quinta-feira, 31 de março de 2011

Ebó

Miro 31.03.2011


Tambores da África transpiram Orixás e Exús
giram ao redor saias vermelhas de pomba-gira
sobre minha cabeça teu corpo em pecados nus
terços, tridentes, velas, perfumes, intenso noir
no prato de barro minha carne em pedaços crus
tua foto cara mistura-se na taça de champagne
demando teus desejos no frio de meu catre azul
caio em transe consciente do teu asco por mim
convulsivo pranto dilata olhos em ódio da cruz
não sei te perdoar, quero hoje e sempre te amar
o fogo da pólvora protege leste-oeste-norte sul
sacrifico por ti minha vida em flagelos artificiais
meu mau é Você, sem Você sou sombra sem luz
paralisado entre ponteiros e riscos de pembas
fujo do mundo de paranóias e complexos tabus
mato o moribundo amor que não quer morrer
livro-me de tuas teias e versos que não compus
volto torto ao Ebó que me consome em solidão
cumprindo todo castigo que esta paixão faz jus...

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