Como viver momentos
extraordinariamente normais...
sem que ninguém saiba
de minha profunda irritação
com tanto feijão com arroz?
Como tratá-los como devem
se não causam nenhum impacto
em minha memória emocional
e estarão esquecidos logo logo
sem nenhum depois?
As vezes os conto
como se fossem diferentes
e deles faço de conta que formam
um rosário de contas iguais,
onde entôo a mesma prece
em silêncio consuetudinário…
Outras os deixo tomar doma
do meu grito mais animal
e os solto num rugido surdo
na floresta de concreto armado,
só para sentir o eco
de outros gritos iguais
que cantam a solidão
do trivial ordinário…
O que faço com eles,
se eles aumentam minha coleção
de incipientes escolhas
que não produzem nada...
nada além do nada?
Talvez num dia destes qualquer
assumo a coragem
de tratá-los com tal desprezo,
antipatia e desrespeito,
e numa convencional poesia…
os grife com um tom diferente
da normalidade acostumada!
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