terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Silêncio Consuetudinário

Miro 10.01.2017

Como viver momentos 
extraordinariamente normais...
sem que ninguém saiba
de minha profunda irritação
com tanto feijão com arroz? 

Como tratá-los como devem 
se não causam nenhum impacto 
em minha memória emocional 
e estarão esquecidos logo logo 
sem nenhum depois?

As vezes os conto 
como se fossem diferentes
e deles faço de conta que formam 
um rosário de contas iguais, 
onde entôo a mesma prece 
em silêncio consuetudinário…

Outras os deixo tomar doma
do meu grito mais animal 
e os solto num rugido surdo 
na floresta de concreto armado, 
só para sentir o eco 
de outros gritos iguais 
que cantam a solidão 
do trivial ordinário…

O que faço com eles, 
se eles aumentam minha coleção 
de incipientes escolhas 
que não produzem nada... 
nada além do nada?

Talvez num dia destes qualquer 
assumo a coragem 
de tratá-los com tal desprezo, 
antipatia e desrespeito, 
e numa convencional poesia…  
os grife com um tom diferente 
da normalidade acostumada!

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