segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cães & Pulgas

Miro 5.10.2006

Os cães do inimigo ainda estão em nossos quintais,
farejam a cerca que nos prende aos anos sessenta,
querem o osso do amor e a paz que ao dono se opunha,
demarcam territórios com o podre de seus humores!

Ainda não descobriram nossas portas, nem os sinais,
sabem que algo nosso está sob a grama cinzenta,
raivosos raspam o chão com o aço torpe das unhas,
agitados, atentam para os menores sons e odores!

Revistam tudo com negros focinhos e verdes domos,
eles não têm nome, identidades, muito menos casas,
querem nos dentes a carne que o tempo não julga...

Latem para o vazio incômodo de tudo que já fomos
afligem-se mutuamente com ganidos ante nossas asas
mas sem saber, nos carregam nas próprias pulgas...

Nenhum comentário: