sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vôo 447

Miro 7.7.2012

Vem cá na cama
é de cana da Índia
tua chama me chama
me ama sem fé
sem cabeça
sem roupa
de pé
feito uma Brahma
gelada em suor
me ama até
tua nua vergonha
virar meu pudor…

Troque tua chama
toque tua chana
encoste minha tocha
em tuas costas e coxas
beba meu chá
meu chá é da índia
como o pó da escada
um incenso queimado
que agora é rapé…

Há canas e canas
a minha cana é benta
pelos sete pecados
do teu interior
me ama sem tempo
me ama senhora
de todas as horas
em ritmo blue
lento a canabis 
acesa sem pressa
me ama à beça
em queda livre
quero ser a dor 
que leva ao teu bis
no fundo das águas
do teu oceano
quero morrer de tesão
sem nojo
sem tarjas
até sem vontade
me ama de novo
como fizemos
sem chegar a Paris...

Sem medo
sem pena
esgota meu ar
respira o silêncio
até o sono chegar...
sem sonhos 
sem ninho
durma tranquila
não há esperanças
no que não vai
começar…

Agora levanta
espanta a prequiça
vista tua roupa
desliga o jornal
eu não quero sentir…
foi só mais um acidente
está na hora de ir!

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