Miro 26.10.2012
Sabe aquele momento em que a vida só cobra tristeza e dor
aquele ponto da história que o protagonista pensa em
desistir
que o sonho vira pesadelo, a esperança acaba em depressão
e melancolia impõe-se companheira da alma solitária e aflita?
Sabe aquela cena que a tela escurece e só uma lágrima brilha
quando no teatro uma música atonal pousa aflita no silêncio
e o maestro vai para casa esconder-se da falta de aplausos
buscando algum placebo para culpar os efeitos colaterais?
Quando a escolha fica contra o destino implacável dos deuses
mesmo depois que os doze trabalhos foram prá lá de cumprido
e o suor seco nas têmporas conserva só insossas mesmices?
Quando a encruzilhada vira uma imensa rotatória sem final
como se um rabugento cachorro procurasse seu rabo perdido
numa helicoidal progressiva riscada no deserto da vontade?
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