sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SACO XADREZ

Miro 7.9.2005

Quando sem proteção
Vagava ao vento
Em busca do pó
Que fizesse na pele
A necessária casca
Para enfrentar os medos

O dedo em riste
Apontava a volta
Ou a porta da rua
No saco xadrez
Um tênis e uma Lee
Além do velho cobertor

O frio do estômago
O feio da noite
O fio da navalha
Um filho sem pai
Um fato consumado
O fim da infância

A única lágrima
Secou as demais
Endurecendo o peito
E o nó da garganta
Não se desfez no tempo
Por falta de documento

Hoje de ombros cansados
Não quero mais os pesos
Guardados na memória
A raiva conservada e quente
A ausência infinita
Da semente que me fez.


* Para meu Pai

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