quinta-feira, 22 de outubro de 2009

À Tua Pele Negra

Miro 02.jan.2006

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

O teu colo é uma senzala
Os teus lábios são grossos açoites
Que aumentam minha tara
E me queimam toda noite...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

O teu ventre é um chicote
Eu me amarro no teu tronco
Tuas pernas uma prensa
Que me deixa sempre pronto...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

Tua cama é um pelourinho
Onde algemas minhas mãos
Quero servir ao teu prazer
Num Tijuco de tesão...

Quando a tua pele negra
De repente me devora
Viro teu escravo branco
E Você minha senhora...

Africana Deusa do Brasil
Tuas coxas são minhas guias
Estou preso aos teus grilhões
E nem quero alforria...

Um comentário:

Alba Regina Bonotto disse...

Belíssimo!!Não tem como ler este poema sem permitir que a alma sorria com ele.