quarta-feira, 12 de outubro de 2011

1411 a 1720 Poesias no Twitter

1720
Quando descobri que havia alguma verdade nas mentiras, tapei o Sol da razão com a peneira do coração e pude ver algo de bem em quem delira.

1719
entre os aros de tua bicicleta pedalo sem freios solto a corrente de tuas marchas e só largo teu selim se Você quebrar os raios antes de mim
1718
Desenhaste em minha testa o piercing do teu umbigo, enquanto tuas pernas, como prensas nos meus ouvidos, tapavam gritos, gozos e gemidos...

1717
Apelos sem pelos, gomas de quiabo vazando das grutas, onde diabos espermas em gozos saltimbancos, criam espeleotemas de comas em branco!

1716
Um cheque com teu nome em branco, uma gota de leite na ponta do meu lápis quebrado, na porta giratória tranco, um resto de teu gozo roubado!

1715
Sou o público nó de teus lúdicos medos, eunuco em festa de arestas quentes, o pó do tapete de sete segredos, um vão no cão de teus dentes!

1714
Se havia alguma paixão doente a ser sanada, mudou tanto de cor e de casas, que desnorteou as saudades em uma arribação de lágrimas sem asas.

1713
Quero teu alto QI e teus anos ralando os trinta, quero dançar na lâmina fria do teu estilete, enquanto nossos papéis afogam-se sem tintas...

1712
Movendo-se como uma serpente em meus neurônios, Você fez um ninho de tentações exatas, salpicando de hormônios minha satisfação imediata...

1711
Teu email foi como um fio em duas latas de extrato de tomate através da velha cerca que em tênues vibrações trouxe-me o amor em cheque mate!

1710
Sentir o cheiro de tua pele sem a roupa de teus densos perfumes, foi como entrar descalço em virgem mata atlântica nas asas de um vaga-lume!

1709
Na boca um gosto impregnado por tua louca vontade, teu cheiro marca o território do prazer em meus lábios... ainda úmidos de tua intimidade!

1708
Havia um símbolo erótico em toda tua timidez, como daquela vez em que de saia curta e pés no sofá deixastes-me escapar algum íntimo viés...

1707
O limite foi pedido com disfarçada lágrima, tão triste como quando rompeu com velhas regras suas: rosnando páginas em uma última poesia nua!

1706
... era para ser só um beijo de despedida no rosto, mas rápida umedeceu os lábios e virou-se para repartir a mesma curiosidade de gosto...

1705
Como talvez em tudo que Você diz: se saio de perto fico infeliz, não sei errar além do teu errado, também não me acerto ficando ao teu lado.

1704
Na lógica tradicional do teu cotidiano mulher não existe lugar para minha poesia triste e nem para a mágica de uma paixão marginal qualquer!

1703
Sou covarde em admitir que te amo em silêncio, tenho medo do seu amor, ter teu sim pode ser o fim do que guardo como um tesouro só para mim.

1702
A música veio como um bisturi na memória, que sangrando histórias de tempos idos, montou um mosaico de fotos velhas de amigos desaparecidos.

1701
Qual é o vinho que te faz dançar de calcinha e sutiã pela casa a fora, enquanto o vizinho voyeur aquieta-se para não atrapalhar teu agora?

1700
Que hajam sonhos em teu dormir, que o sono te faça crescer como os bebês, enquanto minha insônia deixa-se parir em algum verso sobre Você...

1699
Penso no louco poeta que há dentro de mim, corro ao redor dos meus poemas em círculos viciosos de um amor que sem começo, nunca terá um fim.

1698
Eu morro um pouco em homenagens póstumas, parece que abrem antigas feridas, sangro em negação e antecipo em mim a única coisa certa da vida!

1697
Com o tesão em melanina desenhou na retina a estrela do seu ciúme, depois com muito carinho transcendeu sua dor com gritos a meio lume...

1696
Um trilho preso na garganta e sem fôlego para chorar teus trens, transpiro loucos motivos preso no vagão de um último suspiro que me convém.

1695
Amanhã era o teu dia, Você almoçava comigo, abria o presente com o seu largo sorriso, mas hoje somos passados... evanescentes e imprecisos.

1694
dizem que o melhor lugar para se paquerar é entre as cordinhas do fumódromo, lá existe um drama comum para iniciar com empatia a azaração...

1693
se possível fosse congelar o amanhã, esquentar o ontem, deixar o hoje em morno eterno, os faria para preservar o destempero deste nosso amor

1692
veio simples como palmito no palito no bar de tua mãe enquanto a cerveja era sorvida em paz mesmo ante a complexidade de nossos íntimos ais

1691
no jogo do teu sorriso entrei em decadente míngua voei cego no céu de tua boca que louca escondeu-me sob o piercing prata no meio da língua

1690
Quem já viu uma orquídea de fogo, uma bromélia chapada, uma papoula em overdose ou uma rosa emanguaçada na mesma cela recompondo suas poses?

1689
um toque frio no teu corpo um beijo em teu rosto minha língua em tuas coxas minha vontade em teus desejos meu calor no cio do teu silêncio

1688
Sou cego em não enxergar os filtros que me sujam de Você, fico no absurdo ritmo do silêncio, banhando-me nas doses secas dos teus clichês...

1687
Percebo no ar um movimento transparente, que em forma de brisa me traz Você em lembranças imprecisas, envoltas pelo azul de um dia quente...

1686
Nos dedos uma pequena vida se agita e projeta um largo sorriso de felicidades: é Antonia que desperta em mim a mais plena das amorosidades!

1685
e assim ela se fêz verso, musa ao inverso, descontrolada e triste, com o dedo em riste, culpou-me por todas as dores do seu belo universo...

1684
Quando em solidão tateava o vazio diante de inexato perigo, ouviu no ar o eco seco de alguns estampidos em forma fogo de versos em abrigo...

1683
Não te quero perto indigente, nem distante como uma falsa diva, te quero viva, como a dívida de minhas feridas em teus juros reincidentes...

1682
Não era para ser exato como matemática, devia pelo menos ser um encaixe bom à beça, mas foi pedra trocada em quebra-cabeça de dez mil peças!

1681
Venha comigo, dá-me tua mão suada, deixa teu medo nos meus dedos e quando a calma voltar, deixa na palma de tua mão a certeza de um amigo...

1680
É simples a complexidade de como nos amamos: são saudades do que não fomos, expectativas que nem nasceram em juras falsas que não quebramos.

1679
Minha paixão é um efeito sem causa, não me destes motivos para me atrair e como imã de um pólo sem pausa desoriento-me ao ir em tua direção.

1678
Sinto teu cheiro com narinas de cão selvagem, minha intenção em matilha cerca de proibidos desejos a blindagem de tua complexa libido...

1674
Linhas lentas de notas musicais soam decadentes no coração, que sem o ritmo da paixão alimenta-se das pausas de teus silêncios artificiais.

1673
sentindo-me o cavalo do Sancho Pança carreguei Você como um fardo de sentimentos em derrotas seguidas contra teus velhos moinhos de ventos.

1672
quando teu dia nascer há de ter o calor dos trópicos o brilho dos orvalhos no Sol e um cheiro indecifrável de lágrimas em versos utópicos...

1671
Não há mais desespero, o sangue na areia é paixão consumada, a rosa desprezada pelo toureiro após os aplausos é como tua última estocada...

1670
O senho em contração de cima para baixo derrama ácidos em um olhar que queima minha timidez natural: quero-te mal de tanto querer te ganhar.

1669
Toureio tuas vontades e tapas que me agarra e quer a espada que sem nenhum segredo escondo sob o forro bordado de minha flamejante capa...

1668
Dedilho teu corpo ao Sol na velocidade exigida pela guitarra ao músico espanhol, atiçando a ira de teus sons ciganos em adormecidos enganos.

1667
A carta do baralho espanhol o fêz vencedor da bisca, poderia escolher a sua ou a mulher do outro, escolheu o outro para colocar a isca...

1667
do palco de chão arrepiado pelo sapateado firme em passos flamencos brota um cheiro de cera costurada pelo tempo de vida dos melhores vinhos

1666
Da areia quente um vento de séculos acende o fogo dos desejos, levanta saias da Andaluzia, queima mantos e engravida minha virgem em poesia.

1665
Lento o dia nasce, a noite escorre em nós cegos, há silêncio nas rua e a ausência de egos deixa a cidade como uma soma de sombras de legos.

1664
Sinto teu cheiro no ar, uma brisa entrou pela fresta da janela e fez a cortina voar, a noite ficou misteriosa... como o teu cheiro noir...

1663
Simples como uma criança abraçou-me quieta, deixou-se dormir em meus pelos, enquanto em vigília, eu lhe afastava o fel de antigos pesadelos.

1662
Vida velha que viola a veia, sem vaias ou vozes ao vento, só vitórias viciadas em vilas de vasos vazando versos vazios, virados e violentos.

1661
Casta como uva em parreira do éden, atirou-me uma maçã com seu olhar e antes mesmo de qualquer original pecado, deitou-se Eva ao meu lado.

1660
Você não me menciona, mas sei que Você me lê, que me sente e mente para si mesma que meus versos jamais modificarão teus imaturos clichês...

1659
Já tive medo de tua boca beijando a minha em completa perdição, hoje tenho saudade do tempo em que a loucura era nossa porta da satisfação.

1658
Como abstrair a paixão que reduz a realidade a um único nome capaz de me fazer feliz, se ela agrupa em um só ser tudo que eu sempre quis?

1657
A chuva prepara o feriado, o tempo arrasta-se ao som de gotas caindo do telhado até o chão, enquanto Curitiba resmunga em total hibernação.

1656
Sinto toneladas de dor pintando meus olhos com sombras opacas, as pálpebras pesadas ao som de uma Amy Winehouse antes da última ressaca...

1655
Leria teus olhos claros no retrato com alguma noturna polução, não fossem estes óculos que escondem a intenção de teu jogo de gata e rato...

1654
O vermelho batom, o perfume ao vento, o vestido curto emoldurando a meia cheia de tramas, eram portas sem trancas, para os meus pensamentos.

1653
Como dormir com um barulho destes no peito? O coração sem jeito batendo alto! Uma nova arritmia ou desejo de Você me tomando de assalto?

1652
Um instante de minha vida em tuas mãos, um berço que me acolhe fugaz, um sono aos cuidados de teu duplo, que caminha longe... sem direção!

1651
Não desisti de teu amor, ele descansa em meus sonhos, onde me visitas sem medo, são momentos de intensa alegria, onde te amo em segredo!

1650
Não tenho mais certeza de nada, nem quero saber de coisa alguma, nem quero que Você me assuma ou que me esconda nos vãos de tua calçada...

1649
Os vidros estavam limpos para o jardim, através deles criei um modo de te imaginar nua dançando na rua com a música que brota dentro de mim!

1648
Era uma casa onde não havia muitas escolhas, uma só janela aberta para um poente, de onde nascia um vento que varria lembranças e folhas...

1647
Quero subtrair de teus olhos o que me atrai em ti, trair com tua traição, rasgar de teus cadernos o eterno onde riscas o risco desta paixão.

1646
Com tinta fresca em parede velha desenhei tuas estrias, que formaram linhas de referências para compor teu belo no torto de minhas poesias!

1645
O domingo espreguiça-se no último assalto, enquanto no corner oposto, minha saudade recupera-se dos golpes no rosto beijando o teu asfalto.

1644
ao encontrar-te machucada por impróprias escolhas quis te salvar das dores, mas envenenei com tuas bolhas a paz que crescia em minha alma...

1643
quando abri minha mente em tua direção não vi que fechavas teu coração e loucas vagavas por obscenas clavas inertes de qualquer intenção.

1642
o tanino na boca ainda dava ao beijo um tempero do almoço por um bom vinho regado deixando para a tarde a escolha de outros capitais pecados

1641
Veio em pedaços, um quebra-cabeças em vezes, levei anos para entendê-la e ao montá-la com arte descobri que ela seria sempre...só uma parte.

1640
Chama-me em chamas, o ventre livre aos meus pés, a toca úmida de querer, com os olhos vesgos diante dos rasgos e tragos de uma saudade viés.

1639
Há um momento psicológico, um ponto de inflexão, uma virada no destino, uma esquina na intenção, onde um sim ocupará o lugar do teu não.

1638
Queimo as mãos em corpos ardentes e peles em fogo, num jogo de fantasias que me deixa sem fôlego para Você, que quieta dorme no meu querer.

1637
Com um Cristo invertido no peito solto as mãos e deixo meu coração no ar, o sangue na cabeça lateja num vôo livre até a cara sujar o chão...

1636
No meu senho uma preocupação se assenhora e não passa, nem destila com as horas, só traça uma cicatriz que escora uma velha paixão infeliz!

1635
Capto tuas ilusões de ópticas em tortas perspectivas, serão jogos intencionais que turvam minha visão, assim como fazes com meu coração?

1634
Uma sede de séculos, desertos em milhas, incontável deriva, solidão de ilha, mas uma só gota de sua boca faz a minha instantaneamente viva!

1633
Vim te buscar no inferno que te foi imposto, lástimas e lágrimas contornam teu rosto, teus lábios estão cheios de chocolate belga sem gosto.

1632
Enquanto devoras nacos de um presente que não é teu, soluças entre um passado torto que não regurgitas e um futuro indigesto e natimorto...

1631
Minha curiosidade sobre a tua lógica me faz refém de tuas manias. Compulsivamente, tento decifrar-te morrendo em teus enigmas todos os dias!

1630
Entre uma palavra minha e outra tua nascem carinhos em imperceptíveis gestos que umedecem nossos cílios costurando um apaixonado silêncio!

1629
Com areia do tempo, cimento da dó e lágrimas inúteis concretizei meu coração. Enforcando em lençóis suados os fantasmas desta louca paixão.

1628
A Lua em deserta solidão aposta corridas com as nuvens no ar, desenha sombras sensuais em minha janela e pela fresta lambe os seios dela...

1627
corruptos pensamentos transversos e marginais com sinais de transgressões sexuais me fazem um estuprador qualificado de teu letárgico normal

1626
Há fogo nos teus olhos, cabelos, pentelhos! Do teu ventre saem faíscas, que queimam a garganta ferida pelo tesão solitário de teus espelhos.

1625
Durmo colado em tuas palavras obscenas, a mando de tuas armações. Algemado a tua sensualidade, rezo terços sem contas em ondas de tentações.

1624
Adestro-me para não sentir mais nada por Você. Estimulo a mente em pequenos desejos empíricos, mas ainda vives em meus inconsciente onírico.

1623
Conto com cada detalhe sensual de tua cumplicidade e diante de tua nudez estática, o caço movimentos sutis que me levem a tua insanidade...

1622
Meus vícios fazem em tua beleza um saltar sem pára-quedas em um escuro precipício...

1621
A mesa está posta com todas as tuas virtudes a mostra, experimento cada uma delas com meus talheres de luxo, devorando-te com minha gula!

1620
Faz tempo que não te sinto, como um guardado segredo guardado entre antigos desejos perdidos: um verso incomum no bolso do casaco esquecido.

1619
Entre o amor que sentes por quem te ama e o ódio pelos que te odeiam, busco ver nas entrelinhas como lidas com os opostos que te permeiam...

1618
Gravo um verso no Corcovado de tua dignidade, rimo o teu trabalho com a minha liberdade, feito caipira pirando nos ícones de tua cidade...

1617
Admiro com o olhar tua bicicleta, cheia de freios e lugares seguros para levar os filhos, nela curtes o dia em pedaladas de suaves brilhos!

1616
Canto o alegre que mora no olhar de tua sinceridade, nele esqueço que sou pária: um cãozinho amaçando o focinho na vitrine da Veterinária.

1615
Mistura tua história na minha sem ter medo da polícia, como se fosse um louco escrivão, viajo hoje teu fim de semana com filhos da solidão.

1614
Por amar a vida escolhi esta profissão: ser poeta, que morre depois de cada verso e renasce por qualquer mínima paixão...

1613
Entre os gritos harmônicos de Janis Joplin e a guitarra de Hendrix lavei meus dezessete anos com a lama louca de um Woodstock sem fim...

1612
Adapte-me ao torto do teu incapaz. Furte-me da fruta de qualquer paz. Capte-me no lilás da mensagem. Corte-me no fugaz de um curta metragem.

1611
Fixo em teus resmungos o fel da minha ira, colo em tuas manias minha distância em tiras, te quero perto sem qualquer choro ou rebeldias...

1610
comprei um chocolate para compensar tua ausência... daqueles especiais para as maiores frustrações... devorei-o sem qualquer consciência...

1609
Abro meu melhor vinho, escrevo um soneto de amor, uma lágrima desce travando meu gosto e queima minha língua com a saudade do teu rosto...

1608
... a filha distante e solitária como urso polar acordado antes da hora, chora ais de insônia com saudades das quentes festas tropicais...

1607
Agrade-me não só com os teus sofrimentos, faça-me algum carinho e vá além do reconhecimento, crie nos olhos alguma lágrima de gratidão...

1606
Quadriculada em cinza e rosa com um despretensioso e lascivo laço vermelho entre o alto comando dos teus joelhos e o piercing do teu umbigo!

1605
Não havia como não olhar para tuas pernas, um ímã para minha libido em castidade, um atrator fatal que me fez pular as grades da liberdade!

1604
Fiz greve de fome, emagreci com tua despedida, rasguei versos, deletei links e endereços, queimei fotos e escondi com óculos a minha vida...

1603
Quando te escrevi meu primeiro poema eu estava apaixonado e em paz, talvez por pensar que tu eras romântica e de toda loucura capaz...

1602
Roteiro de fim inesperado é o nosso amor daqueles que nem revista de TV consegue subornar escrito em Braille na porta de banheiro de um bar!

1601
Só percebi que do filme teu protagonista eu era, quando quase nua Você disse que me comprou a calcinha enquanto estava eu na fila da espera.

1600
Através dos teus pés caminho por areias quentes que desconheço, em uma praia deserta de amor e cheia de gente que amplia os meus tropeços!

1599
Tomo goles gelados de tua hipocrisia, ainda não aprendi a lidar com tua forma de me enganar e assim embriago-me com tuas fúteis manias...

1598
Coloco lenha na saudade, enquanto o frio da noite corta possibilidades de encontrar Você, dobro-me em angústias e esquinas em total cadê?

1597
Olho ao contrário tua fotografia, assim vejo teu sorriso ao reverso e num incontrolável impulso, sinto teu olhar como um desejo invertido.

1596
Meu corpo fala tua língua, tece suor em tua trama, se cobre de tua lama que cura, sua em tua cama, te chama nua e te quer santa e impura...

1595
Não há Londres nas minhas chamas, nem crises no meu Obama, muito menos escândalos no meu Piquet, só uma vontade imensa de estar com Você.

1594
Descubro os sabores que teu vinho pode ter. Guardo na língua os taninos de tuas entranhas. Lambo teu cálice em gestos precisos de somellier.

1593
Fixo minha mente em tuas curvas, alimento-me de tesão em breves movimentos de auto-flagelação até cuspir meu leite em completa frustração...

1592
Onde estará teu suor? Na ponta de alguma língua mulher? Nos dedos de um macho qualquer? Ou guardado no vidro de uma Vodka no congelador?

1591
Com tuas imagens envelhecidas na memória, sinto o tempo que perdi contigo, como uma traça em congestão pelas tintas de tantas letras mortas.

1590
É hora de abrir tuas janelas, teu ar está viciado pelo cheiro de teus gatos mal domesticados, teu lençol carece novos amaciantes e amantes.

1589
Caminho sentindo tuas crises, percebo teus territórios, orgasmos, medos e vazios, de longe ouço tuas frases depressivas e risadas sem sais.

1588
Não acredito em tuas palavras, confio mais em tua solidão, ela não joga com meus sentidos como tuas frases feitas seduzindo minha intenção.

1587
ainda sinto tua saliva em minha pele arrepiando minha barba mal feita carregando de desejos meu olhos antes de deitar-se em um longe sempre

1586
Quero tuas brechas, tuas frestas, teus vazios, quero minhas trinchas em tuas coxas, arrombando as trancas de tuas travas em triviais macios!

1585
No teu DNA, meu cheiro mistura-se com tuas fraquezas e em mensagens maníaco-depressivas levanta suspeitas sobre tua capacidade de amar...

1584
Foi bom te ver com a pele branca como teto de hospital, meu coração não pulou de alegria, nem de paixão, só curtiu o luto em desgaste final.

1583
Não me reconheces como teu amor, nem sabes que sou tua alma gêmea em dinâmica relação liberal, que me faz paciente e eterno em tua negação.

1582
Tomo teus comprimidos de Lítio e mergulho na noite acionando freios anti-depressivos, que me deixam estático em uma cadeira vazia de bar.

1581
Se passo pelos teus olhos como uma lágrima sem anestesia espalhando angústias, posso também te carregar em baldes de efêmeras poesias...

1580
Caio de boca na garganta da noite em tons de pimenta, provo do cimento de tantos olhos inexatos e cuspo sangue em hemofílicos bueiros azuis.

1579
Durmo num estrado de absoluta inconsistência, tendo tua presença como um lençol onírico que me queima de frio em estática inconsciência...

1578
Sinto-me como um grão de areia inútil roubado de uma praia agitada e que agora dorme numa ampulheta que a mais de um século não é revirada!

1577
Ao desertar dos teus desertos sei para ti deixei de existir e passei a morar equidistantemente entre o alegre e o triste, o frio e o quente.

1576
A margem da vida em um não lugar, distante do lugar comum e próximo a nenhum lugar pus-me a alugar o que de ti ainda em mim é inquilino par!

1575
Acolho tua falta e colho tua imagem, miragem e ausência nas asas da beleza, teu perfume em viagem, um lume vasa do meu deserto sem defesas.

1574
E se eu partir repartindo-me em partes, a melhor parte ficando contigo, a pior parte partindo-se em mim e loucuras a parte, parir algum fim?

1573
Burlei todos códigos e segredos e te tirei do castigo. Livre e bela mulher descartaste-me como bandeira branca após a morte do pior inimigo!

1572
estou como uma festa junina sem quentão, uma fogueira em cinzas, um balão que não saiu do chão, agarrado no rabo de um busca-pé ranzinza...

1571
por muito tempo busquei o sério da vida e com a alma perdida vaguei por compromissos e responsabilidades que consumiam todas as vontades

1570
arranquei os freios de minhas gengivas depois que meu narcísico espelho se quebrou e pude me ver como asno empacado em saudade improdutiva

1569
Sei que sou um entre bilhões de outros humanos que Você pode escolher, sei também que sem Você não vou morrer, mas bem que podia acontecer!

1568
vadia como um monstro noturno cavalgando morcego alucinado entrou em meu quarto crescente exigindo troco de algo que não estava negociado...

1567
emolduro o teto com poesias ressaltando tuas imagens evanescentes e acinzentadas, que lentamente vão se desconstruindo em minha realidade...

1566
tenho um viés perfeccionista na personalidade que busca o círculo no que faço que considera o erro igual a morte e tem o detalhe como espaço

1565
sempre odiei xaropes, provas ou qualquer tipo de dor, contra os testes que a vida tenta me impor sedo-me com minha rebeldia, colas e poesias

1564
como pedaços de tuas carnes cruas em meus sonhos e fantasias, inventando temperos e remédios que tornem menos vazia a tediosa indigestão...

1563
preciso de uma ponte entre o agora e o depois*não quero ser só nem exclusivamente seu*deixar de ser um número irracional*menor que nós dois!

1562
entre sancas caídas e velhos quadros, lambo o pó branco de um gesso que não cura meu coração quebrado, esperando alguma lágrima acontecer...

1561
passo massa corrida nas rusgas do meu rosto e como velho palhaço diante de tua infantil tietagem caço risos ingênuos para as minhas bobagens

1560
na língua morta um gosto de usado, declinações em versos trocados, orações eruditas feitas em latim, enquanto o vernáculo castifica meu fim

1559
escondido entre as letras mortas de teu teclado e palavras párias que evitas pronunciar está meu nome que te incomoda feito cicatriz cesária

1558
Leio em tuas mãos meu destino e como um primogênito abortado cobro tuas promessas de antes de nascer infernizando-te em cada cópula casual.

1557
Livro-me dos teus livros: armo-me de amores virtuais, onde meu discernimento estará livre de teus traços e traças letais

1556
Como uma lixa grossa tocou com suas ásperas mãos a pele dela em pêssego recém banhada produzindo um arrepio de dor anestesiada pelo tesão...

1555
Posso te dizer boa-noite, desejar um bom sonho e que durmas tranqüila! Quem sabe em teu sonho eu possa estar próximo do início da tua fila?

1554
Não havia mais a beleza só uma lenta tristeza dominando seus anos e emoldurando com rusgas e rugas o espaço vazio entre seus olhos indianos.

1553
Vendo-me como material reciclável no quebrado espelho que te fez narciso, sei que levarei anos até voltar ser algum pó em sua consideração.

1552
Li um verso maldito, de deixar qualquer um com a auto-estima no chão, pensei em colocá-lo entre meus favoritos, mas deixei-o sem conexão...

1551
Quem tem coragem de levar um segundo, um terceiro não? Eles confirmam o primeiro não já sabido e também testam se o desejo ainda é proibido!

1550
Despreocupada com a ervilha por debaixo do colchão agarrou seus livros novos e com atenção indistinta devorou-os juntos feito traça faminta.

1549
Crimes de prateleiras: diante da geladeira uma gostosa belisca a pele e ele, um necrófilo, controla-se para não assaltar o freezer do IML...

1548
As regras burras estão aí para serem quebradas, mas se alguém astutamente com elas ganham... as protegerão com inteligência redobrada!

1547
Ao distinto cavalheiro uma cachaça de Minas, daquelas feita com dois tipos de cana: uma pura de Salinas e a outra de Operação Cana Dura...

1546
Um deputado federal ganha vinte e seis mil contos de réis, menos que a mãe dele ganha de gorjeta toda noite com impostos de ricos bordéis...

1545
Apesar de sofrer, quem tem os olhos cheios de lágrimas vê o mundo com lentes líquidas que tornam a vida muito mais fácil de se entender...

1544
A diferença entre preparar a vida e salvar da morte não é mais sorte, nem risadas ou ais, são só duzentos e trinta e dois reais...

1543
Viajam voltas em teu ventre à vontade, como um vento vadio no véu de vazias validades e que veio veloz varrendo com toda tua voluptuosidade!

1542
Alimento-me de Você em forjada noite de utopia entre falsas Marias comidas sem sal, já não me sacia comer todas as santas da Alameda Cabral!

1541
Perdi por medo, por não ter força nenhuma, por não querer aliança nos dedos, por ser mar sem espuma no enredo solitário que tu me acostumas.

1540
Como cavalo xucro em busca de égua vadia, fujo de tudo que vem de Você, aposto toda minha indomável paixão na crina de um paraguaio placê!

1539
Viajarei em teus olhos como felino africano em noturna caça, farejarei teus cheiros de européia descendência até achar úmido de tua raça...

1538
Com uma mini saia justa que era uma arma apontada nas têmporas em ebulição, não foi possível outra resposta além de uma completa rendição...

1537
Ainda quero processar em Você meu querer: seja na tua prisão domiciliar, em tua cadeia de sofrimentos ou num habeas corpus casual qualquer!

1536
Amei Você como quem ama pela primeira vez: inocente sem a estratégia de qualquer sedução, escrevi poesias e fui sincero... total insensatez!

1535
Parece que é mais difícil cuidar de tartarugas do que bichanos, apesar de independentes gatos sempre voltam, já os quelônios levam cem anos.

1534
Fujo desta aula maluca onde quem mais sabe está dormindo de vez, vou sair para dançar até que minha ignorância siga algum ritmo de lucidez!

1533
prensado como salsicha de cachorro quente de esquina entre dois sentimentos contrários fui mordido por doce menina nas frases do seu diário

1532
Não pense quem trata dela! Nem queira o que ela não quer que sinta. Deixe que tua frustração seja a tinta de qualquer outra abstrata tela...

1531
Na lâmina dos teus olhos cortei minhas tolas vaidades, no fio de tuas escolhas sangrei por um amor sem nenhuma alternativa além da saudade!

1530
Tantas vezes disse eu te amo que nisto cheguei a acreditar, depois Você negou teu amor por mim e meu amor se tornou um sentimento sem fim...

1529
um chupa-cabra de meter medo em bode de crucifixo preto, saia do seu covil com bafo de morcego hemofílico cheirando sufixos e sulfetos...

1528
creio mais na farra que gira a pomba na porta espontânea de tesão que na pomba gira extemporânea que corta a garra do gavião

1527
Um desejo de sopa quente, com taça de vinho safrado, depois uma conversa sem destino até o quente do teu edredom no meu colchão sem estrado.

1526
Havia perigo nos silêncios dela: eram pausas de respiração entre breves gemidos que exprimiam desejos gostosos e prediziam gritos em gozos.

1525
Densos de sentimentos nos fez a natureza. A vida descascou nossas peles deixando nu o que parecia ser insensível, misturando dor e leveza...

1524
Eu te amo desde sempre cristalizando em meu ser um nunca te esquecer, por mais longe ou perto, errado ou certo, és meu amargo e doce querer!

1523
Dia de dizer eu te amo, não como digo todos os dias! De um modo que não é pelo amanhã ou pelo ontem, mas pelo agora que é nossa maior valia!

1522
No ar minhas fantasias onde depuro ais em tensas lavras, que só serão sais quando teu suor em minha língua provar o louco de suas palavras!

1521
As vezes as palavras são suas, outras suo com tuas loucas palavras, são elas sais que temperam minha língua com gotas do teu suor perfumado.

1520
Com uma linha invisível bordei no pijama que não tenho tuas iniciais, cada vez que nu durmo sozinho lembro-me de nossas noites marginais...

1519
Um movimento de quadros sem molduras? E o desejo dos que gostam de arrancar com os dentes o último reduto da calcinha na maior loucura?

1518
Minha amiga poeta linda, desssas loiras que de tão gostosass tinha noss seuss SSS suavess sibiloss de frio escondido na ponta dos mamiloss!

1517
Gosto do moletom Hard Rock da época em que Você era virgem, está até um pouco puído, mas me traz a ternura de um tempo gostosamente vivido!

1516
Você não me lê! Sabes que quando escrevo estou deixando mensagens sementes, que lentamente vão cultivar um desejo louco no seu inconsciente.

1515
Prepara teu colo, raspa teus pelos, perfuma teu ventre, hidrata tua boca e as dobras de tua pele e me espera embalada para uma viagem louca.

1514
Se fossemos juntos ao banheiro do escritório e o gozo de tua risada acordasse o humor da repartição mexendo no pó de tanta falta de intenção

1513
Agora te vejo escondida em uma célula do Excel(cius), fazendo operações proibidas numa porta secreta de uma programa que te levará aos céus.

1512
Vem comigo, deixa teu porto de lado, não serei teu, nem serás minha, seremos homem e mulher em tudo que por medo Você ainda não quer...

1511
Não foi fácil te ver em mil ternuras ao redor do pescoço do teu novo namorado, engoli a paixão e a vontade buscando no bar alguma dignidade.

1510
E se ela aceitar o convite para jantar, e se o vinho nos deixar apaixonados e a noite terminar em frente a uma lareira de fogos apaziguados?

1509
Fico imaginando Você sentada na escrivaninha gelada do escritório curtindo seu mau humor, só a ira do chefe poderá lhe trazer algum calor?

1508
Lia-me entre uma ou outra atividade chata do dia, com uma ponta de desejo e calor, querendo brincar comigo debaixo de qualquer cobertor...

1507
Tua presença é como uma bomba perdida no meu quintal, não sei quando vou explodir em teus olhos ou como desarmar o teu sorriso letal.

1506
Planejo um túnel de fuga de tua prisão, teu amor possessivo e regras são grossas paredes que cavo só com as unhas de minha livre imaginação.

1505
Não quero tua ira apaixonada, nem tua alegria disfarçada, quero toda beleza que escondes do meu amor em tua risada cheia de tristezas.

1504
Tinha no corpo a cor dos manguezais, cicatrizes de antigos amores e tatuagens apaixonadas escamoteavam em sua pele seus prazeres letais...

1503
Fácil como ser canonizada em São Paulo e tida como puta no Rio, uma marquesa de inexata pureza no cio, nua entre tantos demônios e Santos.

1502
No vazio da tela delineio frases aos meus amores marginais, é um forma breve de conter nos dedos sentimentos que já não existem mais...

1501
Seria capaz de te amar como única e exclusiva em minha mente, me devorarias com todas tuas sensuais manias, prendendo-me entre teus dentes!

1500
A saia descuidada acima dos joelhos brancos, trazia de minhas secretas sombras uma vontade cruel de que ela caísse dos próprios tamancos...

1499
Uma vontade única em nossas bocas: o impossível de devorar lentamente um ao outro, enquanto subimos nas paredes nos arranhando até o teto...

1498
Ao ouvir vindo da rua a melodia deixou de olhar a tela nua, vestiu-se de vermelho e foi dançar com desconhecidos até o raiar de um novo dia.

1497
Algumas coisa ficam adormecidas e só acordam em noites de insônia como surpresas do acaso: uma poesia de boteco ou uma mensagem de saudades.

1496
O som da noite trouxe no agudo triângulo a lembrança de danças suadas em forrós de chão batido e um zabumba inesperado do coração no ouvido.

1495
Minha musa não dorme. O calor da noite a deixa pronta em desejos secretos, ela olha estrelas além do computador e sonha amores indiscretos.

1494
A história era complexa como outras tantas não podiam ficar juntos por questões santas político-sociais e por terem gêneros e gênios iguais.

1493
Ela era pura exigência em sua liberdade vã, queria o improvável da noite em pleno dia e que as estrelas mais belas fantasiassem suas manhãs.

1492
Através do twitter cantava como um Pierrot apaixonado suas serenatas sensuais até que um dia sua Colombina o desconectou suas redes sociais.

1491
Bi-polar com dois machos inversos, um preto, outro branco, com o primeiro era feliz, o outro lhe trazia pranto. Completo era o seu universo!

1490
Vou rezar para Você dormir em paz, cantar baixinho por sonhos bons e velar teu sono de olhos cansados de tantas insônias normais...

1489
Meus olhos estão cansados de tuas viagens, algumas reais, outras fantasiosas, elas grudam em mim ansiosas como se minha fosse a tua bagagem.

1488
O beijo veio fácil como vento em cortina de aberta janela, em goles fortes misturando o gelado da hortelã e o travo sutil da canela...

1487
Olhei para ela como cachorro de puta do lado de fora, enquanto sua dona trabalha para comprar sua cara ração: impaciente e sem compreensão!

1486
Em minha terra natal descubro traumas e recalques esquecidos, um deles o de estar num quarto trancado ouvindo o sangue correndo no ouvido...

1485
Com dedos inquietos buscou nas palavras algum carinho desconhecido, acabou deitada em frases feitas, antes que sua oração fizesse sentido...

1484
Lenda urbana ou não, gostava da quarta-feira livre, dia de folga de muitas mulheres com seus maridos no futebol e poucas alternativas na TV.

1483
Cuida de minhas Antonias não como cães de farda, nem como quem de noite guarda os cachorros, mas como quem sabe os limites de anjo da guarda

1482
Quando a unidade chegou nos meus olhos e pude te ver como mulher de minha vida, tinhas no ventre minha semente tornando a ternura dividida.

1481
Fala-se do amor, sexo e paixão como receita de arroz, bife e feijão. Vida em comida trivial, em preto-e-branco, só com água, pimenta e sal.

1480
A pior arma de todas é o amor, ela pode ferir para sempre sem matar, seu veneno é produzido dentro da vítima em doses quase letais de dor...

1479
Sensação estranha de ver meus amores em desalinho perto de mim, se fosse dentro dava um jeito: uma poesia compensando esta agonia sem fim.

1478
Sonho teus sonhos nos meus, como um caracol diante de horrores encolhendo-se em uma casa ainda em hipoteca por paixões violentas anteriores!

1477
Senti o frio chegar por entre as frestas das calças sem respeitar cuecas e meias. Difícil foi ir ao banheiro gelado com a bexiga cheia...

1476
Melhor ter 11 pontos na carteira, que sair por aí dirigindo feito tartaruga em operação de mesmo nome em seção aduaneira...

1475
Com a testa cheia de mágicos adornos, o máximo que conseguiu foi tomar um porre de deixar sua cueca sem dono, secando solitária num forno...

1474
Livrei-me de 7 pontos na carteira ao descobrir que entrar na tua contra-mão era mais lícito que beber cerveja embrulhada num pacote de pão!

1473
Quarta tranqüila com meus amores, admirando parques e flores, a cata de algum sinal de arte que me leve para longe de minha âncora em Marte!

1472
Quando fui varrido para debaixo do teu tapete, achei que ía morrer de tédio, mas a festa estava muito melhor que na tua caixa de remédios...

1471
Quero cair em tentação, comer o pão que teu diabo amassou, caminhar mil passos em teus tropeços e no avesso ser crucificado por esta paixão!

1470
Ela foi vacinar-se contra a gripe e apaixonou-se pelo enfermeiro do Postinho, corajosa convidou-o para outro tipo de dose num barzinho...

1469
Liberada como uma santa após uma primeira comunhão em missa negra, depositou sua calcinha de oncinha e rendas na caixa vazia de oferendas...

1468
Uma trufa belga entre teus dedos lambuzados de licor Fra Angélico, tem como molduras tuas unhas surrealistas em azul degrade psicodélico...

1467
Mesmo assim Você fica no meio e abre minha adega e coração com ferramentas tiradas da caixa de um velho e fundido caminhão sem freios...

1466
Hora de ligar a lareira, nó de pinho, fogo e faíscas! Um cabernet do Napa Valley até que o desejo aconteça como peixe mordendo nossas iscas.

1465
Criei uma saia negra para tuas meias rosas, com ela Você goza em minha imaginação de cabeça para baixo, molhando a tatuagem do teu umbigo...


1464
Ela ligou o ar quente e o taxímetro da suíte. Depois sem pressa tirou para o menino as cem peças que agasalhavam seu corpo nordestino...

1463
Esgoto-me no ralo de bocas vadias, manchado por batons vermelhos e perfumes fortes, que disfarçam meu mofo jamais exposto a luz do dia...

1462
Meus amores estão juntos, tão próximos como estrelas de uma mesma constelação, por eles meu coração viaja milhões de anos-luz de imaginação!

1461
Ela me deixou nu em plena Rua das Flores, onde todos falam do belo e do feio, como se direito tivessem em desnudar o pelado que já é alheio!

1460
Dona das minhas vontades, apropriou-se indevidamente de outros sentimentos que não eram seus, deixando em meu coração uma imensa saudade.

1459
Ir de encontro aos azares dos teus olhos com lágrimas ainda quentes, é pedir para que o coração seja forte e que não se faça de indigente!

1458
Firma tem que ser dito com "erre" de Piracicaba, daquele jeito de caipira bobo e que mulher carioca não entende, por que não passa na Grobo!

1457
Hora de preparar a carne do corpo para ser devorada em noite de ganha-ganha,com cachaça brasileira em homenagem ao amigo Quixote na Espanha.

1456
Esqueci minha alma debaixo do seu cobertor, com o dia frio, saí de lá sem vontade, querendo um pouco mais do teu gostoso e oportuno calor.

1455
Chegou cheia de surpresa como o capitão Teage, pai do pirata Sparrow, mostrando seus 15 riffs essenciais numa Gibson ES-335 ainda no gancho.

1454
Cobri de anilina teus escritos. Com lágrimas fiz deles quadros abstratos, onde retrato em desbotadas cores, o que já chamei de nossas dores.

1453
Malandro é o pirata que ligeiro... tira o gancho antes de entrar no banheiro.

1452
Virei minha página em tua história, nenhum parágrafo ou rima, só um solitário ponto final, que encerra o capítulo com uma linguagem formal.

1451
De longe veio a vontade de te ver como vôo de dias, com direito a jet lag e tontura: saudades em descompensação horária por nossas loucuras!

1450
Enquanto elas se preparam para outras mulheres com cabelos, unhas e depilação, esperaremos num bar discutindo o que nelas nos dá mais tesão!

1449
Viajei em tuas pernas como criança em parque de diversão, me perdi no túnel de espelhos, rodopiei em teus seios num carrossel de dor e tesão

1448
Não era da terra o meu cantar, eram melodias frias vindas nas asas de um vento Norte com cheiro de gelo cobrindo o sono de uma ursa polar...

1447
Vou seguindo um caminho de letras por onde só haviam números, nele encontro curvas intrigantes, mais misteriosas que a lógica de antes...

1446
Hoje cantei para minha filha, que do ventre da mãe cutucava minha orelha com chutes levinhos respondendo-me com uma forma de pré-carinho...

1445
Tanta fila até minha vez parecia legal a fiscal quase menina: minha bagagem foi virada em tripas como operação no primeiro ano de medicina.

1444
Usado como macho útil, foi feliz por uns tempos até de sentir fútil como consolo sem pilha, abandonado por qualquer outra forma em quilha.

1443
Veio com uma meia calça rosa cheia de péssimas intenções, o preto discreto da saia curta era um contraste entre minhas dores e suas ilusões.

1442
Quem me espreita silente através da pequena fechadura do twitter, sabe que além da porta há um espelho inspirado no vermelho do seu glitter.

1441
Viu o marido dormindo com a cueca do avesso. Ao invés de sufocá-lo com o travesseiro chegou pertinho e reconheceu nele o seu próprio cheiro!

1440
Ela soube do namorado pelos jornais da cidade, não o perdoaria por aquela falcatrua: preso numa casa de swing com um travesti menor de idade

1439
Emocionada com a música eleita para ser um sempre nós dois, chorou ao ouví-la no celular sem atender: não queria saber o que viria depois!

1438
Indolente sexta, cheia de muitas desídias, uma lenta tarde sem asas, que passa como quem engoma camisa do patrão no tempo do ferro em brasa.

1437
Encosta em mim tuas partes ardentes como se eu fosse parede de azulejos. Arrepia meus tijolos que suam como banheiro depois de banho quente.

1436
Os gaúchos chamam brigadeiro de negrinho, um negrinho afrodisíaco é aquele que já vem envolto com intenções que vão além de um doce carinho!

1435
Estou fantasiado de palhaço. Nem preciso colocar bola vermelha no nariz, faço parte de tua comédia como poste gelado em palco de meretriz!

1434
Grudado na goela um cola de arrependimentos e dores, os ciúmes comendo barbas pelas raízes, no coração uma população de paixões infelizes...

1433
Se houvesse como arrancar do céu o cinza maníaco, de tirar dos olhos a vontade de chorar e da garganta o gosto de brigadeiro afrodisíaco...

1432
Costurou na barra de noiva da irmã seu nome pensando em todos ex-namorados, foi como cheque em linha vinte devolvido antes do dia seguinte.

1431
Nada mais compensador do que abrir uma garrafa de água com gás antecipando o som da cerveja ao lado de uma morena quente após o expediente!

1430
Queria ser como a mãe: discreta controlando as pedras do cais, mas os tempos eram outros com homens diferentes dos que disseram ser seu pai!

1429
uma negra nua em foto escura entre objetos preto-e-branco um tranco exala de minha tez abolicionista arrependida de ter queimado a senzala

1428
O fogo dela escapava pelas laterais dos seus fartos quadris, num vai e vem tão gostoso de deixar qualquer depressivo... um macho alfa feliz!

1427
Achei-a no facebook! Seu sorriso maroto, olhar que me provoca mesmo quando está de costa, aceitou-me como amigo... sabendo da minha libido.

1426
O que o branco do papel antes da poesia tem de igual ao branco no lençol após uma noite sem a tua companhia?

1425
Todo sábado benzia-se dela no banheiro, sabia que ela tinha se depilado por inteiro. Sem querer dar o braço a torcer, ficava com ele a doer!

1424
Hora de recomeçar o expediente, não fazer absolutamente nada, sexta é o melhor dia de tomar cana e descansar do meu eterno final de semana!

1423
Quando teus olhos vesgos fizeram do meu... dois, estava lambendo o vale entre tuas montanhas russas esperando teu grito para gritar depois!

1422
A liberdade de ser do poeta-escritor às vezes é muito perversa, machuca os pragmáticos como livro de auto-ajuda esquecido no fundo do bolso.

1421
Uma calcinha de renda preta e misteriosa com lacinhos rosas em cada lado da menina é muito mais fácil arrancar só com uma dentada canina...

1420
Ao ver-te como La Pieta dormindo com teu sonho nos braços, percebi teus olhos fechados em R.E.M. com um ritmo que parecia ser meu também...

1419
Como arrebentar com os dentes uma calcinha sem costura? Na certa não será com falsas juras... muito menos abocanhando pela cintura...

1418
Acordei prá lá do meio-dia com dor nas costas! Levantei o colchão e lá estava a maldita ervilha que me deixou troncho como a princesa Maria.

1417
Se sou livre para falar o que quero? Muito menos do que eu sinto, meu querer é infinito e meu sentir é efêmero como gole gelado de absinto.

1416
Ela acordou atrasada ouvindo ao longe o som do relógio de estação, ainda sintonizada com a noite que foi um trem desgovernado de tesão...

1415
Entre meus dedos o liso do teu gozo, nos meus lábios tua senzala deixa um gosto de alforria desajeitada de sono após tanto tesão libertador.

1414
Olho teu olhar morno de peixe abatido a mais de dois dias, não há neles nenhuma alegria, só sombras borradas esculpidas por lágrimas vadias.

1413
Fugimos das sereias por caminhos opostos, em cruzeiros loucos ... buscando bancos de areias e icebergs fatais…

1412
Meu bordel não tem Jane Avril nem Lautrec, tem uma parede arranhada com unhas femininas que escreveram as minhas poesias mais concretas...

Um comentário:

Isabel disse...

Una danza poetica que continua deleitando el espiritu y el alma de sus lectores!