quinta-feira, 25 de novembro de 2010

BIS

Gaibú/PE – Miro 12/junho/2007.

Pássaro solitário em um canto perdido
em compasso mouco de interna espera
asas cansadas de tantos vôos proibidos
penas soltas em muda entre duas eras.

Verdade usada que em pauta desbota
escoa das garras presas ao tenso fio,
em sua garganta já não cabem notas
e do seu bico não escapa nenhum pio.

Com olhos firmes, prontos e constantes
rege o silêncio dos seus impróprios ais
criando uma canção um tanto dissonante
só percebida por alguns surdos animais.

Assim ele jaz no fio por um bom tempo
no ritmo lento que requer o interno rito
eternizando o nada de um contra-tempo
em um há de vir sonoro, quase infinito.

Ante a impossibilidade de ter a harmonia
no encontro do nada, ele compõe o ausente
indo além do vácuo do próprio oco em afazia
para uma platéia vazia a lhe ouvir silente.

Diante de sua orquestra de dores guerreiras
o maestro agradece o que o improviso diz
valoriza as palmas silenciosas das palmeiras
e o coro mudo de um mundo que lhe pede BIS!

Nenhum comentário: