terça-feira, 1 de setembro de 2009

Melancolia



Miro 7.9.2007

Desce-me a angústia pela boca,
Em orvalho salgado de lágrimas
Nos olhos um deserto intenso
A aridez de uma solidão única
Enclausurado o ego se encolhe
E retém da alma as possibilidades
Que seqüestrada se prostra no chão
Imagens de asfalto, assoalhos e solos,
Sons abafados vindos do próprio peito,
A coluna se dobra sob o peso da dor
Que de tão indefinida se torna infinita
Autocomiseração além das autocríticas
Sem atitudes, sem comportamentos,
Sem valores ou qualquer crenças...
Só a melancolia em cachorra parceria
Guiando o ego cego por ruas de depressão
Onde os paralelepípedos crescem sós
Absorvendo o tempo entre seus vãos
Dedos pesados de pedras e cimento
Apertando invisível o nó da garganta
O ar rarefeito em asma brônquica
Nega cataplasmas aos fiordes internos
Onde as geleiras da tristeza se quebram
Deslizando lentas através dos nervos
Congelando no ninho a energia vital
Sem saída, sem refúgio ou remédio,
O corpo em tédio se põe cansado
E domina a mente num sono profundo
Soltando as rédeas que seguravam tristezas.

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