma música de Nana, caindo de sono no liso dos carinhos...

1304 Vendo teu coração cair em contradição com minha afirmativa de amor, tratei de fingir no jogo de tuas artimanhas como qualquer velho jogador!

1303 raspei com os dentes os restos de uma ressaca guerra cultivada entre os carunchos de um corrimão quebrado de uma escada que jamais vou subir

1302 Usei todos os argumentos para calar meu coração em grito de desespero. Agora ele em surdez espontânea, só ouve o silêncio que vem de Você.

1301 a psicóloga recém formada visitou à mãe que a tinha sustentado com o suores coletados em muitos etc agradecendo não ter complexo de Electra

1300 No velho sofá de um prostíbulo, a loira de grandes coxas acomodou-se de quatro a espera do seu macho, que insistia com suas poesias de amor.

1299 Deitada no divã suava e disfarçava o que sentia pela terapeuta, quase engasgou nos próprios líquidos quando se percebeu molhada de tesão.

1298 Na sombra da luz que sua voz crítica produz, existe um menino coração que ama a possibilidade do erro e foge do certo como diabo da cruz...

1297 Não tinha ciência que meu amor por Você me deixava tão analfabeto assim: dando murro em pança de foca, correndo de pés atados feito pingüim.

1296 O dia começa frio e lentamente corre em minhas veias como um soro recém tirado do congelador: um agudo sustenido e pontudo em forma de dor!

1295 Quero de prender minha liberdade em uma gaiola, deixá-la longe da janela das possibilidades e aquietar meu coração cheio de escolhas tolas.

1294 Havia um tempo em que o espaço entre os dias eram um quase nada e os velhos ponteiros do relógio voavam sem asas no pulso da mulher amada!

1293 Secretas orgias em pequenos lavabos líricos, onde coloridos pingentes agitam-se indigentes em movimentos síncronos de desequilíbrio etílico.

1292 Vacinada de amores tortos, recusou o meu. Trocou a possibilidade de minhas assimetrias sentimentais por alguém que lhe pareceu mais correto.

1291 Um dia tocarei de leve a sola dos teus pés com minha língua, não só por podolatria, mas para deixá-la livre de tuas tantas idiossincrasias.

1290 Lembra quando éramos perto? Quando amigos, brincávamos juntos na mesma calçada? Que em sonhos quase despertos, desejávamos a mesma namorada?

1289 Vadio como cão de rua cheirei o lixo das promiscuidades, tornei meu faro insensível até que a sarna das saudades me fêz teu amor reconhecer!

1288 Num sábado de Páscoa nasceu meu primeiro filho, uma luz em meu olhar criança! Hoje ele surfa outras ondas, mas na Páscoa seu brilho é meu!

1287 Meu irmão não gosta da imagem que tenho do meu pai que já se foi, diz que ela não condiz com o que ele viveu: que bom que o trauma é só meu!

1286 O fogo que Você prometeu com bocas e olhares, ficou restrito ao circo em chamas que sumiu antes da estréia: um espetáculo só na minha idéia!

1285 Tenho vergonha de dizer que te amo, que ainda te chamo na luz dos silêncios entres rimas e nos vãos de cercas que pulo em busca de chão...

1284 Já me esqueceu! Não foi ontem nem hoje, à muito um outro perto Você escolheu. Então porque volta ao meu pensamento como se ele fosse só teu?

1283 Labaredas de vontades queimam as narinas sem nenhuma anestesia, carregam meu gosto em leque de fantasia e deste moleque desejo nasce dia...

1282 No meio fio de tua rua escrevo poemas que Você não pode ler, Você passa por elas todos os dias sem ver, todos sabem que te amo, menos Você!

1281 No caminho de meu inferno astral encontrei um trevo de quatro folhas, cada uma apontando para um Norte diferente complicando minha escolha.

1280 Incômodo que de tão danado fica escondido e colorindo minha paranóia, uma jóia falsa brilhando no redondo de doloridas lágrimas reprimidas.

1279 Ausência do que foi sempre ausente, presente da agonia, coelho morto na cartola fria da realidade, uma Lua cheia em pleno calor do meio dia.

1278 Não encaro paixão como insanidade, só vontade de viver com intensidade! O resto é piercing que carrego! Acessórios descartáveis do meu Ego?

1277 Apaixono-me por algumas horas, mando mensagens que terão respostas vazias, danço o possível da vida nos passos incontroláveis da poesia...

1276 Uma ou outra vez passo da conta em teores etílicos, ai escrevo, choro, amo quem não me ama, divirto-me com minhas coleção de paixões e dores

1275 Carreguei meus olhos de vontade, cada desejo era uma lágrima livre escorrendo através dos sulcos do meu rosto, em rotas de amor e saudades!

1274 Cansado dos gritos de tantas rimas bobas xingando o COELHO MALDITO, o que me resta é ser dos que nele acreditam... um tolo poeta proscrito!

1273 Era só uma passagem dos judeus no deserto fugindo do Egito. Hoje, de quarta a domingo é um só agito de acabar os joelhos: MALDITO COELHO!!!

1272 Parentes reunidos, o Judas da familia malhado na quinta sem sexta compaixão, a mesma história repetida dos tempos velhos: MALDITO COELHO!!!

1271 Bacalhau, peixe, frutos do mar pelo olho da cara, subiu o preço da cebola, da azeitona, da batata e do pimentão vermelho: MALDITO COELHO!!!

1270 Fim de tarde na escola. A festa de Páscoa das crianças, sempre a mesma coisa: pais tirando fotos, tias metendo o bedelho. MALDITO COELHO!!!

1269 No calor da praia ela atrapalha o dia com panfletos, vestindo uma fantasia de astracão rosa felpudo de caídas orelhas: MALDITA COELHA!!!

1268 Sado-masoquista infantil que esconde ninhos de chocolate de pequenas crianças inocentes, que seguiram seus bons conselhos: MALDITO COELHO!!!

1267 Semana que vem explodirão espinhas com a serotonina dos chocolates, por causa de um miserável chapado de olhos vermelhos: MALDITO COELHO!!!

1266 Qual a origem deste animal? Masculino, mamífero botando ôvo de chocolate, que é vegetal, até roubou uma data do Evangelho. MALDITO COELHO!!!

1265 7 horas de viagem, 20 sacolas de bagagem, fila no super-mecado e no pedágio, gasolina com ágio, um trânsito pentelho... MALDITO COELHO!!!

1264 O que faz o poeta com um agora em eternidade mínima? Se o mau humor rompe o peito em lances de esgrima, devorando o vazio que a vida intima?

1263 O que faz um poeta quando não quer recorrer a uma rima? Quando não quer olhar para cima e deseja inverter o tempo e o espaço que o legitima?

1262 Irritação: alergia na pele da alma, golpe que fere a calma, lenta agonia que transforma o dia em desespero e tortura a própria loucura.

1261 Ódio: remédio amargo do humor, olhos em chamas, língua ferina, mãos fechadas para na cara bater, dentes cerrados prontos para morder...

1260 Agressividade: marco de aumento no território, em palavras firmes ou rude caçada de matilha... as vezes manso como lava quente criando ilha.

1259 Incômodo: algo atravessado na glote, espinho virtual que estanca a garganta, que vira insônia e qualquer possibilidade de paz... espanta.

1258 Raiva: um grito incontido, um vermelho na cara, que mesmo diante do amor vira um gesto brusco de defesa ou luta, um simples filha da puta...

1257 Ira: espaço psicológico interno quebrado, começa em descontentamento, vira incômodo, cresce até a raiva, uma febre esquentando o pensamento!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nossos barcos

Miro 27.05.2011
Nossos barcos são luzes em mares fantasmas,
são naves diáfanas sumindo entre as névoas,
são sombras com sede de fontes de fantasias,
são bússolas a deriva ao redor de uma ilusão.


Nossos rumos são atraídos por falsos Nortes,
traçam rastros paralelos sem algum propósito,
espalham espumas em mil bolhas efêmeras,
enquanto dançam acima de ondas perdidas.


Fugimos das sereias por caminhos opostos,
em cruzeiros loucos sem estrelas para guiar,
buscando bancos de areias e icebergs fatais.


Em qualquer ilha deserta estaremos juntos,
não porque tenhamos planejado o encontro,
mas porque viajamos ao sabor dos destinos...

domingo, 15 de maio de 2011

Incontido Viez

Miro 15.05.2011 Las Vegas

Som em silhuetas
nuvens em fuga
rostos passageiros
destros destinos
encontros fugazes
no fino das luzes
a cruz dos canais
olhos de corujas
em algum resto
que ainda é dia
via de fino acesso
ao acaso da noite
dobras das sombras
que nuas se esvaem
como tez de mulher
que em sonhos
não suporta mais
a paz da exatidão
e em linha direta
corta o nó secreto
do meu dilacerado
e incontido viez...

Trópico de Câncer

Miro - Las Vegas 13.05.2011

Corte tenue de difícil dores
afinado Câncer em trópico
amores em magnético Norte
épico controle do danado

fronteira do real com a ilusão
fria mania de planos imediatos
coração em treze de sexta-feira
um inexato protegendo as crias

contas de cometas sem rastros
o sério em vira-bostas tontas
um astro louco sem hemisférios

endotérmico sono de Ursa
semente de calar enérgico
cursa em hipnose... silente!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Passa régua

Miro, 5 de janeiro de 2006.

uma canção brega
cantada inocente
em um velho karaokê
trouxe-me irreverente
saudade de Você...

um verso quebrado
no microfone sem fio
e um tom desafinado
da janela um vento frio
que me deixa apaixonado

o óbvio é ir embora
enquanto a noite é criança
os abraços de despedidas
gritos de esperança
no brinde final a vida...

o olhar tornando pequeno
-passa régua na conta!
o peso de toda preguiça
cabeça prá lá de tonta
e os passos feito treliças...

sábado, 30 de abril de 2011

Ingênua Sanidade Social

Miro 30.04.2011
pense na pobreza como uma faca
cortando meu coração pelos campos
nas favelas em volta das fábricas
em procissão sustentando que santo?

sinta o arrepio do frio das crianças
que sem expectativas vivem de vento
fugindo de alguma dura esperança
que só traz a dor como sustento...

olhe como o craque trata as bolas
nas ruas com seus meninos bandidos
quem os baniu da pública escola
para uma sina de coito interrompido?

atente para o possível do sonho de Chê
liberdade por meio de uma luta armada?
ou o que dela ainda existe dentro de Você
em ingênua sanidade social amordaçada...

Para Fernando, último codinome de Chê Guevara na Bolívia 9.10.1967

http://www.youtube.com/watch?v=jppkff5mk34&feature=fvsr

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dor na Decisão

Miro 29.94.2011 (... de um guardanapo velho...)


Há mais dor na decisão,
que na indecisão sem cor...

O coração se reparte,
parte é pleno direito,
a outra fica a la carte...

O tempo se esvai sem paz,
só frustração traz...

Escolher só um pedaço
é perder a outra metade,
ganhar o semi-espaço...

É morte plena de vida,
uma folha dividida...

Não há nenhum jeito
de colar o lado vazio
que gruda dentro do peito!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vazio

Miro 20.04.2011

O que faz um poeta
quando não quer
recorrer
a uma rima?

Quando por baixo
não consegue
sequer olhar
para cima?

Quando deseja
inverter o tempo
e o espaço
que o legitima?

O que faz o poeta
com seu agora
em eternidade
mínima?

Se o mau humor
rompe-lhe o peito
em lances
de esgrima?

Se em sua agonia
devora o vazio
que a vida
lhe intima...

terça-feira, 19 de abril de 2011

1167 a 1256 no Mikropoesias do Twitter

1256 Justo agora que eu sonhei que queria Você, Você me acorda para uma realidade difícil de entender: dizendo-se presa às frestas do meu querer.

1255 Com base em inúteis medos, guardei o melhor dos desejos ao conter-me ao redor de teus fúteis segredos...

1254 Verso frustrado, incompleto, ingênuo de tão rico...

1253 Caminhos paralelos de distantes ritos, possibilidade única de existir... próximo de algum inacabado infinito!

1252 Caldos de desejos deixados rasos em louças gregas. Hoje são pratos quebrados a esmo nos cascalhos de uma gostosa via, por acaso, negra!

1251 Deletei teu número da memória e ele do nada me aparece como uma velha e inacabada história...

1250 Uma pequena adaga de luz escreve no céu fantasiosa corte, deixo-te rimas roucas, singelas, respostas ao teu mudo "Quiz"? http://vai.la/1XDJ

1249 Uma Cássia canta sob o corte moicano, com dois Sóis brilhando nos brincos em aros. Em acordes Reis, o violão pula órbitas de acordes raros!

1248 Afogado, sem lanterna ou óculos, na cara só a lama dos paras, náufrago no tenso de teu varal, após navegar impreciso o nosso romance ideal!

1247 Disfarço amor com ciúme, ao invés de alegria mostro um sorriso de tristeza vazia, no cume das vontades enterro todas as minhas fantasias...

1246 Um velho amor atiça em minha boca um gosto de podres sossegos e com passos trôpegos rasgo a sola do cansaço, já sem os pregos dos apegos...

1245 Que tal tomar um banho de rua? Ensaboar-se com o orvalho dos vidros em boêmia e depois se secar com a luz que brisa de alguma fantasia Lua.

1244 Deixo-me ficar assim como rabo empurrando cachorro para seu dono, de um lado para outro atrás de algum carinho teu antes que chegue o sono!

1243 Com raiva de tanto ficar preso nas próprias asas que não me deixam buscar teu velho ninho, vôo alto até ficar sem ar, completamente sozinho!

1242 Nos contornos de tuas orelhas sussurrei desejos que não conto nem ao analista, assustei teu senso comum com um prolongado querer vigarista.

1241 Posso admirar a eternidade de tua juventude no que vives agora, tu poderás ver minha expectativa como um barco afundando num mar de foras.

1240 Sozinho entre os arcos da Lapa, vendo a Fundição Progresso e o Circo Voador, lembrei que ali foi última vez que vi meu inesquecível amor!

1239 Coloco em tuas orelhas a fome indecente de minhas vontades, derramo em teus ouvidos pequenas gotas que colhi em lágrimas de saudades...

1238 Amor meu ou teu? O dedo em V: amor e paz! Amo Você como um guerreiro ateu. O que ele me traz? Um amor que nunca encontrará a tua paz!

1237 Percebo na brisa fria que levanta minhas cortinas, o teu distante cheiro, como um gozo escorrendo no ralo do banheiro sem nenhuma cortesia.

1236 Quero ver o mundo através da janela dos desejos, mesmo que isto seja irreal como um sonho de beijar as margens sagradas do teu Rio Tejo...

1235 Enrolada em um croisant, uma paçoca de leite, condensados deleites com o gosto de uma nova manhã dissolvendo-se lentamente em tua saliva sã.

1234 Já sei que tatear o mundo em busca de tua pele é como tocar um deserto quente: nas unhas escuridão e o silêncio inconsistente da solidão...

1233 No concreto onde enterro arrependimento, sepulto também o trato abstrato de tudo que por Você fiz: aqui jaz uma fantasiosa paixão infeliz!

1232 Se o que vejo está modificado pelo insano de minha inconsciente cegueira, o mundo me parece harmonioso, mesmo que de uma alienada maneira...

1231 No vazio envidraço tua imagem fugidia como miragem, formando vitrais nus, onde com cinzentos batons demarco tua boca em inexpressivos tons.

1230 Sem olhos para te ver vôo as cegas ao redor de fantasmas lampiões, do rápido ao lento, até o zero, num cemitério esquecido de velhos piões.

1229 Quando a lente de velhos amigos nubla minha retina por questões de lealdade cega, uma lágrima cristalina limpa o que a realidade me nega...

1228 Por vezes vejo através de minhas dores, outras em cortes de saudades, soluços de tons de paixões que nem sempre foram amores de verdades.

1227 Meu olhar por mais puro e ingênuo que seja, é mediado pela minha experiência, que acaba descolorindo com ela qualquer coisa que eu veja...

1226 Penso em Você nua, vestida só com tuas pintas, as que conheço, as que escondes, olho tua pele com olhar de sempre, desde o nunca até o onde.

1225 Larguei de fumar por falta de prazer no vício, a bronquite cada vez pior, um sufoco livrar-me da dependência química e dos hábitos ao redor.

1224 Olho através da fechadura do tempo, busco entender o segredo de tuas trancas, mas uma outra chave negra abre fácil as tuas portas brancas!

1223 Pular o muro menino, a bola suja na roupa do varal, paralisar-se ante o vulto feminino na janela martelada do banheiro em seu banho sensual!

1222 Não havia nada a temer, a não ser o cachorro do vizinha, sua minissaia azul-piscina e o velho que montava guarda escondido antes da esquina!

1221 No centro de minha coragem o olhar ingênuo de menino, pronto para qualquer armadilha da vida com a espada sem corte da inocência perdida...

1220 O medo corria ao redor como uma matilha de lobos, as sombras moviam-se, o vento compunha vozes, deixando-me alucinado, apavorado e bobo...

1219 Dos mares... as vieiras, se em coquiles ao forno, o melhor sabor! Só não melhor que o gosto de uma antiga amizade de um diácono e escritor!

1218 Nagasaki, Hiroshima, Chernobil e Fukushima: no entorno dos mortos o fel dos jilós, um nó abusivo de íons, marés de cipós.

1217 A órbita elíptica da Terra ao redor do Sol é quase um círculo, a distância em milhões de km entre pólos é tão pequena como o nosso vínculo!

1216 como cachorro de engenheiro rôo o osso através de contas de ração que tu me colocas na boca toda vez que me pede para te latir com o coração

1215 Nem a lágrima incontida lava a retina acostumada com tua imagem fixa, travando a memória em obsessão escrava de uma paixão prolixa...

1214 Confundo fundo e a forma que se deforma em minha mente, o real se completa com o que projeto de fumaças antigas em significados permanentes.

1213 Olhar e não ver o óbvio crescendo como um Sol nascente é assegurar a mente em acomodação, mantendo-se firme no cais da noite remanescente...

1212 Quero enxergar meus pontos cegos, não os que sei não distinguir, mas os que preencho com algum conteúdo interno e que parecem não existir...

1211 Era minha rinha e musa mais errada, vida virada, rima torta, um demônio na cama, uma peste na relação, bolinava meus versos até a exaustão.

1210 Quero balançar tua saia e cortina, arrombar tuas portas, visitar teus incômodos cômodos íntimos até ser expulso pela tua saciedade morta...

1209 Não há Lua que sustente minhas paixões, ela some em ciclos ou entre nuvens, enquanto meu coração acelera noite e dia em loucas confusões!

1208 Com sede abri o coco verde de tuas águas sensuais, com fome senti a polpa de tua carne branca sob a língua em movimentos helicoidais...

1207 Tiro meu nariz de palhaço da tela do teu cinema mudo, mudo tudo, de roupa, de cidade, de hábitos, em regime de abstração de tua imagem nua.

1206 Um cheiro ilegal de fomes antigas cruzou o faro de meu nariz. Aspirei com desejo os mínimos sinais de tua tara dispersa, flutuante no ar...

1205 Um dia acordarás apaixonada sem estar ao meu lado me desejarás bom dia, banharás teu corpo por mim e louca abrirás a torneira de água fria.

1204 Quando me lembro que esqueci de te esquecer, não me lembro de tudo que já sofri, nem de como é ingênuo este modo de me auto iludir...

1203 A alma em ressaca pede água por mágoas destiladas na madrugada, onde o conflito estabeleceu-se dono do ritmo de um coração em altos agitos.

1202 Minhas súplicas foram lidas e esquecidas num mar de dualidades de uma musa idealizada, dividida que nem sabe o grau que mexe com minha vida.

1201 Há caos de ordem implícita na paixão e só depois dele pode se recomeçar, arriscar organizar a bagunça do coração.

1200 Onde está a estrada que me leva até a tua alma? Onde o mapa dos tesouros dos teus desejos de mulher? Quem curará a paixão que virou trauma?

1199 Um tornado Tony numa BR3, uma tônica lembrança de um festival de anjos e demônios, diziam que era a veia que levava o pó até os neurônios.

1198 Um mosaico de janelas compõe meu olhar voyeur no edifício vizinho, são tantas possibilidades vadias, ainda mais com o grau de minha miopia.

1197 Vivo acreditando que Você um dia será minha! Coisa de posse mesmo! Eu teu dono mandando Você fazer tudo! Até lá serei o teu criado mudo...

1196 Um dos momentos mais preciosos é o clic do nosso olhar quando a amada inicia a oferenda de descer sensual sua calcinha de rendas...

1195 Errei o alvo e acertei a mosca branca que voava ao lado, foi um golpe de sorte, ela ficou comigo mesmo não sendo para ela o poético recado.

1194 A fila não anda, tem pelo menos uns vinte patetas na minha frente até chegar em Você, deste jeito quando acontecer será um caquético querer!

1193 Visitei como um beija-flor tímido o local vital de tua rara beleza, nele selei minha vontade e quis descobrir o segredo de tuas tristezas!

1192 Varri para debaixo do tapete todas as paixões mal resolvidas até que um dia ele saiu voando espalhando no ar todas minhas loucas fantasias.

1191 Um cheiro de puta no cangote delatou as escalas entre o trabalho e a casa, no banho não lavou o pescoço do perfume barato das quentes asas!

1190 Parecia fácil, as grades sem trancas, abrir tua porta como um ladrão. Foi não! Um imenso iceberg táctil esperava-me dentro do teu salão...

1189 O depois ninguém sabe, o cerne da questão é que se não fizesse, estaria para sempre ligado no que não foi experimentado. http://vai.la/1UPS

1188 Lembra a primeira vez? Não foi fácil, estávamos meio bêbados, apaixonados, tão rápido, sem jeito. Você com sono perguntando fizemos direito?

1187 Mascava tabaco de tanta idade, cuspia no chão cru da sala e com o olhar perdido porta a fora, falava do ontem com se fosse exatamente agora.

1186 Entre as pernas: fruto maduro! Um vai-e-vém de acordéom safado no dedo do amado! No ventre a cumbia espuma deleite e espera o estilete duro!

1185 Quando a vírgula quis ficar por debaixo do ponto; a reticência ficou vermelha... a barra pesou entre"aspas"na exclamação de um ciúme tonto!

1184 Uma dirige um importado, outra o nosso País, o Big Brother é de uma Sister pimenteira, não há espaço macho nos brasis: a DeuSA é brasileira!

1183 Para liderados cueca de aço, para o patrão cueca de carvão, assim o cheiro não infesta o espaço e na hora da chincha a equipe tem proteção!

1182 Hoje estou contente com o que não vai acontecer: mais uma vez não vou te ver! Vou ficar comemorando minha solidão em um bar até te esquecer!

1181 Estou me dando um desconto, daquele tipo peixe urbano, de cinco mil por cinqüenta. Quem agüenta tamanha promoção de um solitário ser humano?

1180 Não sou mais engenheiro, tirei a pilha da calculadora, virei poeta de espelho de bar, é lá no banheiro que eu abro a tua caixa de pandora...

1179 Para tocar um velho coração vagabundo será preciso comprar uma radiola, aquela com agulha e que gentil tira sons dos sulcos negros no vinil.

1178 Dia cinzento, a alma tece o luto pela perda de tempo do próprio dia que não quer ir, reza em tédio pelo corpo cansado de tanto dormir...

1177 Esqueço que existo, me mato para fazer Você nascer em mim, é como se eu não quisesse ser no teu começo e Você fosse o início do meu fim...

1176 Vende-se um sentimento pirata, copiado com muito cuidado e atirado num pano de um comércio ilegal, se comprar guarde ele como se fosse real!

1175 Fiz no braço um ying-yang para selar nossa amizade, na semente do branco o negro do teu olhar e na parte negra, o branco de minha saudade!

1174 Música bêbada de fim de noite em boite de quinta categoria, feita por fantasmas que voltam da tumba para saciar-me com alguma nostalgia...

1173 Coragem para dizer que quero é só viagem! É na ação que o desejo desenha alguma tatuagem que desvendará a lenda grega que trava o coração.

1172 Caço em tuas costas arrepios e fontes de um prazer mudo, sigo pelos teus pelos mais sensíveis, do teu pescoço aos teus pés, atiro em tudo.

1171 Você está na minha cara, na minha voz, nos meus versos, nos vãos dos dedos, no pior do meu amor, no melhor dos medos, um universo numa noz.

1170 Respiro pedras de uma saudade fóssil, no barro indócil do coração as pegadas dos teus saltos em retirada após nossa violenta paixão...

1169 Hoje acordei lesado, o nariz esfolado numa piscina, com um nó na garganta, por ter mergulhado nos olhos de uma menina

1168 Tambores da África transpiram Orixás e Exús, giram ao redor saias de pomba-gira, na cabeça teu corpo em pecados nus...

1167
Faça a conta de quantas taças entre tantas danças nós demos conta entre tantos nós... nossos outros nós...