quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mikropoesias 300 a 320

320 Além da estrada cheia de campos e olivas, alguns moinhos caçavam ventos de além mar, enquanto meus olhos perdiam os teus em completa deriva.

319 A bela do Moulin olhou-me mais que devia, errou o passo e tímida sorriu, depois feito Jane Avril entre sombras e Lautrec simplesmente sumiu.

318 O almoço gelou com o velho frio em nossos pratos, nossos lábios rachados, mal continham os garfos enferrrujados e tortos de tanto usados...

317 Sob tiranias e soberbas, entre fios e lâminas, viravam-se latas e litros, tardes inteiras em completa alienação do que havia além dos muros!

316 Antes de dormir com o inimigo, fique com um amigo, acordada! Antes que eu chore o gelo em óleos derretido, derrame-me o calor de tua risada.

315 Meus olhos choram no suor de tuas vidraças, enquanto sem graça, meu coração, em ventos uivantes, pelas frestas de tua janela com medo passa.

314 Dia cinza do frio à mercê! De ficar protegido entre mantas e chás. Nariz ilhado em lenços, a garganta em nós. Dia cinza bom de ficar deprê!

313 Rôo as unhas, caço pedaços de minhas cutículas em sintonia com Você. Com dentes caninos mordo-me nas pontas dos dedos em suicídio blasé.

312 Implicitas ou explicitas, há ordens a serem descobertas no caos de ti que há em mim! http://liderancaimplicita.blogspot.com/

311 Eu te quero, pois faço parte de ti e tua humanidade em mim se expressa, tão forte e coerente como uma coincidência do amor!

310 Luto pelo luto de um amor! Supero a perda de um amor que nunca tive com buracos e fantasias que escapam pelos vãos dos dedos em poesias!

309 Vermelho na boca, azul no cabelo, pelos laranjas sob a calcinha roxa, a meia calça negra em xadrez, um festival de cores e muita insensatez!

308 Não se esqueça que eu te amo! E o que aconteceu? Hoje Você me esqueceu...

307 Ria de sua tragédia como se ela fosse em vão. Plantava a própria comédia, depois colhia solidão!

306 De riso fácil, era o palhaço da corte, tinha um vermelho na face que emoldurava a própria vida. Como circo, partiu sem qualquer despedida!

305 Enquanto engripas em gripes e depressa entras em depressão, eu derrapo por trilhas de jipes até as vias expressas da tua inexpressão...

304 No lado escuro dos teus olhos descobri a noite dos meus, no brilho de tuas lágrimas o dia amanheceu, comungamos tesão mas o amor não nasceu!

303 Não era ela aquela menina de empinado nariz, bunda arrebitada, que sem olhar nos jogava baldes de água fria? Ela mudou ou era só fantasia?

302 Quente era o colo úmido de tanto tesão contido, na primeira lambida se fez gemido, contorcendo-se de prazer como um animal de morte ferido!

301 Rara é a boca que me come em rimas, que na cama quer mais que lábios e ficar por cima, que quer uma tara louca na hora que mais me intima!

300 Destilo em pequenos versos os sentimentos controversos, que em vão eu não consigo engolir, só por vê-los em ti sem qualquer tradução...

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