Miro 1992
Olho sem graça a cidade
desgraça que invade
por dentro e por fora
em grandes sinais.
Hoje o concreto da praça
não esconde as lombrigas,
que brigam famintas
querendo colar cheirar.
São ternos tantos que passam,
se esbarram, se amassam
e não se conhecem,
não se encontram jamais !
Onde os olhares tão ternos
que levavam os moços
à janela da amada
seus versos cantar?
Cortaram as mãos do poeta
que pixava num muro
seu pequeno protesto
em rimas banais !
Parece que tudo responde
no instinto mais rude;
armas do esgoto de um ego
que não sabe lutar.
Cadê a alegria da raça
que explodia nas ruas
em cores e cantos
de mil carnavais ?
Os sonhos são tirados do lixo
que esconde a cultura
da fome e do medo,
sem letra e sem lar.
Parte de um jogo marcado
no sangue encardido
que alimenta o dia
dos telejornais.
E tantos... sempre em silêncio
De braços cruzados
Assistem um "clip"
Sem ter que pensar...
Um comentário:
isso é bem largo da carioca, rio de janeiro, rj.
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