quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Imperfeitos

Miro 22.08.2010

Não nascemos para sermos belos
e por belos erros nascemos!
Um velocista mais preparado,
entre outros milhões de indolentes
que viraram proteína ao invés de gente.

Não nascemos para sermos sapos
e não há lugar para muitos príncipes!
Só um espaço de vida entre bilhões
de seres que se amam e se matam
e se deitam por terra como mórbidos ímãs.

Não nascemos um para o outro
como clara e gema, ou meias maçãs!
Jamais seremos qualquer todo,
o coração é por si incompleto
e os olhos revelam os desejos secretos.

Não nascemos para sermos idéias
que vencem o tempo nos livros.
Somos letras dispostas ao vento,
átonas sílabas em desbotado vermelho
como imagens sujas em cacos de espelhos.

Não nascemos para sermos estrelas,
pois muitos brilham com o pó dos outros.
Somos um universo em decomposição,
soltos entre o arbítrio e a sorte:
matéria frágil um ponto antes da morte!

Um comentário:

Alba Regina Bonotto disse...

"Somos letras dispostas ao vento" Lindo isso Miro- ficou ecoando no coração.