quarta-feira, 30 de setembro de 2009

miKrodiálogo daMaria

- beijo na tua boca
- na tua
- tua sou
- nua?
- toda
(*)http://damaria.wordpress.com/2009/09/29/mikro-dialogo-pretensamente-poetico/
............................

Entrega
do todo
Esfrega
das partes
Arte!
Ou engodo?
...........................
(*) tua vez...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dissonância Cognitiva


Miro 02.12.2008

Dissonância cognitiva
Ativa discordância
Entre o discurso novo
E a habitual atitude...
Por onde vaza
A intenção anterior
Ainda escondida!
Um confortável NÃO
Inconsciente!
Às vezes um SIM,
inconseqüente. (*)
Coerência... dividida!
(*) Colaboração daMaria

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Microcosmo Virtual

Miro 22 de setembro de 2009

Idílica ideação
Sem inibição fóbica
Contradição fálica
Híbrida violação.

Estereótipo em arte
Dessarte agride
O acre do crítico
O lúdico do normal.

Síntese encardida
Antídoto de modelos
Assunção irreverente
Tríplice contra-mão.

Ambivalente conceito
Estética do subjacente
Pérola negra sinistra
Insólito ao social.

Hálito em pecado
Abúlico imbróglio
Vórtice do cotidiano
Cálida revelação.

Libertadora mágica
Anti cárcere mental
Etílico remédio
Manifesto marginal.

Metamorfose fútil
Ética esdrúxula
Álibi sem delito
Poética subversão.

Víceras ao Sol
Etérea concretude
Vínculo versátil
Microcosmo virtual:


Há na crônica da Maria
Num miniconto perverso
Feito à mão e as pressas
Micropoema em erupção...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

REBELDIA

Miro 26 de novembro de 2008
Já tive momentos de pura rebeldia
De ser contra tudo e todos
Um todo em indignação
Questionando qualquer um
Duvidando do já e do nunca
Provocando incertas dúvidas
Levantando polêmica questão
Rompendo leis, normas e cercas
Afrontando fronteiras e limites
Convocando argumentos
Complicando o complexo
Até me tornando áspero
Ante a aspereza alheia
Alheio ao próprio e ao próximo
Adonando-me da verdade
Qual hedônico egoísta
Querendo o jogo infinito
De brincar de sério supor
E ter que... ir contra a vida...
Para ter a vida a favor?!
Vivi espaços de pinga fogo
Instiguei controvérsias
Agredi verbalmente
Polarizei a discussão
Coloquei a frente a frente
O certou OU o errado
O sim OU o não
A direita OU a esquerda
O dentro OU o fora
O bom OU o mal
O claro OU o escuro
A branca OU a negra
O novo OU o velho
Suando, apostei seco
Na intransigência do OU
Joguei a escolha
Em uma puída ponte
Com duas únicas possibilidades
Onde a razão venceu todas:
Até mesmo a felicidade...
Hoje me faço tênue
Ante o eterno estigma
Sem estar sempre atento
A briga interna e imprópria
De outros... adquirida
Figura parental
Lenda urbana
Crença medieval
Mitológico medo
Valor incontestável
Hábito milenar
Crítica impulsiva
Reação imediata
Salvação intempestiva
Agora componho o silêncio
Autêntica sensibilidade possível
Lutando contra um ato de rebeldia
Com as mesmas armas que ele criou
Término de um ciclo em drama...
Onde tudo começou!?
... ... ... ... ... ... ...

Já tive momentos de pura rebeldia
Vivi espaços de pinga fogo
Hoje me faço tênue
De ser contra tudo e todos
Instiguei controvérsias
Ante o eterno estigma
Um todo em indignação
Agredi verbalmente
Sem estar sempre atento
Questionando qualquer um
Polarizei a discussão
A briga interna e imprópria
Duvidando do já e do nunca
Coloquei a frente a frente
De outros... adquirida
Provocando incertas dúvidas
O certou OU o errado
Figura parental
Levantando polêmica questão
O sim OU o não
Lenda urbana
Rompendo leis, normas e cercas
A direita OU a esquerda
Crença medieval
Afrontando fronteiras e limites
O dentro OU o fora
Mitológico medo
Convocando argumentos
O bom OU o mal
Valor incontestável
Complicando o complexo
O claro OU o escuro
Hábito milenar
Até me tornando áspero
A branca OU a negra
Crítica impulsiva
Ante a aspereza alheia
O novo OU o velho
Reação imediata
Alheio ao próprio e ao próximo
Suando, apostei seco
Salvação intempestiva
Adonando-me da verdade
Na intransigência do OU
Agora componho o silêncio
Qual hedônico egoísta
Joguei a escolha
Autêntica sensibilidade possível
Querendo o jogo infinito
Em uma puída ponte
Lutando contra um ato de rebeldia
De brincar de sério supor
Com duas únicas possibilidades
Com as mesmas armas que ele criou
E ter que... ir contra a vida...
Onde a razão venceu todas:
Término de um ciclo em drama...
Para ter a vida a favor?!
Até mesmo a felicidade...
Onde tudo começou!?

MENTIRA

Miro 2 de dezembro de 2008

Acreditar na incoerência alheia
Na dissonância que simplesmente vaza
Quando o outro se impõe patrão
Com alta voz de comando em mentira
É pagar o barato a peso do couro
Deixar-se incauto ao evidente logro
É colocar um colar de sujo carvão
Numa caixa feita para puros brilhantes
É enterrar a possibilidade da verdade
Em vala comum de indigentes
Ou torná-la um soldado desconhecido
Homenageada em um mausoléu sem ossos...

Ensina-me...


Miro 20 de novembro de 2008
Vinte vezes, ensina-me...

01 Como falar da perda de algo que não tive?
02 Como entender a dor real de se desfazer algo que é só fantasia?
03 Como aplacar a fome concreta oriunda de uma subjetiva vontade?
04 Como aceitar a partida de algo que nem sequer foi?
05 Como manter a dignidade ante o desrespeito à autenticidade do que sinto?
06 Como não achar um pecado o doce pecado não cometido?
07 Como sorrir insensível à paixão se dentro ela chora doendo?
08 Como lidar com um futuro que não tem passado e nem sequer é um presente?
09 Como engolir em seco a úmida vontade?
10 Como querer respirar fundo o teu cheiro que me sufoca?
11 Como querer o infinito ao teu lado se o paralelo entre nós também é infinito?
12 Como aplacar a saudade de uma relação que nem começou?
13 Pra que rimar paixão e desilusão, se o verso está quebrado antes mesmo de ser completado?
14 Como destilar o fel de um mel que qual veneno homeopático adoça a insônia amargurada?
15 Como cavalgar a égua de uma paixão indomada enquanto o garanhão do silêncio relincha ao lado?
16 Como atravessar tranqüilo o tempo se o desejo está atravessado?
17 Como me manter ereto se o peito comprime a coluna, que se dobra diante da força de tua imagem interna?
18 Como ser sincero se o jogo pra ser ganho exige perder a explícita autenticidade?
19 Pra que o cuidadoso recato se a paixão incontida extravasa pelos poros descuidada?
20 Como Você me ensinará tudo isto, se os teus olhos são analfabetos e complicam os significados simples de minhas palavras?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Fogo @ claustrofobia

Miro 07.05.2009

Tuas cotas de não
Afirmam bem cedo
Desse pó um "ou" vindo!
A ti busco em vãos
Meu verso sem medo
Como um bandido.
Sou teu arrepio
Um pacote baixado:
Espião clandestino.
Vôo em teu cio
Um mote gozado
Um pião: clã destino.
Estou só em teu vazio
Sem a tua ciência
Um pária proscrito.
De cipó meu pavio
A nau consciência
Em área de escritos.
A maré tristeza
O lítio em tua veia
Infausto... fulgia...
Amar é tristeza
Delírio que ateia
Fogo @ claustrofobia!
Eu falo em metáforas
Que dobra o sentido
Do teu silêncio em Dó!
Teu sim-não, está fora
E dentro do olvido:
Entre notas e nós...
Meu falo em diáspora
Que cobra o sentido
No silêncio de um só!
Teu sim, não está fora
É centro do ouvido
Em notas de nós...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

JOGO MARCADO

Miro 1992

Olho sem graça a cidade
desgraça que invade
por dentro e por fora
em grandes sinais.
Hoje o concreto da praça
não esconde as lombrigas,
que brigam famintas
querendo colar cheirar.
São ternos tantos que passam,
se esbarram, se amassam
e não se conhecem,
não se encontram jamais !
Onde os olhares tão ternos
que levavam os moços
à janela da amada
seus versos cantar?
Cortaram as mãos do poeta
que pixava num muro
seu pequeno protesto
em rimas banais !
Parece que tudo responde
no instinto mais rude;
armas do esgoto de um ego
que não sabe lutar.
Cadê a alegria da raça
que explodia nas ruas
em cores e cantos
de mil carnavais ?
Os sonhos são tirados do lixo
que esconde a cultura
da fome e do medo,
sem letra e sem lar.
Parte de um jogo marcado
no sangue encardido
que alimenta o dia
dos telejornais.
E tantos... sempre em silêncio
De braços cruzados
Assistem um "clip"
Sem ter que pensar...

SOL, ESTRELA, LUA E FLOR

Miro 1991

Alguém sentado ao meu lado
Conta uma história qualquer...
Diz que longe, no passado,
Foi feliz como mulher.
O primeiro namorado
Que lhe falava de amor
Em lindos versos cantados:
Sol, estrela, lua e flor !
Raspas de um tacho virado,
Que o tempo jamais limpou,
Cinzas no ventre guardado
De um fogo que não queimou.
Hoje o rosto marcado
Das voltas que a vida deu,
Sente o corpo pesado,
Um fardo que não é seu.

Alguém andando ao meu lado
Fala de coisas banais...
Fatos do seu passado,
Que não acontecem mais.
A primeira namorada
Por quem se fez compositor,
Na mais linda madrugada:
Sol, estrela, lua e flor !
Restos, loucos segredos,
Que a vida não lhe tirou.
Escondido entre os dedos,
Desejos que não sufocou.
Hoje os olhos cansados
Não sabe o que aconteceu,
O amor que tinha sonhado
Na poeira se perdeu...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ratos & Chinchilas

Miro 26.11.2008
Parece que ainda preferes
Manter a linha discreta:
Quão secreta é esta evidência?

Quase sei por que escondes
Tua tristeza em ofícios:
Benefício raro da marra!

Eu não sei do teu sentir
Nada além daquela lágrima:
Esgrima de minhas mensagens!

Instigo meus medos em rimas
Meto micha em teu cadeado:
Laqueado de tantas trancas!

Mas como azeite de oliva
Escorres do meu garfo em riste:
E triste só tenho teus rastros!

Navego assim em fantasias
Comendo-te em devaneios:
Odeio o jejum da madrugada!

Durmo agitado e longe
Monge em catre gelado:
Abraçado a etéreo súcubo!

Sonho molhado contigo
Acordo sufocado e quente:
Carente em minha própria noz!

De manhã junto trapos e frações
Na ausência de teu sinal em rede:
Uma parede é teu dia impessoal!

Acomodo o incômodo fogo
E jogo teu jogo que não diz:
Teu juiz nada comigo...

E no ralo do raiar do dia
Limpo o nojo de insanos pratos:
Ratos morrem por tuas chinchilas!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Scrap

Miro 26.11.2008

Quero que Você cole em mim
Sobrepondo tua imagem nova
Adesivada de tantas tristezas
Num kit que combine leve
Tua beleza quase ingênua
Com o meu álbum de memórias
Emoldurando com teus cachos
O scrap tonto dos meus passos.

Quero que Você cole em mim
Em livres camadas sucessivas
As fitas de tuas vontades
Que combinem teu retrato
Com as minhas bordas loucas
Num clipboard inusitado
Emoldurando com teus cachos
Um scrap louco nos meus laços.

Quero que Você cole em mim
Os teus carinhos dupla face
E os teus lábios super bonde
Em apliques leves, divertidos
No background de minha pele
A cola quente do teu gozo
Emoldurando com teus cachos
Um scrap pronto sem compassos.

Quero que Você cole em mim
Os rabiscos de teus devaneios
As fotos de tuas viagens
Constelação de ilhós em nós
Barbantes que nos entrelacem
Entre lençóis e outros recortes
Emoldurando com teus cachos
Teu scrap solto em meu espaço.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

88 44 miKroPoesias do Twitter

88 Cai cachoeira loira sobre tua blusa, caracóis de sóis soltos no colo, moldura de teu sagrado em riste: os cumes úmidos de teus seios livres.

87 De olho no teu colo, colho teus encantos, molho me de espantos e orvalho me em teu solo!

86 Quero uma gota em tua língua! Não de minha lágrima tela, nem de minha saliva canela, mas do meu leite em transe, para te saciar à mingua...

85 Fácil correr em duas rodas! Tuas duas rodas, teus desertos e pelos quentes! Easy rider em Você!

84 Mordo água viva. Cogumelo de areia na boca seca. Poeira do tempo nos poros e olhos. O vermelho sangra o nariz. Uma chaminé de solitário mar!

83 NAMU MYOHÔ RENGUE KIÔ: escrito para eu não esquecer, um dito para ser feliz? Ficou no bolso sem ler. Quem sabe o que o dito diz?

82 Uma mulher quase fatal: se apertada não acendia, úmida não cedia, era só etc. a tal, jogou tanto coma-me se for capaz que virou pó no final!

81 Na Espanha: homem morre de suicídio alheio. Nos USA: 5o. Jackson chega ao que nunca veio. No Brasil: Hino da Vanusa é o fim de nossos meios.

80 Meu amor quer se jogar da sacada! Pra ela não sou nada, sequer se lembra da rede, o nó de nós sem fim: -Se for pular... caia em cima de mim!

79 Só havia um modo de ter a verdade, apertá-la de jeito quando chegasse à cidade. Cioso se preparou. Exausto dormiu na porta: ela não voltou!

78 Tinha medo de ficar sozinha: o vento pelas frestas da janela compunha seus horrores, amplificando estalos, fantasias, fantasmas e temores.

77 Expresso minha ira em rimas, onde o talho mental tem acuidade, pois atinge o inteligente em sua burrice e compraz o ignorante por afinidade.

76 Ela queria achar alguém 100 entre tantos, um homem cheio de encantos e olhar sem entretantos, que pudesse ser jogado em cantos... entretanto

75 Claudicava naquela paixão deficiente sem nenhuma acessibilidade, apelou por cotas indigentes, pintou os cabelos e infeliz mudou de cidade...

74 O cheiro do Jean Paul combinava com o suor, dava um nó nos nerônios e enchia as ventas de hormônios, o que veio depois foi ainda bem melhor!

73 Criou ao redor de si uma aura de tristeza, lábios na lona no primeiro round, tecia em cinzas sua defesa: vivia feliz do próprio underground.

72 Ela não gostava de batom rosa, mas a pele de pelos finos incolores a fez esquecer as dores: de ventre livre aceitou a boca úmida e manhosa.

71 Molhada de suor virou-se para o outro lado da cama, nas pernas a sensação do gozo ainda quente. De onde aquela chama? Quem era aquela gente?

70 Ela mentia para si mesmo com tal convicção, que um dia quebrou o espelho, só para não encarar de frente o poder de sua falsa argumentação!

69 Com pés no fio de navalha em aço enferrujado, não respirava para não pesar o ar, ela dormia serenamente ao lado e ele sem saber como vazar!

68 O silêncio dela era de sair de perto, os olhos brilhantes um tesão de puta! Situação ambígua de escuta... um talvez desgraçado de certo!

67 Era uma mulher estranha, vestia-se de modo estranho, fumava coisas estranhas, vivia em um estranho bar e estranhamente, ela me era familiar!

66 Quando chegou ela estava pronta: banho tomado, cabelos cheirando shampoo, música suave, pura paixão! E ele todo suado, de chuteira e calção?

65 Vivia bem com seus cogumelos azuis, com eles caçava borboletas o dia inteiro, depois dava uma banda em cannabis, incinerando-se no mosteiro!

64 Há pássaros no jardim, há flores nos canteiros e estrelas na minha janela, um universo inteiro, que por não tê-la, morre dentro de mim.

63 Teu dia chega à retina em cristais fragmentados: são cacos de pureza em meio a irados palavrões um enxame monossilábico de ouriçados senões.

62 Entendo tua revolta, tua ira insana, tua vida fútil, tua santa confusão, só não quero tua volta, tua grana, teu senso útil e a tua solidão!

61 Há pássaros no jardim, há flores nos canteiros e estrelas na minha janela, um universo inteiro, que por não ter ela, morre dentro de mim.

60 Moça atrevida, em álcool cosida, tez dividida, pernas em avenida, gozo com brida, depois de amortecida, finge uma briga e foge enraivecida.

59 Enquanto viajas com excesso de ciúmes na mala, entendo bem o teu extravagante zelo, só que a bagagem sem alça é tua e eu não vou carregá-la!

58 Morto no chão do quarto aguardo tua volta, não há como tirar o frio dos pensamentos, não há escolta, sem alento eu morro sem qualquer brio!

57 No canto dos olhos, com olhos nos cantos, acho os cachos de teus belos cabelos: são aves em rebeldia ou claves de Sol em minha poesia.

56 Medíocre, normal, comum, mortal, estável, cinzento, nem feio, nem bonito, nem rico, nem pobre, centro de tudo, inicio do nada, mdc de um.

55 Cachoeira loira sob teus seios, caracóis de sóis em meus olhos, emoldurando teus cúmes, teus mamilos espertos, ritmo, cios, vórtices de nós!

54 Havia nada além do silente, uma escuridão sem estrelas, nem frio e nem quente, nada acontecia de diferente, nem feia e nem bela: só ausente!

53 Em minha mente perdida germina uma insana lida: tratar lascas de tuas sementes. Será que vazo de tua vida ou paro a nóia deste amor latente?

52 Parachoque de Caminhão: "Não hesite: em briga de cachorro grande... linguicinha não dá palpite."

51 Uma vontade imensa de estar contigo, penso no acaso de um encontro, na possibilidade de teu nó estar pronto: será que te espero ou te ligo?

50 Na ponta da língua tua fome, no ventre os teus movimentos, debaixo dos pelos teus zelos, nos dentes teu nome, no peito a paixão que invento!

49 Invado-te como vento: arrepio tuas frestas, levanto tuas saias e cortinas. Quieta não me contestas, nem quando comes minha paixão indigesta!

48 Como tectônica placa avanças sobre meu continente, sinto tua pulsação nos pés, no ar uma premonição latente e nas mãos um último ato de fé.

47 Nenhum lugar comum é mais comum que viver só com um...

46 Em lágrimas de gozo minha loucura rascunhas, enquanto flutuo em nuvens sinto estrelas que arranham minha pele através de tuas loucas unhas!

45 Havia em minha língua tua fome, tua tara em meus medos, em tua cama meu nome, na cara um sorriso, em tua casa meus dedos úmidos e indecisos!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Asteróide



Miro agosto de 2007
Atravesso mudo o teu mundo
Como um paria mal parido
Rasgando meus papéis e papiros
Quebrando xícaras e espelhos
Detonando bússolas e nortes
Através de rotas sem rumos
Quebrando cancelas e meio-fios
Enquanto tua imagem candente
Some rápida em minha retina
Não te trago mais, nem te traço,
Apenas corro de tudo em ti
Que ainda me parece bom!
Viro teu telescópio ao avesso
E te vejo pequena e distante,
Um ponto estranho na noite
Um final de frase feito em néon
Apagando-se em volto a moscas
Não te quero em meu Universo
Nem nos versos do meu mundo
Retalho as rimas que não te fiz
Vomito os beijos que não te dei
Desamarro-me dos teus vínculos
E perfuro o furúnculo da paixão
Onde me pus teu poeta prisioneiro...
Saio de ti feito asteróide de ré
Com a pele ferida e detonada
Varíola Lua voltando ao vazio
Escarrado de tua fria atmosfera
Queimado pelo atrito do teu ar
Menor por ter em ti me desgastado
Poeira cósmica sem qualquer tez
Sem pés e muito menos cabeça
Atirado entre mundos desertos
Uma bola de fogo que resfria
A espera de se tornar um mofo
No buraco negro de tua memória.

Melancolia



Miro 7.9.2007

Desce-me a angústia pela boca,
Em orvalho salgado de lágrimas
Nos olhos um deserto intenso
A aridez de uma solidão única
Enclausurado o ego se encolhe
E retém da alma as possibilidades
Que seqüestrada se prostra no chão
Imagens de asfalto, assoalhos e solos,
Sons abafados vindos do próprio peito,
A coluna se dobra sob o peso da dor
Que de tão indefinida se torna infinita
Autocomiseração além das autocríticas
Sem atitudes, sem comportamentos,
Sem valores ou qualquer crenças...
Só a melancolia em cachorra parceria
Guiando o ego cego por ruas de depressão
Onde os paralelepípedos crescem sós
Absorvendo o tempo entre seus vãos
Dedos pesados de pedras e cimento
Apertando invisível o nó da garganta
O ar rarefeito em asma brônquica
Nega cataplasmas aos fiordes internos
Onde as geleiras da tristeza se quebram
Deslizando lentas através dos nervos
Congelando no ninho a energia vital
Sem saída, sem refúgio ou remédio,
O corpo em tédio se põe cansado
E domina a mente num sono profundo
Soltando as rédeas que seguravam tristezas.