Miro 27.04.2018
Como encarar esta nossa estranha ponte
Que parece ligar tudo com coisa alguma
Que não é mais segura e nem bela
Nem percebo sob ela coisa nenhuma
Muito menos as águas que sob ela
da foz a fonte
carregavam teu úmido tesão
em desabalada sangria...
Não escuto mais teu grito alegria
nem teu murmúrio íntimo
num suspiro último
entre as pedras e vãos
de nossa cama fria
Sinto só na espinha um vento frio
que me assusta e arrepia
Vindo do abismo utopia
Formado pelo íngreme paredão
que agora margeia
nosso rio…
Como não ficar parado
perdido sem rumo
Se até meus rastros recentes
foram pelo tempo apagados?
Como vou me desenrascar?
Desta opressora situação
Que deixa qualquer sono agitado
Se acordo sem memória
Sem história e sem rumo…
Sinto fome, sinto medo,
Sinto sede em calafrios!
Nos dias de Sol em degredo
A raiva me queima
E desperta minha infinita teima
Se noite a Lua ilumina
Uma prata oxidada nela se atrela
E carrega de nostalgia
O escuro de minha alma masculina
Onde nenhuma nenhuma estrela
aparece para ser guia
Nem mesmo ave em arribação
para seguir com a intuição...
Se eu tivesse uma pá
para vivo me enterrar
feito pária impuro
Mas nem isto posso
sem forças para cavar
O terreno é duro
como um coração sem par
E nesta esfera de impossibilidade
Fico como centro de vulnerabilidade
Pensando em como disto sair
De onde tirar o destino
Do coração, da intuição ou do tino...
Num desjejum cheio de impasses
Largo o que por mim mesmo foi criado
Acorrentando-me a esta dor cíclica
Que vai e vem sem sair do lugar,
Não quero esta ponte ultrapassar
e neste ir não ir me consumo
na irritação hemorragia
que me convulsiona sem sinais
e nela eu me desarrumo
e nela eu me desarrumo
sem solução que desponte
e que me traga algum diagnósticos
para além de qualquer prognóstico
que chegue no teu horizonte!
que chegue no teu horizonte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário