terça-feira, 1 de setembro de 2009

Asteróide



Miro agosto de 2007
Atravesso mudo o teu mundo
Como um paria mal parido
Rasgando meus papéis e papiros
Quebrando xícaras e espelhos
Detonando bússolas e nortes
Através de rotas sem rumos
Quebrando cancelas e meio-fios
Enquanto tua imagem candente
Some rápida em minha retina
Não te trago mais, nem te traço,
Apenas corro de tudo em ti
Que ainda me parece bom!
Viro teu telescópio ao avesso
E te vejo pequena e distante,
Um ponto estranho na noite
Um final de frase feito em néon
Apagando-se em volto a moscas
Não te quero em meu Universo
Nem nos versos do meu mundo
Retalho as rimas que não te fiz
Vomito os beijos que não te dei
Desamarro-me dos teus vínculos
E perfuro o furúnculo da paixão
Onde me pus teu poeta prisioneiro...
Saio de ti feito asteróide de ré
Com a pele ferida e detonada
Varíola Lua voltando ao vazio
Escarrado de tua fria atmosfera
Queimado pelo atrito do teu ar
Menor por ter em ti me desgastado
Poeira cósmica sem qualquer tez
Sem pés e muito menos cabeça
Atirado entre mundos desertos
Uma bola de fogo que resfria
A espera de se tornar um mofo
No buraco negro de tua memória.

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