quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Melancolia

Miro 7.9.2007

Desce-me a angústia pela boca
em orvalho salgado de lágrimas
nos olhos um deserto intenso
a aridez de uma solidão única
enclausurado o ego se encolhe
e retém da alma as possibilidades
que seqüestrada se prostra no chão
imagens de asfalto, assoalhos e solos
sons abafados vindos do próprio peito
a coluna se dobra sob o peso da dor
que de tão indefinida se torna infinita
a autocomiseração além das autocríticas
sem atitudes, sem comportamentos
sem valores ou qualquer crenças...

Só a melancolia em cachorra parceria
guiando o ego cego por ruas de depressão
onde os paralelepípedos crescem sós
absorvendo o tempo entre seus vãos
dedos pesados de pedras e cimento
apertando invisível o nó da garganta
o ar rarefeito em asma brônquica
nega cataplasmas aos fiordes internos
onde as geleiras da tristeza se quebram
deslizando lentas através dos nervos
congelando no ninho a energia vital
sem saída, sem refúgio ou remédio,
o corpo em tédio se põe cansado
e domina a mente num sono profundo
soltando as rédeas que seguravam tristezas...

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