quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Africano Mar

Miro 6/03/2007

Há momentos na vida em que as explicações não dão conta.
Que a razão não tem mais força para confortar.
E o destino inesperado parece totalmente injusto.
Onde as escolhas vividas se mostram tão pesadas
E a culpa se torna inquilina de todos os pensamentos.

Há momentos na vida que as emoções já não sustentam
Que a tristeza faz dos olhos muitas lágrimas rolar
E há raiva pela ausência do que se teve a muito custo
Onde a dor não se destila ante a imensa perda amada
E a saudade se torna eterna dona no lar dos sentimentos.

Há momentos na vida em que as intuições esvanecem
Que a esperança parece um distante e africano mar
E a vontade fica amortecida pelo inesperado susto
Onde as possibilidades simplesmente ficam descartadas
E o próprio poder de renascer se converte em tormentos.

Assim a razão, a emoção e a intuição quase se anulam
Ante um destino onde a felicidade parece não querer morar
Mas são elas mesmas que tornarão o futuro mais robusto
Ao constatar que é o amor que transcende a presença desejada
E transforma em serenidade, a agrura destes maus momentos.

Gaiola de Vidro

Miro 11.02.2010

Algumas lembranças
são como névoas
embaçam os olhos
por caminhos cegos...

outras... mais amigas
brincam na retina
despertam luzes e
dão forma ao dia...

há as que são especiais
como pingos de alegria
brincos na lágrima
de saudades incontidas...

e as tais inesquecíveis
de imprevisíveis refluxos
como aves migrantes
em irrequietos ciclos?

Não sei como ou quando
minha fantasia impune
prendeu a tua imagem
em uma gaiola de vidro!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nas linhas de minha mão!

Miro 01.02.2010
As vezes eu te devoro
Com a boca meio seca
De empoeirada vontade
São cenas quase obscenas
Que escorrem rápidas
Nus vãos... e meus dedos...

Na fértil memória táctil
Sinto teu leve arrepio
Como impressão digital
Que na pele da palma
Traz tua tez em lascívia
Onde meus riscos são teus!

Com meus olhos vidrados
Mergulho-me por inteiro
Nos teus cachos de fogo
São devaneios breves
Em movimentos molhados
De suor, tentação e mel...

Nas linhas de minha mão
Lavo-te em toscos intentos
É o úmido que de ti desejo
A gênese de imprópria saliva
Que quer de ti um pouco mais
Ir além de um solitário engôdo!